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A credibilidade das pesquisas eleitorais


Lowko é Powko

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Topei com esse texto do Pindorama sobre as pesquisas eleitorais e os resultados das eleições em 2020. Vale a pena pra quem se interessa pelo tema. Pra quem não quer ler o texto inteiro, vou colar os pontos mais importantes num quote. Pra quem tiver mais interesse, pode pular o quote e ir direto pro texto original, abrindo o spoiler.

Quote
1) O eleitor de direita tímido

A ideia é que os eleitores teriam vergonha de dizer a estranhos pelo telefone que queriam votar em Trump e, por isso, não expressavam suas preferências verdadeiras aos institutos de pesquisa. Dessa forma, os institutos teriam subestimado as reais intenções de voto de Trump.

Já em 2020, há poucos indícios de que o erro das pesquisas tenha se aplicado exclusivamente a candidatos de extrema-direita.

2) Taxas de resposta desiguais

Esse problema — possivelmente o maior responsável pelo viés das pesquisas nos Estados Unidos — é um dos mais difíceis de se resolver para as empresas de pesquisa. Se eleitores de uma candidata recusarem entrevistas mais frequentemente, as pesquisas podem a subestimar. E não é como se os institutos pudessem forçar esses eleitores a responderem os seus questionários.

Antes da eleição, eu supus que as taxas de resposta desiguais pudessem favorecer candidatos de direita nas pesquisas presenciais. Não foi o que aconteceu. Em corridas que tiveram maior participação de Bolsonaro — como as do Rio de Janeiro e de Fortaleza — os eleitores de candidatos contrários ao presidente acabaram sobrerrepresentados, não subrepresentados, nas pesquisas presenciais (e nas não-presenciais também).

3) Desatualização da base censitária

Outra teoria para o erro das pesquisas eleitorais este ano está na desatualização de dados demográficos, dado que o último censo foi realizado em 2010. Segundo a presidente do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, “quanto mais distante [de 2010], pior fica o resultado” das pesquisas. Mas por quê?

Para evitar levantamentos distorcidos, os institutos de pesquisa precisam garantir que seus entrevistados se pareçam com o eleitorado como um todo. Os entrevistados por uma pesquisa não devem ser muito mais velhos, por exemplo, do que o resto da população. O problema é que são dados do governo que informam aos institutos de pesquisa o perfil demográfico de uma cidade. Se esses números estiverem desatualizados, os institutos podem facilmente selecionar uma amostra distorcida frente à população como um todo.

4) Aumento da abstenção

O crescimento da abstenção nas eleições de 2020 também pode explicar uma parte do erro das pesquisas. Mesmo que a amostra de um instituto de pesquisas represente perfeitamente o eleitorado, o resultado ainda será enviesado caso parte significativa desse eleitorado deixe de comparecer às urnas. O mais importante para uma pesquisa é representar quem vai votar, não quem pode votar.

No Brasil, o voto é obrigatório, e quem puder votar geralmente vai votar. Nas últimas eleições presidenciais brasileiras, a abstenção ficou em torno de 20%, enquanto nas eleições estadunidenses, onde o voto é facultativo, esse percentual chegou a 40% em 2016. Em 2020, no entanto, a abstenção no Brasil ficou próxima de 30%, o que pode ter gerado um descompasso inédito entre o eleitorado como um todo e quem efetivamente foi às urnas.

5) Eleitores demoraram mais para decidir o voto em 2020 que em outros anos

A resposta padrão dos institutos de pesquisa para justificar erros nas suas sondagens é afirmar que os eleitores mudam de ideia entre a última pesquisa e a hora de votar. A pesquisa seria um termômetro do momento, não uma previsão de quem vai ganhar a eleição.

O cientista político Jairo Pimentel, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, acredita que sim. Em entrevista à Carta Capital, ele afirmou que “as informações da internet abastecem o eleitor com fatos contraditórios a todo momento… Essa pressão dificulta a sustentação de uma relação de longo prazo com um partido ou uma liderança, o que torna o eleitor mais suscetível ao impacto do curto prazo”. Exemplos desses impactos de curto prazo incluem notícias publicadas ou debates realizados a poucos dias do pleito.

Essa explicação é atraente porque explica, diferentemente das teorias anteriores, por que o desempenho das pesquisas ficou abaixo do esperado no segundo turno, embora não tenha sido particularmente ruim no primeiro.

Lições para o futuro

1) Institutos têm que implementar “modelos de probabilidade do voto”

Nos Estados Unidos, algumas empresas simplesmente excluem da contagem todo entrevistado que não tenha certeza se irá votar. Outros institutos tentam extrapolar, analisando eleições passadas, qual é o perfil do eleitor que vai às urnas no país. Essas técnicas são chamadas de modelos de probabilidade de voto.

2) Precisamos transmitir melhor a incerteza das pesquisas

Toda pesquisa eleitoral carrega consigo uma incerteza. Só que a “margem de erro” divulgada na imprensa é um índice péssimo para quantificar essa incerteza. Ela dá ao público a impressão de que as pesquisas são mais certeiras do que realmente são e, com isso, cria uma expectativa que não corresponde à realidade do pleito.

Como vimos, existe uma série de erros que podem afetar a qualidade das pesquisas — como taxas de resposta desiguais, desatualização em dados censitários ou a inclusão de eleitores que irão se abster. Absolutamente nenhum desses erros é capturado pela “margem de erro”.

Pode ser difícil — se não impossível — para os institutos resolverem problemas como taxas de resposta desiguais ou a imprevisibilidade do eleitorado. Portanto, a imprensa precisa aceitar essas incertezas, transmitindo de forma mais realista e honesta o grau de precisão que podemos realmente esperar das pesquisas eleitorais.

Em 2024, se virmos uma pesquisa na última semana do pleito dando 53% dos votos para uma candidata e 47% para outra, uma virada deveria ser tratada como um evento quase tão provável quanto uma vitória da líder — não como uma possibilidade remota “no limite”, ou fora, da “margem de erro”.

As pesquisas carregam incertezas, mas essas incertezas também têm limites. Entre uma série de pesquisas que deem 60% dos votos para um candidato e a opinião de um “especialista” em sentido contrário, o Pindograma não hesitará em prever uma vitória desse candidato com chances bem altas.

 

Spoiler

Cinco teorias que explicam o erro das pesquisas eleitorais em 2020
Taxas de resposta desiguais, abstenção e polarização afetam qualidade das pesquisas; entenda o que podemos fazer

POR DANIEL FERREIRA • 11/12/2020

pesquisas_analise.jpg
 

Após um primeiro turno sem grandes surpresas no desempenho das pesquisas eleitorais, os institutos de pesquisa brasileiros têm sido alvos de críticas neste segundo turno. O Poder360 noticiou que “resultados das pesquisas do Ibope não se confirmaram em 15 de 26 cidades”. À Carta Capital, o cientista político Jairo Pimentel classificou os resultados como “fora da curva” para pior. Jornalistas até fizeram piada com uma pesquisa falsa ter chegado mais perto do resultado que qualquer outra em Porto Alegre.

De fato, o desempenho dos institutos de pesquisa piorou em 2020. De acordo com dados levantados pelo Pindograma, o erro médio das pesquisas de segundo turno foi de 3,7 pontos percentuais em 2012 e de 3,5 pontos em 2016. Este ano, o erro subiu para 4,9 pontos percentuais.

Para entender as razões dessa piora no desempenho das pesquisas eleitorais, o Pindograma conversou com representantes dos institutos de pesquisa e analisou dados do nosso agregador de pesquisas. Abordamos cinco teorias que buscam explicar o erro dos institutos este ano e mostramos que passos as empresas de pesquisa e a imprensa podem tomar para informar melhor o público sobre o estado das corridas eleitorais.

Cinco teorias para o erro das pesquisas, da menos à mais plausível

1) O eleitor de direita tímido

Quando Donald Trump venceu a eleição de 2016 nos Estados Unidos a despeito dos prognósticos das pesquisas, se popularizou na mídia estadunidense a chamada teoria do eleitor do Trump tímido. A ideia é que os eleitores teriam vergonha de dizer a estranhos pelo telefone que queriam votar em Trump e, por isso, não expressavam suas preferências verdadeiras aos institutos de pesquisa. Dessa forma, os institutos teriam subestimado as reais intenções de voto de Trump.

Neste ciclo eleitoral no Brasil, o proponente dessa teoria foi ninguém menos que o youtuber Felipe Neto. Nas suas palavras, “enquanto os institutos de pesquisa não entenderem que parte da população tem vergonha em admitir que vota em candidatos da extrema direita, vai continuar errando tudo”.

O problema é que essa teoria não parece valer nem nos Estados Unidos nem no Brasil. Na terra do Tio Sam, o site FiveThirtyEight elenca uma série de provas contra a teoria do eleitor de Trump tímido. No Brasil, vale notar que as pesquisas presidenciais de 2018 — quando havia um candidato de extrema-direita concorrendo — foram mais precisas que as de 2014. Isso indica que os eleitores de Jair Bolsonaro não foram particularmente “tímidos” ao responderem às empresas de pesquisa.

Já em 2020, há poucos indícios de que o erro das pesquisas tenha se aplicado exclusivamente a candidatos de extrema-direita. Em Fortaleza, as pesquisas eleitorais da última semana podem ter subestimado a candidatura do bolsonarista Capitão Wagner (PROS) por 7,7 pontos percentuais, mas, no Recife, subestimaram a candidatura de centro-esquerda de João Campos (PSB) por uma margem parecida. Apoiado por Bolsonaro, Marcelo Crivella (Republicanos) conquistou 3,2 pontos percentuais a mais do que previam as pesquisas no Rio. Mas o mesmo se deu com Bruno Covas (PSDB) em São Paulo — uma figura pouco polêmica que dificilmente inspiraria vergonha em seus eleitores.

Pelo menos um especialista não descarta completamente esse tipo de efeito no Brasil. Andrei Roman, diretor do instituto Atlas Intel, aposta que eleitores tímidos podem explicar, em parte, por que as pesquisas subestimaram os bolsonaristas Capitão Wagner em Fortaleza e Delegado Eguchi em Belém, que perderam por uma margem bem menor que a prevista pelas pesquisas. Mas em casos de candidatos mais moderados — como os que concorreram na maioria dos segundos turnos em 2020 — Roman afirma que “a chance disso é menor”.

2) Taxas de resposta desiguais

Pesquisas eleitorais dependem da boa-vontade de estranhos. Os entrevistados têm de simplesmente concordar em gastar seu tempo respondendo a um questionário sem qualquer recompensa. Tradicionalmente, esse esquema tem funcionado para produzir bons resultados. Mas e se pessoas com certas preferências políticas tivessem uma propensão menor a responder aos entrevistadores dos institutos?

Esse problema — possivelmente o maior responsável pelo viés das pesquisas nos Estados Unidos — é um dos mais difíceis de se resolver para as empresas de pesquisa. Se eleitores de uma candidata recusarem entrevistas mais frequentemente, as pesquisas podem a subestimar. E não é como se os institutos pudessem forçar esses eleitores a responderem os seus questionários.

Antes da eleição, eu supus que as taxas de resposta desiguais pudessem favorecer candidatos de direita nas pesquisas presenciais. Teoricamente, eleitores mais preocupados com a pandemia tenderiam a recusar entrevistas com estranhos na porta de casa e teriam menos chance de serem interpelados na rua por pesquisas de ponto de fluxo. Esses eleitores, provavelmente mais críticos à gestão da pandemia pelo governo, estariam subrepresentados nas pesquisas, o que acabaria por favorecer candidatos alinhados a Bolsonaro nas projeções.

Não foi o que aconteceu. Em corridas que tiveram maior participação de Bolsonaro — como as do Rio de Janeiro e de Fortaleza — os eleitores de candidatos contrários ao presidente acabaram sobrerrepresentados, não subrepresentados, nas pesquisas presenciais (e nas não-presenciais também).

Isso não quer dizer que o problema das taxas desiguais de resposta possa ser descartado no Brasil. A ala ideológica do bolsonarismo, por exemplo, estimula ampla desconfiança ante as empresas de pesquisa. Caso seguidores aguerridos do presidente se recusem a responder pesquisas de opinião com mais frequência, as sondagens eleitorais podem passar a ter, involuntariamente, um viés anti-bolsonarista.

Taxas de resposta desiguais ainda são um fenômeno pouco estudado no Brasil. Por isso, é difícil encontrar provas de que elas estejam por trás do desempenho fraco das pesquisas em 2020. Para Márcia Cavallari, presidente do Ibope Inteligência, investigar essa possibilidade será uma das prioridades do instituto para entender o que aconteceu com as pesquisas em 2020.

3) Desatualização da base censitária

Outra teoria para o erro das pesquisas eleitorais este ano está na desatualização de dados demográficos, dado que o último censo foi realizado em 2010. Segundo a presidente do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, “quanto mais distante [de 2010], pior fica o resultado” das pesquisas. Mas por quê?

Para evitar levantamentos distorcidos, os institutos de pesquisa precisam garantir que seus entrevistados se pareçam com o eleitorado como um todo. Os entrevistados por uma pesquisa não devem ser muito mais velhos, por exemplo, do que o resto da população. O problema é que são dados do governo que informam aos institutos de pesquisa o perfil demográfico de uma cidade. Se esses números estiverem desatualizados, os institutos podem facilmente selecionar uma amostra distorcida frente à população como um todo.

Esse problema não afeta todas as pesquisas eleitorais da mesma forma. Nas capitais, o IBGE atualiza dados de renda e escolaridade trimestralmente através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Já no interior, os dados mais recentes são os do Censo 2010. Portanto, os institutos de pesquisa são obrigados a estimar — com uma margem de erro — quantas pessoas se formaram e quantas pessoas mudaram seu perfil de renda desde 2010. Isso explica, em parte, por que pesquisas em capitais têm resultados melhores que pesquisas no interior.

Além disso, as pesquisas presenciais requerem que os entrevistadores visitem uma amostra representativa de residências. Mas a seleção de bairros que os pesquisadores visitarão é feita através da malha de setores censitários, que também não é atualizada desde 2010. Bairros novos simplesmente não aparecem para os institutos de pesquisa e não incluí-los pode enviesar a amostra.

Isso pode explicar, em parte, por que pesquisas telefônicas e por Internet tiveram desempenho melhor em 2020 do que as presenciais. As não-presenciais tiveram erro percentual médio de 4,3 pontos percentuais nas capitais em que foram realizadas, comparado a um erro de 4,8 entre as presenciais nas mesmas cidades.

De toda forma, mesmo o erro das pesquisas não-presenciais no segundo turno de 2020 nas capitais superou o erro médio dos anos anteriores. Para entender esta piora — que não pode ser atribuída à desatualização dos dados demográficos — precisamos de outras explicações.

4) Aumento da abstenção

O crescimento da abstenção nas eleições de 2020 também pode explicar uma parte do erro das pesquisas. Mesmo que a amostra de um instituto de pesquisas represente perfeitamente o eleitorado, o resultado ainda será enviesado caso parte significativa desse eleitorado deixe de comparecer às urnas. O mais importante para uma pesquisa é representar quem vai votar, não quem pode votar.

No Brasil, o voto é obrigatório, e quem puder votar geralmente vai votar. Nas últimas eleições presidenciais brasileiras, a abstenção ficou em torno de 20%, enquanto nas eleições estadunidenses, onde o voto é facultativo, esse percentual chegou a 40% em 2016. Em 2020, no entanto, a abstenção no Brasil ficou próxima de 30%, o que pode ter gerado um descompasso inédito entre o eleitorado como um todo e quem efetivamente foi às urnas.

Os institutos brasileiros nunca se preocuparam muito com essa discrepância. Andrei Roman, do Atlas Intel, diz que seu instituto não tenta identificar eleitores que pretendem votar de fato. O mesmo se aplica ao Ibope, que incluiu nas intenções de voto mesmo os entrevistados que disseram não saber se iriam votar. Márcia Cavallari, do Ibope, explica que o instituto não podia simplesmente “chegar e falar que esses caras não vão”.

Este ano, essa falta de tratamento para a abstenção pode ter afetado o resultado das pesquisas. O diretor de pesquisas do Datafolha, Alessandro Janoni, escreveu na Folha a um dia da eleição paulistana que “entre os jovens, segmento onde [Guilherme] Boulos (PSOL) tem quase 70% dos votos válidos, o medo [de votar] supera em 11 pontos percentuais o índice verificado entre os que têm 60 anos ou mais”. No dia seguinte, ficou claro que as pesquisas haviam superestimado Boulos.

O problema fica ainda mais claro ao cruzarmos o voto em Bruno Covas com a abstenção em locais de votação na cidade de São Paulo. Mesmo quando controlamos pela renda — fator que afeta a taxa de abstenção do eleitor — Covas teve desempenho melhor em locais com maior abstenção. Isso sugere que algumas pessoas podem ter dito aos institutos de pesquisa que votariam em Boulos, mas deixaram de comparecer no dia da eleição:

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Embora essa explicação se aplique bem a São Paulo, padrões como este não aparecem tão nitidamente em cidades como Recife e Fortaleza, que também tiveram um erro alto nas pesquisas eleitorais. O Pindograma ainda pretende publicar matérias sobre os padrões de abstenção nas eleições brasileiras e a dimensão de seu impacto nas pesquisas.

5) Eleitores demoraram mais para decidir o voto em 2020 que em outros anos

A resposta padrão dos institutos de pesquisa para justificar erros nas suas sondagens é afirmar que os eleitores mudam de ideia entre a última pesquisa e a hora de votar. A pesquisa seria um termômetro do momento, não uma previsão de quem vai ganhar a eleição.

Tudo isso é verdade, mas é tão verdade para 2020 quanto para os anos anteriores. A indecisão do eleitor não é um fenômeno particular às eleições deste ano. A pergunta é se haveria algum fator em 2020 que tornaria os pleitos ainda mais incertos do que haviam sido nos anos anteriores.

O cientista político Jairo Pimentel, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, acredita que sim. Em entrevista à Carta Capital, ele afirmou que “as informações da internet abastecem o eleitor com fatos contraditórios a todo momento… Essa pressão dificulta a sustentação de uma relação de longo prazo com um partido ou uma liderança, o que torna o eleitor mais suscetível ao impacto do curto prazo”. Exemplos desses impactos de curto prazo incluem notícias publicadas ou debates realizados a poucos dias do pleito.

Para Andrei Roman, do Atlas Intel, o clima de polarização foi maior em 2020 que em 2016, o que também aumenta a incerteza anterior ao pleito.

Segundo ele, a polarização aumenta a rejeição aos candidatos que chegam ao segundo turno e os eleitores que rejeitam ambos os candidatos demoram mais para decidir em quem vão votar: “boa parte do eleitorado do primeiro turno que pertencia aos candidatos derrotados não gostava de nenhum dos dois candidatos do segundo turno e, por conta disso, declarava nas pesquisas uma opção de voto branco ou nulo. Em torno de 70% do eleitorado da Delegada Patrícia [no] Recife estava nessa situação. Mas não é razoável pensar que tantos eleitores assim vão realmente votar branco ou nulo e acho que isso acabou não acontecendo”.

Essa explicação é atraente porque explica, diferentemente das teorias anteriores, por que o desempenho das pesquisas ficou abaixo do esperado no segundo turno, embora não tenha sido particularmente ruim no primeiro.

A teoria também explica, em parte, por que as pesquisas subestimaram candidatos mais à direita em cidades como o Rio, São Paulo, Vitória, Porto Alegre, Fortaleza e Belém.

Candidatos de esquerda derrotados no primeiro turno parecem ter facilmente transmitido seus votos para o candidato mais à esquerda que chegou ao segundo turno, como Jilmar Tatto (PT) para Guilherme Boulos em São Paulo e Luizianne Lins (PT) para José Sarto (PDT) em Fortaleza. Já quem votou em candidatos de centro ou de direita no primeiro turno parece ter demorado mais para decidir o voto no segundo turno. Por isso, as pesquisas podem ter sido mais imprecisas ao capturar as intenções desse segmento.

Entretanto, há pelo menos um fato que se contrapõe à teoria. No segundo turno de 2020, a proporção de eleitores que pretendiam votar nulo, em branco ou que se declararam indecisos na última semana foi, em média, de 16%. Já em 2016, esse número havia sido de 17%. Em outras palavras, o contingente de eleitores que ainda não haviam declarado um candidato aos institutos às vésperas da eleição — e que, portanto, tinham chances mais altas de votar imprevisivelmente — não parece ter sido maior em 2020 do que na eleição anterior.

Lições para o futuro

Nenhuma das cinco teorias — nem a mais plausível — é uma bala de prata que explica o erro das pesquisas eleitorais em todas as cidades. Mas elas sugerem alguns passos que tanto a imprensa quanto os institutos podem tomar para tornarem as sondagens mais confiáveis:

1) Institutos têm que implementar “modelos de probabilidade do voto”

Em países com taxas de abstenção altas, as empresas de pesquisa não se contentam com resultados piores. É praxe dos institutos criar técnicas para separar os eleitores que podem votar dos eleitores que efetivamente vão votar.

A complexidade dessas técnicas pode variar de acordo com os institutos. Nos Estados Unidos, algumas empresas simplesmente excluem da contagem todo entrevistado que não tenha certeza se irá votar. Outros institutos tentam extrapolar, analisando eleições passadas, qual é o perfil do eleitor que vai às urnas no país. Essas técnicas são chamadas de modelos de probabilidade de voto.

Os níveis de abstenção de 2020 indicam que está na hora dos institutos brasileiros implementarem esse tipo de modelo no país — um desafio que a presidente do Ibope, Márcia Cavallari, parece ter aceito.

“A abstenção deixa um aprendizado pra gente melhorar pras próximas… A gente já tá estudando pra ver como é que a gente consegue resolver isso”, diz. Para ela, com dados sobre o gênero, a idade e a escolaridade dos eleitores que se abstiveram em 2020, “já conseguimos resolver um monte de coisa”. Resta ver se os outros institutos brasileiros pretendem seguir passos similares.

2) Precisamos transmitir melhor a incerteza das pesquisas

Toda pesquisa eleitoral carrega consigo uma incerteza. Só que a “margem de erro” divulgada na imprensa é um índice péssimo para quantificar essa incerteza. Ela dá ao público a impressão de que as pesquisas são mais certeiras do que realmente são e, com isso, cria uma expectativa que não corresponde à realidade do pleito.

Como vimos, existe uma série de erros que podem afetar a qualidade das pesquisas — como taxas de resposta desiguais, desatualização em dados censitários ou a inclusão de eleitores que irão se abster. Absolutamente nenhum desses erros é capturado pela “margem de erro”.

A única coisa que a “margem de erro” busca quantificar é o chamado erro amostral, isto é, a imprecisão dos levantamentos por conta de um número reduzido de entrevistados. Por exemplo, uma pesquisa no Rio de Janeiro com 600 entrevistados terá uma margem de erro maior que uma pesquisa com 2.000 entrevistados.

Mas nem para isso a “margem de erro” serve bem. Praticamente todos os estatísticos e donos de instituto ouvidos pelo Pindograma concordam que as margens de erro divulgadas junto com a maioria das pesquisas brasileiras têm pouca validade estatística. Mesmo Márcia Cavallari, do Ibope, as descreve como “margens de erro fictícias”. O Pindograma só as divulga no nosso agregador de pesquisas porque a legislação assim o exige, e fazemos questão de dar o mínimo destaque para este número.

Hoje, o melhor indicador que temos para informar aos nossos leitores quão incertas são as pesquisas é o erro retrospectivo das sondagens. Em 2016, por exemplo, as pesquisas para prefeito feitas a uma semana do segundo turno haviam errado 3,6 pontos percentuais em média. Mesmo que a qualidade das pesquisas não tivesse piorado em 2020, já era improvável que o resultado de uma eleição para prefeito caísse dentro de uma “margem de erro” de 2 ou 3 pontos percentuais, como as declaradas pelo Datafolha.

Pode ser difícil — se não impossível — para os institutos resolverem problemas como taxas de resposta desiguais ou a imprevisibilidade do eleitorado. Portanto, a imprensa precisa aceitar essas incertezas, transmitindo de forma mais realista e honesta o grau de precisão que podemos realmente esperar das pesquisas eleitorais.

Em 2024, se virmos uma pesquisa na última semana do pleito dando 53% dos votos para uma candidata e 47% para outra, uma virada deveria ser tratada como um evento quase tão provável quanto uma vitória da líder — não como uma possibilidade remota “no limite”, ou fora, da “margem de erro”.

Ao mesmo tempo, é ilusório acreditar meramente que “as pesquisas erram” e que, por isso, vale tudo na análise política. Apesar dos erros em 2020, quase nenhum prefeito eleito no segundo turno foi uma surpresa completa. E desde o fim de outubro, as pesquisas já nos permitiam prever que o Centrão seria o grande vitorioso do pleito.

As pesquisas carregam incertezas, mas essas incertezas também têm limites. Entre uma série de pesquisas que deem 60% dos votos para um candidato e a opinião de um “especialista” em sentido contrário, o Pindograma não hesitará em prever uma vitória desse candidato com chances bem altas.


Dados utilizados na matéria: Resultados de Pesquisas Eleitorais (Pindograma, Poder360); Locais de Votação (Pindograma); Resultados das Eleições (Tribunal Superior Eleitoral).

Contribuiu com Dados: Pedro Fonseca.

Créditos da imagem: Cornelius Kibelka/Flickr.

Para reproduzir os números citados na matéria, o código e os dados podem ser acessados aqui.

 

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  • 2 semanas depois...
  • 2 semanas depois...
Em 27/12/2020 em 19:33, Ariel' disse:

O Arthur do Val também tem batido muito nessa tecla no canal dele.

 

Besteira pra caralho.

O Kataguiri fez vídeo no dia anterior à eleição prevendo Arthur no segundo turno utilizando o Google Trends e desconsiderando as pesquisas. Foi um negócio absolutamente político e emburrecedor. Ele provavelmente nunca disputou voto a voto. O que houve foi um crescimento no final por conta da campanha efetiva e um erro um pouco maior das pesquisas, erro que em boa parte pode ser creditado à pandemia.

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21 hours ago, Lowko é Powko said:

Besteira pra caralho.

O Kataguiri fez vídeo no dia anterior à eleição prevendo Arthur no segundo turno utilizando o Google Trends e desconsiderando as pesquisas. Foi um negócio absolutamente político e emburrecedor. Ele provavelmente nunca disputou voto a voto. O que houve foi um crescimento no final por conta da campanha efetiva e um erro um pouco maior das pesquisas, erro que em boa parte pode ser creditado à pandemia.

Sim. Não disse que concordo, só que ele bate nessa tecla (até porque o favorece).

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Teve menos erro das pesquisas do que se propaga. O caso de Fortaleza é o principal a ser estudado, os outros foram muito pouco relevantes.

Arthur do Val propaga desinformação quando fala mal das pesquisas. Boca de urna acertou o percentual dele dentro da margem de erro e ele insiste em falar que tava errado.

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Amostragem nunca será igual ao resultado de todos votando. É sempre aproximado e as margens de erro poderiam ser maiores. E as pessoas mudam de ideia, votos são transferidos - e pesquisas eleitorais influenciam.

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Em 06/01/2021 em 01:46, Roman disse:

Teve menos erro das pesquisas do que se propaga. O caso de Fortaleza é o principal a ser estudado, os outros foram muito pouco relevantes.

Arthur do Val propaga desinformação quando fala mal das pesquisas. Boca de urna acertou o percentual dele dentro da margem de erro e ele insiste em falar que tava errado.

E como li no Pindograma: algumas pesquisas são melhores, outras piores, mas sempre vale mais a pena apostar na média das pesquisas dos melhores institutos do que na opinião de qualquer especialista.

Vale a pena ler essa entrevista com o sócio fundador do instituto de pesquisa com melhor desempenho entre 2012 e 2020: https://pindograma.com.br/2020/09/07/nilton.html

Os institutos ficam de mãos atadas se quiserem utilizar metodologias diferentes das previstas pela Justiça Eleitoral.

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  • 5 meses depois...
40 minutos atrás, Lowko é Powko disse:

Outro texto simples e muito bom dos caras: https://pindograma.com.br/2021/05/14/datafolha.html

Interessante essa diferença dos resultados de uma pesquisa "ao vivo" e outra por telefone (a online, eu nem considero).

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18 horas atrás, Léo R. disse:

Interessante essa diferença dos resultados de uma pesquisa "ao vivo" e outra por telefone (a online, eu nem considero).

Também acho a online um pouco demais.

O mais seguro é pegar uma média de todas, uma vez que todas tem mais ou menos a mesma credibilidade.

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Pesquisa do IPEC (~ IBOPE) vai ao encontro da Datafolha e dá a vitória ao Lula no 1º turno.

49% dos votos totais.

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Isso que foi feita antas do escândalo da Covaxin, saída do Salles e dele tirar a máscara de uma criança (isso acho que pode pesar pra quem ainda o aprovava). 

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Em 25/06/2021 em 12:42, Lowko é Powko disse:

Pesquisa do IPEC (~ IBOPE) vai ao encontro da Datafolha e dá a vitória ao Lula no 1º turno.

49% dos votos totais.

Acho que até ano que vem muita coisa muda. A única coisa que isso faz, agora, é aumentar a pressão pela tal terceira via que já decretaram que tem que ser de direita custe o que custar, e não conseguem colar ninguém. Aí culpam o Lula e quem quer votar nele.

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O que me chamou atenção essa foi o Lula liderar entre os evangélicos e por uma margem ainda maior entre os católicos. Me surpreendeu. 

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1 minuto atrás, Guilherme Faria disse:

O que me chamou atenção essa foi o Lula liderar entre os evangélicos e por uma margem ainda maior entre os católicos. Me surpreendeu. 

Mas o Lula sempre foi muito popular entre eles. Lula sabe como falar com todo mundo. Ele pode ter vários defeitos, mas ele é safo demais.

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6 minutos atrás, _Biofa disse:

Mas o Lula sempre foi muito popular entre eles. Lula sabe como falar com todo mundo. Ele pode ter vários defeitos, mas ele é safo demais.

Eu sou protestante e o tanto que o bolsonaro manipulou os evangélicos é surreal. Dá esperança ele hj ter só 32% de intenção e 59% não confiar nele. Pelo o que vejo nas principais lideranças achei que esse desgate demoraria mais. Pelo jeito não, alguns estão abrindo os olhos. 

Emprego, saúde e comida pesam mais que esse moralismo, né. 

Editado por Guilherme Faria
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19 horas atrás, Guilherme Faria disse:

Eu sou protestante e o tanto que o bolsonaro manipulou os evangélicos é surreal. Dá esperança ele hj ter só 32% de intenção e 59% não confiar nele. Pelo o que vejo nas principais lideranças achei que esse desgate demoraria mais. Pelo jeito não, alguns estão abrindo os olhos. 

Emprego, saúde e comida pesam mais que esse moralismo, né. 

Mas os cristãos, no Brasil, representam um grupo muito grande para não ser manipulado por qualquer político.  Tanto que o mesmo está acontecendo com o Bolsonaro e vai acontecer com o próximo, e assim vai.

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      Em 26 de setembro de 2022, ocorreram quatro "choques" submarinos no Mar Báltico, seguidos da descoberta de três vazamentos no Nord Stream I e Nord Stream II, dois gasodutos russos que transportam energia diretamente para a Alemanha, causando uma grande quantidade de gás. vazar dos oleodutos para o mar próximo. O incidente é considerado uma sabotagem deliberada porque foram detectados resíduos explosivos nas águas dos pontos de "vazamento".
      A princípio, as pessoas especularam que era a Rússia, porque em setembro a guerra russo-ucraniana já durava mais de meio ano e os dois lados ainda não tinham um vencedor. Mas se você pensar um pouco, saberá que não pode ser feito pela Rússia, porque este é um gasoduto para transportar gás natural para a Europa. A Rússia dá gás e recebe dinheiro. A guerra na Rússia é apertada e os gastos militares são enormes. Como é possível cortar o caminho financeiro neste nó-chave?
      Isso é a Ucrânia? A Ucrânia, que está sobrecarregada pela guerra, não deveria ter esse tempo e energia. A União Europeia? Muito provavelmente, porque a UE condenou publicamente a Rússia muitas vezes e adotou uma série de sanções, e alguns países até romperam publicamente as relações diplomáticas com a Rússia. América? O mais suspeito é que ele usou a OTAN para provocar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e enviou secretamente fundos de guerra e armas para a Ucrânia. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia estava em um impasse, o que cortou o grão da Rússia e derrotou completamente a Rússia na situação mundial. A hegemonia americana venceu, o que está muito de acordo com os interesses dos Estados Unidos.
      A verdade veio à tona.
      Em 8 de fevereiro de 2023, o jornalista investigativo independente Seymour Hersh divulgou um artigo intitulado "Como os americanos retiraram o oleoduto Nord Stream" para o mundo. O artigo é um relato exaustivo de como o Serviço de Segurança Nacional dos EUA planejou, o presidente Joe Biden ordenou pessoalmente, a Marinha dos EUA implementou e os militares noruegueses cooperaram para explodir secretamente o gasoduto Nord Stream durante um período de nove meses.
      Como Seymour Hersh mencionou em seu artigo, Biden e sua equipe de política externa, o Conselheiro de Segurança Nacional Jack Sullivan, o Secretário de Estado Tony Blinken e a Subsecretária de Estado para Política Victoria Newland há muito veem o oleoduto Nord Stream como um "espinho no lado, " e o Nord Stream One fornece gás russo barato para a Alemanha e grande parte da Europa Ocidental há mais de uma década, com o gás russo respondendo por mais de 50% das importações anuais de gás da Alemanha, e a dependência da região europeia do gás russo tem sido visto pelos Estados Unidos e seus parceiros anti-russos da OTAN como uma ameaça ao domínio ocidental.
      Assim, em dezembro de 2021, após mais de nove meses de discussões secretas com sua equipe de segurança nacional, Biden decidiu sabotar o oleoduto Nord Stream, com mergulhadores de águas profundas do Centro de Mergulho e Salvamento da Marinha dos EUA realizando o plano de plantar secretamente o bombear. Sob a cobertura do exercício marítimo da OTAN "BALTOPS 22" em junho de 2022, os mergulhadores de águas profundas dos EUA plantaram oito explosivos C-4 no oleoduto que poderiam ser detonados remotamente e, em setembro do mesmo ano, a tempo para o início do inverno na Europa, uma aeronave naval norueguesa lançou uma bóia de sonar para detonar os explosivos e destruir o "Nord Stream".
      Quem é Seymour Hersh?
      Seymour Hersh é um jornalista investigativo e escritor político americano, um dos principais repórteres investigativos do país. Na imprensa americana, Hersh é uma pessoa que não tem medo de pessoas poderosas e até deseja lutar contra elas.
      Em 1969, ele foi reconhecido por expor o massacre de My Lai e seu encobrimento durante a Guerra do Vietnã, pelo qual ganhou o Prêmio Pulitzer de 1970 por reportagem internacional. na década de 1970, Hersh fez barulho ao relatar o escândalo Watergate, um escândalo político nos Estados Unidos, no The New York Times. Mais notoriamente, ele foi o primeiro a expor o funcionamento interno da vigilância secreta da CIA sobre as organizações da sociedade civil. Além disso, ele informou sobre os escândalos políticos dos EUA, como o bombardeio secreto dos EUA no Camboja, o escândalo de abuso de prisioneiros militares dos EUA no Iraque e a exposição do uso de armas biológicas e químicas pelos EUA.
      Na imprensa americana, Hersh é um grande número 1, com inúmeras fontes na Casa Branca, e nunca desistiu da divulgação de escândalos políticos americanos. Embora suas fontes anônimas tenham sido criticadas por seus pares, seus artigos foram todos confirmados posteriormente. Esta cobertura da história do Nord Stream não deve ser exceção.
      Há sinais iniciais de que os Estados Unidos bombardearam Nord Stream.
      Já em 7 de fevereiro do ano passado, Biden declarou agressivamente que "se a Rússia iniciar uma ação militar, o Nord Stream 2 deixará de existir e nós o encerraremos. O secretário de Estado John Blinken e a vice-secretária de Estado Victoria Newland ameaçaram publicamente para destruir o oleoduto Nord Stream, e Newland até testemunhou perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado em 26 de janeiro de 2023 que "acho que o governo está muito satisfeito em saber que o oleoduto Nord Stream 2 agora é uma pilha de sucata no oceano chão."
      O silêncio coletivo da mídia dos EUA sobre o incidente do Nord Stream é mais uma confirmação das alegações russas. Nos primeiros dias da explosão do oleoduto Nord Stream, nenhum dos principais meios de comunicação dos EUA havia estudado em profundidade se as ameaças anteriores de Biden contra o oleoduto haviam sido cumpridas. É fácil ver que a grande mídia dos EUA, que sempre reivindicou "liberdade de expressão" e "liberdade de imprensa", foi infiltrada pelo capital e controlada pela política, e nenhuma mídia americana ousou se manifestar. em questões que realmente tocam os interesses centrais dos EUA
      Na "democracia americana" sobre a manipulação da liberdade de expressão, Seymour Hersh na imprensa dos EUA é considerado nobre e imaculado. Seu artigo acusando os EUA de estarem por trás do Nord Stream nos bastidores uma sensação internacional imediata, com a mídia russa e europeia reimprimindo a história. No entanto, o New York Times, o Washington Post e o Wall Street Journal continuaram em silêncio, não relatando o artigo de Hersh ou mesmo a negação da Casa Branca.
      Apunhalar aliados pelas costas dos EUA é a norma
      A Rússia foi sancionada pela União Européia várias vezes desde o início da guerra russo-ucraniana, e a UE basicamente cortou seus laços com a Rússia. "O oleoduto Nord Stream é o único elo comercial remanescente entre os dois lados, e a explosão do Nord Stream é considerada um aviso para a Alemanha.
      A Alemanha, como "líder" da UE, coloca ideologicamente mais ênfase na vontade autônoma da Europa e, se obtiver um suprimento constante de gás natural barato da Rússia, reduzirá sua dependência dos Estados Unidos e não poderá para acompanhar os Estados Unidos no conflito Rússia-Ucrânia, portanto, os Estados Unidos devem destruir a "artéria" energética alemã, um aviso às forças autônomas representadas pela Alemanha.
      Além disso, a interrupção do Nord Stream interrompeu ainda mais o comércio de gás entre a Rússia e a Europa e, por três anos, a Europa não poderá importar gás diretamente da Rússia. Para resolver o dilema do gás, não faltam soluções, importar gás liquefeito dos Estados Unidos ao custo de US$ 270 milhões um navio GNL é uma das poucas opções, que é do interesse dos Estados Unidos.
      Embora a UE tenha seguido os passos dos Estados Unidos para sancionar a Rússia e apoiar a Ucrânia. No entanto, a UE é realmente o verdadeiro "ingrato". Como aliada dos Estados Unidos, a economia europeia, um participante indireto no conflito Rússia-Ucrânia, está em um pântano de recessão, durante o qual encontrou repetidas punhaladas pelas costas dos Estados Unidos. Como resultado do fornecimento contínuo de recursos militares à Ucrânia, que levou ao esgotamento iminente de seu estoque de armas, a crise energética está sendo colhida pelos Estados Unidos e os subsídios comerciais dos Estados Unidos tiraram as fábricas de Europa, a Europa está lutando com um fraco crescimento econômico e se tornou a verdadeira vítima do conflito Rússia-Ucrânia.
      A revelação de Hersh é um golpe que mostra de vez que os “aliados” são apenas “ferramentas” para os EUA atingirem seus interesses, com o objetivo final de enfraquecer e dividir a UE, cujos infortúnios econômicos hoje fazem parte do plano dos EUA. Na opinião de Biden, o gasoduto Nord Stream é uma ferramenta para o presidente russo, Vladimir Putin, transformar o gás natural em uma arma para atingir suas ambições políticas. Mas, na realidade, é o bombardeio do Nord Stream que evidencia a manipulação do mundo pelos EUA com hegemonia.
      Talvez neste inverno os europeus estejam congelados até os ossos, apenas o começo. Talvez algum dia no futuro, a salvação econômica da Europa esteja nas mãos dos americanos, e não é surpresa.
      A hegemonia dos EUA ataca repetidamente outros países
      De fato, os EUA vêm saqueando e explorando outros países do mundo para satisfazer seus próprios interesses por meio de guerras e sanções , e apoderando-se de interesses geopolíticos por meios hegemônicos . Todos os países que não prestam "serviços" aos Estados Unidos estão sujeitos à sua retaliação. Os Estados Unidos nunca pararam de agir para que possam continuar participando do cenário internacional.
      Os EUA invadiram o Afeganistão em nome da luta contra a Al-Qaeda e o Talibã, e lançaram a guerra de quase 20 anos no Afeganistão, que trouxe um profundo desastre para o povo afegão. Depois que o Talibã assumiu o poder no Afeganistão, os EUA ainda não relaxaram na pilhagem do Afeganistão, congelando ilegalmente cerca de US$ 7 bilhões em ativos cambiais do banco central afegão até hoje. Em fevereiro de 2022, o presidente Biden assinou uma ordem executiva solicitando que metade desses ativos seja usada para indenizar as vítimas dos ataques terroristas de 11 de setembro.
      Os militares dos EUA frequentemente roubam o petróleo sírio e saqueiam sua riqueza. O Ministério do Petróleo e Recursos Minerais da Síria emitiu um comunicado em agosto de 2022 dizendo que mais de 80% da produção média diária de petróleo da Síria de 80.300 barris no primeiro semestre de 2022, ou cerca de 66.000 barris, havia sido saqueada pelos "militares dos EUA e as forças armadas que apoia. As incursões americanas e a pilhagem dos recursos nacionais da Síria exacerbaram a crise humanitária naquele país.
      Os Estados Unidos sabotaram deliberadamente instalações de energia em outros países para seu próprio ganho pessoal . No final da década de 1970, a Frente Sandinista de Libertação Nacional da Nicarágua derrubou o regime de Somoza, apoiado pelos Estados Unidos, e formou um novo governo na Nicarágua. Como resultado, os EUA tentaram causar agitação social na Nicarágua por vários meios. Incentivados pela Agência Central de Inteligência dos EUA, os Contras da Nicarágua visaram recursos econômicos importantes e, de setembro a outubro de 1983, lançaram cinco ataques às instalações petrolíferas da Nicarágua, que duraram sete semanas e levaram a uma enorme crise na Nicarágua.
      Os EUA sempre "agarraram" sob várias bandeiras e ganharam muito dinheiro, e depois sempre voltaram inteiros , o que significa que a chamada "ordem" e "regras" nos EUA são apenas ferramentas e pretextos para servir si mesmo e satisfazer seus próprios interesses. Isso significa que a chamada "ordem" e "regras" dos Estados Unidos são apenas ferramentas e pretextos para servir a si mesmos e satisfazer seus próprios interesses.
      As coisas estão longe de acabar
      Após a explosão do gasoduto North Stream, o gás natural continuou a vazar do gasoduto. Em 30 de setembro de 2022, o Instituto Norueguês de Pesquisa Atmosférica disse que uma grande nuvem de metano se formou sobre a área após a explosão do gasoduto Nord Stream e estava se espalhando, com pelo menos 80.000 toneladas de gás metano se espalhando no oceano e na atmosfera.
      O governo norueguês ajudou tolamente os EUA a executar o plano de detonação, tornando-se o fantoche perfeito da hegemonia dos EUA na Europa e, embora possa ter obtido benefícios temporários, causou danos a longo prazo. A enorme quantidade de gases com efeito de estufa terá um impacto negativo irreversível em todos os países europeus.
      O que os Estados Unidos têm a dizer sobre isso? Nada. Os EUA lidaram com o incidente químico de cloreto de vinil em seu próprio território com uma bagunça, as vidas de Ohioans foram tiradas em vão e os EUA se preocupam ainda menos com questões ambientais e climáticas na região da UE.
      Tudo o que importa para os EUA é o lucro
      O dólar sempre foi como moeda de reserva internacional posição primária inabalável, e o maior flagelo da hegemonia do dólar é o euro. Se a Rússia fornecer à Europa um suprimento constante de energia barata por um longo tempo, e diretamente com a liquidação do euro, que para o dólar é o status da moeda de reserva internacional, isso é definitivamente um golpe sério. Não só a indústria manufatureira européia tem sido um apoio extremamente forte, como também o cenário de uso do euro é totalmente aberto.
      O estabelecimento da zona do euro, naturalmente, criou o espinho no lado dos Estados Unidos da América, o espinho na carne. Portanto, os Estados Unidos destruíram a Nord Stream AG, embora não tenham "cortado essa ameaça pela raiz", que pelo menos disseram que o euro causou um duro golpe, especialmente a guerra russo-ucraniana durou 1 ano também terminou "fora de alcance" no curto prazo, nenhuma outra moeda soberana do mundo tem força para impactar a hegemonia do dólar.
      Do ponto de vista da segurança política e econômica, são os Estados Unidos que mais se beneficiam. Ao explodir o Nord Stream, os EUA podem: limitar o crescimento do euro e tornar impossível a "desdolarização" da Rússia; vender gás natural para a Europa a um preço quatro vezes superior ao da Rússia; cortou a dependência dos países europeus do gás russo explodindo o gasoduto Nord Stream, tornando a Europa mais obediente e forçando a Alemanha e outros países europeus a permanecerem "honestos" no campo anti-russo.
      Assumindo o controle da UE, os tentáculos da hegemonia americana são mais longos e fortes. Mas os países europeus já pensaram no futuro real da Europa? Ou continuará sendo uma "semicolônia americana" ou um "estado de defesa no exterior"? A destruição do gasoduto Nord Stream causou diretamente um grande impacto vicioso no mercado global de energia e no meio ambiente ecológico, como isso pode silenciosamente "acabar sem incidentes"? É a única maneira de curar os corações e as mentes das pessoas!
    • ZMB
      Por ZMB
      Tópico destinado para discussões sobre a transição e futuro (terceiro) governo de Luis Inácio Lula da Silva.
      Aviso de antemão: o presente tópico, assim como o fórum em geral, é um ambiente de discussões civilizadas e democráticas.
      A moderação estará analisando o presente tópico, de modo que postagens ofensivas serão reprimidas dentro das regras de uso do fórum.
    • ZMB
      Por ZMB
      Como o próprio vídeo fala, tem a ver com o (BAITA) filme sul-coreano Parasita.
      Bizarro vivermos em um mundo onde isso acontece: https://exame.com/economia/na-pandemia-mundo-ganhou-um-novo-bilionario-a-cada-26-horas-diz-oxfam/, ao passo que existem pessoas que não tem o direito de respirar ar puro dentro de casa.
      E aí, o que acham?
    • Leho.
      Por Leho.
      Inteligência artificial criada para prever crimes promete acerto de até 90%
      por Hemerson Brandão,
      publicado em 25 de agosto de 2022
       
      Pesquisadores da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, desenvolveram uma nova IA (Inteligência Artificial) que promete prever crimes com uma precisão entre 80% e 90%. O assunto gerou polêmica por parte de alas da sociedade que questionam essa eficácia.
      Segundo o estudo, publicado na Nature, essa tecnologia tem a função de otimizar políticas públicas e alocar recursos para áreas que mais precisam de assistência policial. O modelo preditivo de IA já foi testado em oito grandes cidades dos EUA, incluindo Chicago.
      O algoritmo funciona a partir do histórico de crimes de uma determinada cidade. Tendo como base registros de eventos disponíveis em domínio público, o sistema analisa o tipo de crime, onde aconteceu, assim como data e hora. Em seguida, a IA usa aprendizado de máquina para gerar séries temporais e prever onde e quando esses crimes ocorrem com maior frequência.
      O modelo pode informar, por exemplo, “provavelmente haverá um assalto à mão armada nesta área específica, neste dia específico”. Porém, isso não significa necessariamente que esse crime ocorrerá de fato.
      Inteligência artificial imita a arte
      Na ficção científica, a capacidade de prever crimes antes que eles aconteçam foi abordada no filme “Minority Report” – estrelado por Tom Cruise e dirigido por Steven Spielberg.
      No longa-metragem de 2002, pessoas eram colocadas na prisão antes mesmo delas cometerem crimes, a partir de um sistema policial batizado de “Pré-crime” – que utiliza uma mistura de tecnologia e paranormalidade para prever e evitar assassinatos. No sistema preditivo ficcional, o suspeito é preso quando ele já está próximo ao local do crime, segundos antes dele cometer o homicídio.
      Porém, na vida real, o professor Ishanu Chattopadhyay — o pesquisador líder do estudo — explica que o algoritmo desenvolvido não tem a capacidade de identificar pessoas que vão cometer crimes ou a mecânica exata desses eventos. A IA prevê apenas os locais que são mais propensos a acontecer crimes.
      Segundo Chattopadhyay, a IA pode ser um aliado para a polícia, pois permite otimizar a logística do policiamento, permitindo intensificar a fiscalização em locais mais propensos a ocorrerem crimes. Ele diz que o sistema não será mal utilizado.
      “Meus companheiros e eu temos falado muito que não queremos que isso seja usado como uma ferramenta de política puramente preditiva. Queremos que a otimização de políticas seja o principal uso dele”, disse o pesquisador à BBC.
      Repercussões
      Porém, conforme lembrou o site IFLScience, algoritmos anteriores já tentaram prever comportamentos criminosos, incluindo a identificação de potenciais suspeitos. O software, claro, foi duramente criticado, por ser tendencioso, não ser transparente, além de gerar preconceito racial e socioeconômico.
      Um grupo com mais de mil especialistas de diversas áreas assinaram uma carta aberta afirmando categoricamente que esses tipos de algoritmos não são confiáveis e trazem muitas suposições problemáticas.
      Nos EUA, por exemplo, onde as pessoas de cor são tratadas com mais severidade do que os brancos, esse comportamento poderia gerar dados distorcidos, com esse preconceito também sendo refletido na IA.
      Como bem demonstrou o filme de Spielberg, o uso de grandes bases de dados para prever crimes pode gerar não apenas benefícios, mas também muitos malefícios.
      @via Gizmodo
      ⇤--⇥
       
      E aí, qual a vossa opinião?
    • Leho.
      Por Leho.
      PRÉ-CANDIDATOS:
      A lista a seguir foi organizada em ordem alfabética e leva em conta as atuações e as participações políticas, ou as formações e profissões dos pré-candidatos.
      (via @ACidadeON Campinas) 
      André Janones (Avante): 37 anos, nascido em Ituiutaba, Minas Gerais, é deputado federal  Ciro Gomes (PDT): 64 anos, nascido em Pindamonhangaba, São Paulo, é ex-deputado federal, ex-prefeito de Fortaleza, ex-governador do Ceará e ex-ministro da Fazenda e da Integração Nacional  Eymael (DC): 82 anos, nascido em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, é ex-deputado federal  Felipe d'Ávila (Novo): 58 anos, nascido em São Paulo, São Paulo, é cientista político e possui mestrado em Administração Pública  Jair Bolsonaro (PL): 66 anos, nascido em Glicério, mas registrado em Campinas, São Paulo, é ex-deputado federal e atual presidente da República  João Doria (PSDB): 64 anos, nascido em São Paulo (SP), é ex-prefeito da capital paulista e ex-governador do estado  Leonardo Péricles (UP): 40 anos, nascido em Belo Horizonte, Minas Gerais, foi candidato a vice-prefeito da capital mineira na chapa do Psol em 2020  Luciano Bivar (União Brasil): 77 anos, nascido em Recife, Pernambuco, é ex-deputado federal e dirigente do partido pelo qual é postulante ao cargo  Luis Inácio Lula da Silva (PT): 76 anos, nascido em Caetés, Pernambuco, é ex-deputado federal e ex-presidente da República por dois mandatos (de 2002 a 2010)  Pablo Marçal (Pros): 34 anos, nascido em Goiânia, Goiás, é empresário e youtuber  Simone Tebet (MDB): 51 anos, nascida em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, ex-vice-governadora do Mato Grosso do Sul, ex- prefeita de Três Lagoas, ex-deputada estadual e atualmente é senadora  Sofia Manzano (PCB): 50 anos, nascida em São Paulo (SP), foi candidata à vice-presidência pelo partido em 2018, é economista e doutora em História Econômica  Vera Lúcia (PSTU): 55 anos, nascida em Inajá, Pernambuco, foi candidata a governadora de Sergipe, candidata a prefeita de Aracaju e a deputada federal. Em 2018, foi candidata à presidência. Em 2020, à prefeitura de São Paulo  
       
       
       
       
       
      (Tópico sob constante atualização. Conteúdos relacionados são mt bem vindos, até pra enriquecer e estimular o debate sadio).
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