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Na Bélgica, separatismo só não racha seleção


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Na Bélgica, separatismo só não racha a seleção

Por Jean Pereira Santos, André Donke e Guilherme Nagamine, para o ESPN.com.br

"Cores da bandeira nas bochechas? Eu não me importo com as cores da bandeira belga, ela me deixa frio." A declaração é de Jan Peumans, presidente do parlamento regional flamengo, minutos depois de o país europeu obter a vaga para a Copa do Mundo de 2014, em 11 de outubro do ano passado.

Naquele mesmo dia, outro político, o prefeito de Antuérpia, Bart De Wever, seguiu a mesma linha. Ele disse a um canal de TV belga que torce pela equipe nacional porque ela tem atletas flamengos, mas, mesmo pressionado, negou-se a proferir a frase: "Eu torço pela Bélgica".

Parece confuso?

Um país com três línguas oficiais, uma boa dose de nacionalismo e uma forte ideia separatista que só não encontra força ou qualquer tipo de respaldo, ao menos até agora, na seleção masculina de futebol. Assim é a Bélgica, cabeça de chave do grupo H e uma das principais promessas do Mundial a ser realizado no Brasil.

ESPN.com.br

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Kompany é o capitão e responsável por não deixar a seleção entrar na questão separatista belga; ele prega unidade

Trata-se de uma nação dividida em três regiões: a da Flandres, de língua holandesa, a da Valônia, de língua francesa, e a de Bruxelas-Capital, bilíngue. Nelas, existem quatro comunidades: a flamenga, a francesa, a flamenga e francesa e a germanófona - pequena porção a leste, cuja língua falada é a alemã.

Mas o conflito existente na terra de Hazard, do Chelsea, Courtois, do Atlético de Madri, e Kompany, do Manchester City, todos de áreas diferentes, não se dá apenas por conta dos variados idiomas. Vai muito além disso. Envolve política, interesses econômicos e uma certa dose de vingança por um tratamento, digamos, esnobe no passado.

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Atualmente mais rica, Flandres já foi a parte menos favorecida financeiramente e era vista com desdém pela Valônia, onde boa parte de seus habitantes negava-se, por exemplo, a aprender o holandês, falado majoritariamente do outro lado. Falar francês era mais imponente pela importância da França no cenário mundial.

Reprodução

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Imagem à esq. mostra as 4 comunidades; à dir., explica as regiões

O reflexo deste comportamento pode ser visto algumas vezes em que a seleção do país está reunida e há uma entrevista coletiva. Foi assim em outubro de 2012. Antes do jogo contra a Escócia, em Bruxelas e válido pelas eliminatórias europeias para a Copa, o zagueiro Vermaelen, do Arsenal e flamengo, respondia em holandês, ao passo que o meia Witsel, hoje no Zenit e valônio, falava em francês. Nenhum dos dois sabe o outro idioma.

A diferença linguística serve de combustível para os partidos de direita, como o Nova Aliança Flamenga (N-VA), sob o comando de Bart De Wever, pregar o que chama de "evolução" do país até o seu desaparecimento, ou seja, a Bélgica deixaria de exisitir, dando lugar a regiões independentes. Assim, Flandres ficaria com tudo que produz, sem ter mais que dividir sua riqueza com a Valônia, o que acontece por conta de a nação ser uma federação.

Defensores da unidade

Nascido em Bruxelas, logo, na região onde prega-se a neutralidade e o uso de qualquer uma das línguas, Kompany fala ambas. Fala também mais três idiomas. Aos 27 anos, ele, assim como no City, é o capitão da seleção nacional e o principal responsável por manter o grupo longe da questão separatista que tanto move os políticos. Entende que a Bélgica deve continuar sendo uma unidade e defende isso.

"Eu acho que quanto mais uma pequena parte do país tem se tornado mais extremista em sua ideia de separatismo, isto tem gerado um efeito positivo na seleção nacional e feito a outra parte do país, que quer que ele esteja, continue unido, mais extremista com relação a outros símbolos nacionais. E futebol é o que é, tem seu significado, e onde a seleção está, a torcida está em grande número", afirmou o zagueiro.

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Getty

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Wilmots (à esq.) deixou claro: não quer políticos usando a seleção

A Bélgica terá eleições federais e regionais no dia 25 de maio, quase três semanas antes da Copa. Envolver-se? Ver políticos usando o time nacional para tirar qualquer proveito? Técnico da seleção, Marc Wilmots, valônio, já deu seu recado: "A melhor coisa que os políticos podem fazer é não falar sobre a seleção e a atmosfera em torno dela."

Kompany também é enfático. "A situação política na Bélgica no momento é muito tensa, então, a coisa certa a se fazer é ficar longe dela. Mas, hey, este é o nosso país e seria ridículo esperar ou querer qualquer coisa que não seja a unidade. O que nós fazemos toda vez é mostrar o que o nosso país tem de bom e o seu potencial, sem focar nas diferenças que podem haver. Nós nos concentramos no que temos em conjunto e não no que é diferente", disse ao "The New York Times".

O país, a divisão da seleção e uma avaliação acadêmica

A Bélgica tem cerca de 11 milhões de habitantes, sendo que 59% estão na região de Flandres, ao Norte, 31% na região da Valônia, ao Sul, e o restante, 10%, em Bruxelas, região bilíngue que está na parte flamenga, mas cuja maioria dos cidadãos fala francês. A pequena porção a leste em que o idioma falado é o alemão está dentro da Valônia.

Independência, separatismo? A questão belga não convence o professor titular de História e membro do corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Estevão Chaves de Rezende Martins.

"Na verdade, isto [de a região flamenga querer se separar] é um jogo por menos pressão fiscal, uma espécie de toma lá da cá, de chantagem, já que esta situação de melhor condição financeira, situação agora de Flandres, é um ciclo, que oscila, se inverte a cada 25 anos, mais ou menos", avaliou ele em entrevista ao ESPN.com.br, por telefone.

"Até agora não houve um plebiscito, uma consulta popular para saber o que o cidadão belga quer. Todo país multicultural tem essas diferenças. Aconteceu no Brasil algo parecido há uns bons anos, quando o Sul também não queria que seus impostos financiasse o Nordeste", acrescentou o professor.

Principais jogadores da seleção belga e de onde são:

Thibaut Courtois - Bree (Flamengo)

Daniel Van Buyten - Chimay (Valônio)

Vincent Kompany - Uccle, Bruxelas (Neutro)

Toby Alderweireld - Antuérpia (Flamengo)

Nicolas Lombaerts - Brugge (Flamengo)

Axel Witsel - Liege (Valônio)

Kevin De Bruyne - Drongen, Ghent (Flamengo)

Marouane Fellaini - Etterbeek, Bruxelas (Neutro)

Eden Hazard - La Louviere (Valônio)

Kevin Mirallas - Liege (Valônio)

Radja Nainggolan - Antuérpia (Flamengo)

Dries Mertens - Leuven (Flamengo)

Moussa Dembele - Wilrijk, Antuérpia (Flamengo)

Nacer Chadli - Liege (Valônio)

Christian Benteke (Zaire, nem flamengo nem valônio)

Romelu Lukaku - Antuérpia (Flamengo)

Porra, não sabia dessa "separação" do país belga, que tenso também... em época de crise na Ucrânia, achei pertinente trazer essa matéria pra cá.

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  • Vice-Presidente

Também não sabia dessa separação que ocorria na Bélgica, mas a esperança de ver isso, é a mesma que ocorre na Bósnia, quando a seleção foi para a Copa, todos as diferentes etnias da Bósnia se juntaram e comemoraram como uma nação.

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Rapaz creio que a maioria não sabia dessa separação, chega a ser engraçado o lance da coletiva de imprensa, mas é legal ver que o Vincent tem pulso de capitão e não deixa afetar os jogadores essa separação.

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nao sabia da separação até o save que to fazendo no PM que pesquisei um pouco mais sobre o país, é um fato bem interessante mesmo

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Também não estava sabendo dessa história.

Bacana esse tópico hein, não sabia dessa questão separatista, lembra o Canadá.

E o que tem o Canadá? Não estou sabendo de nada tb...

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E o que tem o Canadá? Não estou sabendo de nada tb...

Além do Quebec, pela origem francesa e picuinha parecida na questão do idioma de cada lado tem também a Cascadia, do lado Oeste e que incluiria uma parte do Canadá e uma parte dos EUA.

http://content.time.com/time/specials/packages/article/0,28804,2041365_2041364_2041373,00.html

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