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O Brasil em crise econômica


Ariel'

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11 horas atrás, Salvador. disse:

O problema em quase tudo foi a dose. Vários programas que até tem sua validade viraram apenas números e se distorceram.

O Prouni/FIES são algo muito positivo se der oportunidade a quem tem menos condições de pagar por uma universidade e se utilizar vagas que sempre ficam ociosas em instituições privadas. O que aconteceu? Começaram a criar universidades para explorar o negócio, reajustes de mensalidade fora da realidade e por aí vai. Tem unidades de algumas universidades que 80% dos alunos (até mais) eram do Prouni/FIES. Totalmente fora da idéia inicial (e claro que vão se foder agora).

O Ciência Sem Fronteiras é uma idéia muito boa. Mas gastaram os tubos para mandar graduandos (e mesmo mestrados não científicos) aos montes para universidades de pouca tradição e com resultado reduzido. E o que aconteceu depois? Desde 2015 o PDSE (programa de doutorado sanduíche no exterior) está suspenso, o último edital do CsF não mandou ninguém (nem de doutorado sanduíche), pós-doutorado virou algo distante. Ou seja, exageraram na dose e comprometeram programas tão ou mais importantes.

O financiamento imobiliário é algo meio fora da curva e difícil de entender. Em alguns casos foi subsidiado mesmo, em outros não sei como se paga. Só que isso não fica nas faixas do minha casa minha vida, mas de uma forma geral. Eu não entendo como gente que ganha, mesmo que 10mil/mês, consegue comprar uns aptos de 80m² por 600mil. Eu não consigo entender como um apto de 80m² em pré-lançamento e no meio da situação atual pode custar 600mil, pra começar a conversa...

O que acontece quando um ente coercitivo interfere diretamente no sistema de preços do mercado?
Distorções...

Existem as intenções da interferência, que você sabe quais são (boas, eu diria)...existe o resultado prático imediato (o que se vê) e as consequências econômicas inevitáveis a posteriori/mediatas (o que não se vê).

O erro de todo mundo é ter boas intenções e focar apenas no que vê...esquecendo do que não se vê e é facilmente previsível, como todas estas distorções.

Problemas dos burocratas é este: querem revogar as leis econômicas com canetadas.

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7 minutos atrás, Dr.Thales disse:

O que acontece quando um ente coercitivo interfere diretamente no sistema de preços do mercado?
Distorções...

Existem as intenções da interferência, que você sabe quais são (boas, eu diria)...existe o resultado prático imediato (o que se vê) e as consequências econômicas inevitáveis a posteriori/mediatas (o que não se vê).

O erro de todo mundo é ter boas intenções e focar apenas no que vê...esquecendo do que não se vê e é facilmente previsível, como todas estas distorções.

Problemas dos burocratas é este: querem revogar as leis econômicas com canetadas.

Novamente você foca no outro extremo, quando o ideal seria procurar um meio-termo...

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8 horas atrás, Salvador. disse:

Novamente você foca no outro extremo, quando o ideal seria procurar um meio-termo...

Qual extremo?

Não é extremo, é a realidade. Interferências no mercado geram distorções não controladas/controláveis.

 

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15 minutos atrás, Dr.Thales disse:

Qual extremo?

Não é extremo, é a realidade. Interferências no mercado geram distorções não controladas/controláveis.

 

O que é o mercado?

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2 minutos atrás, Salvador. disse:

O que é o mercado?

O sistema de livre mercado é um sistema de trocas voluntárias de propriedades, que atua em conjunto com o sistema de precificação e o de lucros/prejuízos para uma melhor alocação de recursos escassos, para o aumento da riqueza geral da humanidade - o que se chama "cálculo econômico".

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5 minutos atrás, Dr.Thales disse:

O sistema de livre mercado é um sistema de trocas voluntárias de propriedades, que atua em conjunto com o sistema de precificação e o de lucros/prejuízos para uma melhor alocação de recursos escassos, para o aumento da riqueza geral da humanidade - o que se chama "cálculo econômico".

E quem faz parte do mercado?

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Agora, Salvador. disse:

E quem faz parte do mercado?

Do livre mercado, os indivíduos - pessoas físicas ou jurídicas, no caso. Também chamados de "agentes".

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Agora, Dr.Thales disse:

Do livre mercado, os indivíduos - pessoas físicas ou jurídicas, no caso. Também chamados de "agentes".

Governos e pessoas jurídicas são representações de grupos de indivíduos.

O problema é que em alguns países onde a representação é muito ruim, como no Brasil, os indivíduos não se vêem representados; e os representantes ignoram os interesses dos que representam em favor dos próprios interesses.

Se o mercado é algo livre, os governos (que nada mais são do que a representação de grupos de indivíduos) naturalmente irão participar e como são entidades com grande força e poder de negociação tentaram deixar o mercado menos livre e torcer o negócio para favorecer o seu lado. Assim como grandes organizações também o farão. Se as ações desses grandes corporações (por meio de uma série de práticas econômicas como cartel, trusts, dumping, etc.) são vistas como parte do livre mercado, então as ações do governo (tarifação, subsídios, etc.) também devem ser vistar como parte do livre mercado.

É um paradoxo interessante visto que a partir do momento que você quer proibir a ação de um agente no seu conceito, com essa proibição o mercado já deixa de ser livre visto que você não quer permitir a participação de um grupo organizado representativo de indivíduos (também conhecido como governo).

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4 minutos atrás, Salvador. disse:

Governos e pessoas jurídicas são representações de grupos de indivíduos.

O problema é que em alguns países onde a representação é muito ruim, como no Brasil, os indivíduos não se vêem representados; e os representantes ignoram os interesses dos que representam em favor dos próprios interesses.

Se o mercado é algo livre, os governos (que nada mais são do que a representação de grupos de indivíduos) naturalmente irão participar e como são entidades com grande força e poder de negociação tentaram deixar o mercado menos livre e torcer o negócio para favorecer o seu lado. Assim como grandes organizações também o farão. Se as ações desses grandes corporações (por meio de uma série de práticas econômicas como cartel, trusts, dumping, etc.) são vistas como parte do livre mercado, então as ações do governo (tarifação, subsídios, etc.) também devem ser vistar como parte do livre mercado.

É um paradoxo interessante visto que a partir do momento que você quer proibir a ação de um agente no seu conceito, com essa proibição o mercado já deixa de ser livre visto que você não quer permitir a participação de um grupo organizado representativo de indivíduos (também conhecido como governo).

O Governo é uma suposta representação de grupo de indivíduos. Eu sou indivíduo e ele diz ter uma procuração minha, que não tem.

Isso é um contratualismo rasteiro, Salvaro...

Não quero proibir o Governo de existir ou de enfiar seu bedelho na vida dos estatistas. Se querem tanto o babá estado, que fiquem com ele, oras. Não posso obrigar ninguém a ser livre - isso é contraditório.

Quero que ele deixe de se enfiar em meio às minhas trocas voluntárias, com proibições, impostos, regulações, leis e tudo mais. Ponto.

Dia que o estado deixar de clamar por jurisdição sobre mim, minha vida e minhas propriedades, aí você pode dizer que o estado é um agente legítimo, talvez.

Edit.: não entrei no mérito, além da ilegitimidade do estado, de que ele tem uma coisa que empresas não possuem: poder de coerção. Ele sobrevive através de roubo, por agressão e ameaça de agressão constante. A Coca não me obriga a tomar Coca. Ponto 2.

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Agora, Dr.Thales disse:

O Governo é uma suposta representação de grupo de indivíduos. Eu sou indivíduo e ele diz ter uma procuração minha, que não tem.

Isso é um contratualismo rasteiro, Salvaro...

Não quero proibir o Governo de existir ou de enfiar seu bedelho na vida dos estatistas. Se querem tanto o babá estado, que fiquem com ele, oras. Não posso obrigar ninguém a ser livre - isso é contraditório.

Quero que ele deixe de se enfiar em meio às minhas trocas voluntárias, com proibições, impostos, regulações, leis e tudo mais. Ponto.

Dia que o estado deixar de clamar por jurisdição sobre mim, minha vida e minhas propriedades, aí você pode dizer que o estado é um agente legítimo, talvez.

 

Não, Thales, ele é uma representação - o problema é que no caso brasileiro é uma representação muito ruim. O problema é que quando um grupo quer classificar alguém como danoso ao seu cenário ideal, o que ele faz é segregar, desmerecer e abominar esse alguém.

Os ambientalistas também fazem isso com o "ser humano" que "destrói a natureza" esquecendo que esse é parte da natureza. E eles também podem falar "o dia que o ser humano deixar de poluir, desmatar, blablablá e deixar em paz a "minha" natureza"....

Se o mercado é livre, todos participam (e como no final todo mundo quer levar vantagem, todos irão usar as armas que possuem). Os governos tem ações restritas aos territórios que controlam, qualquer coisa que você fizer fora desses territórios não está sujeito a proibições, regulações, impostos, blablablá. Se você não está satisfeito com o grau de liberdade do governo brasileiro você tem a oportunidade de procurar outro lugar com um governo mais livre. O problema é que os ditos governos mais livres dificilmente te darão a liberdade de se mover para lá e permanecer...

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Em 02/05/2016 at 17:13, Salvador. disse:

Financiaram caminhão a rodo para todo mundo em condições vantajosas e agora falta frete para todo mundo.

É um fato, erraram muito na mão principalmente nesses últimos anos.

Isso não foi depois daquela paralisação?

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15 minutos atrás, Douglas. disse:

Isso não foi depois daquela paralisação?

Qual delas?

Se for a que estou pensando ela é resultado dessas medidas (uma das reinvidicações era que fixassem o valor dos fretes).

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41 minutos atrás, Salvador. disse:

Não, Thales, ele é uma representação - o problema é que no caso brasileiro é uma representação muito ruim. O problema é que quando um grupo quer classificar alguém como danoso ao seu cenário ideal, o que ele faz é segregar, desmerecer e abominar esse alguém.

Os ambientalistas também fazem isso com o "ser humano" que "destrói a natureza" esquecendo que esse é parte da natureza. E eles também podem falar "o dia que o ser humano deixar de poluir, desmatar, blablablá e deixar em paz a "minha" natureza"....

Se o mercado é livre, todos participam (e como no final todo mundo quer levar vantagem, todos irão usar as armas que possuem). Os governos tem ações restritas aos territórios que controlam, qualquer coisa que você fizer fora desses territórios não está sujeito a proibições, regulações, impostos, blablablá. Se você não está satisfeito com o grau de liberdade do governo brasileiro você tem a oportunidade de procurar outro lugar com um governo mais livre. O problema é que os ditos governos mais livres dificilmente te darão a liberdade de se mover para lá e permanecer...

Não, ele não é representação alguma, Salvaro. É impossível A obter uma procuração de B outorgando poderes que esse mesmo B não tem. Consegue me explicar essa falha lógica de quem advoga a tal "representatividade" e o "contrato social"? Bruno Leoni deixa isso bem claro no "A liberdade e a Lei: os limites entre a representatividade e o poder".
A menos que me diga que eu posso te ameaçar de ser preso (e morto quase se negue) pra me dar 40% de tudo que você ganha...ai faz sentido.

No fim, seu último parágrafo carece de sentido: quem tá se intrometendo na MINHA propriedade é o estado brasileiro. É ele quem tem que sair da minha propriedade, não o contrário - ele não possui legitimidade nenhuma sobre mim, minha vida, liberdade e propriedade. Não sou um bem dele, não sou posse dele, não sou escravo dele - embora ele aja como se fosse.

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24 minutos atrás, Douglas. disse:

Isso não foi depois daquela paralisação?

As paralisações foram consequência do "Pró Caminhoneiro", embora a maioria das pessoas não liguem uma coisa a outra.

Negrito meu:

"Segundo a Associação dos Transportadores de Cargas de Mato Grosso (ATC), a redução do valor pago pelo frete entre a safra 2013/14 e a safra 2014/15 foi de aproximadamente 25%.

O diretor executivo a ATC, Miguel Mendes, cita exemplos de preços de frete reduzidos de municípios do Médio-norte de Mato Grosso até o porto de Santos (SP). Partindo de Sorriso, o frete passou de R$ 315 em 2014 para R$ 235 em 2015; de Lucas do Rio Verde, passou de R$ 300 em 2014 para R$ 220 em 2015.

Mendes afirma que o maior número de caminhões disponíveis para o frete foi o principal fator responsável pela queda no preço da atividade, já que muitos empresários e motoristas autônomos conseguiram adquirir seu veículo de carga pelo financiamento do BNDES.

[...]

[...] o empresário Édio Moreira de Castro, tem 60 caminhões atualmente, mas no ano passado sua frota era composta por 80 caminhões. Em uma conta rápida, ele calcula que está tendo prejuízo de cerca de R$ 453 por viagem caso faça um frete de Lucas do Rio Verde para Rondonópolis, com um caminhão de 7 eixos cobrando R$ 70 por tonelada.

Castro aguarda agora uma resposta do governo sobre as reivindicações. "Minha vontade é de vender todos os caminhões, porque do jeito que está a atividade fica inviável, estamos tendo prejuízo e assim vamos à falência", diz.
"

http://g1.globo.com/mato-grosso/agrodebate/noticia/2015/02/caminhoneiros-continuam-protesto-em-mt-com-4-principais-demandas.html

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19 horas atrás, Salvador. disse:

Outra coisa de dar depressão são as especulações do ministério do Temer.

Isso tá sendo bem desanimador mesmo, principalmente para os mais tecnocratas. Temer está jogando mais pela governabilidade que pela responsabilidade (?). Tanto que alguns nomes especulados tem um strike da Lava Jato no horizonte, como o Henrique Alvez que deve ir para o Turismo, por exemplo. Dá pra entender o lado dele, quer passar muitas medidas econômicas no congresso, então precisa desse apoio. Mas moralmente... complicado.

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3 horas atrás, Dr.Thales disse:

Não, ele não é representação alguma, Salvaro. É impossível A obter uma procuração de B outorgando poderes que esse mesmo B não tem. Consegue me explicar essa falha lógica de quem advoga a tal "representatividade" e o "contrato social"? Bruno Leoni deixa isso bem claro no "A liberdade e a Lei: os limites entre a representatividade e o poder".
A menos que me diga que eu posso te ameaçar de ser preso (e morto quase se negue) pra me dar 40% de tudo que você ganha...ai faz sentido.

No fim, seu último parágrafo carece de sentido: quem tá se intrometendo na MINHA propriedade é o estado brasileiro. É ele quem tem que sair da minha propriedade, não o contrário - ele não possui legitimidade nenhuma sobre mim, minha vida, liberdade e propriedade. Não sou um bem dele, não sou posse dele, não sou escravo dele - embora ele aja como se fosse.

Thales, a democracia representativa funciona dessa forma. Qual sistema é viável e melhor?

Segunda a constituição ele tem essa legitimidade e autoridade, se você não concorda você precisa mudar de sociedade ou mudar a sociedade. Mas já discutimos isso, vamos andar em círculos nesse ponto.

3 horas atrás, Ariel' disse:

Isso tá sendo bem desanimador mesmo, principalmente para os mais tecnocratas. Temer está jogando mais pela governabilidade que pela responsabilidade (?). Tanto que alguns nomes especulados tem um strike da Lava Jato no horizonte, como o Henrique Alvez que deve ir para o Turismo, por exemplo. Dá pra entender o lado dele, quer passar muitas medidas econômicas no congresso, então precisa desse apoio. Mas moralmente... complicado.

Até agora só 2 especulações "técnicas" (para a Fazenda e para a Saúde) - e uma delas depende da autorização do PP. Eu esperava muito mais, sem sacanagem.

O cara que querem colocar no MCTI mesmo...

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2 horas atrás, Salvador. disse:

Thales, a democracia representativa funciona dessa forma. Qual sistema é viável e melhor?

Desculpa eu não sou o Thales mas eu gostaria de responder a essa pergunta. Eu acho que a democracia participativa com eleição por meio de sorteios seria a melhor forma. Evitaria políticos gananciosos em permanecer no poder, e acredito que muitos outros males do ser humano.

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9 horas atrás, Salvador. disse:

Thales, a democracia representativa funciona dessa forma. Qual sistema é viável e melhor?

Segunda a constituição ele tem essa legitimidade e autoridade, se você não concorda você precisa mudar de sociedade ou mudar a sociedade. Mas já discutimos isso, vamos andar em círculos nesse ponto.

A democracia representativa, o deus que falhou: http://rothbardbrasil.com/wp-content/uploads/arquivos/deus-que-falhou.pdf

 

Está bem aí seu "deus" democrático: o pior sistema de governo já inventado.

Até o monarquismo é melhor que essa merda (embora todo estado não seja desejável).

 

Segundo uma lei criada por governantes, eles outorgam a si mesmos poderes acima dos indivíduos - baseado apenas em suas vontades. Esse jus positivismo é JENIAL!

Por fim, repito; quem tem que sair da minha vida, da minha propriedade é o estado - não o contrário. Ele não tem legitimidade nenhuma sobre mim e sobre meus bens - embora alega que tenha, baseado em arbitrariedade.

Se ele é tão bondoso, porque não permite a secessão? Ele captura os indivíduos e seus bens e não permite que saia de sua jurisdição por quê? Porque sabe que só consegue se manter mediante coerção e/ou ameaça constante de coerção.

 

 

 

A anatomia do estado

1. O que o estado não é

O estado é quase universalmente considerado uma instituição de serviço social.  Alguns teóricos veneram o estado como sendo a apoteose da sociedade; outros consideram-no uma organização afável, embora muitas vezes ineficiente, que tem o intuito de alcançar objetivos sociais.  Porém quase todos o consideram um meio necessário para se atingir os objetivos da humanidade, um meio a ser usado contra o "setor privado" e que frequentemente ganha essa disputa pelos recursos.  Com o advento da democracia, a identificação do estado com a sociedade foi redobrada ao ponto de ser comum ouvir a vocalização de sentimentos que violam quase todos os princípios da razão e do senso comum, tais como: "nós somos o governo" ou "nós somos o estado".

O termo coletivo útil "nós" permite lançar uma camuflagem ideológica sobre a realidade da vida política.  Se "nós somos o estado", então qualquer coisa que o estado faça a um indivíduo é não somente justo e não tirânico, como também "voluntário" da parte do respectivo indivíduo.  Se o estado incorre numa dívida pública que tem de ser paga através da cobrança de impostos sobre um grupo para benefício de outro, a realidade deste fardo é obscurecida pela afirmação de que "devemos a nós mesmos" (ou "a nossa dívida tem de ser paga"); se o estado recruta um homem, ou o põe na prisão por opinião dissidente, então ele está "fazendo isso a si mesmo" — e, como tal, não ocorreu nada de lamentável.

Nesta mesma linha de raciocínio, os judeus assassinados pelo governo nazista não foram mortos; pelo contrário, devem ter "cometido suicídio", uma vez que eles eram o governo (que foi eleito democraticamente) e, como tal, qualquer coisa que o governo lhes tenha feito foi voluntário da sua parte.  Não seria necessário insistir mais neste ponto; no entanto, a esmagadora maioria das pessoas aceita esta ideia enganosa em maior ou menor grau. 

Devemos, portanto, enfatizar a ideia de que "nós" não somos o estado; o governo não somos "nós".  O estado não "representa" de nenhuma forma concreta a maioria das pessoas.  Mas, mesmo que o fizesse, mesmo que 70% das pessoas decidissem assassinar os restantes 30%, isso ainda assim seria um homicídio em massa e não um suicídio voluntário por parte da minoria chacinada[ii].  Não se pode permitir que nenhuma metáfora organicista, nenhuma banalidade irrelevante, obscureça este fato essencial.

Se, então, o estado não somos "nós", se ele não é a "família humana" se reunindo para decidir sobre os problemas mútuos, se ele não é uma reunião fraterna ou clube social, o que é afinal?  Em poucas palavras, o estado é a organização social que visa a manter o monopólio do uso da força e da violência em uma determinada área territorial; especificamente, é a única organização da sociedade que obtém a sua receita não pela contribuição voluntária ou pelo pagamento de serviços fornecidos mas sim por meio da coerção.  

Enquanto os outros indivíduos ou instituições obtêm o seu rendimento por meio da produção de bens e serviços e da venda voluntária e pacífica desses bens e serviços ao próximo, o estado obtém o seu rendimento através do uso da coerção; isto é, pelo uso e pela ameaça de prisão e pelo uso das armas[iii].  Depois de usar a força e a violência para obter a sua receita, o estado geralmente passa a regular e a ditar as outras ações dos seus súditos. Poderíamos pensar que a simples observação de todos os estados ao longo da história e de todo o globo seria prova suficiente para esta afirmação; mas o miasma do mito incrustou-se na atividade do estado há tanto tempo, que se torna necessária uma elaboração.

Não é o objetivo deste trabalho desenvolver os inúmeros problemas e enganos da "democracia". É o suficiente dizer que o verdadeiro agente de um indivíduo, ou "representante", está sempre sujeito às ordens desse mesmo indivíduo, pode ser demitido a qualquer momento e não pode agir em contrário aos interesses ou desejos do seu chefe. Obviamente, o "representante" numa democracia nunca poderá satisfazer estas funções de agente, as únicas conformes com uma sociedade livre.

[ii] Os sociais-democratas respondem muitas vezes que a democracia — a escolha majoritária dos governantes — implica logicamente que a maioria tem de deixar determinado grau de liberdade à minoria, pois a minoria pode um dia tornar-se a maioria.  Aparte de outras falhas, este argumento obviamente não se mantém onde a minoria não se pode tornar a maioria, por exemplo, quando a minoria pertence a um grupo étnico ou racial diferente da maioria.

[iii] Joseph A. Schumpeter, Capitalism, Socialism, and Democracy (Capitalismo, Socialismo e Democracia) (New York: Harper and Bros., 1942), p. 198.

A fricção e o antagonismo entre a esfera privada e a pública foi intensificada desde o princípio pelo fato de que o estado tem vivido do rendimento que tem sido produzido na esfera privada com propósitos privados e que tem que ser desviado desses propósitos através da força política. A teoria que interpreta os impostos em analogia à filiação de um clube ou à aquisição do serviço de, digamos, um médico só prova quão removida se encontra esta parte das ciências sociais dos hábitos mentais científicos.

 

Fim.

 

 

 

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6 horas atrás, ArquitetoZ disse:

Desculpa eu não sou o Thales mas eu gostaria de responder a essa pergunta. Eu acho que a democracia participativa com eleição por meio de sorteios seria a melhor forma. Evitaria políticos gananciosos em permanecer no poder, e acredito que muitos outros males do ser humano.

A melhor democracia representativa não é os próprios indivíduos se representarem e arcarem com os custos de suas escolhas?

Onde os indivíduos conseguem fazer melhor isso? No livre mercado - onde cada troca voluntária é uma escolha individual, se representando - já que nenhuma empresa tem o poder de obrigar ninguém a consumir seus produtos/serviços.

Fim.

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Salvaro acho que vc tá chapando querendo afirmar que da mesma forma que nós somos players no mercado o estado também é. Os grandes players jogam entre si e conseguem exercer coerção mas por meio de poderio financeiro (vamos ignorar tráfico de influência e coisas do gênero, nas quais o Estado também é craque). Se aparecer outro player tão grande quanto ou com uma troca mais interessante ele pode tomar o mercado pra si. O estado toma o mercado e entra nele jogando com o regulamento debaixo do braço e mudando o regulamento a bel prazer pra tirar vantagem. Não é nem de longe a mesma coisa. Não existe livre mercado quando existe um indivíduo que pode limitar essa liberdade sendo que ele mesmo participa do mercado. Se o governo regulamentasse, mas privatizasse TUDO, aí sim, mesmo que eu discorde do assalto que são os impostos, todos estariam jogando pelas mesmas regras então eu conseguiria chamar de livre.

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16 horas atrás, Salvador. disse:

Qual delas?

Se for a que estou pensando ela é resultado dessas medidas (uma das reinvidicações era que fixassem o valor dos fretes).

 

Acho que misturei a reivindicação do governo aumentar o prazo pra pagarem os financiamentos com conceder ainda mais benefícios (parcelas, subsídios, etc.).

 

3 horas atrás, Dr.Thales disse:

A democracia representativa, o deus que falhou: http://rothbardbrasil.com/wp-content/uploads/arquivos/deus-que-falhou.pdf

 

Está bem aí seu "deus" democrático: o pior sistema de governo já inventado.

Até o monarquismo é melhor que essa merda (embora todo estado não seja desejável).

A centralização é uma faca de dois gumes. Pode agilizar as coisas pro bem e pro mal. Imagina na rapidez que uma monarquia religiosa pode dar muito errado...

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7 minutos atrás, Douglas. disse:

 

Acho que misturei a reivindicação do governo aumentar o prazo pra pagarem os financiamentos com conceder ainda mais benefícios (parcelas, subsídios, etc.).

 

A centralização é uma faca de dois gumes. Pode agilizar as coisas pro bem e pro mal. Imagina na rapidez que uma monarquia religiosa pode dar muito errado...

Centralização e concentração são uma merda.

Por isso sou a favor da secessão, do parlamentarismo (como "menos pior") e, obviamente, do anarquismo.

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5 minutos atrás, Dr.Thales disse:

Centralização e concentração são uma merda.

Por isso sou a favor da secessão, do parlamentarismo (como "menos pior") e, obviamente, do anarquismo.

O parlamentarismo muda muito pouco. Seria mais importante pra sua proposta que o pacto federativo fosse revisto em favor dos estados. O tanto que o presidente manda importaria menos à medida que o orçamento federal fosse menor.

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1 minuto atrás, Douglas. disse:

O parlamentarismo muda muito pouco. Seria mais importante pra sua proposta que o pacto federativo fosse revisto em favor dos estados. O tanto que o presidente manda importaria menos à medida que o orçamento federal fosse menor.

Por isso a defesa de secessão. Não faz sentido o poder concentrado e centralizado em Brasília - e uma concorrência entre países menores seria benéfica.

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Como seria iniciado um processo de secessão por iniciativa dos estados? Existe uma forma política de se fazer isso ou o único jeito seria uma guerra civil do(s) dissidente(s) vs governo federal?

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      --
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      ▶️ https://drive.google.com/file/d/1L4cN_JZZm5xih4QUdTaS3TGqvVgeCL4P/view?usp=sharing
      --
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