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Mais (ou menos) médicos: estamos caçando as bruxas erradas?


Ariel'

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Mais (ou menos) médicos: estamos caçando as bruxas erradas?

 

Esse está sendo um ano bem intenso. Teve Copa. Com protestos abafados perto dos estádios caros. Agora, as eleições mais loucas da histórias estão tomando seu rumo, enquanto leitos e muitos outros recursos insistem em ir embora, cubanos, beltranos e ciclanos chegaram e devem continuar a vir.

 

O debate arrefeceu, como de praxe. O mais próximo que temos chegado de  uma “discussão” resume-se à divulgação acrítica de condutas erradas dos profissionais estrangeiros, ou de notícias sobre suas “fugas”, acompanhadas de frases de efeito algo levianas e infantis. Manifestações assim parecem apenas reforçar estereótipos e congelam ainda mais o diálogo verdadeiro. Por mais que tenhamos visto atrocidades serem cometidas pelos colegas expatriados, reforçar essa cisão não parece produzir mais do que embate cego e estéril. E é exatamente o que vemos, invariavelmente, nas caixas de comentários dessas notícias.

 

De um lado, médicos brasileiros se assustam, revoltam-se e choram abraçados os erros daqueles. Do outro, opiniões veementes fundamentadas em preconceitos sustentam a empáfia dos que apontam o dedo mais uma vez para a classe surrada dos possuidores de CRM.

 

Não há dúvidas de que a pauta precisa ser retomada. As intenções duvidosas daqueles que nos “representam” parecem ter seu caminho abonado. A eleição está aí.

 

Saúde = Medicina?

 

É até difícil escolher um ponto de partida, tamanha a quantidade de ingerências e erros de conceito das últimas ações do governo nesta área, mas provavelmente o maior dos equívocos se resume à redução da atenção à saúde ao atendimento médico.

 

Considerando a imagem que o governo tem pintado (e muita gente comprou) dos médicos – arrogantes, elitistas, preconceituosos e corporativistas – talvez espante alguns leitores minha defesa de que a saúde vai muito além das ações pontuais que terminam com meu carimbo e assinatura.

 

Sei disso em primeiro pessoa, entretanto, tendo visto de perto. Conheço boa parte dos cenários e realidades do Brasil, não só no que diz respeito à saúde. Cada pequena experiência me ensinou um motivo diferente para que a presença do médico por si só não chegue a fazer grande diferença na vida de ninguém, além de me garantir tranquilidade em afirmar categoricamente que a tão alegada omissão dos usuários de avental branco não figura entre os principais motivos para a situação de guerra em que nos encontramos na atenção à saúde.

 

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Nasci e me criei na Serra Gaúcha, com toda sua rica cultura e seu IDH igual ao da Bélgica. Em meio à polêmica, presenciei amigos de Carlos Barbosa – o município com maior Índice de Desenvolvimento Socioeconômico do estado – relatando os problemas que o município enfrenta para contratar médicos. Se o problema não é só com os rincões pobres e longínquos do país, deve haver algo mais a desmotivar os médicos além do “custo-benefício” monetário e do conforto pessoal, como alegam seus detratores.

 

Estudei medicina na Universidade de São Paulo, o que me colocou em contato com uma infinidade de mundos. Alguns professores da Casa de Arnaldo lecionam também em Harvard e outros centros de referência. Ouvi de um deles, na recepção aos calouros, que boa parte dos nossos alunos do quarto ano desempenharia melhor que os recém-egressos das melhores escolas médicas americanas, por conta, entre outros fatores, de sua desenvoltura relacional e postura humanizada. Não parece, então, que o problema repouse em uma formação deficiente e dependente de tecnologias, ou de “falta de humanidade” dos médicos brasileiros, como já se advogou.

 

Frequentei desde cedo o maior complexo hospitalar da América Latina, que conta com tecnologias inexistentes na maioria dos hospitais do mundo e sofre com absurdos gerenciais e executivos que espantam os mais calejados; que opera com material humano tão heterogêneo quanto desvalorizado; onde UTIs fecham leitos por falta de utensílios básicos, deixando médicos ociosos e pacientes desassistidos; onde feudos de especialidades dispõem dos materiais e recursos mais esdrúxulos enquanto faltam luvas, cateteres e outros dispositivos prosaicos no vizinho; onde é mais fácil comprar equipamentos bonitos que contratar enfermeiros ou provê-los de condições mínimas de trabalho.

 

Faz sentido gabar-se de filigranas estapafúrdias quando o básico é insuficiente? Se não faz na saúde, para a política parece uma boa estratégia.

 

Durante a graduação, estagiei em Brescia, na Itália, junto a estudantes de medicina de vários países – não só europeus. Pude discutir com muitos deles sobre os modelos de atenção à saúde em seus locais de formação e atuação. Absolutamente nenhum deles relatou qualquer movimento em direção à priorização da atividade médica nos seus sistemas de saúde; pelo contrário, a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade já perpetraram há tempos a transição do status de  “tendências” para “o padrão”.

 

A Austrália, por exemplo, é referência mundial em cuidados a pacientes graves e isso não foi conquistado com batalhões de médicos. Em um artigo de 2007 explicando os resultados surpreendentes do país, em periódico científico de grande impacto, um dos grandes “astros” da Medicina Intensiva – Prof. Rinaldo Bellomo – salientou a atuação de enfermeiros, fisioterapeutas e farmacêuticos entre os fatores principais da excelência do sistema.

 

Participei – em uma edição como membro-aluno e em duas como diretor – do maior projeto de extensão da USP, a Bandeira Científica, iniciativa nascida na Faculdade de Medicina na década de 50 e que hoje leva centenas de profissionais de vários campos de estudo (não só os diretamente relacionados à saúde) a localidades com carência de recursos e desassistidas. Conheci vários locais no Norte e Nordeste e explorei seus sistemas de atenção à saúde in loco, por dentro. Boa parte das ações mais modificadoras e perenes do projeto vieram da atuação das outras unidades da Universidade; a Medicina – que me perdoem os colegas – é coadjuvante.

 

Servi voluntariamente à Força Aérea Brasileira como Oficial Médico, na Amazônia, entrando em contato com realidades ainda mais diversas – no próprio meio militar e em comunidades “civis” que nem sonham com os direitos a que remete essa nomenclatura “taxonômica” de ser humano. Apesar da experiência enriquecedora (para mim), não pude mudar muito suas vidas.

 

Em todas essas vivências, estive cercado de mestres não-médicos, que me ensinaram muito. Hoje, trabalhando em UTI, tenho ainda mais certeza de que não faço nada sozinho.

 

Pra início de conversa, portanto, restringir – ou mesmo concentrar – os esforços em aumentar o número de médicos é ignorar uma parte gigantesca do que chamamos de “saúde”.

 

Saúde é só saúde?

 

Além de ignorar a atuação dos outros profissionais de saúde, nosso governo e boa parte dos que se manifestam a respeito do assunto parecem esquecer-se da infinidade de outros fatores que compõem esse conceito intrincado.

 

A Organização Mundial da Saúde, em sua Constituição – numa definição  que foi repetida incontáveis vezes ao longo da minha graduação – preconiza algo muito além da mera ausência de doenças. “Saúde”, segundo esta entidade, pode ser definida como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social.” Ou como “a medida em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar aspirações e satisfazer necessidades e, por outro, de lidar com o meio ambiente”, como propõe o Escritório Regional Europeu da OMS.

 

Isso dificulta um pouco a resposta a uma pergunta feita por um amigo em meio à discussão: “como se faz nos países em que o sistema de saúde funciona?”.

 

O ponto cego dessa questão é que sistemas de saúde que “funcionam” existem em sociedades que “funcionam”. Muito pouco podemos fazer pela saúde em determinadas situações sem modificar toda a estrutura social profundamente.

 

Suponhamos, por exemplo, que eu ignore vários preceitos éticos, feche os olhos às circunstâncias criminosas e aceite ir para qualquer município desassistido nos extremos do nosso país, motivado a levar “saúde” àqueles que dela necessitam.

 

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Sabemos que boa parte dos determinantes da saúde passa por manter hábitos saudáveis. Boa alimentação, atividade física regular, prevenção de vícios como tabagismo e etilismo, vacinação, cultivo da mente, desenvolvimento de habilidades e obtenção de conhecimento, interação social e participação na vida comunitária – e uma infinidade de etc.

 

Como um médico de formação razoável e intenções das melhores, procuro orientar meus pacientes nesse sentido, obviamente. Procuro tratar as doenças crônicas também, para prevenir complicações e melhorar sua qualidade de vida. Nos poucos casos em que essas complicações são inevitáveis, referencio os pacientes aos centros determinados pela organização do SUS, para o tratamento devido.

 

Acontece que o seu Severino – meu primeiro paciente neste hipotético município – está bem longe de poder comprar ou obter de outra forma comida minimamente saudável. Talvez, mesmo que tivesse o dinheiro, não conseguisse obter por aqui algo muito diferente da sua dieta hipoprotéica, baseada em carboidratos de alto índice glicêmico e gordura saturada.

 

A dona Raimunda, por sua vez, terá alguma dificuldade em exercitar-se diariamente – descalça em terreno irregular, com pouco acesso a água e sob o sol escaldante. Ainda mais tendo nutrientes valiosos roubados pelas verminoses que a pouca água disponível lhe fornece.

 

O filho deste casal oprimido mudou-se para São Paulo, tentando a sorte num filme que todos já viram muitas vezes. Vive exposto à violência, deslocando-se longas distâncias em meios de transporte que lhe presenteiam toneladas de poluentes, sem tempo, recursos ou conhecimento para cuidar da própria saúde. Está cada vez mais deprimido e ansioso e as garrafas de cachaça barata, com níveis tóxicos de metanol, parecem atraentes. Meus colegas que ficaram no Hospital das Clínicas pouco poderão fazer por ele quando chegar ao pronto-socorro cego, com acidose metabólica grave e com disfunção cardíaca por conta disso.

 

Link Vimeo

 

Um amigo desse paciente grave anda fumando cada vez mais – mas não consegue comprar o cigarro estiloso que alguns talvez consumam com ares de James Dean nos bares das faculdades. Fuma cigarros paraguaios contrabandeados, comprados no “comércio informal”, com níveis ilegais de nicotina e filtros irregulares (quando presentes), que viciam algumas vezes mais e o matarão um pouco mais rápido – não antes sem que necessite de investigações e cuidados cujos custos suplantam algumas dezenas de vezes o que custariam medidas de educação e fiscalização para barrar o processo no início.

 

Sua companheira, menor de idade, terá dificuldades para criar o terceiro filho – já a caminho – sem a pequena mas providencial renda dos seus “freelances” de auxiliar de obras, feitos sem registro, direitos ou equipamentos de proteção individual. Essa frágil família talvez seja obrigada a voltar para a cidade em que a moça nasceu, muito parecida com aquela em que me estabeleci.

 

Não precisamos nos estender muito mais. Provavelmente, todos perceberam que minha presença, ou de quantos médicos houvesse no mundo, não deve beneficiar de qualquer forma nenhum desses seres.

 

Mais ou Menos Médicos

 

Finalmente, como exercício mental, suponhamos que nossa prioridade fosse de fato arrebanhar um contingente maior de médicos. E que fosse válido “importa-los” de algum jeito.

 

Quando visitei a Holanda durante minhas férias, em 2011, tive uma inoportuna sinusite e pude constatar duas coisas. A primeira é que em Amsterdã podem-se comprar tranquilamente, a qualquer hora do dia, uns vinte tipos diferentes de maconha, haxixe, cogumelos alucinógenos e materiais variados para contrabando e consumo de drogas – mas nunca antibióticos ou corticóides sem receita médica. A segunda é que minha Identidade Médica, emitida pelo Conselho Federal de Medicina, não tem valor algum fora da terra brasilis.

 

A discussão sobre entorpecentes fica para uma outra ocasião, mas os outros aspectos do sistema de saúde holandês são absolutamente louváveis. Não me senti discriminado, diminuído ou hostilizado. Não foi pessoal, nem preconceito racial, de classe ou geográfico. São apenas regras, ponderadas para a proteção de todos.

 

Qualquer médico que se aventure à prática em outros países passa por processos de avaliação de suas competências para ser reconhecido como profissional de saúde habilitado.  O fato de médicos estrangeiros – venham de onde vierem – privarem-se desta obrigação ao submeterem-se às condições daquele conhecido programa do governo brasileiro é apenas um dos contrassensos absurdos das políticas demagógicas desses anos.

 

No que diz respeito ao processo específico de reconhecimento dessas competências na nossa pátria amada (o famigerado “Revalida”), enormidades de desconhecimento e discursos descartáveis afloraram nas discussões.

 

Como não gosto de opinar sobre o que não conheço, busquei investigar esse mecanismo e o que se diz sobre ele. A avaliação abrange as áreas básicas do conhecimento médico, aferindo habilidades que se consideram fundamentais ao médico generalista para uma prática aceitável e segura.

 

Tive acesso à prova teórica objetiva, que é o maior balizador da primeira fase do processo. Trata-se de um exame com 110 questões, que o candidato deve responder em 5 horas. São aprovados aqueles que obtêm um desempenho maior do que 55% de acertos.

 

Formado há cinco anos e especializando-me em Clínica Médica e Medicina Intensiva, há muito não estudo a fundo diversos assuntos que não dizem respeito à minha área de atuação (como pediatria ou ginecologia, por exemplo). Ainda assim, respondi a prova em 2h30min e acertei 75% das questões, sem nenhuma dificuldade.

 

Espantoso verificar que em 2012 cerca de 92% dos colegas imigrados foram reprovados nesta prova que fiz brincando, privado de sono em um pós-plantão. Muito mais espantoso ainda é ler alguns discursos proclamando que o exame é “feito para reprovar”, com nível de exigência propositadamente muito elevado e questões muito complexas. Difícil saber se a base desses discursos é desinformação inocente ou interesses escusos.

 

“Que mal tem”?

 

Se alguém ainda considera que possa haver algum benefício em trazer supostos médicos a preço de ouro no contexto de caos da nossa saúde, basta lembrar de alguns outros percalços do programa e da prática médica no Brasil, além dos aspectos conceituais que explorei.

 

Muitos municípios demitiram os médicos que já trabalhavam em suas Unidades Básicas de Saúde para obter o benefício de um profissional cujo “salário” é pago pelo governo federal, ou seja, com a desculpa de que não há médicos, importamos quase-escravos de formação pífia para aloca-los em postos já previamente ocupados.

 

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Isso vem somar-se a inúmeros relatos de médicos que se aventuraram em locais inóspitos e viram a promessa de um trabalho digno e significativo tornar-se um pesadelo de pressões políticas, coação, violência e ausência de recursos para o trabalho ou de remuneração. A presença de um médico é uma arma política utilíssima, independente do trabalho que possa fazer. Transformar esses profissionais em marionetes indefesas nunca foi muito difícil para nossos coronéis, sendo a única saída mais ou menos digna a “deserção” do posto.

 

Não é de espantar, ainda, que muitos médicos brasileiros, também enganados, tentassem inscrever-se para trabalhar no programa do Governo Federal e não conseguissem de jeito algum. Brincou-se, no meio médico – não sem um tom de tristeza resignada – que, se o candidato preenchesse o campo “CRM” no cadastro, estava automaticamente desclassificado do Mais Médicos.

 

Não é nada fácil ouvir que a culpa é sua depois disso tudo.

 

Médicos e Monstros

 

O duelo entre médicos e população esvazia-se por completo quando lembramos que queremos a exata mesma coisa: saúde de qualidade acessível de forma equânime.

 

A estratégia do governo tem sido retratar a classe médica como um grupo de milionários inescrupulosos reunidos em torres altas e escuras, torturando gatinhos, maquinando maldades contra os pacientes e planejando dominar o mundo. Pitoresco e estúpido, mas infelizmente muita gente comprou a ideia.

 

Não temos interesse em piorar a saúde das pessoas. Estudamos e trabalhamos para fazer o inverso. Ter que escrever isso, com todas as letras, como se não fosse óbvio, é tão ridículo quanto trágico.

E a tragédia, como sempre, se abate sobre aqueles que não podem se defender. Nesse abjeto jogo de forças, cai tudo sobre as mesmas cabeças de sempre. Os pacientes, especialmente os mais pobres, sofrem e são enganados mais uma vez.

 

Talvez devêssemos ouvir um pouco mais esses seres que dedicam suas vidas a cuidar do outro, já que o assunto é justamente esse. Se perderam a aura do sacerdócio (apesar de ainda serem exigidos nestes termos), devíamos ao menos respeitar o pouco conhecimento que acumulam tão arduamente. A fala dos médicos ecoa há tempos na esperança de frear os interesses sórdidos que têm minado e impedido nosso trabalho. Seu discurso pode não ser a epítome do saber, mas certamente é melhor embasado que opiniões construídas em mesa de bar ou leituras rasas na internet.

 

Não somos cegos ou hipócritas. Não defendemos nesta guerra interesses egoístas, mesmo porque essa encenação toda praticamente não afeta pessoalmente a grande maioria dos médicos. Não queremos “proteger o mercado”, como foi dito. Não concorreremos com os colegas estrangeiros.

 

Nossa dor reside na ruína dos valores que prezamos e nos insultos seguidos à nossa ética. Nossa dor reside em ver agora aquele por quem nos dedicamos, mais do que apenas desamparado: iludido. Cai vertiginosamente, com fé cega na rede de proteção que lhe foi anunciada. O impacto é iminente.

 

Ofensas vazias voam na direção dos médicos sem qualquer critério e não é por esse caminho que avançaremos. Não somos mercenários. Não somos cínicos. Não somos covardes.

 

Aqui mesmo, já expliquei e defendi o modelo do SUS, contribuí para a promoção à saúde, tentei desfazer enganos e elogiei boas ações do governo quando era justo elogiar. Mas isso que aí está, desculpem, não dá pra engolir.

 

Só quem já viu pacientes morrerem, cercados de médicos, por falta dos recursos mais básicos conhece o desespero que vivo. E sistemas que jogam médicos e pacientes uns contra os outros só podem resultar em mortes, em ambos os “lados”; a China tem sido prolífica em exemplos e não andamos muito atrás. Ou repensamos profundamente o rumo que estamos tomando ou nos lembraremos para sempre da calamidade que voluntariamente produzimos.

 

publicado em 29 de Setembro de 2014, 21:01

 

Papo de [adjetivo]

 

Textão do Lucas Pedrucci!

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Formado há cinco anos e especializando-me em Clínica Médica e Medicina Intensiva, há muito não estudo a fundo diversos assuntos que não dizem respeito à minha área de atuação (como pediatria ou ginecologia, por exemplo). Ainda assim, respondi a prova em 2h30min e acertei 75% das questões, sem nenhuma dificuldade.

 

Espantoso verificar que em 2012 cerca de 92% dos colegas imigrados foram reprovados nesta prova que fiz brincando, privado de sono em um pós-plantão. Muito mais espantoso ainda é ler alguns discursos proclamando que o exame é “feito para reprovar”, com nível de exigência propositadamente muito elevado e questões muito complexas. Difícil saber se a base desses discursos é desinformação inocente ou interesses escusos.

 

Ou seja, tem 25% de inadequação para trabalhar em atendimento geral hahaha.

 

O programa não é o ideal e sempre que comparado com o ideal vai falhar. Mas se os médicos podem trabalhar no Brasil e tem o revalida porque ele vai atender no posto de saúde de palha no interior do Amazonas se ele pode ir trabalhar em uma clínica de cirurgia plástica (ou qualquer outra especialidade) em um bairro rico de São Paulo onde vai ganhar muito mais que os R$10mil por mês? Ele não vai, é o que fazem muitos dos médicos brasileiros.

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Eu arrisco dizer que a maior parte dos atendimentos brasileiros poderiam se resolver sem médicos.

Mas, como eles detém o monopólio das consultas e das receitas de medicações, impossibilita o tratamento alternativo, ou com outros profissionais da saúde, como enfermeiros e farmacêuticos...

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Eu arrisco dizer que a maior parte dos atendimentos brasileiros poderiam se resolver sem médicos.

Mas, como eles detém o monopólio das consultas e das receitas de medicações, impossibilita o tratamento alternativo, ou com outros profissionais da saúde, como enfermeiros e farmacêuticos...

 

Saúde é um problema desgraçado. É muito difícil dar jeito. Depois o cara se trata com o remédio da indicação do amigo quase médico, tem uma hemorragia morre, quem vai responder por isso?

 

É difícil demais definir as coisas. Embora eu as vezes sinta na pele o que você falou: já tive amigdalite várias vezes, sei que é só tomar o antibiótico (e sei qual tomar já que a amoxilina que todo médico receita não funciona mais pra mim) e tudo certo. Mas sempre que acontece preciso ir no médico, pago uma consulta que não precisaria.

 

Se o cara tem plano de saúde, paga R$30 na consulta. Pior foi quando acontece isso no UK final do ano passado: 275 libras a consulta + 20 libras do antibiótico.

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Saúde é um problema desgraçado. É muito difícil dar jeito. Depois o cara se trata com o remédio da indicação do amigo quase médico, tem uma hemorragia morre, quem vai responder por isso?

 

É difícil demais definir as coisas. Embora eu as vezes sinta na pele o que você falou: já tive amigdalite várias vezes, sei que é só tomar o antibiótico (e sei qual tomar já que a amoxilina que todo médico receita não funciona mais pra mim) e tudo certo. Mas sempre que acontece preciso ir no médico, pago uma consulta que não precisaria.

 

Se o cara tem plano de saúde, paga R$30 na consulta. Pior foi quando acontece isso no UK final do ano passado: 275 libras a consulta + 20 libras do antibiótico.

 

Tá de caô que custa 1000 reais a consulta, né?

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Tá de caô que custa 1000 reais a consulta, né?

 

Sérião. Se eu fosse em algum lugar local não rolava porque não atendem estrangeiros, se eu fosse no pronto socorro como não tem gravidade corria o risco de esperar o dia todo e não ser atendido e era Boxing Day (26 de Dezembro) então estava tudo fechado.

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Sérião. Se eu fosse em algum lugar local não rolava porque não atendem estrangeiros, se eu fosse no pronto socorro como não tem gravidade corria o risco de esperar o dia todo e não ser atendido e era Boxing Day (26 de Dezembro) então estava tudo fechado.

 

Porrrrrra, completamente fora da realidade, pqp! 

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Saúde é um problema desgraçado. É muito difícil dar jeito. Depois o cara se trata com o remédio da indicação do amigo quase médico, tem uma hemorragia morre, quem vai responder por isso?

 

É difícil demais definir as coisas. Embora eu as vezes sinta na pele o que você falou: já tive amigdalite várias vezes, sei que é só tomar o antibiótico (e sei qual tomar já que a amoxilina que todo médico receita não funciona mais pra mim) e tudo certo. Mas sempre que acontece preciso ir no médico, pago uma consulta que não precisaria.

 

Se o cara tem plano de saúde, paga R$30 na consulta. Pior foi quando acontece isso no UK final do ano passado: 275 libras a consulta + 20 libras do antibiótico.

 

Com os avanços dos testes, exames e diagnósticos - suas tecnologias, principalmente, é um contra senso e contra produtivo relacionar esse monopólio com algo positivo.

 

Diarréias, dores de garganta, coisas mais básicas, podem ser resolvidos com menos gasto de dinheiro e com menos uso de profissionais que, pela qualificação, poderiam estar desempenhando tarefas mais especializadas.

 

Duvido que alguém consiga explicar por qual razão um farmacêutico, maior especialista de fármacos, não pode receitar remédios baseado em exames e diagnósticos (que podem ser feitos por enfermeiros, ou médicos, dependendo).

 

Qual a razão de apenas médicos deterem o monopólio de emissão de receitas de remédios?!

Além de quê, essa questão da responsabilidade, não me parece tão verossímil. O CRM é extremamente corporativista. Profissionalmente, é preciso muito erro pra conseguir que o CRM imponha uma penalidade dura.

De toda maneira, a responsabilidade civil e penal é a mesma, tanto pra médico quanto para não médicos, não é?!

=)

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Saúde é um problema desgraçado. É muito difícil dar jeito. Depois o cara se trata com o remédio da indicação do amigo quase médico, tem uma hemorragia morre, quem vai responder por isso?

 

É difícil demais definir as coisas. Embora eu as vezes sinta na pele o que você falou: já tive amigdalite várias vezes, sei que é só tomar o antibiótico (e sei qual tomar já que a amoxilina que todo médico receita não funciona mais pra mim) e tudo certo. Mas sempre que acontece preciso ir no médico, pago uma consulta que não precisaria.

 

Se o cara tem plano de saúde, paga R$30 na consulta. Pior foi quando acontece isso no UK final do ano passado: 275 libras a consulta + 20 libras do antibiótico.

 

Pensava igual a você: já tive amigdalite várias vezes, tive 3 abcessos. Tinha tanto isso que chegava a ficar 30 dias sem trabalhar a cada ano. Sei exatamente quais antibióticos funcionam, o que tomar de anti-inflamatório.
 
Demorei anos para fazer a operação. Nesse tempo, como eu não ia ao médico quando eu ficava doente, acabei me fodendo. Tive uma úlcera muito séria graças ao tanto de anti-inflamatório que tomei na última vez que tive abcesso, e a frequencia que eu tomava eles. Vomitei sangue pra caralho, fiquei quase um mês no hospital. Criei resistência pra quase todos os antibióticos, sem necessidade, pois na maioria das vezes que vc tem amigdalite não tem necessidade de usar antibiótico. As vezes nem bacteriano é.
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Com os avanços dos testes, exames e diagnósticos - suas tecnologias, principalmente, é um contra senso e contra produtivo relacionar esse monopólio com algo positivo.

 

Diarréias, dores de garganta, coisas mais básicas, podem ser resolvidos com menos gasto de dinheiro e com menos uso de profissionais que, pela qualificação, poderiam estar desempenhando tarefas mais especializadas.

 

Duvido que alguém consiga explicar por qual razão um farmacêutico, maior especialista de fármacos, não pode receitar remédios baseado em exames e diagnósticos (que podem ser feitos por enfermeiros, ou médicos, dependendo).

 

 

Dificilmente alguém que não é médico ou farmacêutico vai ter o conhecimento necessário para saber se farmacêutico pode prescrever remédio ou não. Esse é o problema de discussões como essa, pois gente que não sabe absolutamente NADA do assunto quer dar pitaco. Sem querer ser agressivo, mas é algo que eu vejo tanto aqui e tanto lugar, então fica como desabafo tudo que escrevi abaixo.

 

Você pode julgar o mérito dessa sua questão somente se tiver a capacidade para entender a diferença real de conhecimento entre o médico e o farmacêutico. Eu não sei, sou advogado e administrador. Acredito que você não seja nenhum dos dois, também. Por isso, nesses momentos, fico calado, em vez de dar minha opinião em cima de achismos, pois a chance dela estar errada é muito grande.

 

Agora, se for pra falar o que eu acho, dou minha irrelevante opinião, também. Acho que o cara faz 6 anos de medicina, mais sei lá quantos anos de residência, trabalhando 80 horas por semana pra se especializar em uma área com intuito de realmente entender aquele assunto específico tem bem mais capacidade pra poder fazer uma receita que alguém que ficou 4 anos em um curso de farmácia. Série contra a lógica algum farmacêutico ter a mesma capacidade de fazer tudo isso que você falou. Sei também que tudo que tem dinheiro no meio não é tão simples como parecem. Porém, posso estar errado. Não sou médico e nem farmacêutico, por isso, minha opinião, como já disse, é irrelevante. 

 

E não estou defendendo a exclusividade dos médicos em receitarem as coisas. Como já disse, não tenho capacidade de saber. Só estou dizendo que as coisas não são tão simples assim. 

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Dificilmente alguém que não é médico ou farmacêutico vai ter o conhecimento necessário para saber se farmacêutico pode prescrever remédio ou não. Esse é o problema de discussões como essa, pois gente que não sabe absolutamente NADA do assunto quer dar pitaco. Sem querer ser agressivo, mas é algo que eu vejo tanto aqui e tanto lugar, então fica como desabafo tudo que escrevi abaixo.

 

Você pode julgar o mérito dessa sua questão somente se tiver a capacidade para entender a diferença real de conhecimento entre o médico e o farmacêutico. Eu não sei, sou advogado e administrador. Acredito que você não seja nenhum dos dois, também. Por isso, nesses momentos, fico calado, em vez de dar minha opinião em cima de achismos, pois a chance dela estar errada é muito grande.

 

Agora, se for pra falar o que eu acho, dou minha irrelevante opinião, também. Acho que o cara faz 6 anos de medicina, mais sei lá quantos anos de residência, trabalhando 80 horas por semana pra se especializar em uma área com intuito de realmente entender aquele assunto específico tem bem mais capacidade pra poder fazer uma receita que alguém que ficou 4 anos em um curso de farmácia. Série contra a lógica algum farmacêutico ter a mesma capacidade de fazer tudo isso que você falou. Sei também que tudo que tem dinheiro no meio não é tão simples como parecem. Porém, posso estar errado. Não sou médico e nem farmacêutico, por isso, minha opinião, como já disse, é irrelevante. 

 

E não estou defendendo a exclusividade dos médicos em receitarem as coisas. Como já disse, não tenho capacidade de saber. Só estou dizendo que as coisas não são tão simples assim. 

 

 

Tardelli! Tava lendo um negócio aqui, e lembrei de você....vou copiar e colar lá no outro tópico daqui a pouco.

Quanto a este assunto, não me parece razoável dizer que eu, ou qualquer pessoa aqui, disse ou quis dizer que um farmacêutico  tem as mesmas habilidades e competências que um médico. Isso é ilógico, até.

 

O que foi dito por mim e, creio eu, que corroborado em partes pelo Salvaro, é que existem problemas de saúde de menor complexidade, que onde a exigência de um médico para analisar e tratar passa a ser um problema, e não uma solução. Isso inclui o monopólio da emissão de receitas médicas...

 

Apenas isso.

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Pensava igual a você: já tive amigdalite várias vezes, tive 3 abcessos. Tinha tanto isso que chegava a ficar 30 dias sem trabalhar a cada ano. Sei exatamente quais antibióticos funcionam, o que tomar de anti-inflamatório.
 
Demorei anos para fazer a operação. Nesse tempo, como eu não ia ao médico quando eu ficava doente, acabei me fodendo. Tive uma úlcera muito séria graças ao tanto de anti-inflamatório que tomei na última vez que tive abcesso, e a frequencia que eu tomava eles. Vomitei sangue pra caralho, fiquei quase um mês no hospital. Criei resistência pra quase todos os antibióticos, sem necessidade, pois na maioria das vezes que vc tem amigdalite não tem necessidade de usar antibiótico. As vezes nem bacteriano é.

 

 

Quando eu falo amigdalite é amigdalite bacteriana com formação de placas. Eu tive, se não estou esquecendo de nenhuma vez, 7 vezes (com essa última da Inglaterra).

Sei reconhecer tanto visualmente como pela dor (que é diferente da inflamação comum) e diferenciar daquela inflação na garganta ocasionada por irritação ou viral, por exemplo.

 

Até hoje nunca errei até porque não tem como comprar antibiótico sem prescrição então quando tem vou logo ao médico para confirmar. E infelizmente amigdalite bacteriana não passa sem antibiótico (ou demora mais do que você gostaria de suportar com dor e febre alta).

 

Tenho um pouco menos de uma vez por ano. Mas apesar das minhas amigdalas estarem todas fodidas não me anima a idéia de cirurgia.

 

E o anti-inflamatório (e boa parte dos remédios) faz mal mesmo. Mas para você ver: tem ibuprofeno para vender naquelas máquinas que vendem coisas em banheiro nos EUA hahaha.

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Saúde é um problema desgraçado. É muito difícil dar jeito. Depois o cara se trata com o remédio da indicação do amigo quase médico, tem uma hemorragia morre, quem vai responder por isso?

 

É difícil demais definir as coisas. Embora eu as vezes sinta na pele o que você falou: já tive amigdalite várias vezes, sei que é só tomar o antibiótico (e sei qual tomar já que a amoxilina que todo médico receita não funciona mais pra mim) e tudo certo. Mas sempre que acontece preciso ir no médico, pago uma consulta que não precisaria.

 

Se o cara tem plano de saúde, paga R$30 na consulta. Pior foi quando acontece isso no UK final do ano passado: 275 libras a consulta + 20 libras do antibiótico.

 

O teu problema é solucionado pelo loop que o sistema dá em si mesmo.

Pra haver a responsabilização de um profissional por erro médico, via de regra se necessita que haja uma perícia médica (feita por outro médico) indicando que houve erro.

Ocorre que a classe dos médicos é extremamente fechada e unida nesse sentido. Pode pesquisar ai na jurisprudência, é muito mais difícil haver uma condenação cível ($) do que uma absolvição.

Isso se dá, também, pelo fato que a medicina é uma obrigação de meio (utilizar todos os meios possíveis para atender a tal finalidade), com exceção a medicina plástica, que é obrigação de resultado (se contratei com o médico que quero o nariz da Angelina Jolie, é esse que ela deve me dar).

Em poucas palavras, não obstante a tudo isso, a responsabilização cível ou criminal de médicos é rara no país.

 

E que merda ter que pagar toda essa grana na UK, hein? Vish!

 

EDIT

 

Divaguei ali em cima antes de ler o post do Thales. Mas é por ali mesmo...

 

EDIT 2

 

Cara, cansei de me ferrar com amigdalite. Tomar antibiótico, benzetacil e o escambau.

O médico me disse que amigdalite mal curada pode dar problema no coração, posteriormente.

Solução: Arranca essas amigdalas ai, pô.

Eu fiz isso, fiquei quatorze dias de molho, tomando só picolé, mas em compensação nunca mais tive uma dor de garganta. Melhor relação custo-benefício possível.

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Quando eu falo amigdalite é amigdalite bacteriana com formação de placas. Eu tive, se não estou esquecendo de nenhuma vez, 7 vezes (com essa última da Inglaterra).

Sei reconhecer tanto visualmente como pela dor (que é diferente da inflamação comum) e diferenciar daquela inflação na garganta ocasionada por irritação ou viral, por exemplo.

 

Até hoje nunca errei até porque não tem como comprar antibiótico sem prescrição então quando tem vou logo ao médico para confirmar. E infelizmente amigdalite bacteriana não passa sem antibiótico (ou demora mais do que você gostaria de suportar com dor e febre alta).

 

Tenho um pouco menos de uma vez por ano. Mas apesar das minhas amigdalas estarem todas fodidas não me anima a idéia de cirurgia.

 

E o anti-inflamatório (e boa parte dos remédios) faz mal mesmo. Mas para você ver: tem ibuprofeno para vender naquelas máquinas que vendem coisas em banheiro nos EUA hahaha.

É, cara, eu sei que viral não da placas. Mas mesmo a bacteriana, se você der tempo ao seu organismo, às vezes ele reage sem a necessidade de remédio. A resistência ao antibiótico é muito grave. Parece que seu caso não é tão grave como o meu, mas é só pra reforçar meu argumento de que é sim necessário ir ao médico se vc estiver doente. Foi justamente o ibuprofeno que me fudeu, junto com o corticoide. Quando tive essa úlcera, clindamicina, clavulonato já não tinham o mesmo efeito. Custei pra recuperar, e tudo pq eu estava usando eles de 6 em 6 meses. Tive que tomar acho que oxacilina na veia.

 

A cirurgia é foda, a recuperação é muito difícil. Foram 30 dias muito mal, mas muito mal mesmo. É horrível. E muda a sua garganta, sabe? Ficou um buraco onde eram as amígdalas, aí toda vez que eu engulo, vai muito ar. Mas acostumei já. Vc não sabe como é bom dormir sem camisa no frio e não acordar com a garganta inflamada, hehehehe.

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  • 2 meses depois...

É possível utilizar a Programação Orientada a Objetos para garantir que

  1. Não falte médicos e as pessoas possam fazer os devidos "reportes" de falta de médicos em determinado lugar, infraestrutura ruim, etc;
  2. A verba da saúde não seja desviada;
  3. A verba da saúde seja bem aplicada;
  4. Não faltem medicamentos nos postos de saúde;
  5. Que os remédios ou quaisquer produtos subsidiados pelo governo não sejam extraviados, como já vi acontecer.
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É possível utilizar a Programação Orientada a Objetos para garantir que

  • Não falte médicos e as pessoas possam fazer os devidos "reportes" de falta de médicos em determinado lugar, infraestrutura ruim, etc;
  • A verba da saúde não seja desviada;
  • A verba da saúde seja bem aplicada;
  • Não faltem medicamentos nos postos de saúde;
  • Que os remédios ou quaisquer produtos subsidiados pelo governo não sejam extraviados, como já vi acontecer.
Concordo com o Zoroastro em gênero, número e grau.

Na minha volta ao Brasil, pude presenciar no interior do estado onde vivo e constatar que por mais "bonitinho" que o SUS seja, não abrange todo o território nacional. Já tive que estagiar numa UPA onde não havia uma Cefalosporina de 2ª Geração. Subentenda-se de que são antibióticos básicos e que qualquer posto de saúde deve ter. 

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CFM é corporativista em sua tenra natureza e essa é a ideia que passa para uma grande maioria dos que se formam no Brasil. Eu mesmo passei por essa "xenofobia", quando transferi da UBA para a UFAC. 

Eu me formo daqui dois anos, pois mesmo com uma transferência externa, estou pagando matéria, por exemplo, aqui na UFAC cursa-se Anestesiologia no terceiro ano e na UBA não. Pra quê diabos eu vou precisar de Anestesiologia? É uma matéria que deveria ser explorada de forma básica, já que deveria ser encarada como especialização e não parte da grade curricular de muitas faculdades brasileiras. Quem impõe isso é o próprio CFM e o MEC, acuado, acaba abrindo as pernas. 

A realidade é que muitos dos que estudam comigo estão empurrando o curso com a barriga, com a mentalidade de que se preocupa apenas com os exames teóricos e práticos, sabendo que estando formados, sairão com o seu CRM em mãos. Vários estados brasileiros deveriam seguir - em partes - exemplo do CREMESP, que para atuar como médico em São Paulo, precisa-se prestar uma prova subsidiada pelo órgão citado. O problema dela é que aprovando ou não, você está apto para trabalhar em território paulista. 

O que prova minha teoria de que muito nego que se forma no Brasil está "empurrando com a barriga" é justamente a reprovação de 55% dos que prestaram a prova do CREMESP. Detalhes: todos estudantes de instituições de ensino brasileiras. 

No que diz respeito ao processo específico de reconhecimento dessas competências na nossa pátria amada (o famigerado “Revalida”), enormidades de desconhecimento e discursos descartáveis afloraram nas discussões.

 

Como não gosto de opinar sobre o que não conheço, busquei investigar esse mecanismo e o que se diz sobre ele. A avaliação abrange as áreas básicas do conhecimento médico, aferindo habilidades que se consideram fundamentais ao médico generalista para uma prática aceitável e segura.

 

Tive acesso à prova teórica objetiva, que é o maior balizador da primeira fase do processo. Trata-se de um exame com 110 questões, que o candidato deve responder em 5 horas. São aprovados aqueles que obtêm um desempenho maior do que 55% de acertos.

 

Formado há cinco anos e especializando-me em Clínica Médica e Medicina Intensiva, há muito não estudo a fundo diversos assuntos que não dizem respeito à minha área de atuação (como pediatria ou ginecologia, por exemplo). Ainda assim, respondi a prova em 2h30min e acertei 75% das questões, sem nenhuma dificuldade.

Tenho dois amigos brasileiros que se formaram na UBA e tiveram que passar pelo processo de revalidação de diplomas, o famoso "Revalida". Claro que o conhecimento é diferente em cada pessoa, mas os dois disseram que os níveis de perguntas eram "de outro mundo". Entra Pediatria, Ginecologia, mas também possuem questões "detalhadíssimas" - segundo eles - de Hematologia, Reumatologia e Medicina Interna que só se poderia responder com um o Harrison em mãos. Explora-se muito o SUS, mais do que qualquer matéria. Até concordo que o SUS seja mais abrangente num exame para estrangeiros, mas dizer que é uma prova que "abrange áreas básicas do conhecimento médico"? Nunca. 

É preciso haver uma reforma na mala curricular de Medicina em âmbito nacional. Necessitam-se mais horas práticas, pois as horas práticas em hospitais são escassas comparando com a faculdade da qual eu fui aluno, a UBA, que está entre as 100 melhores faculdades da América Latina. É necessário que o governo exija que o CFM faça um exame unificado para todo o território nacional, avaliando brasileiros e os estrangeiros com o Revalida dentro dos parâmetros "básicos" do exercício médico. 

Eu tive que transferir para minha cidade natal por conta de problemas familiares, mas ainda reflito bastante por ter voltado.

Eu me arrependo profundamente por ter voltado pra um país que ensina o paciente a voltar periodicamente ao médico por conta de uma patologia, ao invés de ensinar a devida profilaxia ao indivíduo para que não volte tão cedo.

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Duvido que alguém consiga explicar por qual razão um farmacêutico, maior especialista de fármacos, não pode receitar remédios baseado em exames e diagnósticos (que podem ser feitos por enfermeiros, ou médicos, dependendo).

 

Qual a razão de apenas médicos deterem o monopólio de emissão de receitas de remédios?!

 

 

 

Dificilmente alguém que não é médico ou farmacêutico vai ter o conhecimento necessário para saber se farmacêutico pode prescrever remédio ou não. Esse é o problema de discussões como essa, pois gente que não sabe absolutamente NADA do assunto quer dar pitaco. Sem querer ser agressivo, mas é algo que eu vejo tanto aqui e tanto lugar, então fica como desabafo tudo que escrevi abaixo.

 

Você pode julgar o mérito dessa sua questão somente se tiver a capacidade para entender a diferença real de conhecimento entre o médico e o farmacêutico. Eu não sei, sou advogado e administrador. Acredito que você não seja nenhum dos dois, também. Por isso, nesses momentos, fico calado, em vez de dar minha opinião em cima de achismos, pois a chance dela estar errada é muito grande.

 

Agora, se for pra falar o que eu acho, dou minha irrelevante opinião, também. Acho que o cara faz 6 anos de medicina, mais sei lá quantos anos de residência, trabalhando 80 horas por semana pra se especializar em uma área com intuito de realmente entender aquele assunto específico tem bem mais capacidade pra poder fazer uma receita que alguém que ficou 4 anos em um curso de farmácia. Série contra a lógica algum farmacêutico ter a mesma capacidade de fazer tudo isso que você falou. Sei também que tudo que tem dinheiro no meio não é tão simples como parecem. Porém, posso estar errado. Não sou médico e nem farmacêutico, por isso, minha opinião, como já disse, é irrelevante. 

 

E não estou defendendo a exclusividade dos médicos em receitarem as coisas. Como já disse, não tenho capacidade de saber. Só estou dizendo que as coisas não são tão simples assim. 

Eu acho complicado argumentar nessa linha porque podemos criar uma lógica extremamente corporativista sobre qualquer matéria. O mínimo que podemos fazer é discutir em um fórum sobre isso. Tenho certeza que mesmo dentro da classe dos médicos e dos farmacêuticos existem posições diversas em relação a isso, o que já não caracteriza o conhecimento desses dois profissionais como perfeito, só mais relevante. Ainda assim, todos têm interesses.

 

Falando do pouco que eu sei, porque a minha namorada é graduanda em farmácia: o médico não chega ao nível de especialização em remédios do farmacêutico, simplesmente porque esta é o foco do próprio curso (em termos gerais, produção e efeitos de fármacos no corpo). O médico tem uma formação bem mais geral, e a sua especialização envolve muito mais que fármacos.

 

Mas se quiserem posso perguntar detalhadamente pra ela.

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Falando do pouco que eu sei, porque a minha namorada é graduanda em farmácia: o médico não chega ao nível de especialização em remédios do farmacêutico, simplesmente porque esta é o foco do próprio curso (em termos gerais, produção e efeitos de fármacos no corpo). O médico tem uma formação bem mais geral, e a sua especialização envolve muito mais que fármacos.

 

Mas se quiserem posso perguntar detalhadamente pra ela.

A coisa piorou ainda mais para os farmacêuticos com o Ato Médico, que acabou dando certa autonomia para uns e retirou de outros. Um farmacêutico/bioquímico, antes do Ato Médico, tinha total liberdade para fazer exames citopatológicos e então depois do AM, acabou restrito ao médico emitir ordens de biópsias e estudos citológicos.

Na minha opinião, Médico está ali para elucidar os estudos laboratoriais feitos por farmacêuticos e bioquímicos, não fazê-los por conta própria. 

E sim, isso tem dedo do CFM. 

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Eu acho complicado argumentar nessa linha porque podemos criar uma lógica extremamente corporativista sobre qualquer matéria. O mínimo que podemos fazer é discutir em um fórum sobre isso. Tenho certeza que mesmo dentro da classe dos médicos e dos farmacêuticos existem posições diversas em relação a isso, o que já não caracteriza o conhecimento desses dois profissionais como perfeito, só mais relevante. Ainda assim, todos têm interesses.

 

Falando do pouco que eu sei, porque a minha namorada é graduanda em farmácia: o médico não chega ao nível de especialização em remédios do farmacêutico, simplesmente porque esta é o foco do próprio curso (em termos gerais, produção e efeitos de fármacos no corpo). O médico tem uma formação bem mais geral, e a sua especialização envolve muito mais que fármacos.

 

Mas se quiserem posso perguntar detalhadamente pra ela.

 

Tinha tanto tempo que tive que ler de novo o que eu escrevi. O que eu disse é que se eu tivesse que decidir se farmacêutico pode receitar ou não, eu me absteria desta decisão, já que não tenho essa capacidade. Opinião todos nós temos sobre tudo na vida. Mas acho que somente pessoas capacitadas poderiam tomar decisões de coisas relevantes para a população.

 

Vou dar um exemplo: acharia um absurdo se houvesse um referendo perguntando pra população se deveria haver redução na maioria penal. Qual a capacidade de uma brasileiro comum tem em saber se isso vai trazer benefícios ou malefícios para a população? Sinceramente, nenhuma. Eu tenho mais estudo que um Brasileiro comum, tenho mais noção de Direito que um Brasileiro comum e sinceramente, não me acho capacitado pra saber se isso ulteriormente seria algo positivo ou negativo para o Brasil. Obviamente, tenho minha opinião de que a redução da maioridade penal é algo completamente fútil por si só, e acho até que ela está bem embaçada, mas certamente algum especialista neste assunto conseguiria tomar uma decisão baseado em um conhecimento muito mais real que o meu. 

 

Foi isso que quis dizer. Mas entendo o que este é um fórum e sei que se só pudermos discutir aquilo que somos especialistas, os assuntos aqui discutidos serão muito limitados. Porém, ao mesmo tempo, acho complicado ficar fazendo essas afirmações tão radicais de que "farmaceutico tinha que dar receita", pelos motivos supracitados. 

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Quem tem a capacidade? Médicos, farmacêuticos e afins? Esse é o meu ponto. Ainda mais no que diz respeito à interesses profissionais.

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