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Amadeus (1984, EUA)

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Sinopse:

Após tentar se suicidar, Salieri (F. Murray Abraham) confessa a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart (Tom Hulce) e relata como conheceu, conviveu e passou a odiar Mozart, que era um jovem irreverente mas compunha como se sua música tivesse sido abençoada por Deus.

Ficha Técnica:

Gênero: Drama

Diretor: Milos Forman

Roteiro: Peter Shaffer

Produção: Saul Zaentz

Diretor de Arte: Patrizia von Brandenstein

Fotografia: Miroslav Ondricek

Figurino: Theodor Pistek

Edição: Michael Chandler, Nena Danevic

Estúdio: The Saul Zaentz Company

Distribuição: Warner Bros, Orion Pictures Corporation

Elenco: Tom Hulce, F. Murray Abraham, Elizabeth Berridge, Simon Callow, Roy Dotrice, Jeffrey Jones, Christine Ebersole, Charles Kay, Barbara Bryne, Milan Demjanenko, Martin Cavani, Vincent Schiavelli, Roderick Cook, Peter DiGesu

Duração: 160 min ou 180 min

Crítica:

"O homem, o músico, o gênio".

Por trás de todo gênio há uma grande história. Com Wolfgang Amadeus Mozart não foi diferente. Amadeus vem de "Amado de Deus", assim como Salieri costumava chamar Mozart. Mesmo não sendo uma história verídica, Milos Forman retorna apenas nove anos depois de Um Estranho no Ninho para faturar mais oito Oscar, quase repetindo a proeza de levar os cinco principais na mesma noite (fato que só se repetiu três vezes na história), ficando apenas sem o de atriz, sendo que Elizabeth não fora nem indicada. Com seu modo perfeito de contar histórias pesadas e melancólicas, Milos cria uma obra-prima única, com uma sutileza incrível, mas sem nunca perder a força do que ele quer passar ou parecer ingênuo e infantil, sem nunca se tornar explícito ou gratuito.

Logo no início, Salieri (F. Murray Abraham), um ex-importante músico da corte, tenta suicídio e vai parar em um hospício. Ao ser consultado por um padre, confessa a sua culpa perante a morte de Mozart. Nesse exato momento, Salieri começa a história para justificar o porquê de sua ação, depois de uma vida de admiração e inveja. Mozart, desde pequeno, sempre pareceu abençoado pelo Senhor, pois compunha com extrema facilidade e com uma complexidade que mentes mais normais não conseguiam acompanhar. Para se ter uma idéia, compôs uma ópera inteira apenas aos 12 anos de idade. Suas demais obras poderiam não fazer tanto sucesso na época, pois estavam justamente um passo à frente de seu tempo, mas acabaram imortalizadas ao longo dos anos, bem como o início do filme expressa de maneira magnífica.

Como você pode ter percebido, apesar do título do nome estar diretamente ligado a Mozart, ele não é o único personagem principal da trama, tendo inclusive menos importância do que Salieri no contexto geral da história. Sabemos as motivações e as frustrações de cada um pelo ótimo desenvolvimento e clareza do roteiro, e todas as atitudes de Salieri estão diretamente relacionadas a Mozart e sua música. Pensando desse modo, Mozart torna-se apenas um meio para que estudemos a fundo a personalidade de Salieri no filme, mas sem nunca deixarmos de perceber a importância de Mozart para o mundo da música. Ele foi muito bem interpretado por Tom Hulce, que fez a versão mais recente de Frankenstein, criando o ar meio insano que ficava a sua volta e dando algumas peculiaridades que tornaram sua interpretação inesquecível, como a inconveniente risadinha que ele a toda hora fazia questão de dar.

Mas quem rouba a cena mesmo é F. Murray Abraham, que sem querer embarcou no papel mais cogitado em toda a Inglaterra na época. Ele foi fazer uma leitura do texto com um rapaz que queria o papel de Mozart e Milos ficou surpreso com sua atuação, imediatamente convocando-o para interpretar Salieri. Tendo feito Scarface, de Brian De Palma, e depois Amadeus, ainda saindo com o Oscar, foi o que Murray precisava para fazer sua carreira decolar. Ele deu o tom ambíguo perfeito para Salieri, e suas falas se tornaram imortais pela admiração e ódio que são percebidas ao mesmo tempo, sem nunca parecem falsas. Quando interpretou Salieri velho, no hospício (as primeiras cenas gravadas do filme), mesmo após quatro horas de pesada maquiagem diária, o ator mostrou sua genialidade ao nos transmitir não raiva daquele sujeito, e sim pena. Esse é o principal ponto da relação entre Salieri e nós, que estamos assistindo ao filme. Jeffrey Jones (o inesquecível diretor em Curtindo a Vida Adoidado) e Elizabeth Berridge (Mar de Fogo) completam o elenco, mas tiveram suas atuações encobertas pelos dois protagonistas da história.

Um filme de época, sobre música clássica e ainda com três horas de duração (na versão do diretor, já que a normal possui 20 minutos a menos) poderia ser um pé no saco de qualquer um. Milos Forman então criou a melhor solução possível para esse problema: transformou a música de um simples meio de construção em um personagem do filme. É incrível o quanto ela influi não só na história, mas até mesmo no pensamento dos personagens. Um exemplo disso é a cena em que a mulher de Mozart leva suas partituras para Salieri olhar e, enquanto ele as lê por pensamento, ouvimos a música sendo tocada, em sua imaginação. Quando ele tira os olhos da partitura, a música simplesmente pára.

Agora o melhor exemplo de como a música influencia diretamente no filme é a cena final - calma, não irei revelá-la -, onde todos os diálogos são "dó sustenido", "fá com baixo em ré", e por aí vai. Isso poderia ser o massacre final da chatice, mas funciona justamente ao contrário. É incrível como essas falas, que dizem tão pouco, ao mesmo tempo dizem tanto sobre os personagens. Impressiona o modo como Mozart constrói suas músicas e a percepção da grandeza de Mozart por Salieri, por quase não conseguir acompanhar o raciocínio do gênio, sempre com as notas sendo tocadas ao mesmo tempo em que os personagens pensam, sempre na mente dos personagens.

Mesmo que todos esses fatores anteriores funcionassem, o filme seria uma tragédia se não tivesse uma convincente ambientação. Para resolver esse problema, Milos mudou sua produção para Praga, onde a arquitetura da cidade é uma perfeita pedida para esse tipo de filme, devido à sua bem conservada cidade, sem modernização ou qualquer sinal de publicidade nas paredes. A única coisa que eles precisaram fazer para as cenas externas foi trocar as lâmpadas por lampiões e pronto, já tinham o cenário perfeito. Milos e sua equipe se deram ao luxo, inclusive, de utilizar o mesmo teatro em que Mozart tocou a primeira vez para representar a mesma cena no filme.

A impressionante iluminação também contribuiu, pois boa parte é luz natural trabalhada com velas e outros tipos de iluminação de época, e isso ajudou muito a construir a realidade que o filme tentou alcançar. A montagem vem e volta no tempo e isso nunca cansa ou quebra o ritmo, pelo contrário, junto com a sincronização dos atores (Tom Hulce não sabia tocar piano antes, mas não errou uma tecla sequer mesmo com o som sendo dublado, devido ao ótimo treinamento), tudo fica verossímil e dá uma riqueza incrível a toda construção de Amadeus.

Como você deve ter percebido, Amadeus é uma perfeita sincronização de todos os setores do filme funcionando bem. Pegue o ótimo roteiro, as magníficas interpretações, some à ótima direção de arte e saboreie as deliciosas músicas que complementam todo o resto. Tudo isso faz deste filme uma experiência única e inesquecível no mundo do bom cinema americano.

Cineplayers

Trailer:

IMDb

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Amadeus é um filme conhecido, tenho certeza que pelo menos algumas pessoas daqui do fórum e do clube já assistiram, mas mesmo assim eu o indiquei, pois as minhas outras opções eram mais conhecidas ainda (tipo Apocalypse Now), pela trilha sonora magnífica, por ser um dos meus filmes favoritos (mesmo com as suas 3 horas de duração), e também por alguns elementos que podem ser observados como, as atuações de F. Murray Abraham e Tom Hulce, os cenários todos perfeitos, etc. Mas vale lembrar sempre que o filme é uma adaptação de uma peça, então muitas das atitudes e acontecimentos que o filme mostra podem não ser reais.

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    • grollinho
      Por grollinho
      Finalmente está saindo a sequência do grande filme do James Cameron (o original também demorou mil anos).
      O lançamento é dia 15/12.
       
    • Henrique M.
      Por Henrique M.
      Como sabem, iremos oferecer um FM 2021 para o líder do nosso ranking de atividades, com a primeira atividade já encerrada há algum tempo, chegou a hora de começarmos a criar o ranking.
      Ranking atual
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    • Douglas.
      Por Douglas.
      Putz, vi muito poucos dos concorrentes. Ozark, Killing Eve, Lovecraft Country, Mrs America, Perry Mason, Schitt's Creek, Ted Lasso e The Flight Attendant (WTF??? Não chega a ser uma série ruim mas é de longe a indicada mais fraca que já vi, não é possível que estavam raspando o fundo da panela assim).
      Pior que indicada fraca foi terem esnobado o elenco de Lovecraft Country, justamente a parte mais forte da série. The Boys também poderia entrar fácil como indicada em comédia no lugar de The Flight Attendant.
       
      Lista do Omelete de surpresas e esnobados: https://www.omelete.com.br/globo-de-ouro/globo-de-ouro-2021-indicados-esnobados-surpresas
       
      Lista dos indicados na IMDB: https://www.imdb.com/event/ev0000292/2021/1/?ref_=ev_eh
    • Leho.
      Por Leho.
      ---
      Trouxe a opinião do PH Santos que é um vlogger que eu sigo e acho maneiro, mas sintam-se à vontade pra trazerem outros vídeos de análises e comentários sobre o tema.
      Aliás, falando em comentário... o que vocês acham disso tudo? Qual o caminho que tomará o cinema? E o streaming, caminha pra ser a grande revolução midiática dentro do entretenimento que tá parecendo ou não?
    • ZMB
      Por ZMB
      Ator lutava contra câncer de cólon desde 2016 e morreu em sua casa, nos Estados Unidos.
      O ator Chadwick Boseman morreu aos 43 anos. Conhecido por interpretar o Pantera Negra no filme da Marvel, além de personagens importantes da história americana, ele enfrentou um câncer de cólon diagnosticado em 2016.
      "É com imensurável pesar que confirmamos a morte de Chadwick Boseman. Chadwick foi diagnosticado com câncer de cólon de estágio 3 em 2016, e lutou contra ele nestes últimos quatro anos conforme progrediu para estágio 4", afirmou a família do ator em seu perfil no Twitter.
      "Um verdadeiro lutador, Chadwick perserverou por tudo, e trouxe a vocês muitos dos filmes que tanto amam. De 'Marshall: Igualdade e Justiça' a 'Destacamento Blood', 'Ma Rainey's Black Bottom' de August Wilson e muitos mais, todos foram gravados durante e entre incontáveis cirurgias e quimioterapia. Foi a honra de sua carreira trazer à vida o rei T'Challa em 'Pantera Negra'."
      De acordo com a nota, ele morreu em sua casa, acompanhado da mulher e da família. Ele nunca tinha falado sobre a doença publicamente.
      Nascido na Carolina do Sul, o americano Chadwick Aaron Boseman começou a carreira na televisão, com um pequeno papel na série "Parceiros da Vida".
      Depois de participações em séries como "Lei & Ordem" e "Plantão médico", ele ganhou seu primeiro papel regular em "Lincoln Heights", em 2009.
      Seu primeiro personagem de destaque no cinema veio como o protagonista de "42: A História de uma Lenda" (2013).
      No filme baseado em fatos, interpretou o jogador de beisebol Jackie Robinson, que em 1947 se tornou o primeiro negro a entrar para um time da principal competição dos Estados Unidos, a Major League Baseball.
      O papel marcaria uma carreira repleta de personagens importantes da cultura negra americana, como o cantor James Brown, em "Get on Up: A História de James Brown" (2014), e o juiz Thurgood Marshall, primeiro membro negro da Suprema Corte americana, em "Marshall: Igualdade e Justiça" (2016).
      Ainda em 2016, ele estreou no papel pelo qual seria mais lembrado. Em "Capitão América: Guerra Civil", Boseman apareceu pela primeira vez como T'Challa. Criado pela Marvel em 1966, o Pantera Negra foi o primeiro super-herói negro dos quadrinhos americanos.
      Dois anos depois, estrelou seu próprio filme, "Pantera Negra". Sucesso com crítica e com o público, a história do herói de um reino africano fictício e avançado bateu a marca do US$ 1 bilhão nas bilheterias mundiais, ganhou três Oscar e foi indicado a outros quatro — entre eles, o de melhor filme.
      Como o herói, ele ainda participou de "Vingadores: Guerra Infinita" (2018) e de "Vingadores: Ultimato (2019), e tinha presença confirmada em um novo "Pantera Negra", previsto para 2022.
      Seu trabalho mais recente já lançado foi "Destacamento Blood", dirigido por Spike Lee, que estrou em junho. Ele ainda esteve em "Ma Rainey's Black Bottom", com Viola Davis, que tinha estreia prevista em 2020.
      Fonte: G1.com
       
       
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