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John the Baptist.

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  • Vice-Presidente

Eu sou a favor do livre arbítrio, se nego quer se entupir de gordura, açúcar, álcool, maconha, cocaína, ecstasy. É um direito da pessoa, o porém é que a pessoa não tem esse direito, acha que tem que ter, alguém (o Estado) diz que não pode porque é crime e ele vai financiar bandido porque foda-se. Se tirarmos o crime, a pessoa fará isso pela opção dela, pelo livre arbítrio e ela terá um suporte adequado (considerando que não estamos no Brasil) para fazer o que quer com o corpo dela, no direito dela e diminuindo o poder da bandidagem.

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Compreendi bem seu pensamento Silveira, mas resolvi pinçar um parágrafo só pra gente trocar uma ideia:

[...] Acho que legalizar ela significa a derrota do Estado frente à luta contra as drogas. É o Estado admitindo que simplesmente não sabe o que fazer e não tem como controlar. E isso já rebate em todas as outras drogas, porque se tu não controla a maconha, vai controlar o resto? [...]

Cara, a luta contra as drogas JÁ ESTÁ PERDIDA. Admitir, assumir, atestar isso ou não (por parte do Estado) pouco ou quase nada vai importar, a gente já sente todos os efeitos negativos dessa derrota há anos mesmo. O que a legalização traria nesse sentido é: "ok, não conseguimos virar esse jogo, então vamos minar e cercar o adversário de outra forma".

Legalizar pra mim é dar aquele soco no baço do seu oponente, pra enfraquecer o pugilista e partir pro jab final. Tirando um dos principais produtos do narcotráfico, você diminui seus recursos pra compra de armas, pra propina de policiais, pra compra de imóveis, e etc, etc. Você enfraquece onde eles hoje mais conseguem nos controlar, que é o mercado da maconha.

Quanto à "rebater em outras drogas", também discordo. Assumir que não conseguiu vencer a guerra com o narcotráfico é a tal história do "dar um passo atrás pra depois dar dois à frente". Continuar do jeito que está não vai nos levar a nada, logo, trazendo o comércio da maconha pro nosso lado além de termos mais recursos pra investir no combate às drogas, teremos mais capacidade pra nos concentrar (na erradicação) em drogas mais pesadas, como o Crack e a Cocaína. Não vejo essa relação de fracasso entre todas as drogas.

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O raciocínio é simples: Está bom da forma que é tratada o assunto hoje em dia? Aumento da população carcerária, uso da droga de má qualidade - acarretando em gastos desnecessários com tratamento -, milhões gastos no combate a algo que nunca vai acabar. Isso em uso recreativo, imagina então para uso medicinal? Porra, mais do que necessário. Se a legislação atual não está boa, qual o problema em mudar? Se der merda voltamos atrás - o que não vai acontecer mas neeeem fudendo - simples.

Eu sou a favor do livre arbítrio, se nego quer se entupir de gordura, açúcar, álcool, maconha, cocaína, ecstasy. É um direito da pessoa, o porém é que a pessoa não tem esse direito, acha que tem que ter, alguém (o Estado) diz que não pode porque é crime e ele vai financiar bandido porque foda-se. Se tirarmos o crime, a pessoa fará isso pela opção dela, pelo livre arbítrio e ela terá um suporte adequado (considerando que não estamos no Brasil) para fazer o que quer com o corpo dela, no direito dela e diminuindo o poder da bandidagem.

Exatamente isso. Cada um faz o que quiser com o corpo.

Cara, a luta contra as drogas JÁ ESTÁ PERDIDA. Admitir, assumir, atestar isso ou não (por parte do Estado) pouco ou quase nada vai importar, a gente já sente todos os efeitos negativos dessa derrota há anos mesmo. O que a legalização traria nesse sentido é: "ok, não conseguimos virar esse jogo, então vamos minar e cercar o adversário de outra forma".

Legalizar pra mim é dar aquele soco no baço do seu oponente, pra enfraquecer o pugilista e partir pro jab final. Tirando um dos principais produtos do narcotráfico, você diminui seus recursos pra compra de armas, pra propina de policiais, pra compra de imóveis, e etc, etc. Você enfraquece onde eles hoje mais conseguem nos controlar, que é o mercado da maconha.

Quanto à "rebater em outras drogas", também discordo. Assumir que não conseguiu vencer a guerra com o narcotráfico é a tal história do "dar um passo atrás pra depois dar dois à frente". Continuar do jeito que está não vai nos levar a nada, logo, trazendo o comércio da maconha pro nosso lado além de termos mais recursos pra investir no combate às drogas, teremos mais capacidade pra nos concentrar (na erradicação) em drogas mais pesadas, como o Crack e a Cocaína. Não vejo essa relação de fracasso entre todas as drogas.

Ia falar justamente isso. Está mais do que na cara que perderam (não quero me incluir nessa desgraça) para o tráfico. Agora não quer largar o osso por orgulho, porra? Admite que perdeu e age de outra forma.

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Minha visão sobre drogas mudou completamente a partir do momento que conheci um cara chamado Carl Hart, primeiro professor titular de neurociência negro da Universidade Columbia.

Abaixo, duas entrevistas bem esclarecedoras e um vídeo com o Dr. Drauzio Varella:

Entrevista 1

'É preciso ensinar a usar drogas', diz neurocientista
por Cristina Grillo
Aos 47 anos, o americano Carl Hart, professor de neurociência da Universidade Columbia (EUA), defende a descriminalização das drogas e que pessoas sejam educadas para usá-las, reduzindo riscos.
Sob o ponto de vista neurocientífico, defende que drogas não viciam na proporção que se imagina -apenas 11% dos consumidores podem ser considerados viciados-, não prejudicam o desempenho de uma pessoa, nem causam danos cerebrais irreversíveis. "Nossos três últimos presidentes [bill Clinton, George Bush e Barack Obama] disseram ter usado. Não falo isso como demérito, mas para mostrar que se pode usar drogas e ser produtivo", disse.
Em viagem ao Brasil para divulgar seu livro "Um Preço Muito Alto" (ed.Zahar), Carl Hart falou à Folha. Leia abaixo trechos da entrevista.
Folha - Há alguns meses o governo do Rio decidiu internar compulsoriamente dependentes de crack. É eficaz?
Carl Hart - Não importa se é legal ou ilegal, o que importa é que não é ético. Mas, para entender isso, é preciso combater alguns pressupostos a respeito do crack e da cocaína. Muitas pessoas acreditam que quem usa droga fica fora de si, sem controle, o que é falso. Em alguns casos, a droga pode inclusive melhorar uma pessoa. A internação compulsória só impede que você veja aquela pessoa drogada pela sua vizinhança.
Então o que se deve fazer, por exemplo, com as crianças que usam drogas nas ruas?
Devemos assegurar que todos sejam bem tratados e que a sociedade seja justa. Essas crianças de rua, onde estão seus pais? Eles tiveram oportunidade de empregos, de aprender a criar seus filhos de forma que soubessem como atender as expectativas dessa sociedade?
O sr. diz ser um mito a crença de que o vício é inevitável. Por que essa afirmação é falsa?
Coletamos dados durante muitos anos e sabemos que o percentual de pessoas que usa cocaína ou outras drogas e não se vicia é de 89%. Os últimos três presidentes americanos usaram drogas. Obama contou ter consumido cocaína algumas vezes; Bush disse que fumou maconha; Clinton também, apesar de tentar nos convencer de que não tragou. Não falo isso como demérito, mas para mostrar que se pode usar drogas e ser produtivo.
As drogas causam danos cerebrais permanentes?
Usar cocaína é o mesmo que usar cafeína ou álcool. Há efeitos temporários que procuramos quando usamos: ficamos alertas, nos sentimos melhor. Um orgasmo também causa efeitos no cérebro, mas ninguém diz que ele mudou definitivamente por isso. Atribuir esses danos à cocaína e ao crack é uma forma de separar as "pessoas más que usam cocaína" das "pessoas boas que não usam".
Se as drogas não viciam e não causam danos permanentes, por que combatê-las?
A política de combate só é benéfica para aumentar os orçamentos de segurança e favorecer aqueles ligados a essa indústria. Dizer que o crack é responsável pela criminalidade é mentir. No Brasil, antes da invasão das drogas, os moradores de favela frequentavam a universidade? As drogas podem exacerbar vários problemas, mas não são as causadoras.
Se as drogas são um problema social, como lidar com o tema?
São duas propostas. Do ponto de vista legal, defendo a descriminalização de todas as drogas, sem exceção. Isso não significa legalizar, mas tirar da esfera criminal. Do ponto de vista de educação, proponho o ensino do básico sobre o uso de drogas.
Como assim?
Coisas práticas, como dosagem. Quando há aumento de dose, aumenta-se o risco. Também precisam aprender que há organismos mais tolerantes. É necessário ensinar onde, como e com quem usar.

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/05/1452694-e-preciso-ensinar-a-usar-drogas-diz-neurocientista.shtml

Entrevista 2

Entrevista do Dr. Carl Hart a Amy Goodman, do DemocracyNow!

O Dr. Carl Hart é o primeiro cientista afro-americano titular na Universidade de Columbia, onde é professor associado dos departamentos de psicologia e psiquiatria. Ele também é membro do Conselho em Assuntos de Abuso de Drogas e pesquisador da Divisão de Abuso de Substâncias do Instituto de Psiquiatria de Nova York. No entanto, muito antes de ter entrado nos salões consagrados da Ivy League, Carl Hart adiquiriu conhecimento de primeira-mão sobre o uso de drogas nos bairros mais perigosos de Miami, onde cresceu. Ele publicou recentemente o seu livro High Price: A Neuroscientist’s Journey of Self-Discovery That Challenges Everything You Know About Drugs and Society. Neste livro, ele relembra sua jornada de descobertas e como escapou de uma vida de crimes e não se tornou um dependente químico como aqueles que ele hoje estuda.

Amy Goodman: Vamos começar falando sobre de onde você vem.

Dr. Carl Hart: Bom, como dizem, eu vim do gueto. E, quando pensamos nestas comunidades, logo pensamos naquela imagem de lugares devastados pelo abuso de drogas: eu acreditei nessa narrativa por muito tempo. Na verdade, eu tenho estudado as drogas há 23 anos; e por 20 acreditei que as drogas eram o problema das comunidades. Mas quando eu comecei a olhar com mais cuidado, quando comecei a olhar as evidências de maneira mais cuidadosa, ficou claro para mim que as drogas não eram o problema. O problema era a pobreza, a política anti-drogas, a falta de empregos - um leque variado de coisas. E as drogas eram apenas um componente que não contribuía tanto quanto os outros que citei anteriormente.

Amy Goodman: Então, fale-nos dos resultados destes estudos que você vem publicando há alguns anos nos maiores jornais científicos.

Dr. Carl Hart: Bom, uma das coisas que me chocaram quando eu comecei a entender o que estava acontecendo foi o fato de ter descoberto que de 80% a 90% das pessoas que usam drogas como o crack, a heroína, metanfetaminas, maconha, não são viciadas. Eu pensei, “espera aí. Eu pensava que uma vez que se usava estas drogas, todos se tornavam viciados, e essa era a causa dos problemas sociais.” Outra coisa que eu descobri foi que se dermos alternativas às pessoas - como empregos - elas não abusarão das drogas como fazem. Descobri isso no laboratório com humanos assim como com animais.

Amy Goodman: o que você quer dizer? Você está dizendo que o crack não é tão viciante quanto todos dizem?

Dr. Carl Hart: Bom, temos um belo exemplo agora: o prefeito de Toronto, Rob Ford. Ele usou crack e fez seu trabalho normalmente. Deixando de lado o que pensamos sobre ele ou suas políticas, ele foi ao trabalho todos os dias. Ele fez seu trabalho. A mesma coisa aconteceu com Marion Barry. Ele foi ao trabalho todos os dias. Na verdade, ele o fez tão bem na opinião das pessoas de Washington que ele foi votado mesmo depois de ter sido condenado pelo uso de crack. E assim é a maioria dos usuários de crack. Assim como qualquer outra droga, a maior parte das pessoas o faz sem outros problemas.

Amy Goodman: Compare com o álcool.

Dr. Carl Hart: Bom, quando pensamos no álcool, cerca de 10% a 15% dos usuários são viciados ou se encaixam em critérios do alcoolismo; para o crack, cerca de 15% a 20% - quase a mesma coisa se tratando de números. E nós sabemos disso cientificamente já faz 40 anos. Mas não dizemos esse tipo de coisa ao público

Amy Goodman: Então, você está dizendo que alguém que toma vinho todas as noites no jantar não seria considerado viciado da mesma forma que a pessoa que usa crack é?

Dr. Carl Hart: Exatamente. Então, o crítério, para mim, para julgar se alguém é ou não viciado é o de se esta pessoa tem problemas nas suas funções psicossociais. Ela vai ao trabalho? Ela lida com suas responsabilidades? O ela deixa de lado suas atividade? E quando pensamos em drogas como o alcool, as pessoas podem beber todos os dias e ainda assim lidar com todas suas responsabilidades. O mesmo se dá com usuários de crack. O mesmo se dá com usuários de cocaína. O mesmo com maconha. Pense da seguinte forma: os três últimos presidentes recentes usaram drogas ilícitas, e todos eles cumpriram com suas responsabilidades. Eles alcançaram os níveis mais altos de poder. E teríamos orgulho deles se fossem nossos filhos, apesar do fato de terem usado drogas ilegais.

Amy Goodman: Mas todos eles dizem que não usavam de maneira regular...

Dr. Carl Hart: Bom, quando nós dizemos “de maneira regular,” por exemplo, eu uso álcool assim. Eu posso beber uma vez por mês, duas, quatro vezes. Pode variar, mas isto é, certamente, regular. E então eu penso que, quando as pessoas dizem regular, elas pensam na verdade em abusar. E quando as pessoas abusam várias vezes ao dia isso vai atrapalhar algumas de suas funções psicossociais. Mas, isto se dá com um número pequeno de pessoas. Só algumas têm um comportamento como esse. E eu asseguro que se alguém tem esse tipo de comportamento, este não é seu único problema. Ela tem muitos outros.

Amy Goodman: Então, por que algumas pessoas se viciam em crack e outras não?

Dr. Carl Hart: Esta é uma ótima questão. As pessoas se viciam por muitas razões. Algumas possuem outras doenças psiquiátricas que contribuem com seu vício em drogas. Outras ficam viciadas porque esta é a melhor opção disponível a elas; outras porque têm poucas capacidades limitadas para assumir responsabilidades. As pessoas se tornam viciadas por um leque muito diverso de razões. Se nós estivéssemos de fato preocupados com o vício em drogas, nós estaríamos tentando entender precisamente o porquê as pessoas se tornam dependentes. Mas não é nisso que estamos interessados. Nesta sociedade nós nos interessamos em maldizer as drogas. Dessa forma, não temos de lidar com os problemas sociais mais complexos que transformam as pessoas em dependentes químicos.

Amy Goodman: Fale sobre neurociência.

Dr. Carl Hart: Essa é uma ótima questão. Em algum nível, em termos de abuso de drogas, a neurociência se tornou um tipo de "vodu", apesar de ser meu tipo favorito de ciência. As pessoas acham que a neurociência se resume em imagens bonitinhas mostradas aos pacientes e suas reações, como se essas refletissem seu comportamento. Não reflete. Partindo dessa perspectiva, isso me preocupa muito. Mas por um outro lado, eu me maravilho com o que aprendemos sobre o funcionamento do cérebro. Não estamos nem perto de poder explicar o vício em drogas com a neurociência, mas isso não significa que não deveríamos tentar descobrir o que se passa no nossa cabeça.

Amy Goodman: Você tem feito testes em humanos. Como esses experimentos se comparam com os feitos em animais e nos ratos?

Dr. Carl Hart: Depende da pergunta que você faz. Quando pensamos na dopamina, e você tem ouvido falar bastante desse neurotransmissor, está nos cérebros dos ratos e dos humanos. Se você quer saber o que a cocaína faz com a dopamina, você pode usar o cérebro de um rato para descobrir isso, assim como o de um humano. Mas quando começamos a falar sobre vício em drogas e suas complexidades, o aspecto muda pois esse vício é uma doença dos humanos, não dos ratos. O que você pode fazer nos ratos é, talvez, formular um componente ou até dois da dependência química, mas temos de entender que isso tem suas limitações.

Amy Goodman: Doutor, você pode falar da sua jornada de vida? Como acabou sendo o primeiro cientista Afro-Americano a ser titulado na Universidade de Columbia?

Dr. Carl Hart: Essa é uma questão que a sociedade deveria responder. Eu digo, quando pensamos nos números de Afro-Americanos que estão no campo da neurociência e porque são baixos, esse é um assunto que a sociedade ainda não analisou. E tem relação com o papo sobre maconha. Você mostrou algo sobre Kennedy mais cedo. Esse tipo de pessoa me enoja, sério, quando pensamos sobre o papel do racismo na repressão às drogas, e essas pessoas não pensam nisso?

Amy Goodman: O ex-membro do Congresso, Patrick Kennedy, co-fundou o grupo Alternativas Inteligentes para a Maconha, sendo contrário à legalização, baseando-se no argumento de que poderia ser prejudicial às minorias do país. O que você pensa sobre isso?

DR. Carl Hart: Se ele realmente estivesse preocupado com as comunidades compostas por minorias, ele deveria fazer menção a este fato: hoje, se mantivermos a mesma aplicação de políticas em relação às drogas, um a cada três afro-americanos nascidos hoje passariam um tempo na cadeia. Se ele estivesse realmente preocupado, ele iria entender que homens afro-americanos representam 6% da populaçao e 35% da população carcerária. Isso é abominável.

E quando nós pensamos sobre os perigos da maconha de uma perspectiva científica, eles são equivalentes ao do álcool. Agora, eu não quero ficar falando sobre os perigos do álcool ou acabar com sua reputação, pois eu penso que toda sociedade deveria ter drogas. Nós precisamos delas, e toda sociedade sempre os utilizou.

AMY GOODMAN: Por que nós precisamos de drogas?

Dr. Carl Hart: Deixa as pessoas mais interessantes, diminui a ansiedade. O álcool é associado com um grande leque de efeitos benéficos à saúde - diminui a chance de doença no coração, de enfartos. O mesmo pode ser dito da maconha - ajuda as pessoas a dormir melhor, pode combater a ansiedade.

Pensemos em analogia com os automóveis. Nos anos 1950, o número de acidentes de carro eram relativamente altos. Foram instituídas medidas: cinto de segurança, limite de velocidade etc. Os acidentes diminuíram sensivelmente. Se as pessoas estão preocupados com os perigos da maconha, nós podemos ensina-las como usar de forma mais segura.

Amy Goodman: Como você saiu de uma vizinhança violenta em Miami para a Universidade de Columbia ?

Dr. Carl Hart: Nós tinhamos um Estado de bem-estar social, que servia como uma rede de segurança para famílias como a minha. Eu tenho sete irmãos e hoje somos todos contribuintes, mas nós fomos criados no Estado de bem-estar. Sem isso, eu não estaria aqui. O governo tinha programas em ciência para as minorias, o que me ajudou a conseguir um Ph.D. Além disso, tive muitos mentores: negros, brancos, mulheres. E uma avó forte e cinco irmãs mais velhas que me ajudaram muito.

Amy Goodman: Você inicia seu livro falando sobre um experimento humano que você fez recentemente. Explique.

Dr. Carl Hart: Esse experimento foi pubicado no New York Times recentemente. Eu pesquisei a literatura animal, a qual mostra que quando você permite que um animal auto-administre cocaína pressionando uma alavanca que a injeta em suas veias, ele o fará até morrer. No entanto, após um estudo mais aprofundado da literatura, descobri que se você oferece um parceiro sexual a esse animal, ou algo doce para comer, eles dispensam a droga. Eles dão atenção a essas outras atividades. Então, eu achei que seria interessante descobrir se viciados em crack teriam seus comportamentos em relação à droga alterados se lhes fossem oferecidas alternativas. Nesse experimento, oferecíamos apenas 5 dólares. E é possível ver que eles aceitam o dinheiro em mais da metade das ocasiões.

Amy Goodman: Explique essa cena.

Dr. Carl Hart: Você leva uma pessoa para o laboratório. Eles se sentam de frente para um computador para indicar suas escolhas. Do lado esquerdo, a droga; do direito, o dinheiro. E eles têm cinco oportunidades, separadas por 15 minutos, que é o intervalo de tempo que uma enfermeira entra na sala e pede para que eles indiquem a opção escolhida.

Amy Goodman: Quem são esses sujeitos?

Dr. Carl Hart: Esses participantes são pessoas que atendem ao critério do vício em crack: indivíduos que usam crack por volta de cinco dias por semana. Eles gastam por volta de 200 a 300 dólares por semana com a droga. E nós passamos todos os requisitos éticos para que eles possam vir ao laboratório. Eles passam por exames físicos e são monitorados por uma enfermeira e um médico.

Assim que eles indicam sua escolha para a enfermeira, ela as traz para nós. Quando você oferece cinco dólares, a escolha é dividida. Mas se você aumenta a oferta para 20 dólares, eles sempre escolhm o dinheiro, nunca a droga. E muitas vezes as pessoas dizem: "Eles selecionam o dinheiro para comprar mais droga". Uma coisa que normalmente se diz sobre usuários de crack é que eles não conseguem fazer escolhas racionais uma vez que possuem a opção de escolher a droga. Mas eu sei que a maioria dessas pessoas nesses estudos não simplesmente pegou o dinheiro para comprar drogas, até porque pagamos algumas de suas dívidas. Eles guardaram o dinheiro que receberam e nos pediram para pagar certas contas.

Amy Goodman: Você ficou surpreso com suas descobertas?

Dr. Carl Hart Eu fiquei absolutamente surpreso quando comecei a coletar esses dados em 1999, 2000, pois eu havia sido levado a pensar, assim como o público americano, que usuários de crack iriam sempre escolher por mais crack. E isso é um mito.

Amy Goodman: Finalmente, Dr. Carl Hart, qual sua avaliação da forma como a mídia lida com as questões relacionadas às drogas?

Dr. Carl Hart: Não é apenas a mídia. Cientistas também contribuem para a desinformação, em parte porque têm medo de que qualquer coisa que digam seja interpretada como permissiva, então dizem muito pouco. Aparentemente, o principal objetivo dos cientistas não é a comunicação, mas sim não estar errado. E assim nós perdemos uma oportunidade de educar o público americano sobre como diminuir prejuízos relacionados às drogas.

Amy Goodman: O que você diz para os jovens a respeito de drogas e álcool?

Dr. Carl Hart: Eu penso nessas coisas da mesma forma que eu penso sobre outros comportamentos potencialmente perigosos, como dirigir, por exemplo. Eu faço questão de educar meus filhos para que dirijam de forma segura, para fazerem sexo seguro. O mesmo vale para as drogas. Eu faço questão de que eles entendam os potenciais efeitos positivos, negativos, e como evitar os negativos.

Tradução de Isabela Palhares, Roberto Brilhante, e Rodrigo Giordano

fonte: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Direitos-Humanos/-As-drogas-nao-sao-o-problema-entrevista-com-o-neurocientista-Carl-Hart-/5/30021

vídeo da entrevista (em inglês, mas vale a pena): http://www.democracynow.org/2014/1/6/drugs_arent_the_problem_neuroscientist_carl

Bate-papo com Dr. Drauzio Varella

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Minha visão sobre drogas mudou completamente a partir do momento que conheci um cara chamado Carl Hart, primeiro professor titular de neurociência negro da Universidade Columbia.

Abaixo, duas entrevistas bem esclarecedoras e um vídeo com o Dr. Drauzio Varella:

Entrevista 1

'É preciso ensinar a usar drogas', diz neurocientista
por Cristina Grillo
Aos 47 anos, o americano Carl Hart, professor de neurociência da Universidade Columbia (EUA), defende a descriminalização das drogas e que pessoas sejam educadas para usá-las, reduzindo riscos.
Sob o ponto de vista neurocientífico, defende que drogas não viciam na proporção que se imagina -apenas 11% dos consumidores podem ser considerados viciados-, não prejudicam o desempenho de uma pessoa, nem causam danos cerebrais irreversíveis. "Nossos três últimos presidentes [bill Clinton, George Bush e Barack Obama] disseram ter usado. Não falo isso como demérito, mas para mostrar que se pode usar drogas e ser produtivo", disse.
Em viagem ao Brasil para divulgar seu livro "Um Preço Muito Alto" (ed.Zahar), Carl Hart falou à Folha. Leia abaixo trechos da entrevista.
Folha - Há alguns meses o governo do Rio decidiu internar compulsoriamente dependentes de crack. É eficaz?
Carl Hart - Não importa se é legal ou ilegal, o que importa é que não é ético. Mas, para entender isso, é preciso combater alguns pressupostos a respeito do crack e da cocaína. Muitas pessoas acreditam que quem usa droga fica fora de si, sem controle, o que é falso. Em alguns casos, a droga pode inclusive melhorar uma pessoa. A internação compulsória só impede que você veja aquela pessoa drogada pela sua vizinhança.
Então o que se deve fazer, por exemplo, com as crianças que usam drogas nas ruas?
Devemos assegurar que todos sejam bem tratados e que a sociedade seja justa. Essas crianças de rua, onde estão seus pais? Eles tiveram oportunidade de empregos, de aprender a criar seus filhos de forma que soubessem como atender as expectativas dessa sociedade?
O sr. diz ser um mito a crença de que o vício é inevitável. Por que essa afirmação é falsa?
Coletamos dados durante muitos anos e sabemos que o percentual de pessoas que usa cocaína ou outras drogas e não se vicia é de 89%. Os últimos três presidentes americanos usaram drogas. Obama contou ter consumido cocaína algumas vezes; Bush disse que fumou maconha; Clinton também, apesar de tentar nos convencer de que não tragou. Não falo isso como demérito, mas para mostrar que se pode usar drogas e ser produtivo.
As drogas causam danos cerebrais permanentes?
Usar cocaína é o mesmo que usar cafeína ou álcool. Há efeitos temporários que procuramos quando usamos: ficamos alertas, nos sentimos melhor. Um orgasmo também causa efeitos no cérebro, mas ninguém diz que ele mudou definitivamente por isso. Atribuir esses danos à cocaína e ao crack é uma forma de separar as "pessoas más que usam cocaína" das "pessoas boas que não usam".
Se as drogas não viciam e não causam danos permanentes, por que combatê-las?
A política de combate só é benéfica para aumentar os orçamentos de segurança e favorecer aqueles ligados a essa indústria. Dizer que o crack é responsável pela criminalidade é mentir. No Brasil, antes da invasão das drogas, os moradores de favela frequentavam a universidade? As drogas podem exacerbar vários problemas, mas não são as causadoras.
Se as drogas são um problema social, como lidar com o tema?
São duas propostas. Do ponto de vista legal, defendo a descriminalização de todas as drogas, sem exceção. Isso não significa legalizar, mas tirar da esfera criminal. Do ponto de vista de educação, proponho o ensino do básico sobre o uso de drogas.
Como assim?
Coisas práticas, como dosagem. Quando há aumento de dose, aumenta-se o risco. Também precisam aprender que há organismos mais tolerantes. É necessário ensinar onde, como e com quem usar.

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/05/1452694-e-preciso-ensinar-a-usar-drogas-diz-neurocientista.shtml

Entrevista 2

Entrevista do Dr. Carl Hart a Amy Goodman, do DemocracyNow!

O Dr. Carl Hart é o primeiro cientista afro-americano titular na Universidade de Columbia, onde é professor associado dos departamentos de psicologia e psiquiatria. Ele também é membro do Conselho em Assuntos de Abuso de Drogas e pesquisador da Divisão de Abuso de Substâncias do Instituto de Psiquiatria de Nova York. No entanto, muito antes de ter entrado nos salões consagrados da Ivy League, Carl Hart adiquiriu conhecimento de primeira-mão sobre o uso de drogas nos bairros mais perigosos de Miami, onde cresceu. Ele publicou recentemente o seu livro High Price: A Neuroscientist’s Journey of Self-Discovery That Challenges Everything You Know About Drugs and Society. Neste livro, ele relembra sua jornada de descobertas e como escapou de uma vida de crimes e não se tornou um dependente químico como aqueles que ele hoje estuda.

Amy Goodman: Vamos começar falando sobre de onde você vem.

Dr. Carl Hart: Bom, como dizem, eu vim do gueto. E, quando pensamos nestas comunidades, logo pensamos naquela imagem de lugares devastados pelo abuso de drogas: eu acreditei nessa narrativa por muito tempo. Na verdade, eu tenho estudado as drogas há 23 anos; e por 20 acreditei que as drogas eram o problema das comunidades. Mas quando eu comecei a olhar com mais cuidado, quando comecei a olhar as evidências de maneira mais cuidadosa, ficou claro para mim que as drogas não eram o problema. O problema era a pobreza, a política anti-drogas, a falta de empregos - um leque variado de coisas. E as drogas eram apenas um componente que não contribuía tanto quanto os outros que citei anteriormente.

Amy Goodman: Então, fale-nos dos resultados destes estudos que você vem publicando há alguns anos nos maiores jornais científicos.

Dr. Carl Hart: Bom, uma das coisas que me chocaram quando eu comecei a entender o que estava acontecendo foi o fato de ter descoberto que de 80% a 90% das pessoas que usam drogas como o crack, a heroína, metanfetaminas, maconha, não são viciadas. Eu pensei, “espera aí. Eu pensava que uma vez que se usava estas drogas, todos se tornavam viciados, e essa era a causa dos problemas sociais.” Outra coisa que eu descobri foi que se dermos alternativas às pessoas - como empregos - elas não abusarão das drogas como fazem. Descobri isso no laboratório com humanos assim como com animais.

Amy Goodman: o que você quer dizer? Você está dizendo que o crack não é tão viciante quanto todos dizem?

Dr. Carl Hart: Bom, temos um belo exemplo agora: o prefeito de Toronto, Rob Ford. Ele usou crack e fez seu trabalho normalmente. Deixando de lado o que pensamos sobre ele ou suas políticas, ele foi ao trabalho todos os dias. Ele fez seu trabalho. A mesma coisa aconteceu com Marion Barry. Ele foi ao trabalho todos os dias. Na verdade, ele o fez tão bem na opinião das pessoas de Washington que ele foi votado mesmo depois de ter sido condenado pelo uso de crack. E assim é a maioria dos usuários de crack. Assim como qualquer outra droga, a maior parte das pessoas o faz sem outros problemas.

Amy Goodman: Compare com o álcool.

Dr. Carl Hart: Bom, quando pensamos no álcool, cerca de 10% a 15% dos usuários são viciados ou se encaixam em critérios do alcoolismo; para o crack, cerca de 15% a 20% - quase a mesma coisa se tratando de números. E nós sabemos disso cientificamente já faz 40 anos. Mas não dizemos esse tipo de coisa ao público

Amy Goodman: Então, você está dizendo que alguém que toma vinho todas as noites no jantar não seria considerado viciado da mesma forma que a pessoa que usa crack é?

Dr. Carl Hart: Exatamente. Então, o crítério, para mim, para julgar se alguém é ou não viciado é o de se esta pessoa tem problemas nas suas funções psicossociais. Ela vai ao trabalho? Ela lida com suas responsabilidades? O ela deixa de lado suas atividade? E quando pensamos em drogas como o alcool, as pessoas podem beber todos os dias e ainda assim lidar com todas suas responsabilidades. O mesmo se dá com usuários de crack. O mesmo se dá com usuários de cocaína. O mesmo com maconha. Pense da seguinte forma: os três últimos presidentes recentes usaram drogas ilícitas, e todos eles cumpriram com suas responsabilidades. Eles alcançaram os níveis mais altos de poder. E teríamos orgulho deles se fossem nossos filhos, apesar do fato de terem usado drogas ilegais.

Amy Goodman: Mas todos eles dizem que não usavam de maneira regular...

Dr. Carl Hart: Bom, quando nós dizemos “de maneira regular,” por exemplo, eu uso álcool assim. Eu posso beber uma vez por mês, duas, quatro vezes. Pode variar, mas isto é, certamente, regular. E então eu penso que, quando as pessoas dizem regular, elas pensam na verdade em abusar. E quando as pessoas abusam várias vezes ao dia isso vai atrapalhar algumas de suas funções psicossociais. Mas, isto se dá com um número pequeno de pessoas. Só algumas têm um comportamento como esse. E eu asseguro que se alguém tem esse tipo de comportamento, este não é seu único problema. Ela tem muitos outros.

Amy Goodman: Então, por que algumas pessoas se viciam em crack e outras não?

Dr. Carl Hart: Esta é uma ótima questão. As pessoas se viciam por muitas razões. Algumas possuem outras doenças psiquiátricas que contribuem com seu vício em drogas. Outras ficam viciadas porque esta é a melhor opção disponível a elas; outras porque têm poucas capacidades limitadas para assumir responsabilidades. As pessoas se tornam viciadas por um leque muito diverso de razões. Se nós estivéssemos de fato preocupados com o vício em drogas, nós estaríamos tentando entender precisamente o porquê as pessoas se tornam dependentes. Mas não é nisso que estamos interessados. Nesta sociedade nós nos interessamos em maldizer as drogas. Dessa forma, não temos de lidar com os problemas sociais mais complexos que transformam as pessoas em dependentes químicos.

Amy Goodman: Fale sobre neurociência.

Dr. Carl Hart: Essa é uma ótima questão. Em algum nível, em termos de abuso de drogas, a neurociência se tornou um tipo de "vodu", apesar de ser meu tipo favorito de ciência. As pessoas acham que a neurociência se resume em imagens bonitinhas mostradas aos pacientes e suas reações, como se essas refletissem seu comportamento. Não reflete. Partindo dessa perspectiva, isso me preocupa muito. Mas por um outro lado, eu me maravilho com o que aprendemos sobre o funcionamento do cérebro. Não estamos nem perto de poder explicar o vício em drogas com a neurociência, mas isso não significa que não deveríamos tentar descobrir o que se passa na nossa cabeça.

Amy Goodman: Você tem feito testes em humanos. Como esses experimentos se comparam com os feitos em animais e nos ratos?

Dr. Carl Hart: Depende da pergunta que você faz. Quando pensamos na dopamina, e você tem ouvido falar bastante desse neurotransmissor, está nos cérebros dos ratos e dos humanos. Se você quer saber o que a cocaína faz com a dopamina, você pode usar o cérebro de um rato para descobrir isso, assim como o de um humano. Mas quando começamos a falar sobre vício em drogas e suas complexidades, o aspecto muda pois esse vício é uma doença dos humanos, não dos ratos. O que você pode fazer nos ratos é, talvez, formular um componente ou até dois da dependência química, mas temos de entender que isso tem suas limitações.

Amy Goodman: Doutor, você pode falar da sua jornada de vida? Como acabou sendo o primeiro cientista Afro-Americano a ser titulado na Universidade de Columbia?

Dr. Carl Hart: Essa é uma questão que a sociedade deveria responder. Eu digo, quando pensamos nos números de Afro-Americanos que estão no campo da neurociência e porque são baixos, esse é um assunto que a sociedade ainda não analisou. E tem relação com o papo sobre maconha. Você mostrou algo sobre Kennedy mais cedo. Esse tipo de pessoa me enoja, sério, quando pensamos sobre o papel do racismo na repressão às drogas, e essas pessoas não pensam nisso?

Amy Goodman: O ex-membro do Congresso, Patrick Kennedy, co-fundou o grupo Alternativas Inteligentes para a Maconha, sendo contrário à legalização, baseando-se no argumento de que poderia ser prejudicial às minorias do país. O que você pensa sobre isso?

DR. Carl Hart: Se ele realmente estivesse preocupado com as comunidades compostas por minorias, ele deveria fazer menção a este fato: hoje, se mantivermos a mesma aplicação de políticas em relação às drogas, um a cada três afro-americanos nascidos hoje passariam um tempo na cadeia. Se ele estivesse realmente preocupado, ele iria entender que homens afro-americanos representam 6% da população e 35% da população carcerária. Isso é abominável.

E quando nós pensamos sobre os perigos da maconha de uma perspectiva científica, eles são equivalentes ao do álcool. Agora, eu não quero ficar falando sobre os perigos do álcool ou acabar com sua reputação, pois eu penso que toda sociedade deveria ter drogas. Nós precisamos delas, e toda sociedade sempre as utilizou.

AMY GOODMAN: Por que nós precisamos de drogas?

Dr. Carl Hart: Deixa as pessoas mais interessantes, diminui a ansiedade. O álcool é associado com um grande leque de efeitos benéficos à saúde - diminui a chance de doença no coração, de enfartos. O mesmo pode ser dito da maconha - ajuda as pessoas a dormir melhor, pode combater a ansiedade.

Pensemos em analogia com os automóveis. Nos anos 1950, o número de acidentes de carro eram relativamente altos. Foram instituídas medidas: cinto de segurança, limite de velocidade etc. Os acidentes diminuíram sensivelmente. Se as pessoas estão preocupados com os perigos da maconha, nós podemos ensina-las como usar de forma mais segura.

Amy Goodman: Como você saiu de uma vizinhança violenta em Miami para a Universidade de Columbia ?

Dr. Carl Hart: Nós tínhamos um Estado de bem-estar social, que servia como uma rede de segurança para famílias como a minha. Eu tenho sete irmãos e hoje somos todos contribuintes, mas nós fomos criados no Estado de bem-estar. Sem isso, eu não estaria aqui. O governo tinha programas em ciência para as minorias, o que me ajudou a conseguir um Ph.D. Além disso, tive muitos mentores: negros, brancos, mulheres. E uma avó forte e cinco irmãs mais velhas que me ajudaram muito.

Amy Goodman: Você inicia seu livro falando sobre um experimento humano que você fez recentemente. Explique.

Dr. Carl Hart: Esse experimento foi pubicado no New York Times recentemente. Eu pesquisei a literatura animal, a qual mostra que quando você permite que um animal auto-administre cocaína pressionando uma alavanca que a injeta em suas veias, ele o fará até morrer. No entanto, após um estudo mais aprofundado da literatura, descobri que se você oferece um parceiro sexual a esse animal, ou algo doce para comer, eles dispensam a droga. Eles dão atenção a essas outras atividades. Então, eu achei que seria interessante descobrir se viciados em crack teriam seus comportamentos em relação à droga alterados se lhes fossem oferecidas alternativas. Nesse experimento, oferecíamos apenas 5 dólares. E é possível ver que eles aceitam o dinheiro em mais da metade das ocasiões.

Amy Goodman: Explique essa cena.

Dr. Carl Hart: Você leva uma pessoa para o laboratório. Eles se sentam de frente para um computador para indicar suas escolhas. Do lado esquerdo, a droga; do direito, o dinheiro. E eles têm cinco oportunidades, separadas por 15 minutos, que é o intervalo de tempo que uma enfermeira entra na sala e pede para que eles indiquem a opção escolhida.

Amy Goodman: Quem são esses sujeitos?

Dr. Carl Hart: Esses participantes são pessoas que atendem ao critério do vício em crack: indivíduos que usam crack por volta de cinco dias por semana. Eles gastam por volta de 200 a 300 dólares por semana com a droga. E nós passamos todos os requisitos éticos para que eles possam vir ao laboratório. Eles passam por exames físicos e são monitorados por uma enfermeira e um médico.

Assim que eles indicam sua escolha para a enfermeira, ela as traz para nós. Quando você oferece cinco dólares, a escolha é dividida. Mas se você aumenta a oferta para 20 dólares, eles sempre escolhm o dinheiro, nunca a droga. E muitas vezes as pessoas dizem: "Eles selecionam o dinheiro para comprar mais droga". Uma coisa que normalmente se diz sobre usuários de crack é que eles não conseguem fazer escolhas racionais uma vez que possuem a opção de escolher a droga. Mas eu sei que a maioria dessas pessoas nesses estudos não simplesmente pegou o dinheiro para comprar drogas, até porque pagamos algumas de suas dívidas. Eles guardaram o dinheiro que receberam e nos pediram para pagar certas contas.

Amy Goodman: Você ficou surpreso com suas descobertas?

Dr. Carl Hart Eu fiquei absolutamente surpreso quando comecei a coletar esses dados em 1999, 2000, pois eu havia sido levado a pensar, assim como o público americano, que usuários de crack iriam sempre escolher por mais crack. E isso é um mito.

Amy Goodman: Finalmente, Dr. Carl Hart, qual sua avaliação da forma como a mídia lida com as questões relacionadas às drogas?

Dr. Carl Hart: Não é apenas a mídia. Cientistas também contribuem para a desinformação, em parte porque têm medo de que qualquer coisa que digam seja interpretada como permissiva, então dizem muito pouco. Aparentemente, o principal objetivo dos cientistas não é a comunicação, mas sim não estar errado. E assim nós perdemos uma oportunidade de educar o público americano sobre como diminuir prejuízos relacionados às drogas.

Amy Goodman: O que você diz para os jovens a respeito de drogas e álcool?

Dr. Carl Hart: Eu penso nessas coisas da mesma forma que eu penso sobre outros comportamentos potencialmente perigosos, como dirigir, por exemplo. Eu faço questão de educar meus filhos para que dirijam de forma segura, para fazerem sexo seguro. O mesmo vale para as drogas. Eu faço questão de que eles entendam os potenciais efeitos positivos, negativos, e como evitar os negativos.

Tradução de Isabela Palhares, Roberto Brilhante, e Rodrigo Giordano

Fonte: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Direitos-Humanos/-As-drogas-nao-sao-o-problema-entrevista-com-o-neurocientista-Carl-Hart-/5/30021

Vídeo da entrevista (em inglês, mas vale a pena): http://www.democracynow.org/2014/1/6/drugs_arent_the_problem_neuroscientist_carl

Bate-papo com Dr. Drauzio Varella

Eu vi essa entrevista dele na época em que lançou e antes mesmo de conhecê-lo já concordava com o ponto de vista dele. Aqui na cidade tem um cara que é ex-viciado em crack, por que ele largou o crack? Ele tem um rumo para a vida dele, hoje ele tem um negócio que a cidade inteira adora e não precisa mais da droga para esquecer os problemas da vida dele. Ele tem um trabalho, ele tem uma família, ele tem amigos, ele tem todo o suporte necessário, ele não precisa mais escapar da realidade dele porque a realidade dele mudou completamente.

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Veja bem: SEMPRE haverão aqueles contrários à legalização da maconha. Eu sou um deles. Mas vai chegar um momento em que a pressão vai ser tanta (passeata, protesto, apoio de vários políticos) que vai ser impossível barrar. É assim que as coisas funcionam. Pode demorar um pouco, mas tenho certeza que vai acontecer. Diferente de governos que tu tá falando, a maconha não tem cara. Ela não tem partido. Isso faz com que ela seja forte sempre perante a população. Não vai diminuir o apelo pela legalização, vai aumentar, porque as pessoas que estão lá hoje, não estarão amanhã. É a sociedade evoluindo, quer queiram, quer não queiram (meu caso), tem que se reconhecer isso.

A mídia é o mais forte veículo de influência no mundo, cara. Tu acha que se ela escolher apoiar a legalização não vai influenciar em nada? Ai eu que estranho tu subestimar ela. Já foi usada diversas vezes como lobby pra determinados partidos e sempre influenciou a socidade.

Congresso tem poder, mas até ali. Vai chegar um momento em que vão ter que ceder ou na próxima eleição, eles não vão estar lá. Por isso que falei em 5, 6 anos.

E tem o ponto principal também: DINHEIRO. Ninguém vai gastar com isso, só vão ganahr mais e roubar mais. Impossível não quererem.

Tu tá no Brasil cara. Quanta ingenuidade achar que alguma mídia de massa vai fazer lobby por alguma coisa desse tipo.

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  • 1 mês depois...

Luta e dor pelo ilegal: a doença que se alastra, o crime que nos mata

 

Victor Lisboa

 

Os três vídeos a seguir, cada qual com cerca de 5 minutos, tratam de uma doença infecciosa que tem contaminado grande parte de nossa população de forma alarmante, causando dor e até mesmo morte. Também tratam de um crime relacionado a essa epidemia, que tem sido praticado de baixo de nossos olhos sem que as autoridades tomem qualquer atitude.

 

E atenção: é provável que alguém de sua família já tenha sido contaminado. É mais provável ainda que aquele crime esteja sendo perpetrado agora mesmo pelas próprias autoridades.

 

Na verdade, talvez todos sejamos vítimas e delinquentes nessa história.

 

https://www.youtube.com/watch?v=CtJJ1pzMKxs&feature=youtu.be

 

Não, a doença não é a Síndrome CDKL5, tão rara que sequer tem um nome popular. O crime não é o tráfico de drogas que os pais de Anny se viram forçados a realizar para diminuir o sofrimento da filha. A doença está em você, está em mim. E o crime é praticado por todos nós.

 

Pois somos uma sociedade doente e criminosa.

 

A enfermidade tem um nome: medo

 

Ela manifesta-se na vítima através de sua incapacidade de distinguir o que é real daquilo que é um cenário meramente imaginário, concebido por aqueles que se beneficiam da disseminação dessa epidemia. O crime tem um nome: preconceito, uma forma de ignorância deliberada, graças a qual sujeitamos outras pessoas a algum tipo de sofrimento, para com isso justificarmos a manutenção de nosso acovardamento diante da complexidade da vida moderna.

 

E esses três documentários são prova e registro da doença e do delito. Já foi comprovado que a definição de quais drogas são ilícitas não tem origem em qualquer análise objetiva e criteriosa sobre a natureza da substância, mas sim na análise oportunista de quem eram seus consumidores, tendo por finalidade manter sob controle certas parcelas da população - o medo do “outro” utilizado como ferramenta de marginalização.

 

E já foi demonstrado que a criminalização da maconha é, do ponto de vista de uma política criminal racional, um perigoso equívoco - o preconceito puro e simples regendo nossa legislação, quem vai para a cadeia e quem é socialmente aceito.

 

Mas este momento é muito peculiar, pois a verdade finalmente explodiu na cara nossas autoridades quando comprovadas pesquisas científicas passaram a se acumular, todas demonstrando que o canadibiol e o tetra-hidrocanabinol, duas das principais substâncias presentes em uma planta considerada “ilícita”, têm elevados efeitos medicinais em relação a uma série de enfermidades e distúrbios como Mal de Alzheimer, diabetes, asma, câncer, epilepsia severa, AIDS e depressão.

 

https://www.youtube.com/watch?v=cpa_QkbrKr4

 

Você pode supor que esses vídeos apresentam apenas da luta de Katiele Fischer, Camila Guedes e Juliana Paolinelli contra uma legislação atrasada e uma máquina burocrática embrutecida. Você pode supor que esses vídeos só demonstram a importância de alterarmos a forma como a maconha e o canabidiol são legalmente tratados.

 

O buraco é mais embaixo

 

Esses documentários apresentam provas de casos extremos, em que aquela doença e aquele crime produzem sofrimento -- e causariam dor ainda maior, não fosse a coragem de pessoas como Katiele, Camila e Juliana.

 

Tratar como veneno um medicamento natural é o grande sintoma de uma profundamente doente sociedade. Colocar pais zelosos com o bem estar à margem da lei é a grande prova de uma sociedade não só criminosa, mas também criminógena.

 

Somos, em muitos aspectos, uma sociedade irracional, quase medieval, em que muitas decisões das autoridades são fundamentadas no medo e no preconceito. Nas eleições 2014, já ficou evidente que os principais candidatos estão adaptando seus discursos e promessas para agradar setores da sociedade que estão integralmente contaminados por aquela doença, inoculada em milhões de eleitores por formadores de opinião e autoridades religiosas que se beneficiam do medo e do preconceito da população.

 

https://www.youtube.com/watch?v=h4aCqpZ2dVU

 

Esses três vídeos revelam sintomas de uma epidemia que tem se alastrado e produzido sofrimento e até mesmo morte de várias outras formas. Na verdade, em uma sociedade profundamente doente e criminosa, todos nós de alguma forma padecemos, sacrificando nossa felicidade e liberdade em nome do acovardamento coletivo.

 

Como dizia Jiddu Krishnamurti, não é sinal de saúde ser bem adaptado a uma sociedade doente. Quando começamos a despertar e a resistir à epidemia de medo e preconceito que contamina a todos, logo surge uma retórica que nos rotula como criminosos ou portadores de algum tipo de distúrbio. Na verdade, estamos ostentando uma saúde que é intolerável aos olhos daqueles que padecem com o vírus do medo.

 

E esses vídeos, se por um lado revelam os sintomas de uma sociedade profundamente doente, por outro também nos oferecem a cura através dos exemplos de Katiele Fischer, Camila Guedes e Juliana Paolinelli. Elas restiram e combateram pelo direito fundamental de interromper o sofrimento desnecessário.

 

Precisamos nos inspirar em sua história pessoal para barrarmos a insanidade coletiva que faz de todos nós, em vários aspectos de nossas vidas, reféns de uma epidemia que não está diagnosticada em qualquer enciclopédia médica e vítimas de um crime que não se encontra presente no Código Penal: o medo que fecunda em nós, o preconceito que nos vitimiza.

 

publicado em 04 de Setembro de 2014, 21:00

 

Papo de [insira o adjetivo]

 

 

Legalização da maconha no Uruguai

 

Victor Lisboa

 

Nossos vizinhos estão loucos...

 

…ou mais lúcidos que nós?

 

O Uruguai tornou-se nesta terça-feira o primeiro país do mundo a legalizar a produção, distribuição e venda de maconha sob controle do Estado. Um amigo que esteve recentemente em Montevidéu me disse que o ambiente lá já estava, na época de sua visita, francamente favorável ao consumo público de maconha. Ele contou ter observado pessoas conversando e fumando na Rambla, avenida que segue ao longo do Rio da Prata, enquanto idosos passeavam tranquilamente, agindo com naturalidade.

 

Esse relato não me deixou surpreso.

 

Experimentei maconha no breve período de seis ou sete meses entre os 19 e 20 anos. Jamais comprei, e em geral era em visita a algum amigo que casualmente fumava. Lembro da namorada de um deles tinha seu tradicional “chá das cinco”, consistente em sempre fechar um baseado ao final de toda tarde. Pelo que sei, ela nunca deixou de fumar e hoje é mãe de três filhos, bem criados e saudáveis.

 

Isso faz duas décadas. Em um punhado de meses larguei o que nem chegou a ser hábito, como quem abandona aulas de violão por não ter vocação para a coisa. Simples assim, rápido assim. Apesar da sensação agradável que a maconha produzia durante o estado alterado de consciência, encontrei uma satisfação muito maior e mais persistente na prática da meditação. Além disso, não estava disposto a me submeter aos efeitos negativos do consumo prolongado de cannabis sativa, principalmente à perda gradual de memória e de capacidade respiratória.

 

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Mas isso não me impediu de conhecer fumantes habituais de maconha ao longo desses outros vinte anos, gente que aceitava como toleráveis os eventuais efeitos colaterais da droga – afinal, tudo na vida é uma questão de escolhas amadurecidas e concessões ponderadas. Conheci uma personal trainer que fumava todas as noites, e hoje ela é uma feliz mamãe que mantém a boa boa forma com caminhadas diárias.

 

Conheci também um matemático bem sucedido que, em um acordo com sua esposa, fuma na garagem para os dois filhos não serem influenciados muito cedo por seu hábito – conduta talvez superior a dos pais que bebem cerveja na frente dos filhos menores. Conheci um Promotor de Justiça que, nos fins de semana, ficava em sua casa na praia fumando maconha e praticando surf. Esses e outros tantos, todos profissionais competentes, com famílias estruturadas.

 

Por isso acho meio engraçado quando fazem alarde sobre a regulamentação do consumo e produção no Uruguai. Mas percebo o campo minado que é o assunto, não sou ingênuo. É um daqueles temas polêmicos que desperta o pior das pessoas. É difícil discutir a questão com maturidade, objetividade e sem o uso de falácias lógicas ou de “lugares comuns”.

 

Na verdade, assuntos como a legalização da maconha são o terreno perfeito para a proliferação de cretinos fundamentais de ambos os lados. Eles sentem de longe o cheiro da discussão e, independentemente de serem contra ou a favor a decisão histórica do governo uruguaio, apresentam argumentos falaciosos e recorrem a ofensas pessoais para impedir que a civilidade seja o denominador comum entre os debatedores.

 

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Porém, esse assunto é importante demais para que os cretinos fundamentais impeçam qualquer tentativa de debater o tema. Se fosse algo que só dissesse respeito aos maconheiros (sem preconceito algum no uso dessa expressão), tudo bem, nem valeria a pena se estressar, pois se trataria de uma questão de interesse de um grupo minoritário, e a eles caberia colocar em pauta a discussão.

 

Porém, o fato de economistas premiados com Nobel, políticos conservadores e criminalista experientes defenderem abertamente a descriminalização do uso da maconha já é o bastante para deixar claro que não se trata de uma questão de interesse individual dos denominados maconheiros, mas de interesse de toda sociedade, inclusive e principalmente de quem não consome a maconha.

 

E aí entra outro testemunho pessoal. Durante mais de uma década trabalhei em órgãos judiciários especializados em matéria criminal. Foi tempo suficiente para perceber, na prática, que a quantidade de sofrimento produzida pela criminalização da maconha é imensamente superior aos malefícios que sua eventual legalização pode trazer à sociedade. Não é apenas uma questão jurídica e criminológica, é uma questão política e social.

 

Foi em março/2009, durante uma viagem de férias (por coincidência, para o Uruguai), que outro aspecto da questão começou a se descortinar para mim. Meu voo atrasou, e fui na banca do aeroporto comprar a edição daquele mês da revista britânica The Economist, uma leitura habitual. Tive então uma surpresa ao abrir a revista e testemunhar, em uma série de artigos temáticos, que mesmo os conservadores economistas ingleses haviam concluído que o melhor seria acabar com a proibição da maconha. O editorial era conclusivo e direto, ao dizer:

 

“A proibição falhou; a legalização é a solução menos pior.”

 

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Naquele momento, no saguão aeroporto, minha experiência pessoal e profissional convergiram e foram sintetizadas naquela frase, principalmente nas duas últimas palavras: “menos pior”. Então compreendi qual era a questão principal que estava em jogo nessa história toda.

 

A questão principal não é se maconha faz mal à saúde (ela faz sim, embora em nível bem inferior ao tabaco). Também não é se a maconha vicia (ela vicia sim, embora em nível menor do que o café). E tampouco a questão principal é se a maconha pode produzir desvios de comportamento (pode produzir sim, como qualquer estado alterado de consciência). A questão principal é reconhecer que estamos inafastavelmente diante de dois cenários ruins, e que precisamos escolher qual deles é o menos pior: continuar proibindo ou legalizar?

 

Por trás dessa questão principal existe a incapacidade das pessoas de reconhecerem que não estamos em um mundo perfeito, e que tentar forçar esse mundo à perfeição nem que seja na porrada produz mais dor do que admitir e tolerar suas eventuais falhas. No fundo, trata-se de assumir uma sabedoria prática, e de ter humildade, enquanto sociedade, diante das imperfeições inevitáveis do mundo real.

 

É claro que todos desejamos viver em um mundo ideal no qual bastaria uma só lei, curta e direta, dizendo o seguinte: “Está proibido o mal no mundo”. E, nessa sociedade perfeita, todos seríamos cidadãos fieis cumpridores dessa lei, e ninguém beberia, fumaria tabaco ou usaria maconha (provavelmente também os adolescentes não se masturbariam em excesso e nos cinemas só haveria filmes água-com-açúcar, tudo sem violência alguma). Porém, acreditar que é possível resolver os problemas do mundo dessa forma é cegar-se para a verdade de que há vícios e maus costumes que não podem ser eliminados sem que, para tanto, causemos muito mais prejuízo e dor.

 

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O absoluto fiasco que foi a lendária Lei Seca americana já deveria ter nos ensinado o seguinte: criminalizar o consumo de drogas leves como álcool, tabaco e maconha é como tentar curar uma gripe inoculando no organismo um câncer. E esse câncer, no caso, é o fortalecimento do crime organizado.

 

Claro, não é que o crime organizado vai deixar de existir com a descriminalização das drogas leves, mas a cada nova proibição damos uma nova fonte de renda para essa forma de criminalidade, que se desenvolve até ameaçar o organismo social com uma metástase. Como disse o político e médico texano Ron Paul, do Partido Republicano, em artigo publicado pela CNBC, a ilegalidade das drogas é, na verdade, o principal fator que ajuda a manter os altos lucros dos traficantes e dos carteis, e que garante que o crime organizado domine o mercado.

 

A verdade é que a maconha, com ou sem proibição, produzirá sempre lucro, e inclusive para empresas legitimamente constituídas, como demonstrou, em artigo de 2004, Walter Maierovitch, jurista e ex-Secretário Nacional Antidrogas da Presidência da República. A pergunta a fazer é se queremos bilhões de dólares nas mãos de grupos organizados que sequer tributos pagam. Ainda que muitos não gostem da ideia de grandes multinacionais angariando lucros com uma nova política criminal sobre o assunto, é importante lembrar que a atual política proibicionista impede até mesmo a plantação caseira que não seja para estrito consumo pessoal.

 

E outro aspecto desse câncer, com o qual se tenta curar uma gripe, consiste no malefício social resultante de etiquetar como criminosos aqueles que apenas consomem álcool, maconha e tabaco e que, do dia para a noite, deixam de ser adultos irresponsáveis e dissolutos para se tornar, sob o ponto de vista legal, marginais. E a criminologia já demonstrou à saciedade os efeitos danosos desse tipo de etiquetamento social.

 

É bom lembrar que, na iminência de ser derrubada a Lei Seca americana, que criminalizava o comércio de álcool, não faltaram aqueles que previam a desagregação da sociedade, o aumento do consumo de outras drogas pela porta que era a bebida e outras tantas consequências apocalípticas em tudo semelhantes às atuais objeções feitas à descriminalização da maconha.

 

Porém, a verdade é que, durante a proibição da Lei Seca, quem queria beber ainda conseguia tomar seu uísque, só que a um preço bem mais caro e pagando ao crime organizado, que lidava com a repressão praticando crimes bárbaros. Desse modo, com o fim da Lei Seca, o quadro que se descortinou foi totalmente outro: não houve nenhum relevante aumento do consumo de álcool, não se instaurou o caos na sociedade, e o único fato relevante foi que os gângsters perderam grande parte de seu poder e fonte de financiamento.

 

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Algo semelhante foi constatado na Holanda, em relação à maconha. Em 2011, um extenso e detalhado estudo do professor Robert J. MacCoun, da Berkley University, demonstrou que a parcial legalização holandesa não causou qualquer dos efeitos apocalípticos profetizados. Concluiu, ao contrário, o seguinte:

 

1. O consumo de maconha dos holandeses foi menor do que o consumo nos países vizinhos;

 

2. O consumo de maconha pelos adolescentes holandeses não é tão elevado quanto o consumo em países nos quais ela é proibida, tais como nos Estados Unidos;

 

3. Após a parcial legalização, o consumo de maconha por jovens na faixa de 15 a 24 anos caiu de 14,3% para 11,4% entre 1997 e 2005.

 

Claro, muitos gostam de lembrar das recentes restrições do governo holandês às coffee shops, mas se esquecem de mencionar que essas restrições são destinadas apenas aos estrangeiros, e que seu verdadeiro motivo não é nenhum quadro dantesco de viciados caindo dopados pelas calçadas. O verdadeiro e singelo motivo é que os milhões de alemães e belgas que chegavam de carro dos países vizinhos para fumar maconha estavam provocando engarrafamentos e barulho em cidades pacatas do sul da Holanda, como Maastricht.

 

Esquecem também de mencionar que a cidade Amsterdã, que não recebe tantos turistas de carro e também tem uma estrutura viária maior, pressionou recentemente o governo holandês e conseguiu a suavização dessas novas restrições ao consumo de maconha pelos estrangeiros, pois seus cidadãos não sentem nenhum incômodo no trânsito e, além disso, esses turistas são uma valiosa fonte de renda à cidade - questão de bilhões de dólares anuais.

 

Do outro lado da questão, em relação à proibição, recentemente especialistas da Oxford University Press publicaram um estudo intitulado Política da Cannabis – Movendo-se para Além do Impasse (Cannabis Policy – Moving Beyond Stalemate). As pesquisas desenvolvidas nesse estudo demonstram que as prisões de usuários de maconha não diminuem seu consumo – ao contrário, a demanda só tende a aumentar. Concluíram que a guerra contra a maconha é, além de absolutamente inútil, “social e economicamente devastante”.

 

Considerações como essa justificaram a existência de projetos como o Count the Costs, destinado a apurar e documentar os impactos negativos da política de proibição do consumo de drogas nas áreas de segurança, desenvolvimento, saúde pública, direitos humanos, descriminação, criminologia, meio ambiente e economia. E também inspiraram a elaboração de documentários como o premiado The Union: The Business Behind Getting High, de Brett Harvey, e o brasileiro Cortina de Fumaça, de Rodrigo Mac Niven.

 

E a falência da proibição legal é devida à absoluta impossibilidade de qualquer sistema policial e judiciário conseguir se infiltrar em todos os minuciosos meandros do convívio social, para verificar se está sendo praticado, na vida privada de pessoas totalmente corretas em todos os outros aspectos de suas vidas, um hábito que dá razoável prazer e cujos prejuízos não são insuportáveis, imediatos e claramente perceptíveis – ao menos na grande maioria dos casos.

 

Tentar criar um sistema de proibição que tenha os mecanismos necessários para tal infiltração social é gastar rios de dinheiro para enxugar gelo.

 

A única razão para insistir em tal situação é a necessidade eleitoreira de satisfazer o cidadão que confunde questões objetivas e práticas com aspirações morais irrealistas – o tipo de pessoa incapaz de perceber que o mundo real, em toda a sua extrema complexidade, nos impõe muitas vezes apenas duas alternativas indesejáveis, cabendo a nós escolher aquela que produz o menor sofrimento possível.

 

Para quem quer saber mais dados

 

Esse infográfico vem do site Drug Law Reform e tem dados sobre o pioneirismo uruguaio.

 

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publicado em 12 de Dezembro de 2013, 08:32

 

O mesmo Papo ali de cima.

 

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É regra: toda vez que o Estado proibir algum produto que é livremente demandado pelas pessoas, vai se criar um mercado negro daquele produto.

Gastam dinheiro como loucos pra combater as drogas, e se eu der 50 reais pra qualquer pessoa em qualquer lugar do país, essa pessoa vai conseguir maconha ou cocaina pra mim.

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  • 1 mês depois...

Apoio ao uso medicinal de maconha cresce na América Latina, diz estudo

Respaldo à descriminalização cresceu México, Colômbia e Chile, diz ONG. Peru e Bolívia são os países onde a desaprovação é maior.

 

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Maconha cultivada no Chile sera usada para fins medicinais (Foto: Martin Bernetti/AFP)

 

O apoio ao uso terapêutico da maconha cresceu na América Latina, enquanto o respaldo a medidas de descriminalização e legalização de drogas aumentou no México, Colômbia e Chile, de acordo com o estudo de uma ONG divulgado nesta terça-feira (23).

 

A ONG Observatório Latino-Americano de Políticas de Drogas e Análise (Opodp) disse que o apoio ao uso da maconha medicinal subiu de 5,74 pontos para 6,52 pontos (numa escala de 10) nos últimos anos.

 

Peru e Bolívia são os países onde a desaprovação é maior, com um total de 3,84 e 3,94 pontos, respectivamente, enquanto o Chile tem a maior aprovação (7,94).

 

De modo geral, o estudo assinala que atualmente em todos os países a aprovação do uso terapêutico da maconha é maior do que a que a pesquisa havia apontado há um ano.

 

"A América Latina tem mostrado uma abertura significativa para a necessidade de reformar as políticas atuais. Os habitantes da região se mostram críticos às abordagens adotadas, às campanhas de prevenção e políticas implementadas em seus países", disse Eduardo Vergara, fundador da Opodp.

 

Já para o uso recreativo da maconha, a média fica em 3,97 pontos, mais para o polo da desaprovação, de acordo com o Opodp. Sua rejeição é maior na Bolívia (2,46), El Salvador (2,59) e México (2,70). Por outro lado, no Uruguai a média de aprovação chega a 5,19 e no Chile, 5,05 – esses são os países com maior apoio ao uso recreativo.

 

G1

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Medicamento para menino de 10 anos que sofre 20 convulsões por dia fica preso na Receita

Mesmo após simplificação da Anvisa, famílias enfrentam entraves na importação de remédio à base de maconha

 

POR FLÁVIA MILHORANCE

25/06/2015 6:00 / ATUALIZADO 25/06/2015 8:06 

 

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Há mais de um mês, Leila Pereira, moradora de São João de Meriti, tenta liberar na Receita Federal canabidiol para o filho Natã, de 10 anos, que sofre crises convulsivas - Fabio Rossi

 

RIO - Há quatro anos, Natã Pereira começou a ter convulsões. Elas foram se intensificando e chegaram a 30 por dia. O menino forte e risonho perdeu a tonicidade das pernas e das mãos. Hoje, aos 10 anos, tem o diagnóstico de epilepsia parcial contínua, cujas crises não puderam ser controladas com tratamentos convencionais. Só uma opção resolveu: o canabidiol (CBD), substância derivada da maconha, que reduziu o número de crises para cinco diárias. Mas as convulsões estão voltando, devido à falta do remédio, que está retido pela Receita Federal de São Paulo há mais de um mês.

 

— Estou desesperada — diz Leila, mãe do menino, ressaltando que ele corre risco de morrer. — Quando ficou sem o remédio, Natã voltou a ter 20 crises diárias. Algumas mães cederam frascos de CBD, mas não vão durar mais que uma semana.

 

Durante todo o ano passado, famílias cujos filhos sofrem de tipos graves de epilepsia se mobilizaram e pressionaram a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para facilitar a compra do medicamento, produzido por algumas empresas nos Estados Unidos. Como resultado, o órgão reclassificou o CBD, retirando-o da lista de substâncias proibidas para o de controladas; e ainda criou um cadastro de pacientes para agilizar a importação. Mas a saga ainda está longe do fim, já que, além do alto custo do remédio, há excesso de burocracia durante o desembaraço na importação. A liberação da mercadoria pela alfândega ocorre apenas com a presença do próprio familiar ou de um despachante no Aeroporto de Viracopos, além de sofrer tributação em alguns casos.

 

MARATONA PARA LIBERAR CARGA

 

Outra possibilidade, permitida pela Anvisa, é que o CBD seja trazido na bagagem, pela família ou por terceiros autorizados. Seguindo esta opção, Keila Santos, representante da empresa americana Revivid, desembarcou no dia 22 de maio, uma sexta-feira, no Aeroporto de Guarulhos com a encomenda de 14 famílias. Dois meses antes, ela tinha seguido o procedimento pelo Aeroporto do Galeão, no Rio, sem dificuldade. Desta vez, no entanto, Keila resume a maratona até conseguir liberar a carga, cinco dias e duas passagens remarcadas depois.

 

— Logo que cheguei, a Anvisa liberou a mercadoria. Mas a Receita me manteve 13 horas no aeroporto para fazer o desembaraço. Quando eram 23h, fui encaminhada a um setor, onde pediram documentos que não constavam da lista da Anvisa. Voltei ao aeroporto na segunda-feira, já que o setor não funcionava no final de semana. Fiquei a tarde inteira esperando ser atendida e me pediram mais documentos, além de cobrarem uma taxa de R$ 1.400 de armazenamento. Consegui liberar a encomenda apenas na quarta-feira — conta Keila, que acrescenta, cansada: — Ainda ouvi do representante da Receita que a Anvisa não podia legislar sobre este tema.

 

O medicamento de 13 famílias foi liberado. Menos o de Natã. Moradora de São João de Meriti, a família do menino conseguiu na Justiça do Rio cerca de US$ 27 mil (R$ 82 mil) para a compra de CBD para um ano de tratamento. Nessa última remessa, Keila trazia para ele 116 frascos, que somavam quase US$ 9 mil.

 

A Receita Federal afirma que a encomenda foi retida por ultrapassar o valor de US$ 3 mil, caso que sofre tributação (de 60% sobre o valor do produto). Segundo o órgão, a encomenda continua armazenada, porque a família ou um representante não deu início ao processo de despacho aduaneiro (a conferência dos dados declarados em relação à mercadoria). E diz que, para tal, é preciso seguir as regras do regime comum de importação, que prevê uma série de documentos e o pagamento das taxas, incluindo ainda a de armazenamento.

 

Keila conta que não foi autorizada pela Receita a resolver a burocracia enquanto estava no aeroporto. Leila, por sua vez, tenta há um mês realizar este procedimento. Já foi à Receita Federal do Rio, já encaminhou despachante a São Paulo, já procurou a Justiça carioca, que proferiu uma decisão pedindo urgência na liberação.

 

— Ouvi da Receita que a Justiça do Rio não tem competência para dar esta decisão — lamenta Leila, que procurou, então, a Defensoria Pública da União.

 

O órgão também emitiu um ofício à Receita. No texto, diz que “o medicamento é indispensável à vida do menor” e pede que sejam “adotadas as devidas providências para liberá-lo o mais breve possível, de maneira que o paciente não seja afetado”. O documento, do dia 19 de junho, estabelece prazo de 48 horas para a resposta. Leila diz que ainda não teve qualquer retorno.

 

TENTATIVA DE RESOLVER ENTRAVES

 

Os entraves burocráticos levaram a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) a convocar uma reunião, há duas semanas, com a Anvisa e a Receita Federal. No encontro, foram debatidas formas de facilitar o processo.

 

— Resolvemos uma parte do problema, com a Anvisa, mas isto não trouxe total alívio às famílias, que ainda enfrentam dificuldade de desembaraço e tributação. — confirma o secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, Vitore Maximiano. — Queremos resolver isto o quanto antes, e a Receita se mostrou interessada em encontrar uma saída. Acreditamos que, em breve, haverá uma decisão, que pode ser uma portaria, por parte deles.

 

A secretaria propõe que mesmo os medicamentos acima de US$ 3 mil não sejam tributados e que a remessa possa ser entregue diretamente na casa da família.

 

Pai de Anny, de 7 anos (que também sofre de tipo grave de epilepsia), Norberto Fischer vai além e cobra que o governo federal abra um debate amplo sobre a regulamentação da maconha medicinal.

 

— Da importação ao cultivo nacional, precisamos assegurar o direito à saúde — afirma Fischer, lembrando que isto também reduziria o custo do medicamento.

 

Há diferentes empresas, dosagens e embalagens do CDB. As duas opções mais comuns importadas pelos pais são: em seringa, que custa US$ 350 e dura menos de um mês; ou em frasco pequeno, que custa US$ 75 e dura menos de uma semana. Além disso, há ainda as taxações e custos de transporte.

 

Presidente da Associação de Parentes e Pessoas com Epilepsia e mãe de Sofia, de 6 anos, Margarete Brito deu o primeiro passo. Nesta quarta-feira, ela foi ao Ministério Público Federal fazer um requerimento pedindo a liberação da plantação da maconha em território brasileiro para fins medicinais.

 

— Seria para a produção do remédio no Brasil, a partir de uma licitação — explica a ideia, que, ela sabe, ainda enfrentará bastante resistência.

 

CONQUISTAS POR PRESSÃO DOS PAIS

 

O debate sobre a maconha medicinal ganhou destaque no Brasil no início de 2014, a partir da campanha de pais de crianças com epilepsias graves. Uma série de entraves burocráticos foi ultrapassada devido à forte pressão do grupo.

 

Com isso, em dezembro de 2014, a prescrição por médicos do canabidiol (CBD) foi autorizada pelo Conselho Federal de Medicina. Isso resolveu o entrave de os profissionais evitarem prescrever a substância por medo.

 

Em janeiro de 2015, o CBD saiu da lista de remédios proibidos e foi para a lista de controlados pela Anvisa. Quatro meses depois, a importação de CBD ganhou uma norma mais simples, na qual a agência criou um cadastro de pacientes, evitando que eles precisem seguir regras burocráticas a cada remessa. 

 

O GLOBO

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Eu sou a favor de legalizar. O mercado negro implica em custo maior. Além de não ter imposto sobre, o dinheiro vai pra mão de bandidos (não que o imposto também não vá :rolleyes: ) que, compram armamento e aumentam os assaltos. Acho que a não-proibição deve gerar um pico de consumo, pela novidade, mas que o consumo médio ao longo do tempo tende a ser menor. Perde-se aquela coisa de "ser errado" que os jovens buscam. Eventualmente uma overdose, ou quase isso, vai fazer a pessoa maneirar depois com o susto.

 

O ideal seria legalizar primeiro só uma cidade. Fazer um comparativo dos gastos e dos ganhos em escala menor. Pra mim a questão toda deve ser pautada nos gastos públicos com saúde (física e mental) e educação vs gasto com segurança e saúde (física). Em contrapartida, há um ganho de impostos no primeiro caso. Depois entra-se no âmbito da ciência, da neurociência.

 

Um professor meu que manjava de biologia pra caralho dizia que as pessoas têm tolerâncias diferentes, que um cara pode fumar a vida inteira e viver bem e outro fumar 2 anos e morrer de câncer no pulmão. São formas diferentes de processar a mesma substância. Ele fumava pra caralho, por sinal. E ninguém dizia que ele tinha cara de 48 anos, parecia ter 29-30. É basicamente o mesmo que acontece com aquelas pessoas que comem pimenta como se fosse um tomate, não sentem absolutamente ardor nenhum. Se não me engano, ingleses têm uma tolerância maior ao álcool, por uma questão de adaptação do organismo ao longo dos anos.

 

Acho que muito do mal que se vende é pra criar um monstro a ser combatido, que seja maior que o monstro de roubalheira do governo, fora as indústrias beneficiadas.

 

 

Eu vi essa entrevista dele na época em que lançou e antes mesmo de conhecê-lo já concordava com o ponto de vista dele. Aqui na cidade tem um cara que é ex-viciado em crack, por que ele largou o crack? Ele tem um rumo para a vida dele, hoje ele tem um negócio que a cidade inteira adora e não precisa mais da droga para esquecer os problemas da vida dele. Ele tem um trabalho, ele tem uma família, ele tem amigos, ele tem todo o suporte necessário, ele não precisa mais escapar da realidade dele porque a realidade dele mudou completamente.

 

O que rolou que ele parou de usar e começou a empreender? O que ele faz?

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Essa de pico de consumo já foi desmitificada pelas legalizações do Uruguai e Colorado que tiveram uma redução de consumo.

 

Aparentemente aquela história de "vamos usar só pq é ilegal" era real haha As crianças acabam utilizando a maconha para fazer uma afronta aos pais e drogas mais pesadas são difíceis de conseguir e/ou muito perigosas, mesmo continuando ilegais, elas não atraem o público com a facilidade da maconha. Quero chocar, mas nem tanto HAHA

 

Acho que o maior beneficio que todos podem ver, mesmo os anti legalização, são como o Matheus falou os impostos. A crise tá batendo, uma nova faceta industrial no Brasil seria de baita valhia. E por mim poderia ser só a cannabis de primeira. Eu mesmo seria um que abriria um negócio, já tenho sócios e um plano de negócios feito caso legalize aqui (é uma central de venda/coffee shop, utilizando os moldes americanos (pra venda) e holandeses (pro consumo)). A própria questão industrial ia empregar muita gente.

 

E vamos ser realistas, é óbvio que a qualidade do produto cairia, existiriam mil problemas que já existem hoje com o alcool, a industria capitalista ia tomar conta, quem sabe essas 2, 3 primeiras gerações se interessassem no plantio próprio, mas as próximas já ficariam a mercê total da indústria e seus padrões de qualidade/preços. Galera "glamouriza" demais a legalização e esquece dos âmbitos reais da questão. Claro que vai beneficiar o consumidor diário a curto prazo, mas não duvido que a longo prazo façam como fizeram pras cervejarias artesanais, agora se te pegarem comercializando uma cerveja tua sem CNPJ e um monte de blablabla tu pode se complicar. Provavelmente isso rolará a longo prazo, mas já tem que prever haha.

 

 

Os fatos são, o consumo diminuirá, os impostos aumentarão, uma industria nova e com muita possibilidade de aumento entrará para nosso hall da economia, a questão medicinal é uma possibilidade realista, existem benefícios que devem ser estudados sem dúvida alguma. Enfim, quanto mais pesquiso mais eu me convenço que o fato de aberrações como prenderem alguém pelo porte de 0,02g, estarem estragando a vida desse moleque com convulsões, rolar preconceito fortissimo de uma maneira primal (me lembra muito o preconceito contra tatuagens, contra cabeludos, contra gente diferente, só por ter preconceito mesmo) são coisas extremamente ridiculas, dignas de Brasil mesmo, não esperaria outra coisa dessa pátria bacana cheia de erros.

 

Já comentei antes e comento de volta, estamos perdendo tempo. A Jamaica já está utilizando o período de penumbra jurídica entre a legalização efetiva e a pseudo legalização pra traçar um plano de negócios bacanissimo. Eles estão planejando se tornar um centro de referência cientifico e uma capital de consumo, querem se tornar os melhores no ramo e isso pode revitalizar uma ilha com péssimos índices de tudo. Enfim, legalização é um caminho sem volta, se os EUA já tomou o primeiro passo, o mundo que se importa com eles tomará o segundo, terceiro, quarto, por bem ou por mal.

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Bom, talvez o pico negativo das pessoas que fazem por afrontar compense o pico positivo e no final fique na mesma. Mas acho que uma novidade dessas tende a gerar um pico, sim. Aí teria que ver se é significativo ou não - se durou uma semana, 1 mês ou 1 ano. No dia que tiver um Starbucks aqui em BH, certeza que vai ficar insuportável entrar lá por uns 2 meses, pelo menos. O primeiro dia teria fila demais. Não deixam de ser picos. Ter aqueles "Cafés" de Amsterdã perto de uma estação do metrô, daria um movimento absurdo, principalmente em SP.

 

Sobre a qualidade, não sei se diminuiria. Lógico que se tiver regulamentações porcas de que deve ter 30% da droga e o resto pode ser lixo, aí fode. Mas ninguém vai fiscalizar os "laboratórios" do tráfico e ninguém vai contestar nada. Eu imagino que a qualidade melhore, mas teriam bons e maus fornecedores, pra quem tem mai$ e pra quem tem meno$.

 

Eu só não tenho certeza se essa é uma luta pra agora e em que proporções ela poderia nos ajudar com lutas maiores e mais emergenciais: transparência, corrupção...

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  • Diretor Geral

A qualidade tende a melhorar sim, no comércio ilegal nego mistura uma porrada de coisa no meio pra tirar ainda mais lucro, sem falar nas procedências escusas da cannabis que rola por aí. Ou seja, é mais um ponto favorável à legalização, além de impostos, redução do gasto público com segurança, saúde e etc, etc etc.

 

Legalize já.

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Pelo menos teria como reclamar/processar HAHA Tem uma pá de coisas que já teria processado o fornecedor tranquilo HAHA

Deveria ser um ponto tao importante quanto os outros Matheus, mas aparentemente só conseguimos lidar com um ponto de cada vez haha e malemal. Final do ano o STF vai julgar a descriminalização, já vamos ver se teremos empolgação ou se cortam de vez as ondas dos pró legalização.

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Bom, talvez o pico negativo das pessoas que fazem por afrontar compense o pico positivo e no final fique na mesma. Mas acho que uma novidade dessas tende a gerar um pico, sim. Aí teria que ver se é significativo ou não - se durou uma semana, 1 mês ou 1 ano. No dia que tiver um Starbucks aqui em BH, certeza que vai ficar insuportável entrar lá por uns 2 meses, pelo menos. O primeiro dia teria fila demais. Não deixam de ser picos. Ter aqueles "Cafés" de Amsterdã perto de uma estação do metrô, daria um movimento absurdo, principalmente em SP.

 

Sobre a qualidade, não sei se diminuiria. Lógico que se tiver regulamentações porcas de que deve ter 30% da droga e o resto pode ser lixo, aí fode. Mas ninguém vai fiscalizar os "laboratórios" do tráfico e ninguém vai contestar nada. Eu imagino que a qualidade melhore, mas teriam bons e maus fornecedores, pra quem tem mai$ e pra quem tem meno$.

 

Eu só não tenho certeza se essa é uma luta pra agora e em que proporções ela poderia nos ajudar com lutas maiores e mais emergenciais: transparência, corrupção...

 

Não acredito nessa de pico.

Quem quer fumar hoje, fuma. Vende-se drogas em qualquer bairro de qualquer cidade desse país.

E quem não fuma, hoje, não o faz simplesmente por não querer.

 

O fato de legalizar, ao meu ver, não vai mudar isso.

 

A minha principal argumentação é: gasta-se BILHÕES com a proibição, bem como tem o custo de se privar da liberdade muita gente deste meio...sem a mínima necessidade. Ponto.

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Não acredito nessa de pico.

Quem quer fumar hoje, fuma. Vende-se drogas em qualquer bairro de qualquer cidade desse país.

E quem não fuma, hoje, não o faz simplesmente por não querer.

 

O fato de legalizar, ao meu ver, não vai mudar isso.

 

A minha principal argumentação é: gasta-se BILHÕES com a proibição, bem como tem o custo de se privar da liberdade muita gente deste meio...sem a mínima necessidade. Ponto.

 

Eu não tenho os contatos, por exemplo. E nem procuro. Nem de marginal, nem de playboy que faz o papel de distribuir pra público que não quer se meter com marginal. Quando eu fumo, é porque algum brother arrumou. Se tivesse um lugar assim, compraria eu mesmo. Acredito que como eu há muitos, então acredito em um pico, fácil.

 

10% acima da média, já é suficiente pra gerar um novo ponto de máximo, ou pico. Não precisa triplicar a média durante certo tempo pra constituir um pico.

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Eu não tenho os contatos, por exemplo. E nem procuro. Nem de marginal, nem de playboy que faz o papel de distribuir pra público que não quer se meter com marginal. Quando eu fumo, é porque algum brother arrumou. Se tivesse um lugar assim, compraria eu mesmo. Acredito que como eu há muitos, então acredito em um pico, fácil.

 

10% acima da média, já é suficiente pra gerar um novo ponto de máximo, ou pico. Não precisa triplicar a média durante certo tempo pra constituir um pico.

 

Mas o fato de você conseguir a droga de outra forma não significa aumento.

Afinal, você mesmo disse que já fuma.

 

Tá vendo?!

 

Isso de modo algum invalida o que eu disse acima.

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Mas o fato de você conseguir a droga de outra forma não significa aumento.

Afinal, você mesmo disse que já fuma.

 

Tá vendo?!

 

Isso de modo algum invalida o que eu disse acima.

 

A quantidade que eu fumo deve ser 1 vez por ano ou 2. Com a legalização, abertura de um "Café"... certeza que eu iria na semana de lançamento, isso gera um pico. É diferente de dizer que vai aumentar o consumo médio.

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  • Vice-Presidente

Eu sou a favor de legalizar. O mercado negro implica em custo maior. Além de não ter imposto sobre, o dinheiro vai pra mão de bandidos (não que o imposto também não vá :rolleyes: ) que, compram armamento e aumentam os assaltos. Acho que a não-proibição deve gerar um pico de consumo, pela novidade, mas que o consumo médio ao longo do tempo tende a ser menor. Perde-se aquela coisa de "ser errado" que os jovens buscam. Eventualmente uma overdose, ou quase isso, vai fazer a pessoa maneirar depois com o susto.

 

O ideal seria legalizar primeiro só uma cidade. Fazer um comparativo dos gastos e dos ganhos em escala menor. Pra mim a questão toda deve ser pautada nos gastos públicos com saúde (física e mental) e educação vs gasto com segurança e saúde (física). Em contrapartida, há um ganho de impostos no primeiro caso. Depois entra-se no âmbito da ciência, da neurociência.

 

Um professor meu que manjava de biologia pra caralho dizia que as pessoas têm tolerâncias diferentes, que um cara pode fumar a vida inteira e viver bem e outro fumar 2 anos e morrer de câncer no pulmão. São formas diferentes de processar a mesma substância. Ele fumava pra caralho, por sinal. E ninguém dizia que ele tinha cara de 48 anos, parecia ter 29-30. É basicamente o mesmo que acontece com aquelas pessoas que comem pimenta como se fosse um tomate, não sentem absolutamente ardor nenhum. Se não me engano, ingleses têm uma tolerância maior ao álcool, por uma questão de adaptação do organismo ao longo dos anos.

 

Acho que muito do mal que se vende é pra criar um monstro a ser combatido, que seja maior que o monstro de roubalheira do governo, fora as indústrias beneficiadas.

 

 

 

O que rolou que ele parou de usar e começou a empreender? O que ele faz?

 

 

O que rolou eu não sei, mas ele tem uma lanchonete muito conceituada aqui em Ouro Preto.

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O pico de consumo não vai ter não. Vai manter o público que só vai sair de biqueira (ou não, há quem goste) e vai pagar mais por um produto de qualidade comprovada. Eu por exemplo não vou em biqueira, é zoado demais. Não gosto de entrar em favela pra comprar maconha, o clima é tenso e a chance de dar merda em vários casos é grande. Sem falar na quantidade de noia que tu tromba indo comprar pedra, pó, etc, ter que fazer uma "revista", os caras pedem pra tirar boné, levantar camiseta, ir de costas... Puta ritual só pra ficar 5 minutos, comprar droga mijada e sair fora.

 

Vai acontecer também o processo inverso: Muita gente vai perder a vontade de experimentar e o consumo em alguns lugares inclusive vai cair. É o tal do proibido é mais gostoso que realmente entra na cabeça da galera. A única coisa que eu to prezando mesmo é a legalização pra parar de tomar enquadro na rua por causa de maconha, não tem coisa mais medíocre.

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Chile avança na descriminalização da maconha

 

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Chileno cuida uma planta de maconha. / N. CELAYA (CORDON)

 

Ultimamente, em Santiago, ocorre algo que seria impensável alguns anos atrás: é possível notar, em diferentes horas e bairros, pessoas consumindo maconha ao ar livre, sem que ninguém se escandalize. Mas a recente liberalidade dos chilenos não guarda relação com as normas vigentes. Apesar de o consumo não ser punido se ocorrer em espaços privados e de ser considerado apenas uma contravenção quando acontece em lugares públicos, a legislação não permite a produção pessoal da Cannabis sativa. O Congresso, entretanto, deu na terça-feira um passo histórico para acabar com essa incoerência e tornar a legislação compatível com a nova realidade social do país, já que os deputados aprovaram em primeira votação o projeto de lei que despenaliza o cultivo de maconha para uso próprio e autoriza seu consumo com fins medicinais e recreativos.

 

Embora se trate apenas do primeiro passo, restando ainda diversas etapas do trâmite legislativo – incluindo a discussão no Senado –, a votação foi considerada “histórica” por parlamentares que apoiaram a medida e pelas organizações que promovem uma lei menos restritiva. “Este projeto avança na direção das liberdades e do fim do narcotráfico”, comemorou o deputado Giorgio Jackson, do movimento Revolução Democrática.

 

O projeto de lei foi apoiado por 68 parlamentares; 39 o rejeitaram, e 5 se abstiveram. O texto prevê a legalização do cultivo próprio de maconha com fins espirituais, medicinais e até com o objetivo de recreação, sem que se exija prescrição médica. Será permitido cultivar um máximo de seis pés por casa e a pessoa que decidir fazê-lo deverá fazer uma declaração juramentada na presença de autoridades para informar a localização de sua residência, a quantidade de espécies e o adulto responsável.

 

Os chilenos que necessitem consumir maconha com fins medicinais, de acordo com o projeto de lei em discussão no Congresso, deverão ter uma prescrição médica, mas não será necessário que o profissional tenha uma especialização determinada. Os menores de idade só poderão consumir sob a observação de profissionais de saúde e com o consentimento dos pais. Para evitar a atividade de traficantes, a iniciativa legal continua proibindo o comércio. Os canais estabelecidos, se o Parlamento aprovar o projeto, serão regulamentados pelo Instituto de Saúde Pública (ISP).

 

O projeto que foi aprovado em sua forma geral nesta terça-feira pela Câmara também estabelece as condições em que será possível portar maconha. Não será preciso autorização prévia para levar até 10 gramas de cannabis, sempre e quando não tiver aditivos. Entretanto, se as autoridades encontrarem pessoas com quantidade maior que essa ou menores de idade com qualquer quantidade, eles serão autuados e a maconha, apreendida.

 

O Chile tentou nos últimos anos fazer avançar a agenda legislativa que regulamenta as liberdades individuais dos cidadãos. Em algumas matérias, o processo tem sido complexo. O aborto, por exemplo, continua proibido seja qual for a motivação. Embora o Governo da presidenta Michelle Bachelet tenha se comprometido a despenalizá-lo em caso de estupro, inviabilidade do feto ou risco de vida da mãe, a iniciativa foi barrada por alguns setores do Congresso. A Comissão de Saúde da Câmara tinha previsto para esta terça-feira a discussão no plenário, mas setores da Democracia Cristã, um dos partidos da situação, pediram o adiamento do debate.

 

EL PAÍS

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  • Diretor Geral

[...] Para evitar a atividade de traficantes, a iniciativa legal continua proibindo o comércio. [...]

 

Ué, mas aí o Chile continuará tendo que combater o tráfico, porque isso não vai inibir em porra nenhuma o comércio ilegal.

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      Quem ganha somos nós, que cada vez menos ficamos dependentes da merda que é os Correios. Vale lembrar que o grupo Magazine Luiza e o da Americanas também estão melhorando bastante seus serviços de venda e entrega, puxados principalmente pela rivalidade com a Amazon.
       
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      Post Original:
       
       
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