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O guia rápido dos meias ofensivos no FM


Tsuru

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O guia rápido dos meias ofensivos no FM

A evolução do futebol e dos sistemas táticos fez nascer e se desenvolver a figura clássica do camisa 10, uma das posições mais icônicas do nobre esporte bretão. Do Trequartista clássico dos anos 60, 70 e 80, passando por meias ofensivos, Enganches argentinos e Atacantes Sombra, muitos tiveram seu lugar ao sol entre os maiores jogadores de todos os tempos. A partir dos anos 90, o outrora nobre espaço do campo - a intermediária adversária - começou a ficar cada vez mais congestionada e a falta de espaço deslocou muitos meias ofensivos para atuarem nos flancos do campo, obrigando os que permaneceram a se adaptarem a um jogo mais veloz, intenso e de muita pressão na bola.

A ascensão do 4-2-3-1 e do 4-1-2-3, porém, reforça como a posição de meia ofensivo ainda é importante e fundamental, jogue ele na intermediária mesmo ou como um atacante que recua para armar o jogo (que é assunto para outro dia). Por vezes, porém, pode ser confuso identificar bem qual função seu time precisa ou qual é mais adequada aos atletas que você tem. Por isso preparei um guia rápido que pode ajudar a entender, em algumas linhas, como cada meia deve se comportar - e inclusive observar se a função está sendo desempenhada como deveria.

 

Meia Atacante  / Médio Ofensivo / Attacking Midfielder
Uma espécie de “coringa” e “faz tudo”, o Meia Atacante é talvez a opção mais versátil disponível no FM. A começar pela escolha das tarefas: com Apoiar ele vai recuar mais e iniciar a jogada como um terceiro homem de meio campo, se projetando ao ataque conforme a bola está mais próxima do gol adversário; com Atacar ele inicia a jogada um pouco mais adiante, assume da mesma forma o papel de criação, mas se projeta de forma bem mais agressiva na área adversária, quase atuando como um segundo atacante (ou primeiro, se o parceiro a frente dele estiver atuando mais no apoio) e com mais foco em finalizar a jogada.

É também a função que tem mais possibilidades de acrescentar instruções de jogador, portanto você pode moldá-lo para fazer mais ou menos passes de risco, chutar mais ou menos, se mover mais ou ficar mais estático, pode ser mais um criador, mais um finalizador, um pouco dos dois, enfim.

Eu costumo dizer que o MA é uma “faca de dois legumes”. Sua versatilidade e a maneira relativamente simples com que as tarefas se comportam o tornam, em uma perspectiva inicial, adaptável a quase todos os jogadores que atuam nessa faixa do campo (olhe sempre os atributos para ter certeza). Por outro lado, temos que considerar que, dependendo da tarefa escolhida e das instruções adicionadas (ou sem adicionar nenhuma) o cara vai ter que ser um baita jogador para dar conta. Afinal não é qualquer um que tem fôlego e explosão para iniciar a jogada perto do meio campo, se movimentar corretamente para a frente, procurar os espaços na zaga adversária, encontrar o momento de fazer o passe certo e/ou de finalizar; ou então iniciar a jogada mais adiante, saber fugir da marcação adversária, encontrar o espaço certo, entrar na área adversária e saber se é melhor dar um passe ou chutar a gol. Ou ainda, atuar numa faixa do campo altamente exigente sem instrução específica nenhuma, jogando da forma como achar melhor.

Em resumo: o MA pode ser excelente se você tiver o jogador certo e souber usar as tarefas e as instruções corretas para o tipo de jogo que aquele atleta tem mais capacidade de executar. Caso contrário você pode acabar com um “meia frankstein”, um cara cheio de instruções (ou sem nenhuma) que fica todo enrolado e não consegue fazer nada direito.

Armador Avançado / Construtor de Jogo Avançado / Advanced Playmaker
O Armador Avançado pode atuar tanto no centro do meio campo, quanto nos flancos avançados, quanto na função de meia ofensivo, mas o comportamento em cada uma é bem diferente. Considerando aqui o papel na intermediária adversária, eu diria que o AA é uma versão mais moderna do camisa 10 clássico. É um criador de jogadas, o homem responsável por desenhar o desenvolvimento ofensivo no último terço, achar um espaço na defesa adversária, ser a referência para os colegas e fazer a bola girar quando parece que falta campo para jogar. Ao mesmo tempo, ele tem responsabilidades defensivas, ajuda a marcar e pressionar, em vez de simplesmente ficar andando pelo campo esperando a bola.

O comportamento com as tarefas também é bem diferente. Em Apoiar ele fica mais estático, se mexe menos, e isso tem um objetivo: ser uma referência para receber a bola, com visão de jogo suficiente para distribuir passes e enfiadas para os atacantes. Portanto se ficasse se mexendo demais, digamos, fosse para a ponta esquerda, os colegas não iam conseguir distribuir a bola para ele e ele não conseguiria distribuir de volta. O AA Apoiar que se move joga em outra faixa do campo e é mais um assunto para outro dia 😉

Com a tarefa Atacar ele é aquele criador mais habilidoso que recebe a bola e parte para cima da defesa, buscando geralmente um drible e uma jogada individual (embora também faça passes perigosos) e por vezes até mesmo finalizar a jogada. Eu diria que com essa tarefa ele é mais parecido com o perfil de meia ofensivo “clássico” que se formava muito no Brasil antes do retorno das formações com pontas abertos.

O AA é bem comum de se encontrar, mesmo em divisões inferiores, e se colocado junto com um (ou mais) atacantes finalizadores, tende a render de forma simples e eficiente.

Enganche / Pivô Ofensivo
Alguns dizem que essa função, que é natural e clássica do futebol argentino (alô Riquelme!), está caindo em desuso. Faz sentido: o Enganche é o “meia gancho” que fica parado - ou praticamente - na intermediária adversária enquanto o jogo gira em torno dele. O objetivo é que possa ajudar a ligar o meio e o ataque e tenha um papel bastante “cerebral”, com a visão de jogo apurada para saber onde e como distribuir a bola e em que momento, ou mesmo a hora de ir para a área finalizar. Aparentemente ele também não colabora muito na defesa nem na pressão para recuperar a bola, e tende a desacelerar mais a jogada do que a dar dinamismo e velocidade. 

Num futebol cada vez mais intenso, é natural que uma função estática e que não tenha grande papel defensivo, além de tornar o jogo mais lento, seja menos comum. É uma questão inclusive bastante real - eu não vejo por exemplo o Ganso exatamente como um Enganche e sei que há outros fatores envolvidos, mas é um caso clássico de um meia lento que teve sérios problemas para se desenvolver num futebol onde é preciso intensidade, seja ela física ou de pensamento.

Em versões anteriores do FM cheguei a usar o Enganche com algum sucesso fazendo dupla com um Oportunista/Atacante Recuado Atacar em um 4-4-1-1, mas houve uma mudança chave na tarefa do “meia gancho”, que passou de Atacar para Apoiar. Isso faz com que o jogador fique menos agressivo e arrisque menos, geralmente atuando mais longe do gol. Considere e pense bem antes de utilizar, coloque colegas atuando de forma bem dinâmica em volta dele, ou você arrisca ter um jogador lento que recebe a bola e demora tanto a fazer alguma coisa que é rapidamente desarmado - e que por vezes ainda deixa o atacante à frente isolado.

Trequartista / Camisa 10
O fantasista clássico, é aquele meia ofensivo tão habilidoso e tão inteligente que o treinador o coloca em campo para simplesmente fazer o que quiser. Ele anda pelo campo ofensivo com menos obrigação de marcar, pressiona menos a saída de bola, se movimenta por todas as áreas ofensivas, dribla, passa, finaliza, faz lançamentos, recua quando quer e avança quando acha que precisa, tudo em prol de seu talento e criatividade. Apesar de não gostar muito de usar exemplos do futebol real, talvez Zico, Baggio, Petkovic e Alex se encaixem razoavelmente bem na descrição de Trequartistas. E talvez o Maestro Júnior tenha atuado um pouco assim pelo Flamengo em seu retorno em 1992.

É uma função que começou a cair em desuso a partir dos anos 90 e hoje não é muito comum, pelo simples motivo que as mudanças na velocidade e intensidade do futebol exigem que todos os atletas marquem mais e tenham mais responsabilidades defensivas e por vezes atuem de maneira menos livre e mais específica, desempenhando papéis táticos mais definidos. E também porque os treinadores adversários começaram a exigir marcação específica em cima dele, muitas vezes de forma física e agressiva, e ao anulá-lo, geravam um nó tático no adversário, que ficava sem mecanismos de criação de jogadas.

Ainda assim, pode funcionar no sistema certo - e há inclusive a possibilidade de colocar o Trequartista como atacante em vez de meia, o que particularmente acho muito interessante num contexto mais moderno, se feito com o jogador certo e encaixado com as funções em volta. Basta pensar que você terá um atacante com muita liberdade de armação, movimentação e finalização, o que pode ser um pesadelo para qualquer defesa. E como atacantes geralmente têm um pouco menos de responsabilidades defensivas, ajustando corretamente o sistema de pressão as coisas podem funcionar bem.

Há muitos mitos em relação ao Camisa 10 no FM e talvez o principal é que ele não pressione a saída de bola ou não tenta desarmar. Na verdade ele pressiona sim, mas menos. Se você conseguir um Camisa 10 com bons índices de Agressividade, Bravura e Antecipação, por exemplo, pode observar resultados bem interessantes em campo.

Atacante Sombra / Shadow Striker
Essa função, que muitos dizem ser originária do futebol inglês, é basicamente um centroavante que inicia na intermediária e se projeta para a área para finalizar a jogada, atuando geralmente como a principal arma ofensiva do seu time. Ele vai criar jogadas e vai distribuir passes, mas seu principal objetivo é achar espaços, penetrar pelo meio (ui) e marcar gols, geralmente em dupla com um outro centroavante que faz o inverso, recuando para ajudar a armar a jogada e criando assim uma sobreposição natural. Eu gosto de pensar no Sombra como um ponta de lança recuado e acho que é uma forma bem simples e eficiente de ver.

Simples na teoria, complexo na prática. Por quê? É relativamente fácil anular o Atacante Sombra, basta recuar bem as linhas para próximo do gol - ou, como bem observou o @Peepe, usar um volante bem fixo - e ele não vai conseguir penetrar para finalizar. O AS precisa ter bastante visão de jogo, decisões e sem bola, e precisa de um time que consiga abrir espaços em volta dele, caso contrário você pode ter um ataque cheio de dificuldade para marcar os gols. Ainda mais no FM, onde a IA adora recuar completamente e ficar tocando bola para gastar o tempo.

Não sei quem foi que inventou essa história de ser originário do futebol inglês, e sabem por quê? Pelé jogou como Atacante Sombra na Copa de 70, atuando atrás de Tostão e não do Jairzinho (obrigado pela correção @ggpofm) no 4-2-3-1 (ou 4-2-4, ou 4-3-3, que seja) da Seleção Brasileira do Zagallo. A questão é que naquela época as funções não importavam tanto, muito menos a formação, e em relação ao Sombra as coisas meio que continuaram dessa forma até Dennis Bergkamp se definir como um em sua biografia.

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21 horas atrás, Henrique M. disse:

Excelente material, Tsuru.

Obrigado Henrique!

11 horas atrás, Thiago disse:

Gosto muito de ler esses guias. Ótimo texto.

Obrigado Thiago! Assim que tiver tempo vejo para fazer os guias rápidos de outras posições e também guias sobre outros aspectos do jogo. 

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1 hora atrás, ggpofm disse:

Parabéns, Tsuru. Começou com força total na produção de artigos. Fiquei com uma dúvida. É um texto original seu?

Obrigado!

Sim, esse é meu 🙂

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Material espetacular sobre uma das posições mais difíceis que vejo no jogo. Sinto que o jogo ocorre muito no espaço e o Meia Ofensivo, independente da sua abordagem tática, tende a ter pouquíssimo espaço para jogar. Para mim é um desafio encontrar o cara certo para função certa tão grande que de duas uma: ou recuo ele como um CJA Apoiar/MO Apoiar ou enfio junto do atacante como Avançado Sombra. Nunca consegui utilizar o Pivô Ofensivo e nem o N10, um pouco por preconceito e implicância, mas também porque são raros os meias capazes de exercer bem a função. 

A única coisa que eu ressalto é sobre o próprio Avançado Sombra, essa estratégia para marcá-lo funciona em partes: o Sombra é uma função que o meia carrega muito a bola e joga para o drible, recuar demais a linha defensiva permite que ele pegue a bola de trás, carregue e chegue na linha da área em condições de chute, zona favorita deles na hora de marcar. Com um trinco a frente da área, num 451 ou 4141, as chances de anulá-lo aumentam mais até que o recuo de linha defensiva.

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On 11/24/2020 at 7:00 AM, Tsuru said:

Pelé jogou como Atacante Sombra na Copa de 70, atuando atrás do Jairzinho no 4-2-3-1 (ou 4-2-4, ou 4-3-3, que seja) da Seleção Brasileira do Zagallo.

Quanto a um exemplo, acho que você se equivocou ao escrever e pode gerar uma pequena confusão. Seja no 4-2-3-1 ou no 4-3-3 ou até no 4-2-4, Jairzinho era ponta-direita e não centroavante na Copa de 70. Essa posição era ocupada por Tostão.😉

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16 horas atrás, Peepe disse:

Material espetacular sobre uma das posições mais difíceis que vejo no jogo. Sinto que o jogo ocorre muito no espaço e o Meia Ofensivo, independente da sua abordagem tática, tende a ter pouquíssimo espaço para jogar. Para mim é um desafio encontrar o cara certo para função certa tão grande que de duas uma: ou recuo ele como um CJA Apoiar/MO Apoiar ou enfio junto do atacante como Avançado Sombra. Nunca consegui utilizar o Pivô Ofensivo e nem o N10, um pouco por preconceito e implicância, mas também porque são raros os meias capazes de exercer bem a função. 

A única coisa que eu ressalto é sobre o próprio Avançado Sombra, essa estratégia para marcá-lo funciona em partes: o Sombra é uma função que o meia carrega muito a bola e joga para o drible, recuar demais a linha defensiva permite que ele pegue a bola de trás, carregue e chegue na linha da área em condições de chute, zona favorita deles na hora de marcar. Com um trinco a frente da área, num 451 ou 4141, as chances de anulá-lo aumentam mais até que o recuo de linha defensiva.

Obrigado Peepe! É uma posição bem difícil mesmo de utilizar, por ser um espaço muito congestionado e ao mesmo tempo muito importante. Acho que conhecer bem as funções ajuda a gente a entender exatamente do que precisa.

Pivô Ofensivo também não me anima mas gosto do N10 no ataque, pode ser bem poderoso.

Curioso que comigo anulavam meu Sombra recuando as linhas (não lembro se com volante junto). Basicamente meu AS recebia a bola, tentava o drible e ficava sem espaço, acabava chutando em cima da zaga ou desarmado. Cansei de terminar partidas em 0-0 ou perdendo por 1-0 porque jogávamos melhor mas os gols não saíam. Mas obrigado pela dica, vou acrescentar essa questão da marcação no guia.

46 minutos atrás, ggpofm disse:

Quanto a um exemplo, acho que você se equivocou ao escrever e pode gerar uma pequena confusão. Seja no 4-2-3-1 ou no 4-3-3 ou até no 4-2-4, Jairzinho era ponta-direita e não centroavante na Copa de 70. Essa posição era ocupada por Tostão.😉

Sim, tem toda razão. Vou corrigir no guia. Obrigado!

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Material sensacional Tsuru!! Daqueles guias que você favorita e sempre que vai mexer na tática, abre o link pra dar uma relida. 

Eu sou cético com essas funções, não vou além do MO e do CJA. Poucas vezes tentei o Avançado sombra. Porém, confesso que lendo me deu vontade de tentar outras variações heheh.

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22 horas atrás, Nei não cai (38D) disse:

Muito bom. Pelo visto eu confudia o MO com o CJA.

O Trequartista não tá mais pro Messi?

Messi é um caso à parte porque ele jogou em pelo menos 3 funções bem distintas desde que estourou. Começou a aparecer como ponta, depois virou falso 9, agora joga mais frequentemente como meia mas às vezes recua até mais que um meia faria. Aí tanto pela versatilidade quanto pelas exigências do futebol atualmente, acho que ele pode variar entre qualquer um dos papéis descritos aqui dependendo do jogo e adversário. Acredito que agora ele tenha mais liberdade ainda pra flutuar ali na frente com a saída do Suarez.

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Em 29/11/2020 em 01:02, Douglas. disse:

Messi é um caso à parte porque ele jogou em pelo menos 3 funções bem distintas desde que estourou. Começou a aparecer como ponta, depois virou falso 9, agora joga mais frequentemente como meia mas às vezes recua até mais que um meia faria. Aí tanto pela versatilidade quanto pelas exigências do futebol atualmente, acho que ele pode variar entre qualquer um dos papéis descritos aqui dependendo do jogo e adversário. Acredito que agora ele tenha mais liberdade ainda pra flutuar ali na frente com a saída do Suarez.

@Nei não cai (38D) é bem isso que o Douglas comentou. Dizem que o Messi "inventou" a função de Falso Nove, basicamente o atacante que recua para ser um 10, mas ele meio que já jogou em diversas funções na carreira, às vezes até mais de uma no mesmo jogo. É algo muito comum no futebol real, onde os jogadores não são tão "fixos" quanto no FM.

Tá, talvez o Paolo Guerrero seja - vi um jogo dele no Maracanã e quase podia ver "Jogador Alvo" escrito em cima da cabeça dele, porque cada vez que pegavam a bola tentavam um passe direto para o peruano tentar uma jogada. Mas não acho que seja muito comum.

Em 29/11/2020 em 00:02, ElPerroMG disse:

Material sensacional Tsuru!! Daqueles guias que você favorita e sempre que vai mexer na tática, abre o link pra dar uma relida. 

Eu sou cético com essas funções, não vou além do MO e do CJA. Poucas vezes tentei o Avançado sombra. Porém, confesso que lendo me deu vontade de tentar outras variações heheh.

Obrigado ElPerro!

Testa sim, nos times certos e nos sistemas certos as variações podem fazer toda a diferença.

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    • Danut
      Por Danut
      Introdução
      Olá pessoal,
      recentemente descobri a existência do canal no Youtube "Evidence Based Football Manager" (Football Manager Baseado em Evidências). Nesse canal, o autor faz uma série de testes estatísticos para tentar entender melhor o funcionamento do Football Manager por trás dos panos, a fim de identificar como realmente funcionam as diversas mecânicas do jogo. 
      Eu achei extremamente interessante: o Football Manager é um jogo que tem muitos elementos interligados, cujo funcionamento é escondido do jogador. Em situações normais de jogo, uma mesma situação (o resultado de um jogo, o desenvolvimento de um jogador, etc.) pode ser influenciada por tantas coisas diferentes que é quase impossível determinar quais fatores estão impactando no resultado. É comum encontrar guias sobre um mesmo tema listando elementos completamente diferentes como fatores, e o jogador acaba sem saber qual deles realmente influenciam no jogo. 
      Pois a ideia desse canal é justamente trabalhar os diversos fatores do jogo de forma isolada, a fim de identificar o impacto que cada um deles tem na mecânica do Football Manager, e fazer isso com base em resultados estatísticos comprovados, e não apenas na experiência de jogo e achismo de cada um. 
      Nesse tópico, minha ideia é trazer um resumo dos vídeos da série "Mecânicas de Dia de Jogo" apresentada no canal citado. Nela o autor busca identificar quais fatores impactam no desempenho da equipe no jogo, para além da tática e da qualidade dos jogadores. 
      Vale mencionar que os temas abordados nessa série foram todos testados no FM 2024. Contudo, podemos assumir com certo grau de certeza que essas mecânicas são muito semelhantes (ou mesmo iguais) em outras edições recentes do jogo. 
      Se você fala inglês, eu recomendo fortemente deixar esse tópico e ir lá assistir os vídeos, pois eles são muito bem feitos e trazem muito mais informação do que eu vou ser capaz de apresentar aqui. Por outro lado, espero que esse tópico possa servir para trazer um pouco desse conteúdo para aqueles que não falam inglês, além de resumir os dados mais importantes em um formato mais fácil de ser revisado do que um conteúdo em vídeo. 
      Uma última palavra antes de entrar no conteúdo do guia propriamente dito: destrinchar as mecânicas do jogo por debaixo dos panos não é algo que interessa a todos os jogadores. A própria SI acha que isso piora a experiência ao jogar FM - tanto é que eles nunca divulgam esse tipo de informação. Se você acha que descobrir sobre o funcionamento dos números por debaixo dos panos vai tirar parte da mágica do jogo, talvez seja melhor não seguir na leitura desse tópico. 
       
      Parte 1 - A vantagem de jogar em casa realmente existe no Football Manager?
      Para responder a essa pergunta, o autor dos vídeos criou duas equipes exatamente iguais, usando a mesma tática, com todos os jogadores com valor 10 em todos os atributos, e colocou elas para se enfrentarem 2 mil vezes. Os primeiros mil jogos foram disputados em estádio neutro, enquanto que os mil jogos seguintes foram disputados com o time A jogando em casa, e o time B como visitante. 
      Na primeira situação, jogando em estádio neutro, os resultados foram os seguintes:
      Vitória do time A: 35,9% das partidas Vitória do time B: 37,2% das partidas Empate: 26,9% das partidas Como podemos ver, jogando em estádio neutro, as duas equipes tiveram resultados muito parecidos. O time B venceu 1,3% de jogos a mais, mas isso se explica pela simples variância que existe no jogo. É como jogar uma moeda para cima: se fizermos isso mil vezes, o resultado provavelmente não será exatamente 500 vezes cara e 500 vezes coroa. Mas, se a moeda não for viciada, o número deve ficar próximo disso. 
      Passando para a segunda situação, jogando no estádio do time A, os resultados foram os seguintes:
      Vitória do time A: 44% das partidas (+8,1% de vitórias). Vitória do time B: 28,3% das partidas (-8,9% de vitórias) Empate: 27,7% das partidas (+0,8% de empates) As diferenças em relação ao primeiro cenário são bastante significativas. Jogar em casa aumentou bastante o número de vitórias do time A, e diminuiu as vitórias do time visitante. Os empates se mantiveram relativamente constantes, sendo provável que jogar no próprio estádio ou em estádio neutro não afete significativamente o número de partidas que terminam empatadas. 
      Por outro lado, a partir desses dados, podemos concluir que a diferença de desempenho da equipe jogando no próprio estádio ou em estádio neutro é de cerca de 8% a 9%.
      Ainda, temos que considerar que normalmente quando não estamos jogando no próprio estádio estamos jogando no estádio do adversário (e não em estádio neutro, que costuma ser utilizado só em finais de copa e outras situações extraordinárias). Nesse caso, a diferença na quantidade de vitórias esperadas entre um jogo em nosso estádio e um jogo no estádio do adversário é de aproximadamente 16% a 18%. Simplificando um pouco, isso significa que a cada seis partidas disputadas entre duas equipes semelhantes, a equipe da casa deve vencer uma delas simplesmente por estar jogando em seu estádio. 
      Portanto, esses resultados mostram que o Football Manager possui sim alguma mecânica que dá vantagem ao time que está jogando em seu próprio estádio. Infelizmente não é possível saber exatamente o que muda na engine do jogo para concretizar essa vantagem. Mas que ela existe, existe. 
       
      Outro dado interessante observado no vídeo diz respeito à quantidade de gols marcados. No primeiro cenário, em estádio neutro, os resultados foram os seguintes:
      Gols marcados pelo time A: 1.682 Gols marcados pelo time B: 1.661 Como podemos ver, com duas equipes iguais, jogando com a mesma tática, e partida em estádio neutro, os times marcaram quase a mesma quantidade de gols. Mais uma vez, a diferença é tão pequena que pode ser atribuída à variância normal do jogo. 
      Por outro lado, quando observamos as partidas disputadas no estádio do time A, um dos resultados muda drasticamente:
      Gols marcados pelo time A: 1.703 (+1,2% de gols marcados) Gols marcados pelo time B: 1.377 (-17,1% de gols marcados) Podemos ver, portanto, que a principal diferença entre jogar em casa, em estádio neutro, ou fora de casa, é que os times que jogam fora de casa marcam menos gols. Não temos certeza de quais mecânicas do jogo levam a esse resultado, mas podemos concluir que o Football Manager faz com que a equipe jogando como visitante atue de forma mais defensiva, mesmo que o treinador não faça nenhuma alteração tática nesse sentido. 
       
      Para concluir esse primeiro capítulo, o autor do vídeo ainda faz alguns testes para observar se utilizar uma tática mais defensiva nos jogos fora de casa traz melhores resultados. Essa é uma estratégia comum na vida real, com equipes jogando mais atrás quando estão como visitantes, e algo que muitos buscam replicar no Football Manager.
      Não vou trazer os detalhes desse teste para cá por ser um pouco mais chato de explicar sem o vídeo, e também porque os resultados são um pouco menos confiáveis do que o restante do que foi visto até aqui. Mas, resumindo, o autor conclui que utilizar uma tática mais defensiva do que o usual ao jogar fora de casa reduz o número de gols de ambas as equipes. Porém, a redução no número de gols marcados pela equipe visitante é maior do que a redução no número de gols sofridos. Ou seja: se o seu time normalmente joga com uma tática ofensiva, trocar para um esquema defensivo ao jogar fora de casa provavelmente resultará em mais derrotas do que manter o mesmo estilo de jogo que é utilizado em casa.
      Por outro lado, se o seu objetivo é apenas evitar uma goleada (como, por exemplo, quando se tem uma boa vantagem construída na eliminatória), então jogar de forma mais defensiva pode ser efetivo em diminuir o número total de gols da partida. Da mesma forma, utilizar esquemas mais defensivos de forma moderada para segurar o placar quando já se está em vantagem pode dar resultados. O que não parece compensar é a utilização de esquema defensivo durante os 90 minutos, apenas por estar jogando no estádio do adversário. 
       
      Com isso concluímos o primeiro capítulo dessa série. No próximo post, pretendo fazer um resumo do segundo vídeo da série, no qual o autor aborda o impacto da condição física dos jogadores na sua performance de jogo. 
    • Henrique M.
      Por Henrique M.
      Cada jogador dentro do FM tem uma quantidade de atributos de personalidade ocultos pelo jogo que afetam como ele desempenha seu futebol, como ele se sai nos treinos, como ele interage com os outros jogadores e com o treinador, como ele interage com a imprensa e se adapta a um novo clube.
      Os atributos de personalidades, em conjunto com os atributos mentais Determinação e Liderança são usados para determinar a descrição da personalidade do jogador, que fica no próprio perfil do jogador.
      Os efeitos de cada personalidade são descritos abaixo, seguido por detalhes de quais atributos estão atrelados a cada tipo de personalidade.
      Aprendendo a Personalidade de um Jogador
      Você pode ter uma ideia dos atributos da personalidade de um jogador não apenas pela interpretação da descrição que o jogo lhe dá, mas também observando como o jogador reage a certas situações, como as palestras individuais, quando você tiver uma conversa privada com ele, quando comentários são feitos sobre ele na imprensa ou quando ele mesmo faz comentários na imprensa. Adicionalmente, você deve se manter de olho na satisfação do jogador por qualquer indicação de quais são seus atributos de personalidade.
      Criar Notas na seção adequada da aba "Histórico" pode lhe ajudar a acompanhar e decifrar os atributos do seus jogadores.
      Gerenciando as Personalidades
      Entender a personalidade de um jogador lhe dará uma ideia de como geralmente lidar com ele, como em suas palestras. Por exemplo, se você tiver um jogador com altos atributos em Determinação e Pressão (atributo de personalidade) você poderá ser mais exigente com ele no jogo, enquanto um jogador com baixo atributo tem que ser encorajado ou ter a pressão retirada de suas costas. Similarmente, se muitos dos jogadores tiverem Ambição (atributo oculto) elevada então é sempre bom ser positivo quanto as suas chances em um jogo nas conferências de imprensa.
      Personalidades & Construção do elenco
      É importante tentar construir um elenco com jogadores que tenham personalidades positivas. Esses jogadores terão uma melhor atitude dentro e fora do campo, enquanto podem ser tutores muito úteis para os jovens jogadores, já que passariam características boas para eles. Você pode ter uma ideia de qual personalidade é mais evidente no seu elenco vendo a "Personalidade do Plantel", na aba 'Informação do Clube" da seção "Clube".
      Particularmente, é muito interessante ter um alto número de jogadores com bom Profissionalismo (atributo de personalidade) no elenco. Tais jogadores são os melhores tutores, já que melhorar esse atributo de jovens jogadores ajudarão eles a se desenvolverem rapidamente no futuro e também se aproveitar dos benefícios do Profissionalismo, que serão detalhados abaixo.
      Jogadores com boa Determinação também são benéficos para o elenco, assim como os que tem Ambição. Entretanto, se estiver treinando uma equipe pequena e estiver preocupado com os jogadores querendo sair, ter jogadores com boa Lealdade deve ser preferencial.
      Além disso, construir um elenco com jogadores com personalidades parecidas ajudarão na Harmonia da Equipe, já que será mais provável que seus jogadores desenvolvam uma boa relação entre eles e brigas serão raras, resultando numa moral melhor e melhores resultados em campo.
      Atributos de Personalidade
      Adaptabilidade - O quão bem um jogador se adapta a um novo país, uma nova cultura.
      Ambição - O quanto um jogador quer o sucesso. Jogadores mais ambiciosos se desenvolvem bem mas é mais provável que desejem sair de um time pequeno quando estiver se destacando ou se seu time não ganhar títulos.
      Controvérsia - O quão sincero um jogador vai ser com a imprensa. Jogadores com uma alta Controvérsia tem a tendência de criticarem seus treinadores publicamente.
      Lealdade - O tanto que um jogador deseja permanecer no mesmo clube. Jogadores leais tem menos chances de aceitar uma oferta melhor de outros clubes.
      Pressão - O quão bem um jogador se sai em situações desafiadoras. Quanto mais alto for em um jogador, mais difícil será ele sentir a pressão das expectativas, por exemplo, quando um treinador adversário comenta sobre ele na imprensa, ou quando o time está lutando por títulos ou para escapar do rebaixamento perto do final da temporada, assim como geralmente nas partidas. Se o jogador estiver preocupado ou chateado com alguma coisa, pode significar que ele tem o atributo baixo.
      Profissionalismo - O tanto que um jogador trabalha duro e o tanto que sua atitude geral é boa. Jogadores mais profissionais terão uma atitude excelente fora de campo, por exemplo, responderão bem a algum tipo de disciplina aplicada, como um aviso por uma péssima exibição. Geralmente, costumam se desenvolver bem, aguentam cargas de treinos mais pesadas e tem carreiras longas.
      Desportivismo - O quão ético o jogador é em uma partida. Jogadores mais desportivistas terão menos chances de trapacear, por exemplo, simular faltas e pênaltis e tem mais chances de jogar a bola para fora quando um jogador está machucado.
      Temperamento - O quão calmo um jogador é em situações ruins contra ele. Jogador com um alto temperamento terão menos tendência a se revoltar quando sofrem faltas, quando o time está perdendo ou quando as decisões tomadas vão contra sua equipe. Se um jogador fica enfurecido, pode indicar que ele tem um alto Temperamento e um baixo Profissionalismo.
       
      Descrição das Personalidades
      Personalidades Positivas
      Cidadão modelo - Bons atributos de Ambição, Determinação, Lealdade, Pressão, Profissionalismo, Desportivismo e Temperamento; Perfeccionista - Bons atributos de Ambição, Determinação e Profissionalismo, mas baixo atributo de Temperamento; Decidido - Bons atributos de Ambição e Determinação; Profissional Modelo/Profissional/Razoavelmente profissional - Bom atributo de Profissionalismo; Cheio de Energia - Bons atributos de Pressão e Profissionalismo; Evasivo - Bons atributos de Pressão e Profissionalismo; Reservado - Baixo atributo de Controvérsia, mas bom atributo de Profissionalismo; Determinado/Razoavelmente Determinado - Bom atributo de Determinação; Líder Carismático - Bons atributos de Liderança, Desportivismo e Temperamento; Líder Nato - Altíssimos atributos de Liderança e Determinação; Líder - Altíssimo atributo de Liderança; Vontade de Ferro - Alto atributo de Pressão e bom atributo de Determinação; Persistente - Alto atributo de Pressão e bom atributo de Determinação; Calmo - Bons atributos de Pressão e Temperamento; Muito Ambicioso/Ambicioso/Razoavelmente Ambicioso - Bom atributo de Ambição, mas baixo atributo de Lealdade. Personalidades Negativas
      Volátil - Baixo atributo de Temperamento; Confrontador - Baixos atributos de Desportivismo e Temperamento; Temperamental - Baixíssimo atributo de Temperamento; Pavio Curto - Alto atributo de Controvérsia, mas baixo atributo de Temperamento; Franco - Alto atributo de Controvérsia; Casual - Baixíssimos atributos de Profissionalismo e Determinação; Baixa Determinação/Facilmente Desencorajado - Baixíssimos atributos de Determinação e Ambição; Baixa autoestima - Baixíssimos atributos de Determinação e Pressão; Acomodado - Sem Profissionalismo e baixo atributo de Determinação; Sem Energia - Sem Pressão e baixo atributo de Determinação; Sem Ambição - Baixíssimo atributo de Ambição; Personalidades Neutras
      Equilibrado - Atributos balanceados de Controvérsia, Lealdade, Profissionalismo, Desportivismo e Temperamento; Espirituoso - Bons atributos de Pressão e Temperamento razoável, mas baixo atributo de Profissionalismo; Antidesportivo/Realista - Baixíssimo atributo de Desportivismo; Sereno - Bons atributos de Pressão e Desportivismo; Devotado/Altamente Leal/Leal/Razoavelmente Leal - Altíssimo atributo de Lealdade, mas baixo atributo de Ambição; Honesto/Desportivo/Razoavelmente Desportivo - Bom atributo de Desportivismo, mas baixo atributo de Determinação; Amigo da Imprensa - Baixo atributo de Controvérsia; Balanceado - Tem uma personalidade mista que não se encaixa em nenhuma das descritas acima.
    • just12
    • just12
      Por just12
      As lesões no FM são bastante comuns assim como na realidade, a questão é como diminuir a quantidade e o tempo que elas retiram um jogador de atuação. Conhecer as lesões mais frequentes, entender os fatores de risco e traçar estratégias preventivas são fundamentais para termos sucesso nesta área.

      Milhões são gastos anualmente em contratações caras e salários na casa dos milhões, porém tudo isso poderá ir por terra se não houver uma boa equipe técnica e uma boa gestão médica por parte do Manager. Isso se torna ainda mais importante quando se trata de equipes menores, onde a estrutura é sucateada e os funcionários da STAFF são escassos e de baixa qualidade. Uma equipe médica adequada pode custar por volta de 3% da folha salarial do elenco.

      Na área médica do Football Manager temos dois profissionais primordiais, que são os fisioterapeutas, responsáveis por prevenir e recuperar lesões e os cientistas desportivos (fisiologistas), responsáveis por analisar/gerir a condição física e o risco de lesão dos jogadores.
      Além disso, podemos dizer que a estrutura proposta pelo clube como centros de treinamento e condições de treino ajudam demais estes profissionais. Treinar em um gramado duro e fazer musculação em uma academia com aparelhos velhos pode não só prolongar o tempo de lesão de um jogador como também podem gerar ainda mais lesões.

      Jogadores incapacitados afetam diretamente a equipe já que não podem ser utilizados. Com o maior número de baixas, menos peças o treinador terá à disposição e consequentemente menores as chances de alcançar lugares melhores na liga ou em competições internacionais. Atletas contundidos tendem a perder atributos e/ou diminuir seu potencial, o que pode ser crucial na vida de um jovem atleta que poderia ser uma estrela caso não se lesionasse seriamente numa idade em que seus atributos deveriam estar evoluindo com grande progressão.
       
      As lesões mais frequentes no Futebol:
      → Estiramentos e distensões musculares: ambos ocorrem devido ao alongamento excessivo do músculo, mas em locais diferentes: enquanto o estiramento acomete as fibras musculares, a distensão pode ser definida como uma lesão na junção musculotendínea ou no tendão. A classificação também é a mesma: pode não haver ruptura do tecido, ruptura parcial ou completa. Distensões musculares são as lesões mais frequentes em jogadores de futebol;

      → Fraturas por estresse: lesão decorrente da utilização excessiva do osso, que, não suportando a pressão sofre uma fissura. Na maioria das vezes, a sobrecarga acontece por causa do aumento da intensidade do treino e/ou partidas em sequência sem descanso adequado;

      → Entorses: tipo de lesão mais frequente no meio esportivo, é provocada por uma excessiva distensão dos ligamentos e das demais estruturas que garantem a estabilidade da articulação. Pode ocorrer devido a movimentos bruscos, traumatismos, má colocação do pé ou um simples tropeço. Os órgãos mais afetados são tornozelo (tibiotársica) e joelho. No futebol, entorse de joelho com ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) é a lesão incapacitante mais comum, ao lado de problemas nos meniscos;

      → Contusão: resultado de um forte impacto em qualquer parte do corpo, pode causar lesão nos tecidos moles da superfície, músculos, tendões ou ligamentos articulares;

      → Luxação: ocorre quando uma força violenta atua direta ou indiretamente numa articulação, empurrando o osso para uma posição anormal. Embora, de forma leiga possa ser apontado como algo simples, às vezes é mais grave do que uma fratura.
       
      Os fatores de risco para as Lesões são:

      → Propensão do jogador a lesão: há um atributo oculto de 0 a 20 que mostra o quão um jogador é mais propenso a se lesionar. Caso seja importante, o seu preparador lhe avisará no relatório do jogador;

      → Baixa energia: jogadores que não se recuperam totalmente de uma partida ou treino terão maior facilidade em se lesionar;

      → Aptidão Física: mostra quanto um jogador consegue se recuperar de uma partida para outra e quão mais rápidos conseguem se recuperar de uma lesão sem perder atributos;

      → Alto número de partidas em um curto período de tempo: jogar domingo e quarta toda semana sem o devido descanso pode gerar acúmulo de fadiga e consequentemente lesões;

      → Falta de ritmo de jogo: jogadores quando ficam muito tempo sem partidas diminuem seu ritmo de jogo e aumentam seu risco de lesão;

      → Estado do gramado: gramados em péssimo estado são grandes catalizadores dos mais diversos problemas físicos;

      → Treinamento inadequado: a planilha de treinos elaborada pelo Auxiliar Téc. pode ser problemática em muitos aspectos, inserindo treinos e cargas de trabalho desalinhadas, promovendo maior fadiga nos atletas e consequentemente mais lesões;

      → Apressar retorno do jogador depois de uma lesão: quanto menor a qualidade do fisioterapeuta, maior a chance dele errar e apressar o retorno do jogador aos treinos e jogos;

      → Intensidade tática: táticas com ritmo mais rápido, marcação-pressão e de forma cerrada, linhas elevadas e busca incessante do contra-ataque podem gerar forte desgaste nos atletas;
      → Clima: exposição ao frio, chuva, neve, altitude, calor e umidade provocam alterações fisiológicas como a desidratação, aumento do número de quedas e do risco traumático. Condições chuvosas implicam um aumento do contato direto entre os jogadores e alterações do terreno de jogo, predispondo para lesões traumáticas. O calor e a humidade traduzem estados de desidratação com aumento de lesões por fadiga, devido ao intenso desgaste físico.
       
      Estratégias Preventivas:

      Como comentamos anteriormente, cientistas desportivos e fisioterapeutas trabalham em conjunto prevenindo lesões, além disso podemos destacar uma boa pré-temporada (falaremos disso detalhadamente mais adiante), treinamento com cargas adequadas, boas instalações de treino, boa qualidade do gramado de jogo (pedir a direção para trocar o gramado), saber quando aumentar e diminuir a intensidade tática durante a temporada, dosar a carga de jogos de cada jogador e cuidados no retorno do jogador aos treinos e jogos após uma lesão.
       
      ◉ Pré-temporada Preventiva

      A pré-temporada deve por excelência destinar as 2 primeiras semanas ou mais para treinamento da parte física, visando melhoria dos atributos, principalmente focados em aptidão física e resistência, que serão úteis durante toda a temporada. Nas semanas a seguir o foco seria o aumento do ritmo de jogo dos atletas com os amistosos.

      Nos primeiros amistosos da época, é recomendável que a intensidade tática seja baixa e os jogadores joguem por no máximo 45 minutos, o que irá aumentando progressivamente conforme o ritmo de jogo melhora e a fisiologia diminui a chance de lesão dos jogadores.

      Sabemos que em alguns países, principalmente no Brasil, é bem complicado fazer uma pré-temporada adequada por conta dos estaduais, porém deve-se fazer o melhor possível dentro da realidade de cada calendário, por vezes usando o estadual como parte da pré-temporada.

      O quadro acima mostra a baixa aptidão física (ritmo de jogo) e consequentemente o elevado risco de lesão.
       
      ◉ Qualidade do gramado

      No quadro acima é mostrada a qualidade perfeita do gramado, porém muitas equipes possuem gramados ruins, muito ruins ou somente OK, o que pode ser mudado pedindo a diretoria que melhore a grama ou mude para grama sintética.
       
      ◉ Evitar uma nova lesão

      O quadro vermelho ao lado do jogador indica que o jogador está em tratamento, já o quadro laranja indica que o mesmo está em fase final de reabilitação. Nessa última fase o jogador ainda não voltou aos treinos com bola mas pode ser relacionado para o próximo jogo, o que poderia gerar uma recidiva (nova lesão). E mesmo que o jogador esteja totalmente liberado, ainda assim é recomendável que treine em meia intensidade por ao menos 7 dias, voltando aos jogos após este período e por no máximo 45 minutos, com aumentos progressivos. Jogadores lesionados podem ser curados de lesões recorrentes caso procurem um médico especialista.
      → Rotação de elenco: buscar junto à fisiologia entender os jogadores que estão com risco muito elevado de se lesionar e fazer a devida gestão/rotação de elenco;
      → Gestão do treino: gerir o próprio treino ou supervisionar o trabalho do Auxiliar Téc. para fazer pequenas modificações na carga de exercícios para que os jogadores estejam sempre frescos para os jogos, evitando acumular fadiga. Jogadores mais velhos, com baixa aptidão física e resistência não são recomendados treinar em dupla intensidade.
      ---
      Buscar afinar cada dia mais o processo preventivo, permitindo que seja o mais individualizado possível, avaliando os resultados ano após ano poderá lhe permitir diminuir a incidência e a severidade das lesões.

      Fonte: https://conferenciafm.wordpress.com
    • JGDuarte
      Por JGDuarte
      "Inovação é trazer os anos 1960 de volta", diz diretor do AZ Alkmaar sobre formação de jogadores
      Marijn Beuker, diretor de desenvolvimento esportivo do clube holandês, é o primeiro entrevistado da semana da editoria de negócios do ge. Ele fala sobre gestão da base no futebol
      Por Rodrigo Capelo — Barcelona, Espanha
      07/10/2021 16h19
       
      Marijn Beuker fez uma apresentação diferente no World Football Summit – congresso sobre futebol organizado em Madrid. Em vez de papear com outros três ou quatro convidados, formato que raramente permite que o assunto seja tratado com profundidade, ele falou sozinho sobre a filosofia de seu clube, o AZ Alkmaar, na formação de jogadores.
      Antes de tratar do conteúdo da apresentação em si, uma breve introdução sobre o clube holandês. Num mercado dominado pelo Ajax, o Alkmaar teve de encontrar meios para competir de igual para igual – com menos dinheiro, mas muita bola. E a aposta nas categorias de base tem se mostrado uma solução para reduzir a disparidade.
      O Alkmaar tem apenas dois títulos do Campeonato Holandês; o mais recente, conquistado em 2008/2009. Na temporada de 2019/2020, estava empatado com o Ajax na liderança da competição quando o mundo parou por causa da pandemia do coronavírus. Diferente de outros lugares, a Holanda encerrou seu principal torneio sem um campeão. Uma frustração enorme para o Alkmaar.
      Existe uma regra interna, no clube, de que pelo menos 50% dos jogadores do elenco principal devem ser formados na base. Naquela temporada, esse indicador estava até mais alto: 67% eram crias da casa.
      De volta à apresentação no World Football Summit. De microfone na mão e apontando para slides que havia preparado, Marijn provocou: por que alguns times vitoriosos em competições de base acabam não revelando nenhum jogador realmente bem-sucedido no profissional?
      Eis alguns motivos apontados pelo executivo:
      Olhamos para o "jogador errado", com prioridade a quem apresenta performance em competições de base, em vez de tratar do desenvolvimento do atleta de olho na chegada ao profissional Julgamos mal o potencial de cada criança por não entender o estágio de desenvolvimento físico em que ela está; ela pode ter crescimento precoce ou tardio, fato que costuma atrapalhar a avaliação Tentamos inserir a tática de maneira equivocada na vida do jogador, muito precocemente, de maneira que o crescimento dele é comprometido nas fases iniciais do desenvolvimento técnico e físico Após a palestra, o ge puxou Marijn de canto para uma entrevista. O profissional explicou melhor alguns dos conceitos apresentados.
      Para o holandês, o futebol precisaria encontrar maneiras de "voltar aos anos 1960 ou 1970". Naquela época, as crianças eram desafiadas o tempo todo por superfícies imperfeitas, condições adversas, problemas que as forçavam a progredir para jogar futebol profissional.
      Leia, abaixo, a entrevista na íntegra. Ouça o conteúdo também no podcast Dinheiro em Jogo. Marijn Beuker é o primeiro "entrevistado da semana" da editoria de negócios do esporte do ge.

      Marijn Beuker, diretor de performance e desenvolvimento do AZ Alkmaar — Foto: Rodrigo Capelo
       
      – Você começou sua apresentação dizendo que normalmente olhamos para o jogador errado. Por quê?
      – Porque o problema das pessoas é que elas tendem ver o que elas querem ver. Elas não fazem de propósito, mas nós, comigo incluído... Você olha para alguma coisa, talvez o jogador se assemelhe a alguém que você gosta, ou não gosta, você tem preferências, sua experiência anterior... Ou então ele joga de um jeito atrativo, e seu cérebro te engana, porque ele o acha interessante, mas não há certeza de que seja o caso. Especialmente no desenvolvimento de crianças, no futebol juvenil, o problema é ainda maior, por causa de todas as áreas biológicas.
      – No Brasil, prevalece a cultura de que talentos devem ser encontrados. A pessoa que "descobre" Pelé ou Neymar se consagra. Não seria melhor tratar a questão como crianças que precisam se desenvolver, que podem adquirir a técnica necessária?
      – É importante encontrar o que chamamos de talento, ou características específicas. É impossível encontrar alguém ordinário na rua, colocá-lo num sistema e saber, porque o programa é bom, que ele virará o novo Pelé, ou Neymar. Nós sabemos que não é o caso. Nós fortemente acreditamos em desenvolvimento, em crescimento. Nós sabemos que as pessoas aprendem, evoluem. Nós queremos no nosso clube construir um ambiente em que as pessoas podem crescer. Elas aprendem, elas são desafiadas a ficar melhores todo dia. Porque todos os melhores, em todos os esportes, têm essa filosofia, essa necessidade de crescer. Mas também depende de encontrar os melhores talentos.
      – O que é talento? Quais são os indicadores dele numa pessoa?
      – Quando eu falo do talento certo, falo dos “blocos de construção”, do potencial para crescer, caráter, atitude, a habilidade e a vontade de aprender. Para mim, esses são os fatores importantes. Existem elementos que têm a ver com genética, mas do jeito que nós olhamos, existem “blocos de construção” que vão te dar a oportunidade para crescer, desde que você trabalhe duro, cometa erros e consiga crescer.
      – Você explicou em sua apresentação que há crianças com estágios diferentes de desenvolvimento do corpo; que pode ser tardio ou precoce. Pode nos explicar melhor o conceito? Quão importante para a formação do jogador é mensurar cientificamente esse ponto?
      – É muito importante, mas especialmente em uma idade crucial para o desenvolvimento juvenil. Quando você tem 21, mais ou menos, todo o corpo está desenvolvido. Antes dos 21, pode haver grandes diferenças, não apenas em relação à idade biológica, mas sobre o que chamam de idade relativa. Isso é familiar a muitos clubes, mas ainda é muito difícil de trabalhar com isso, porque os clubes amadores, os sistemas escolares, eles tomam decisões e olham para quem é melhor agora. Depois vão ver o problema. Falando sobre jovens que se desenvolvem precocemente, ou sobre os que se desenvolvem tardiamente, ambos podem chegar lá. Não é só apenas olhar para precoces ou tardios. Mas sabemos que as pessoas que são boas precocemente, elas são badaladas. As pessoas dizem: ele é o novo Neymar, é o novo Pelé, é o novo Kaká. Mas isso não está ajudando a desenvolver o psicológico do jogador.
      – Quais são os problemas que um jogador com desenvolvimento precoce costuma ter? E no caso dos tardios?
      – O que aprendemos é que na média, entre jogadores que se desenvolvem precocemente, eles não são suficientemente desafiados. Eles são as pérolas do futebol, eles são considerados assim, então nós trabalhamos com eles, deixamos que joguem. Acontece de na academia o foco estar mais em performar, mas deveria estar no desenvolvimento, no longo prazo. Nós não nos importamos se você é o melhor aos 13 anos, porque isso pode mudar. Os que se desenvolvem tardiamente são desafiados naturalmente, porque eles são menores. Você pode não ser fisicamente forte, comparado aos seus colegas. Acontece com jogadores como Wesley Snijder, que é menor, ou com outro jogador que seja lento. Ele é forçado a adaptar de um jeito natural.
      – Então o garoto precoce sofre por não ter desafios que o façam progredir. Enquanto os tardios costumam ser logo descartados, por não terem boa performance. Qual é a solução?
      – Nós também tentamos desafiar todo o tempo, nós jogamos nossos jogadores na merda, como dizemos na Holanda, para que os se desenvolvem precocemente sejam desafiados também. Você também pode fazer isso no treinamento. Você faz três contra cinco, e os precoces estão em desvantagem numérica, eles são forçados... Nossos treinadores, na nossa academia, dão muita atenção para isso. Nós olhamos para cada indivíduo, o que ele precisa, para que a vida deles seja menos fácil. Nós sempre usamos uma frase brilhante que diz: “não prejudique as crianças fazendo a vida delas fácil”. Temos que criar crianças fortes, queremos obstáculos no caminho delas, queremos criar caos, situações difíceis. Com tardios nós temos que cuidar disso, para que eles tenham sucesso, não desistam do sistema, só porque são os melhores do time. Temos que trabalhar isso.
      – É possível citar exemplos? Messi é um tardio?
      – Bem, eu não sei. Eu só posso saber quando meço. No meu clube, quase 80% ou 70% dos jogadores mais velhos que passaram pela academia... Nós fazemos vários jogos com jogadores da base, nós os achamos com 12 anos, e 80% são tardios. Mas também há grandes jogadores que são tardios. Os melhores jogadores são aqueles que são desafiados ao longo do tempo. Há milhares de histórias assim: “eu não era o melhor na juventude, mas eu encontrei meu caminho”. Para ser sincero, não sei se Neymar ou Messi eram tardios. Sei que o Messi teve desafios com o crescimento, então há uma chance de que ele seja tardio, mas sei que ele foi desafiado quando era mais novo.
      – Você explicou que existe um pico comum no desenvolvimento do corpo da criança. Em que ela se desenvolve muito rapidamente naquele ano, e depois reduz. Disse até que no caso das meninas esse desenvolvimento vem um ano antes. Pode explicar melhor?
      – Quando olhamos para o crescimento do corpo, os meninos começam a crescer geralmente aos 13 anos, e o pico vem aos 14, e mais ou menos ele termina quando chega aos 15 anos. As meninas têm um ano a menos nesse processo: 12, 13 e 14. Nós sabemos, ao monitorar as habilidades físicas, a habilidade de se mover com a bola, sabemos que você sempre se desenvolve, mas aos 13 o seu pé começa a crescer mais, seu corpo está fora de proporção, então é lógico que você está tropeçando a cada passo que dá. Os resultados serão piores. Isso é um perigo. Se você é olheiro e avalia um jogador assim, você não sabe disso e diz: “ele é ruim”. Mas não. Ele tem 13 anos, então você pode assumir que ele está num estágio baixo de desenvolvimento. Mas nós sabemos que você cresce, fica um pouco pior, depois cresce e cresce de novo. Há momentos diferentes para o desenvolvimento do corpo.
      – O que deve ser treinado nas categorias de base? Deve haver treinamento tático desde o início da formação, por exemplo?
      – Antes dos 12 anos, nós colocamos ênfase nas habilidades e no psicológico. Isso é o mais importante. Depois disso, a tática deve ser evitada. A tática ajuda a vencer partidas no curto prazo, e a tática é boa quando se joga futebol profissional, mas antes de falar sobre tática você precisa falar sobre inteligência, tomada de decisões, criatividade. Esses são elementos... Improvisação! Esses são elementos que conectados com a memória de longo prazo, a inteligência, padrões de inteligência de jogo... O que queremos é que nossos jogadores sejam colocados em situações diferentes, eles têm que jogar em estilos diferentes, diferentes maneiras de chegar ao sucesso... Os princípios do jogo são sempre os mesmos, mas o jeito que se joga, na formação, precisa ser diferente.
      – Isso é muito bom. Não é raro ver as pessoas querendo que as crianças aprendam o posicionamento no campo desde o começo.
      – Quando decidimos ensinar aos jogadores de 14 anos tática eles vão ser bons no momento, com aquele treinador, mas isso não significa que eles entendem o jogo. Imagina o futebol de rua, nas favelas, nas praias. Não há tática. Tática é algo que vem no fim da educação. Nós dizemos que no fim da educação você tem que aprender a vencer. É mais sobre estratégia. OK, eu sou rápido. Como nós, como um time, vamos usar minha rapidez? Você é bom em defender; como você vai fechar a porta? Isso é aprender a ganhar. Isso se faz aos 17, 18, 19 anos. Nós falamos disso ali pela primeira vez.
      – O que é inovação em termos de formação dos jogadores?
      – As pessoas dizem que têm clubes inovadores, mas as pessoas cometem erros, porque elas acham que inovação é sobre tecnologia, computador, Tecnologia da Informação. Mas para nós, em um clube, tenho a forte crença de que inovação é trazer os anos 1960, os anos 1970 de volta. O futebol de rua, os elementos que estavam ali, jogar muito de um jeito diverso... Quando você dribla em uma circunstância imperfeita, quando você não tem grama aparada, mas concreto, rua, com pedras e obstáculos para a bola por todo lado, quando tem uma pedra grande no chão que você precisa evitar, quando tem cinco contra cinco, sem tática, essa é a grande inovação para nós.
      @rodrigocapelo
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