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De férias há três anos...


Lusquerinhas do Amaral

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  • Vice-Presidente

@guai

 

Texto muito bom. Mas eu não vejo esses textos de viajar como para quem vive no sufoco financeiro. Vejo mais destinado a quem tem condições e torra dinheiro com coisas tão pequenas...

 

O problema é que isso é voltado para pessoas como nós, classe média para cima. E a questão é que uma parcela de nós temos consciência e isso incomoda, porque as vezes quando temos consciência, noção, buscamos ser nós mesmos. Lógico que a grande maioria não tem consciência ou noção das coisas e vão nas ondas do momento, porém, assim como atingem pessoas com consciência, atingem essas pessoas do sufoco financeiro, pois hoje em dia tudo está aí a disposição, queira você ou não. E as vezes, você tem aquele grupo de amigos/conhecidos sem noção e isso muitas vezes acaba gerando aquela sensação de insatisfação na vida do cidadão que não pode se dar ao luxo de fazer essas coisas.

 

Costumo ler os comentários de sites assim, eles costumam não ser o mar de asneira que são nos sites populares. E lá teve um comentário esclarecedor. Falava mais ou menos que os europeus de classe média já descobriram que não vale a pena querer começar a ganhar dinheiro cada vez mais cedo, que vale a pena curtir a vida um pouco e deixar a independência e a estabilidade para depois. A grande questão é que eles descobriram isso sozinho, através de anos, e como hoje a informação voa, acaba chegando por aqui, um país onde as pessoas não tem a mínima estrutura para interpretar as coisas adequadamente. Ou seja, eles passaram por um processo natural para chegar na conclusão de que não vale se matar para ganhar dinheiro e esquecer de viver a vida. O problema é que aqui chegou a conclusão do processo deles enquanto estávamos começando a iniciar esse processo, não tivemos a chance de passar por todo o processo e saber se o que vale para eles, vale para nós.

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O problema é que isso é voltado para pessoas como nós, classe média para cima. E a questão é que uma parcela de nós temos consciência e isso incomoda, porque as vezes quando temos consciência, noção, buscamos ser nós mesmos. Lógico que a grande maioria não tem consciência ou noção das coisas e vão nas ondas do momento, porém, assim como atingem pessoas com consciência, atingem essas pessoas do sufoco financeiro, pois hoje em dia tudo está aí a disposição, queira você ou não. E as vezes, você tem aquele grupo de amigos/conhecidos sem noção e isso muitas vezes acaba gerando aquela sensação de insatisfação na vida do cidadão que não pode se dar ao luxo de fazer essas coisas.

 

Costumo ler os comentários de sites assim, eles costumam não ser o mar de asneira que são nos sites populares. E lá teve um comentário esclarecedor. Falava mais ou menos que os europeus de classe média já descobriram que não vale a pena querer começar a ganhar dinheiro cada vez mais cedo, que vale a pena curtir a vida um pouco e deixar a independência e a estabilidade para depois. A grande questão é que eles descobriram isso sozinho, através de anos, e como hoje a informação voa, acaba chegando por aqui, um país onde as pessoas não tem a mínima estrutura para interpretar as coisas adequadamente. Ou seja, eles passaram por um processo natural para chegar na conclusão de que não vale se matar para ganhar dinheiro e esquecer de viver a vida. O problema é que aqui chegou a conclusão do processo deles enquanto estávamos começando a iniciar esse processo, não tivemos a chance de passar por todo o processo e saber se o que vale para eles, vale para nós.

 

Mas vai gerar a sensação de insatisfação se ele, automaticamente, passar a querer aquilo e só acordar pra ver que não consegue no momento. Se ele estiver seguindo uma vida consciente, vai perceber que fica pra depois.

 

Sobre o segundo parágrafo, nada nos impede de aprender com a história deles. Talvez seja o poder de síntese dos blogueiros que trazem o conteúdo traduzido pra cá, deixam perder o mais importante das entrelinhas, propositalmente ou por ignorância, por falta de interpretação adequada.

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@Matheus

 

É, pode ser que esse seja outro dos exemplos de textos que a gente corneta pois já encheu o saco de ler haha Galera aqui em sua maioria tá mais ou menos ligada no conceito de aproveitar a vida. Quem sabe pra um workaholic fincado ler um texto desse abra a mente. Foda é, como eu disse, quando nego vem falar ctg julgando ou te botando no mesmo balaio dos outros. Isso me irrita profundamente. Pô, ano passado, mais ou menos nesse periodo, voltaram dois amigos meus da Irlanda, me sarnearam meses com a história de "tu devia ir". Eu gostaria pra caralho de ir, mas infelizmente tenho responsas que eles não tem, daí ouvia julgamentos e pré conceitos sem neguinho ouvir história.


Tudo no fim se resume em tu não ser um babaca julgador e apontador de dedos HAHA

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Vão me criticar, mas ser mulher facilita essas coisas hein...

Por quê?

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Por quê?

 

Acho que o que ele quis dizer eh que uma mulher tem uma facilidade maior (e natural) de criar empatia com alguem, com um grupo de pessoas ou quando precisa de ajuda para superar algum perrengue. 

 

 

Tipo esse exemplo aqui, meio extremo, mas acho que da pra entender o que ele quis dizer:

 

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Os antis também estão ficando chatos.

 

Há a chatice dos que acham que viajar é dever, e agora começou a chatice dos que acham chato quem acha que viajar é dever. Não pode mais aparecer um tópico sobre viagem que a patrulha chega.

 

Não estou criticando ninguém em específico, até porque é a primeira vez que eu vejo o Masca, por exemplo, fazer isso. Falo de forma geral.

 

Bicho, ninguém fala nada que é ruim, e quando fala tem que aparecer quem cornete?

Não enche o saco, cara!

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365 dias de folga

Como meu acidental ano sabático me trouxe os dias mais felizes da minha vida e me afundou em uma depressão profunda.

 

Em tempo de discursos mais polarizados que uma pilha alcalina, é difícil sentar na cadeira e escrever um texto pessoal com o qual as pessoas conseguirão se relacionar sem enxergar o mundo em preto e branco. Há muita opinião, escrita e falada, sobre quem viaja. Uns dizem que é uma forma de oprimir socialmente aqueles que não têm a mesma oportunidade. Outros, que é o único investimento possível. Eu estou em algum lugar no meio dos dois, pegando os cacos que se formaram um ano depois de decidir "largar tudo para seguir o meu sonho."

 

Quando decidi que viria para os Estados Unidos estudar roteiro cinematográfico, estava no auge dos meus 20 e poucos anos. Tinha um emprego legal fazendo uma coisa que eu gosto, estava cercada pelos meus amigos mais amados, morava sozinha, tinha meu carro, nenhuma dívida no banco, nenhum problema com a família, solteira, me recuperando de um relacionamento traumático e com um número razoável de experiências sexuais saudáveis para os meus 23 anos. Tudo parecia bem a não ser pelos sonhos que me vinham à mente momentos antes de cair no sono. Toda noite eu imaginava como seria a vida se eu perdesse tudo o que me mantém segura. Como eu sobreviveria? A ideia de descobrir a "Juliana Sobrevivente" veio depois da morte da minha irmã em 2013, o acontecimento que desenterrou todos os tipos de sentimentos que eu havia enterrado junto com todos os traumas que uma menina solitária sofre crescendo em um bairro pobre de São Paulo. Arrumando o apartamento dela, mexendo nas coisas, vendo os discos, os livros, as roupas e os planos que ela deixou pra trás antes de correr para o hospital despertou em mim aquela revolta misturada com senso de justiça. Aquela mistura perigosíssima que todo mundo já conhece ou vai conhecer em algum momento da vida.

 

O sentimento me trouxe pensamentos bem claros: por que todo mundo pode fazer e eu não? Por que eu tenho que esperar pela morte, silenciosamente e passivamente vivendo uma vida confortável porque tive a sorte de não virar estatística? De quem é essa vida que estou vivendo?

 

Hoje eu sei que isso tudo é balela. Quando você é pobre, sua família é pobre, seus amigos de infância são pobres, seu passado é pobre e mesmo assim você se vê tendo uma carreira, trabalhando com o que ama, recebendo amigos em casa e tendo uma rotina segura, a vida já te deu todos os presentes que você pode imaginar. Sinta-se mais do que privilegiado por estar vivo e anos-luz do lugar que a grande maioria dos seus vizinhos jamais vai sair.

 

A grande questão é que agora é um pouco tarde demais. Pouco mais de um ano depois da morte da minha imã, eu estava entrando em um avião sem nada do que me fazia segura, nem mesmo um chão fixo na crosta terrestre pra pisar. Não tinha mais meu apartamento, o meu carro eu vendi, meus amigos ficaram no Brasil junto com a minha família e minha conta no banco agora só tinha um caminho: pra baixo. Sem emprego, sem segurança, sem português eu segui viagem e tive, nesses 365 dias, os dias mais felizes da minha vida.

 

Eu nadei com os peixes no mar do caribe, passei uma noite em uma rodoviária no Mississippi, visitei a casa do Hemingway e brinquei com os gatinhos de 6 dedos. Eu cruzei o Sul dos Estados Unidos dentro de um ônibus e vi o céu noturno no deserto do Arizona. Eu aprendi a escrever roteiros, morei e trabalhei em um hostel na beira da praia e eu me apaixonei de novo. Foi tudo um grande PRIVILÉGIO.

 

Mas em 365 dias eu desenvolvi uma depressão profunda que quase tirou a minha vida mais de uma vez. E por mais assustador que isso pareça, a realidade é que a depressão é uma condição mental tão séria quanto presente na vida de 30% da população brasileira. Isso significa que a cada 3 pessoas que você conhece, uma pode estar lutando contra uma doença que quer que você desista a todo momento.

 

Muitos dos meus amigos eu nem sei onde estão. Meu afilhado nasceu e eu ainda não o conheço. Minha mãe mora sozinha e eu não posso ajudá-la. A pessoa que eu amo não está comigo. É um silêncio na alma.

 

A falta de segurança profissional e financeira, o medo de não fazer parte de uma tribo, a solidão de não estar perto da família, não ter um lugar para chamar de lar e a dependência nas redes sociais são algumas causas para a depressão ganhar espaço enquanto você decide "seguir os seus sonhos". Isso provavelmente não acontece se você tem uma família rica que pode te pagar uma passagem de volta a qualquer momento ou depositar aquele dinheirinho para você fazer uma viagem com os novos amigos. Mas para aqueles que realmente "deixam tudo para trás" e querem realizar um sonho como esse, a sensação pode ser parecida com a de estar em uma prisão, querer voltar atrás e não poder mais.

 

Viajar para outro país não é 100% bom nem ruim. É um aumento de expectativas que te faz agir, mas te bota pra pensar. É uma oportunidade de ter mais escolhas e, portanto, errar mais. Se arrepender mais. Chorar mais. Perder o sono.

 

Online as pessoas não te dão muito espaço para lamentar suas decisões.

 

Ou você engole o choro e fica feliz por ter tido a chance de viajar, ou posta foto no Instagram porque felicidade é tudo nessa vida, kkk. O pobre não pode nem sonhar. Ou pode só sonhar, se realizar o sonho não tem mais direito de ficar triste. Tem que ficar satisfeito com toda a desgraça porque essa desgraça te custou dinheiro. Decidiu viajar e agora tá chorando?

 

No final desses 365 dias eu ainda tenho na memória todos os momentos felizes, mas perdi a inocência. Ano sabático te tira isso também. Trabalhei como tradutora, em uma loja de roupa, fazendo pesquisa de madrugada e enfrentando fuso horário complicado, trabalhei de graça, trabalhei por um salário mínimo mas nunca passei fome. Pobre é pobre em qualquer lugar e não tem luxo nenhum em seguir um sonho.

 

Há quem diga que empatia é o sentimento mais poderoso que existe. E assim como muitos suspeitavam, a empatia é uma escolha. E você não encontra no Facebook ou em nenhum lugar onde todo mundo acha que liberdade de expressão é vomitar meia dúzia de palavras que podem ofender e não ajudam em nada. Em um mundo cada vez mais aglomerado, viajar para outro país não significa quebrar nenhuma barreira que uma página da Internet já não tenha quebrado. Significa, sim, aplicar aquelas experiências na sua vida diária e esperar que elas te transformem de alguma forma, de preferência em um ser humano mais aberto e tolerante. Escolher viajar, trabalhar duro e guardar o dinheiro e partir para uma aventura do outro lado da fronteira não deveria ser demonizado como uma opção burguesa com baixo índice empático. Mas também não deve ser desenhada como um filme escrito pelo Woody Allen. É, na verdade, alguma coisa parecida com Jodorowsky tentando fazer "Dune". É caro, tem muitos personagens, um grupo específico de pessoas vai realmente ligar para o resultado final e, depois de todo o processo criativo, vai morrer na memória de todos os envolvidos e se tornar (um documentário) uma frustração agridoce.

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Cara, ótimo esse texto. Tentei achar na net e não consegui =/ Queria passar para uns amigos.

Acho que o grande "chefão" que ela encontrou foi a vida, no início a idéia era ótima e tudo eram flores só que no momento que cai a ficha que nossas decisões não tem uma borracha pra apagá-las, nem um ctrl z pra desfazer, tudo fica mais dificil e profundo. A saída da zona de conforto dela foi válida tanto pelo lado bom, do mochileirão básico, quanto pelo lado ruim, que com certeza vai fazer ela pensar mil vezes antes de arriscar tanto.

 

A vida né fácil não haha Tudo tem os dois lados, não dá nem pra achar que vai ser tudo sossegado a vida inteira e ficar no comodismo como ver tudo com mal humor e derrotismo haha Complicado e 99% da galera não faz, mas temos que tentar fazer.

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Cara, ótimo esse texto. Tentei achar na net e não consegui =/ Queria passar para uns amigos.

Acho que o grande "chefão" que ela encontrou foi a vida, no início a idéia era ótima e tudo eram flores só que no momento que cai a ficha que nossas decisões não tem uma borracha pra apagá-las, nem um ctrl z pra desfazer, tudo fica mais dificil e profundo. A saída da zona de conforto dela foi válida tanto pelo lado bom, do mochileirão básico, quanto pelo lado ruim, que com certeza vai fazer ela pensar mil vezes antes de arriscar tanto.

 

A vida né fácil não haha Tudo tem os dois lados, não dá nem pra achar que vai ser tudo sossegado a vida inteira e ficar no comodismo como ver tudo com mal humor e derrotismo haha Complicado e 99% da galera não faz, mas temos que tentar fazer.

Foi mal, esqueci de por a fonte.

https://medium.com/@julianatorres/365-dias-de-folga-1ebfa67c7ed4

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