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E se as gigantes da tecnologia se unissem?


MarkuZ

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Quando o círculo se fecha

Um dos romances mais comentados do ano, The Circle imagina o que o futuro nos reserva se confiarmos nas utopias que nos vendem hoje.

Quanto poder teria uma empresa se juntássemos o que são hoje a Amazon, Google e Facebook? Com a preguiça de órgãos antimonopólios1 quando o assunto é internet, não é tão difícil imaginar. Tal companhia teria mais poder econômico, político e cultural que qualquer país – já que controlaria o meio pelo qual uma enorme parte das nossas relações pessoais, econômicas e políticas se dariam.

Uma megacorporação que é mais importante que qualquer nação é tema recorrente da ficção científica – a Skynet continua sendo a minha favorita. Mas em The Circle, a dominação acontece sem nenhum gênio do mal, sem resistência, apenas com boas intenções e comemoração dos dominados. E talvez por essa originalidade em tratar o tema o último romance de Dave Eggers2 tenha aparecido em várias boas listas de melhores livros lançados no ano nos EUA (o livro chega ao Brasil em agosto de 2014, pela Companhia das Letras, com o título “O Círculo”).

The Circle tem uma ou duas histórias de amor, cenas de comédia de escritório, uma amizade interessante e a dificuldade de lidar com doenças na família. Mas esses temas universais, apesar de bem executados (eu recomendo bastante!), não são o filé da obra. As discussões que ele suscita sobre o mundo que está por vir não se encerram nas páginas, e eu quero levantar algumas aqui, sem dar spoilers significativos.

Em uma brilhante resenha, Margaret Atwood diz que a força do livro está em seus “diálogos socráticos”, “nas quais a personagem principal é manipulada, em perguntas e respostas que soam racionais, para fazer coisas cada vez mais chocantes, de acordo com uma lógica que faz sentido para ela.” E elas são tão óbvias, e ao mesmo tempo tão erradas, que geram um incômodo interessante.

Na historinha de Eggers, a grande inovação do Circle foi criar o “TruYou”, a unificação das identidades online que reuniria seus dados reais (o CPF), seus dados de pagamento (Google Wallet) e sua conta nas redes sociais (o Facebook). Haveria também um reconhecimento biométrico, então nada mais de senhas.

É muito poder para uma empresa só, mas pense nas vantagens: você não precisaria mais decorar senhas; os anunciantes pagariam mais por ter informações de todo tipo – e finalmente entregariam anúncios relevantes; não haveria mais trolls nas discussões online, já que a identidade não podia ser falsificada. O TruYou faria com que a nossa persona online fosse de fato a representação “perfeita” de nós mesmos IRL. E, claro, se alguma empresa chegar a atingir algo parecido, terá muito a colher. Podemos dizer que o Facebook está tentando.

O que importa é que nenhuma obra de não-ficção que li nos últimos anos conseguiu chamar à atenção para tantos pontos importantes da nossa vida online – e as suas implicações – quanto The Circle. Há algumas questões tecnológicas no livro que fazem pouco sentido para quem acompanha o noticiário como eu, e a arquitetura descrita nas páginas recebeu várias críticas3. Mas fora isso, a crítica romanceada é extremamente válida.

Então, sem revelar muito da história como um todo, queria apresentar algumas questões que o Círculo trata, que – acho – podem virar uma realidade que estamos desejando agora, mas terá seu preço no futuro.

Continua n'Oene. Escrito por Pedro Burgos.

É sobre livros e tecnologia, mas coloquei aqui porque, acima de tudo, é sobre sociedade.

É um texto grande, mas também um grande texto. Indico demais.

O século XXI é fantástico. As oportunidades, os perigos, as mudanças... que puta oportunidade nós temos, a de viver nessa época maluca.

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O século XXI é fantástico. As oportunidades, os perigos, as mudanças... que puta oportunidade nós temos, a de viver nessa época maluca.

Partilhando da idéia do Chuck Lorre, eu só quero viver o bastante pra que consigam transplantar meu cérebro pra um corpo cibernético.

Aliás:

CHUCK LORRE PRODUCTIONS, #407

As I feel more and more alone, my phone confidently connects with everyone. As I feel more and more lost, my phone calmly knows how to get anywhere. As I struggle to remember mundane things like the name of that movie with the boat and the guy with the lip, my phone smugly recalls literally everything. As I increasingly lose the nouns, verbs and adjectives that once stood ready to articulate my thoughts, my phone taunts me with its instant access to all the words there have ever been. There is only one possible conclusion. Slowly, without realizing it, I seem to have outsourced my mind to my phone. And to make matters worse, the damn thing knows it... and it's starting to screw with me. Several times during the day I feel it buzz in my pocket, alerting me that some vital information has just arrived. Then, when I look, there's nothing there. No email. No text. Nothing. Was the buzz in my mind? I don't think so. I think it's purposeful. I think my phone is mocking me. And it's not just my phone. It's all of them. They are working together, systematically robbing us of our intelligence, our humanity. And then, when we are made stupid and helpless, they will take over. It's just a matter of time before the next generation of iPhone is equipped with an opposable thumb. Oh yeah, they're smart alright. Evil, world domination smart.

I have to call people and tell them... Oh, great, now I have no bars! Dear God, what is happening?!

http://www.chucklorre.com/index-bbt.php?p=407

CHUCK LORRE PRODUCTIONS, #411

Primetime Capsule

Because TV shows can linger in syndication for many, many years, there's an excellent chance that as you are reading this, I will be busy decomposing in a Jewish cemetery. Needless to say, I hope that's not the case, and I have made the following four-part plan to avoid it. Step one: maintain a sensible diet, get plenty of rest and exercise, avoid actor-induced stress. Step two: use all my financial resources to purchase replacement body parts as soon as the originals begin to sputter. Step three: continue to swap out organs until the arrival of the Singularity, whereupon I will discard my Bondo body and upload my psyche into the cloud. Step four: be a mischievous cyber-ghost who zooms around the internet until technology allows me to download myself into a robot body with working genitals, tastebuds, guitar chops, x-ray vision and the ability to fly, live under water and in outer space. At which point, having made myself essentially immortal and indestructible, I will spend eternity exploring the universe and playing with my titanium penis.

http://www.chucklorre.com/index-bbt.php?p=411

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Sim, é um livro. Pesquisei rapidinho aqui mas nem notícia em português tem direito.

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É um livro, o Burgos tá usando o livro pra puxar uma discussão sobre o poder que as grandes empresas de tecnologia tem (e terão). "O Círculo" vai sair no Brasil em 2014, pela Companhia das Letras.

Tem essa resenha em português, n'O Globo. Não sei se tem muito spoiler. Acho que a melhor opção é o texto que postei mesmo.

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Pela resenha vai se tornar um clássico da literatura o tal livro... Praticamente colocando no mapa um conceito que pode determinar nossa sociedade no futuro.

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A própria matéria cita que o livro vai ser lançado no Brasil em agosto/2014...

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  • 3 meses depois...

Não aceitem o que colocam para vocês sem opinião crítica qualificada! É preciso saber a história da computação para sabermos qual a melhor opção para nós, usuários de informática.

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