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Torcida em pé de volta na Inglaterra? Nova casa do Tottenham pode ter


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Novo estádio do Tottenham terá setor para torcida de pé; entenda por que esse modelo é visionário
Legislação atual só permite torcedores sentados nas duas primeiras divisões do campeonato inglês. Restrição foi medida de segurança após tragédia de Hillsborough, há quase três décadas


Por Helena Rebello e Marina Izidro — Londres, Inglaterra
02/01/2019 09h25  Atualizado há 33 minutos

Após trinta anos de proibição, ingleses avaliam retorno de torcedores em pé nos estádios
Após trinta anos de proibição, ingleses avaliam retorno de torcedores em pé nos estádios



O atraso se arrasta por meses, mas quando finalmente for inaugurado, o novo estádio do Tottenham terá um diferencial em relação a todos os outros do Campeonato Inglês: a possibilidade de torcer de pé. Tal comportamento é proibido nas duas primeiras divisões da Inglaterra há quase 30 anos, mas os Spurs vislumbram que a crescente mobilização de torcedores deve mudar essa realidade em breve.

O modelo que permitirá que o clube se prepare para esse futuro sem desrespeitar as regras do presente se chama, em inglês, safe standing, algo como “de pé de forma segura”, em português.

Novo estádio do Tottenham está com as obras atrasadas — Foto: Site Oficial / Tottenham
Novo estádio do Tottenham está com as obras atrasadas — Foto: Site Oficial / Tottenham

É importante ressaltar que não se trata de uma "geral" como os torcedores brasileiros estão familiarizados. É uma estrutura mais segura, com lugares marcados e possibilidade de conversão para utilização de assentos, requisito para jogos internacionais com chancela da Uefa ou da Fifa.

No caso do Tottenham, a arquibancada sul do novo estádio foi a designada para o safe standing. Lá estarão 17.500 dos 62 mil lugares, sem qualquer alteração da capacidade total.

A título de comparação, o Westfalenstadion, do Borussia Dortmund, recebe 15 mil torcedores a mais em jogos do Campeonato Alemão, nos quais utiliza uma "geral" à moda antiga. Salta de 66.099 para 81.359 lugares.

Evitar a superlotação, no entanto, é um dos pilares do novo sistema e um marco para tentar afastar as lembranças da tragédia de Hillsborough, responsável por uma revolução no futebol inglês no fim da década de 80.
 

A tragédia que mudou a forma de torcer na Inglaterra

Estádio em Sheffield sofreu com a superlotação: foram 96 vítimas fatais — Foto: Getty Images
Estádio em Sheffield sofreu com a superlotação: foram 96 vítimas fatais — Foto: Getty Images

As gerais, chamadas de "terraces" na Inglaterra, foram banidas das duas primeiras divisões do país em resposta à tragédia de Hillsborough, em 1989. Em 15 de abril daquele ano seria disputada a semifinal da Copa da Inglaterra entre Liverpool e Nottingham Forrest, no Hillsborough Stadium, em Sheffield. Mas o jogo foi interrompido ainda nos primeiros minutos.

Apenas uma das sete catracas de acesso ao setor conhecido como Leppings Lane Terrace estava funcionando propriamente, o que atrasou a entrada dos fãs e gerou uma aglomeração do lado de fora.

IMAGEM FORTE ABAIXO

Para minimizar a confusão que se formava no entorno, a polícia autorizou a abertura de um portão de saída. Mas os torcedores que por ali entraram acabaram superlotando a já cheia "geral" e pressionando quem estava junto às grades. Noventa e seis torcedores do Liverpool morreram e mais de 700 ficaram feridos.

À época, os próprios torcedores foram apontados pelas autoridades como culpados pela tragédia - foram citados o alto consumo de álcool e o comportamento violento. Só em 2012 as autoridades reconheceram que a culpa foi dos responsáveis pelo policiamento. O caso levou o então primeiro-ministro britânico, David Cameron, a pedir desculpas formalmente às famílias das vítimas.

Torcedores foram prensados junto à grade: sufocamento foi a maior causa de mortes — Foto: Getty Images
Torcedores foram prensados junto à grade: sufocamento foi a maior causa de mortes — Foto: Getty Images

O chamado Relatório Taylor, que indicou diretrizes para que episódios assim nunca mais se repetissem, indicou que as gerais deveriam ser extintas, e que os estádios das duas primeiras divisões deveriam ter apenas arquibancadas com cadeiras para se tornarem ambientes mais familiares.

Margaret Aspinall é presidente do Grupo de Apoio às Famílias de Hillsborough. Perdeu o filho James, de 18 anos, na tragédia. Para ela, afrouxar a legislação e permitir que os torcedores voltem a torcer de pé é um retrocesso.

- Seria um enorme passo atrás. Não houve feridos graves nem ninguém morreu desde que os estádios passaram a ser com assentos para todos. Esse foi o legado que os 96 mortos deixaram. Eles não tiveram escolha, infelizmente. Eles estavam de pé e perderam suas vidas. E gostaria de pensar que isso não foi em vão.
 

O exemplo de sucesso vem da 3ª divisão

No Reino Unido, o primeiro time a usar o safe standing foi o Celtic, da Escócia. O clube adotou o chamado rail seating, algo como “assento com corrimão”, em português. Este também foi o modelo usado pelo Shrewsbury Town, da 3ª divisão da Inglaterra. Pioneiro no país, o clube substituiu em maio 555 dos 9875 assentos do estádio New Meadow a pedido – e com dinheiro – dos torcedores.

Os fãs arrecadaram 65 mil libras, cerca de R$ 320 mil, para trocar as cadeiras tradicionais pelos modelos dobráveis. A campanha atual do time não é das melhores, é apenas 17º na League One. Mas a nova arquibancada é motivo de orgulho do clube, e é de lá que os torcedores mais barulhentos dão sua contribuição ao elenco.

Estádio do Shrewsbury tem 555 assentos dobráveis que permitem que os torcedores fiquem de pé — Foto: Marina Izidro
Estádio do Shrewsbury tem 555 assentos dobráveis que permitem que os torcedores fiquem de pé — Foto: Marina Izidro

- A atmosfera do jogo melhorou muito. É muito mais fácil cantar em pé do que sentado, então virou um setor muito animado e isso é ótimo para o time – disse o presidente do Shrewsbury, Brian Caldwell.

O modelo específico utilizado pelo Shrewsbury não é aprovado pela Premier League (é diferente do que está sendo instalado pelo Tottenham), mas serve de inspiração para todas as equipes antenadas com esta tendência.

- Sentimos que os olhos do mundo do futebol estão sobre nós. Clubes da segunda divisão estão começando a olhar para isso e em divisões menores também, estamos abrindo um novo caminho – disse o presidente da associação de torcedores, Roger Groves.

No início deste ano, uma petição online pedindo ao governo a liberação do safe standing reuniu mais de 100 mil assinaturas. Uma pesquisa da English Football League (EFL), responsável pelos campeonatos da segunda, terceira e quarta divisões, revelou que 94% dos 33 mil entrevistados são a favor da mudança.

No detalhe: assentos do safe standing são travados. No Shrewsbury, homenageiam quem contribuiu na vaquinha — Foto: Marina Izidro
No detalhe: assentos do safe standing são travados. No Shrewsbury, homenageiam quem contribuiu na vaquinha — Foto: Marina Izidro

O parlamento britânico debateu o assunto em junho, e agora aguarda o resultado de estudos sobre o impacto da implementação do sistema. Só então será possível avaliar uma eventual revisão da legislação. Apesar de também aguardar uma análise mais profunda do tema, a Football Association (FA), que rege o futebol no país, se mostrou favorável.

- A FA apoia o anúncio da Ministra do Esporte Tracey Couch, em junho, pela condução de “análise externa de evidência em relação à política de estádios exclusivos com assentos” e apoia que clubes e ligas tenham a opção de escolher de querem oferecer opções em pé para os torcedores caso haja clara evidência que satisfaça as autoridades sobre segurança e proteção – diz a nota oficial.

Assim como o Tottenham, o Manchester City também quer estar pronto para a eventual mudança. Aproveitou uma pesquisa junto aos torcedores sobre uma possível reformulação da tribuna norte, para aumentar a capacidade do estádio, para saber a opinião sobre a introdução do safe standing. Nas simulações apresentadas, há até preços de ingressos: 280 libras pelo ticket de temporada mais barato.
 

@GLOBOESPORTE.com

Pros ingleses essa é uma questão especialmente delicada, se comparada a outros países. Hillsborough marcou demais o país, por isso tanto cuidado ao voltar à pauta das gerais nos estádios.

Porém, nesse esquema de safe standing aí, acho que pode rolar. Não mexeria na capacidade integral do estádio porém promoveria uma opção que uma grande parcela das torcidas gostam de ter: a de fazer a festa em pé. E aí fica bom pra todo mundo: quem quer ir pra assistir sentado terá seu assento, e quem quer ir pra cantar e ficar em pé também.

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  • Vice-Presidente

O final dessa década está trazendo tanta coisa boa das décadas de 60, 70 e 80 de volta, quem sabe os hooligans não entram nessa cota aí? hahaha

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  • 2 semanas atrás...

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