Ir para conteúdo
  • Cadastre-se

E se... o Sul se separasse?


Lowko é Powko

Posts Recomendados

Prefácio

Spoiler

A partir de hoje (06/05/20) darei início a um projeto que idealizei há muito tempo e que veio se materializando nos últimos dias. Eu gosto muito de história e geografia, e o futebol me interessa, na maior parte, nos que se liga a essas matérias. A economia, as questões sociais, geopolíticas e históricas que envolvem o esporte são muito mais interessantes pra mim do que o jogo em si, “dentro das 4 linhas”.

Há anos, editei um update no Football Manager com o título “O Sul é o meu País!”, no qual eu criei uma breve história sobre a separação da Região Sul do Brasil, tornando-se um país independente, com as devidas implicações disso no futebol. Vale ressaltar aqui que não sou nem nunca fui separatista, e fiz o update apenas para exercício intelectual e diversão. Da mesma forma, também separei a Padânia, região centro-norte da Itália, do resto do país, e cheguei a projetar um update parecido com a criação de República do Nordeste.

Essas simulações ficam bem mais interessantes quando há de fato uma proposta, alguma movimentação sobre o tema. Por isso, uma criação da Euskadi (País Basco, Pátria Basca) é mais interessante do que, sei lá, uma eventual junção entre França e Itália (?). Se colocarmos a questão “como seria a seleção do Império Romano?”, as coisas já começam a mudar, e isso depende muito do público que está consumindo essa informação e esse entretenimento.

Tentarei, na medida dos meus conhecimentos e habilidades, divagar com uma razoável demonstração do contexto histórico, situação política, apresentação de mapas e imagens, entre outras coisas, tentando tornar o exercício o mais profundo possível sem se tornar enfadonho.

É claro, é sempre um exercício de imaginação, e não um estudo sério. É, no final, uma brincadeira. Por isso, vou utilizar este tópico para escrever algumas besteiras, e conto com a colaboração de vocês, apontando os erros e os acertos, as opiniões divergentes e as ideias para próximas análises.

Primeiro tópico: E se... a Itália se separasse?

Segundo tópico: E se... o Nordeste se separasse?

 

E se... o Sul se separasse?

 

Estados Unidos do Sul

2038904140_bandeirasul1.jpg.800ac579ac2ba1dca6b504f4b9967058.jpg


 

Um pouco de contexto

Destacando-se por seu clima característico, a região Sul é considerada a mais “europeia” do Brasil. O modo de colonização e o tipo de colonizadores recebidos se destaca, assim como a grande quantidade de imigrantes vindos do Uruguai, da Argentina, dos Açores, da Espanha, da Alemanha, da Itália, da Polônia, da Ucrânia, entre outros. Tanto a etnia caucasiana quando as paisagens urbanas características dos países de onde se originaram (casas, transportes, uso do solo) são traços identificados com a Região Sul do Brasil.

Formada por três estados, a região Sul é a menor das cinco do país. É também a mais fria, sendo de clima subtropical (um clima de transição entre o tropical, predominante no Brasil e o temperado, predominante na Argentina). No inverno, ocorrem geadas e, com maior raridade, há queda de neve. O relevo da Região Sul tem uma pequena quantidade de acidentes geográficos, predominando um grande planalto, geralmente, de pequena elevação.

O tamanho do Sul é equivalente ao da França ou da Ucrânia, sendo habitado por aproximadamente 30 milhões de pessoas. A região se destaca pelo PIB per capita (38 mil reais) maior que a média nacional e IDH (0,798), comparável a Sérvia, Uruguai e Turquia.

Paraná e Rio Grande do Sul dividem o posto de maior economia e maior população, com uma grande concentração urbana em cada, muito à frente das outras: Porto Alegre, com 3,9 milhões, e Curitiba, com 3,2 milhões de habitantes, são as duas maiores zonas metropolitanas. Por outro lado, Santa Catarina concentra a maior quantidade de zonas metropolitanas importantes, com metade das 12 principais. Após as duas primeiras, estão o Norte/Nordeste Catarinense (Joinville), com 1,1 milhão, Florianópolis, com 1 milhão, e Londrina, com 800 mil. Em sequência vêm a Serra Gaúcha (Caxias), o Vale do Itajaí (Blumenau), Maringá, Zona Sul do Rio Grande (Pelotas), Zona Carbonífera (Criciúma), Foz do Itajaí (Itajaí) e Chapecó.

 

E se...

Feita essa apresentação sobre as características regionais do Sul, passarei a analisar como poderia ser uma realidade onde o Sul se separa, da mesma forma que fiz com o Nordeste, no texto anterior, deixando de fazer parte do Brasil e seguindo seu próprio caminho. Não são relevantes os motivos da separação, como não foi no caso anterior. Podemos pensar numa grande quebra de laços de lealdade institucional e de equilíbrio de poder entre as elites regionais, causando uma ruptura generalizada no Brasil. O que importa é: O que aconteceria com o futebolsulista? Qual seria a força dessa seleção?

612072076_mapasul1.png.b195cfc5057bfd4827ac946d589d4599.png

Como foi feito com o Nordeste, começarei por apresentar como poderia ser a nova organização futebolística, com as devidas divisões e os times que as compõem. Depois, vou abordar a nova dinâmica que surgiria dessa situação, o impacto nos clubes e as possibilidades internacionais. Por último, vou propor uma seleção nacional, abordando também o impacto na seleção canarinho.

Mas antes disso, e tratando dos dois países, abordarei a quantidade de torcedores de cada time, segundo algumas pesquisas recentes.

Serão utilizadas, aqui também, três pesquisas para definir quais são as maiores torcidas do Nordeste: Paraná Pesquisas (2016) e Pluri Pesquisas (2020 e 2013), pesquisas nacionais. Optei por deixar as pesquisas Ibope e Datafolha de fora porque são muito pouco detalhadas em relação aos times sulistas, embora esse problema seja menor do que no Nordeste. A utilização das pesquisas dos dois últimos institutos, ainda que sejam já razoavelmente antigas, se dá pelo nível de detalhamento, já que quebram as porcentagens.

Segue a lista: Grêmio (3,4%), Internacional (2,7%), Athletico (0,7%), Coritiba (0,5%) e Avaí, Figueirense e Paraná com 0,2% cada.

A pesquisa do Ibope Repucom DNA Torcedor indica, entretanto, a porcentagem de torcedores únicos e torcedores mistos de cada uma das 52 maiores torcidas do país em ordem de grandeza (presume-se). Numa síntese dessa pesquisa com outra, abordando os clubes de Santa Catarina, imagino que a sequência seria: Criciúma, Joinville, Chapecoense, Juventude, Londrina, Caxias e Operário.

Os maiores perdedores, nessa situação, seriam os clubes de São Paulo, com forte presença no norte do Paraná (que é virtualmente o resultado de uma colonização paulista), e, um pouco menos, do Rio de Janeiro, com forte presença nos litorais de Paraná e Santa Catarina. Considero, assim como considerei no caso do Nordeste, que uma separação teria uma influência de médio ou longo prazo no aumento da torcida dos times locais.

 

Médias de público

O problema aqui, em comparação com o Nordeste, não é tão espinhoso. Talvez a principal questão sejam os públicos da dupla de Porto Alegre, dado que são clubes de primeiro nível do Brasil. Minha visão, de forma geral, é que disputar um campeonato onde os outros dois clubes principais são Athletico e Coritiba é bem menos apelativo do que disputar nas cabeças contra clubes de maior torcida e maior tradição do Brasil.

767695977_bandeirasestados.jpg.025092758f4a5bcb19d7d507feed56f7.jpg

A média de público nesse cenário hipotético é algo difícil de definir, pela quantidade de variáveis envolvidas, e qualquer opinião estará sujeita a várias críticas. Levei em consideração as médias dos Campeonatos Brasileiros e dos campeonatos estaduais, conjecturando o impacto que a ausência de vários clubes grandes teria sobre essas médias.

A quantidade de jogos é um fator importante. Um clube que coloca 5 mil torcedores por jogo em casa num campeonato estadual pode sofrer um grande impacto na média de público quando essa mesma torcida tem que diluir seu dinheiro entre 19 jogos em casa numa Série B, campeonato que não teria a presença de nenhum grande e eventualmente teria algum time mais relevante. Essas nuances devem ser levadas em consideração.

Além disso, a projeção das médias parte do pressuposto de um impacto reduzido da criação de um novo país e de um novo orgulho regional (agora nacional), sentimento que, não fosse isso, poderia se traduzir em um aumento considerável da média de público de cada clube. Por isso, imaginei um cenário de médio prazo.

 

Vagas na Libertadores

A criação de um novo país, com certeza, mexeria na distribuição das vagas para as competições continentais, tanto para a Libertadores quanto para a Sulamericana. Trabalhando sobre a hipótese de que o resto Brasil se manteria unido, podemos pressupor, apenas pela simplificação, que a quantidade de vagas do Sul seria a mesma dos outros países menores, isto é, todos menos Brasil e Argentina. Isso significa quatro vagas para cada competição. Para a Libertadores, seriam duas vagas para a fase de grupos, uma vaga para a segunda fase e uma vaga para a primeira fase.

1143055571_rankingestados.png.cc9e683497413bdb592d26ceb590a370.png

* Part. A são participações na primeira divisão brasileira

*C. (v) é a quantidade de títulos e vices na primeira divisão brasileira

A adição de um país com quatro vagas à competição mudaria as coisas, é claro, mas, como disse, vamos manter a ideia de que as coisas seriam mais ou menos assim, pelo menos na quantidade de vagas, para a manutenção da simplicidade.

 

O futebol no Sul

Ao contrário do Campeonato Nordestino, o Campeonato Sulista dificilmente teria 20 times em sua primeira divisão. São três Estados, ao invés de nove. A concentração aqui também é maior: o campeonato, a meu ver, seria monopolizado por Grêmio e Internacional, com o Athletico brigando por fora e eventualmente algum outro clube dando as caras, como o Coritiba ou algum de Santa Catarina.

Por isso, parti do pressuposto de que o novo campeonato teria 16 clubes, e a quantidade me pareceu bastante razoável depois que foi posta no papel. Alguns clubes muito pequenos, que eu considero insustentáveis no longo prazo, nesse nível e na nova realidade, estão na primeira divisão. É o caso de Ypiranga e São José, que jogam a Série C brasileira por conta de uma gestão fora da curva, principalmente no caso do segundo. Pra mim, clubes como Joinville, Cascavel, Caxias e Marcílio Dias tem potencial muito maior.

Nesse cenário, teríamos uma Série A muito equilibrada a partir da 5ª posição, e toda temporada haveria pelo menos dois clubes “de Série A” jogando na Série B.

Ainda que boa parte de sua população sequer torça para times da região, há a possibilidade do reforço da identidade sulista através de símbolos mais ligados com o território. Essa identidade deixa de ser regional e passa a ser nacional. Dessa forma, torcer para os grandes clubes do Brasil começa a ter outro significado, porque as identidades sulista e brasileira eram complementares.

 

201679883_ligasul1.png.e5be7068b096a5d16c0be952825d5f33.png            941074411_ligasul2.png.d635a63d8dea59588d252a6ea54fd664.png

 

Como no caso de Pernambuco, os times do Rio Grande do Sul notarão pouca diferença em sua torcida. Mas para os gaúchos o efeito seria bem mais forte. Isto porque quase toda a população do Estado torce para a dupla grenal e boa parte da população do oeste de Santa Catarina e do Paraná também. A emergência de forças como Cascavel, Foz do Iguaçu e a manutenção da Chapecoense como equipe de primeira divisão no novo cenário nacional, somado ao aumento da importância das equipes de Caxias e Pelotas podem ter um impacto significativo. Todos os outros têm potencial para estenderem seus domínios com a saída de São Paulo e do Rio de Janeiro do cenário.

Minhas apostas sobre times que mais se beneficiariam, fora de ordem: Chapecoense, Joinville, Londrina, Cascavel, algum time de Maringá, algum time de Foz do Iguaçu e Brasil de Pelotas.

Definir qual rumo a questão das torcidas tomaria no longo prazo é um desafio que não aceitarei, ao menos nesse texto. Os grandes clubes se expandiriam para os outros Estados? As forças regionais se manteriam, garantindo um razoável equilíbrio? Difícil dizer.

 

Seleção nacional

A seleção sulista, a meu ver, seria um pouco melhor que a nordestina. Mas a diferença seria pequena, mesmo. Em relação ao Nordeste, tem goleiros e defensores melhor, mas perde do meio pra frente. O grande problema é a idade: a maioria dos jogadores titulares tem mais de 30 anos, pelo que percebi.

Na minha humilde opinião, repetindo o que disse sobre a seleção nordestina, brigaria com Uruguai, Colômbia e Chile, nessa ordem, a depender do momento. Como regra, imagino que se encaixe no posto de 5ª melhor seleção da América do Sul, acima do Chile e do Nordeste.

1681638230_seleosul.png.7c2fc25dca0df4e855deb9fe3478c173.png

 

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Sul: Alisson; Rafinha, Vitor Hugo, Miranda, Alex Telles; Fernandinho, Ramiro, Giuliano; Douglas Costa, Taison, Pato

Nordeste: Santos; Victor Ferraz, Pepe, Jemerson, Douglas Santos; Otávio Henrique, Dani Alves, Talisca; Everton, Firmino, Diego Costa

Eu acho o Nordeste bem melhor, mas se fosse valendo vaga na copa 2022, eu levaria o clássico separatista pro Cornélio de Barros e tentaria ganhar de 1x0.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

A tendência seria Grêmio e Inter cada vez mais fortes, ambos jogariam "em casa" em todas os locais, tirando Curitiba.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Seria semelhante ao que ocorre no Uruguai. Tendo Peñarol e Nacional como protagonistas, com um ou outro aparecendo. Mas como teríamos a união de três estados com interesses, de momento, bem individualistas, um monópolio mais acentuado do que o uruguaio apareceria. Mas só de pensar numa liga equilibrada e mais justa daqui uma ou duas décadas seria muito legal de se ver.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

2 horas atrás, felipevalle disse:

Seria semelhante ao que ocorre no Uruguai. Tendo Peñarol e Nacional como protagonistas, com um ou outro aparecendo. Mas como teríamos a união de três estados com interesses, de momento, bem individualistas, um monópolio mais acentuado do que o uruguaio apareceria. Mas só de pensar numa liga equilibrada e mais justa daqui uma ou duas décadas seria muito legal de se ver.

Aqui no sul? Não consigo enxergar dessa forma. A cultura gaúcha é a mais forte aqui do sul, todas as demais regiões, tirando o norte do paraná, divisa com sp, sofrem muita influência e consomem coisas culturais do RS. Acho que só ficaria mais evidente o domínio da dupla grenal. Vale lembrar que a torcida do grêmio é a segunda maior de SC atualmente.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

56 minutos atrás, Léo R. disse:

Aqui no sul? Não consigo enxergar dessa forma. A cultura gaúcha é a mais forte aqui do sul, todas as demais regiões, tirando o norte do paraná, divisa com sp, sofrem muita influência e consomem coisas culturais do RS. Acho que só ficaria mais evidente o domínio da dupla grenal. Vale lembrar que a torcida do grêmio é a segunda maior de SC atualmente.

então, pensei nisso. É como no caso da região metropolitana de Montevideo. Para citar um exemplo próximo daí. Dificilmente há um clube fora daquela região que faça frente aos da capital. Mas havia pensado numa liga, já com o país mais organizado, semelhante ao modo duma NBA. Mesmo havendo clubes mais ricos, pelo menos tendo regras na competição para os demais equilibrarem melhor as cotas, além de terem bons jogadores para fazerem jogos mais equilibrados entre si.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

19 horas atrás, ZaMBiA disse:

R10 farda fácil nesse time.

Talvez o maior jogador da história do país.

19 horas atrás, RYUxd disse:

Sul: Alisson; Rafinha, Vitor Hugo, Miranda, Alex Telles; Fernandinho, Ramiro, Giuliano; Douglas Costa, Taison, Pato

Nordeste: Santos; Victor Ferraz, Pepe, Jemerson, Douglas Santos; Otávio Henrique, Dani Alves, Talisca; Everton, Firmino, Diego Costa

Eu acho o Nordeste bem melhor, mas se fosse valendo vaga na copa 2022, eu levaria o clássico separatista pro Cornélio de Barros e tentaria ganhar de 1x0.

HAHAHAHAHAHAHA

Cara, eu achei bem equilibrado. Desses dois times aí, eu ficaria com 6 do Sul e 5 do Nordeste. Não sei como você concluiu que é bem melhor.

Mas se for só por bairrismo achei mais do que justo.

19 horas atrás, Léo R. disse:

A tendência seria Grêmio e Inter cada vez mais fortes, ambos jogariam "em casa" em todas os locais, tirando Curitiba.

Acho bem discutível. Pra mim a tendência é os dois cada vez mais fracos, ainda mais se considerarmos que um cidadão de Pelotas ou de Caxias, por exemplo, estará sempre representado por uma equipe na Série A. Não sei como é o bairrismo interno no Rio Grande, mas aqui há uma resistência em relação à Curitiba.

18 horas atrás, felipevalle disse:

Seria semelhante ao que ocorre no Uruguai. Tendo Peñarol e Nacional como protagonistas, com um ou outro aparecendo. Mas como teríamos a união de três estados com interesses, de momento, bem individualistas, um monópolio mais acentuado do que o uruguaio apareceria. Mas só de pensar numa liga equilibrada e mais justa daqui uma ou duas décadas seria muito legal de se ver.

Não concordo que seja semelhante. As diferenças regionais na região sul são bem maiores do que no Uruguai, até porque a população é muito mais diversa. Concordo que, no longo prazo, podemos ter uma equalização gradual, mas acho muito difícil que Grêmio e Inter deixem de ser os times dominantes por algumas décadas.

No curto prazo, a tendência é o domínio da dupla Grenal. No médio, é desinteressante economicamente pra ambos disputar essa competição. No longo, podemos pensar em um equilíbrio um pouco maior, com o reforço das equipes regionais.

15 horas atrás, felipevalle disse:

então, pensei nisso. É como no caso da região metropolitana de Montevideo. Para citar um exemplo próximo daí. Dificilmente há um clube fora daquela região que faça frente aos da capital. Mas havia pensado numa liga, já com o país mais organizado, semelhante ao modo duma NBA. Mesmo havendo clubes mais ricos, pelo menos tendo regras na competição para os demais equilibrarem melhor as cotas, além de terem bons jogadores para fazerem jogos mais equilibrados entre si.

Acho que o modelo americano é praticamente inaplicável fora dos EUA.

A única coisa que pode ser aplicada é uma distribuição mais igualitária do dinheiro. Mas se as diferenças entre os clubes for muito grande, como é, isso não impede um domínio grande dos maiores.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Arquivado

Este tópico foi arquivado e está fechado para novas respostas.

  • Conteúdo Similar

    • Lowko é Powko
      Por Lowko é Powko
      Dado que escrevi sobre o Nordeste e o Sul anteriormente, decidi terminar a fantasia no Brasil. Nesse tópico serão abordados três novos países, em menos detalhes do que os dois anteriores: República Federativa do Brasil (ou o que restou dele), República de São Paulo e República Verde da Amazônia.
      Como essas criações adicionam quatro países à Libertadores e à Sulamericana, tive que reformulá-las, e algumas informações do Nordeste e do Sul já não são mais canônicas. hehe
      Na Libertadores, 18 times entram na 1ª eliminatória e os 9 vencedores enfrentam 3 times que entram direto na fase seguinte. Desses 12, 6 conquistam uma vaga para a Fase de Grupos, na qual já estão garantidos 26 times, sendo 24 das competições nacionais mais os campeões da Libertadores e da Sulamericana do ano anterior.
      Na Sulamericana, duas fases também antecedem a Fase de Grupos. Ambas as competições estão esquematizadas abaixo.
                          
       
       
       
      Prefácio
      Primeiro tópico: E se... a Itália se separasse?
      Segundo tópico: E se... o Nordeste se separasse?
      Terceiro tópico: E se... o Sul se separasse?
       
      E se... o Brasil se separasse?
       
       
      Resto do Brasil: República de São Paulo, República Verde da Amazônia e a nova República Federativa do Brasil.
                                                                

       
      Um pouco de contexto
      Dado que estarei falando sobre três novos países no mesmo post, serei mais breve nos detalhes. Decidi juntar o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul com a Região Norte, e não com São Paulo ou com o que restou do Brasil.
      Os novos três países têm características bem conhecidas: São Paulo é muito populoso e industrializado, com 46 milhões de habitantes; a Amazônia é gigante em área, mas sua população de 25 milhões de pessoas é muito esparsa e mal conectada, dispondo de péssima infraestrutura; e o Brasil, ou melhor, o que sobrou dele, por sua vez, mantém boa parte das características brasileiras facilmente identificáveis mais uma população de 53 milhões de pessoas.
      A Amazônia é composta por todos os estados da Região Nordeste mais Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, enquanto o Brasil é composto pela Região Sudeste mais Goiás e Distrito Federal, menos São Paulo.
      Abaixo, uma breve ficha dos países e suas posições nas respectivas categorias, mundialmente, acompanhada dos países que mais se aproximam:
       
      Área
      Brasil: 1,021 milhão km² (29º) - Egito
      São Paulo: 248 mil km² (74º) – Reino Unido
      Amazônia: 5,113 milhões km² (7º) – entre Índia e Austrália, ou quase o dobro da Argentina
      População
      Brasil: 53 milhões hab. (26º) – Coréia do Sul
      São Paulo: 46 milhões hab. (31º) – Argentina ou Espanha
      Amazônia: 25 milhões hab. (55º) – Camarões ou Austrália
      Densidade:
      Brasil: 51,9 hab/km² (126º) – Camarões ou Irã
      São Paulo: 184,99 hab/km² (52º) - Itália
      Amazônia: ~ 5 hab/km² (185º) – Canadá
      PIB
      Brasil: 372 bilhões US$ (26º) – Argentina ou Noruega
      São Paulo: 442 bilhões US$ (27º) – Nigéria ou Áustria
      Amazônia: 115 bilhões US$ (58º) – Marrocos
      PIB per capita (PPP)
      Brasil: US$ 7.020 (82º) – Irã ou Gabão
      São Paulo: US$ 9.629 (65º) – Rússia ou Bulgária, a frente da Argentina
      Amazônia: US$ 4.634 (95º) – Paraguai ou África do Sul
       
      Lista de cidades mais importantes (em milhões):
      Brasil: Rio de Janeiro-RJ (6,7), Brasília-DF (3,0), Belo Horizonte-MG (2,5), Goiânia-GO (1,5), São Gonçalo-RJ (1,1), Duque de Caxias-RJ (1,0), Nova Iguaçu-RJ (0,8), Uberlândia-MG (0,7) e Contagem-MG (0,7). Desses 9 municípios, 4 fazem parte da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O domínio não é tão intenso quanto da capital paulista, mas ainda assim salta aos olhos.
      São Paulo: São Paulo (12,1), Guarulhos (1,4), Campinas (1,2), São Bernardo (0,9), Santo André (0,7), São José (0,7), Osasco (0,7), Ribeirão Preto (0,7 e Sorocaba (0,7). A exemplo do Rio de Janeiro, desses 9 municípios, 5 fazem parte da Região Metropolitana de São Paulo, reforçando a centralização futebolística em torno da capital.
      Região Norte: Manaus-AM (2,2), Belém-PA (1,5), Campo Grande-MS (0,9), Cuiabá-MT (0,6), Porto Velho-RO (0,5), Ananindeua-PA (0,5) e Macapá-AP (0,5). Os polos habitados se concentram basicamente nas duas pontas de uma ligação no Rio Amazonas, que vai de Manaus ao litoral. Embora Belém não esteja exatamente onde desemboca o rio, está praticamente do lado da foz.


       
      E se...
      Feita a breve apresentação sobre os novos países, de forma bem mais resumida que as anteriores, vamos ao que interessa. Novamente, não são relevantes os motivos da separação. Podemos pensar numa grande quebra de laços de lealdade institucional e de equilíbrio de poder entre as elites regionais, causando uma ruptura generalizada no Brasil. O que importa é: O que aconteceria com o futebol? Qual seria a força desses novos campeonato divididos e dessas seleções?
      Começarei por apresentar como poderiam ser as novas organizações, com as devidas divisões e os times que as compõem. Depois, vou abordar a nova dinâmica que surgiria dessa situação, o impacto nos clubes e as possibilidades internacionais. Por último, vou propor uma seleção nacional, abordando também o impacto na seleção canarinho.
       
      Vagas na Libertadores
      A criação de um novo país, com certeza, mexeria na distribuição das vagas para as competições continentais, tanto para a Libertadores quanto para a Sulamericana. Como mudei a hipótese inicial para os textos sobre o Sul e o Nordeste, isto é, de que o resto Brasil se manteria unido, fiz também uma nova proposta de distribuição de vagas para a Libertadores e para a Sulamericana.
       
      A nova realidade
      Tanto para os times do Rio de Janeiro quanto para os times de São Paulo, o impacto seria gigantesco.
      A média de público nesse cenário hipotético é algo difícil de definir, pela quantidade de variáveis envolvidas, e qualquer opinião estará sujeita a várias críticas. Levei em consideração as médias dos Campeonatos Brasileiros e dos campeonatos estaduais, conjecturando o impacto que a ausência de vários clubes grandes teria sobre essas médias.
      No caso de São Paulo, podemos nos basear, mais ou menos, no Campeonato Paulista, utilizando as outras competições como agregadoras. Nos casos do Brasil e da Amazônia, temos que pensar um pouco melhor, caso a caso, se a melhor métrica é o Estadual ou o Nacional e qual peso dar a cada coisa.
       
      O futebol no Brasil
       

      O primeiro caso, dada as quantidades exorbitantes de torcedores de Flamengo e Vasco fora de seus Estados, seria mais grave. Ambos possuem a maior parte de suas torcidas fora do Rio de Janeiro, respectivamente, 74% e 71%. O Flamengo veria sua vantagem em relação a seus pares despencar, em comparação com sua situação atual, enquanto o Vasco, de 5ª maior torcida do Brasil, passaria a ser a 4ª maior torcida do novo país.
      A média de público não sofreria tanto. Como sempre foi pregado no futebol brasileiro, qualquer clube pode ser campeão. Sabemos que, na atualidade, isso não é real há mais de uma década. No novo Brasil, entretanto, isso poderia voltar a ser verdade. Isto é, à exceção do Flamengo, que continua sendo o maior clube com certa vantagem. Entretanto, em bons anos, todos os outros grandes podem fazer frente, além de sempre estarem disputando umas das vagas na Libertadores.
      O grande problema do futebol de clubes no novo país é a ausência de uma "classe média" sólida, futebolisticamente falando. À parte dos grandes, há uma fatia representada por Atlético-GO, Vila Nova e América-MG, e abaixo disso, é tudo meio que mais do mesmo. Abaixo disso, à exceção, talvez, de Gama e algum time do Espírito Santo, não há uma força média.
       
                          

       
      O futebol em São Paulo
      Em São Paulo, o mais afetado seria o Palmeiras, único a ter a maior parte dos seus torcedores fora do Estado. No lado oposto, e em contraposição à crença majoritária, o Santos seria o mais beneficiado, dado que os alvinegros praianos tendem a se concentrar, majoritariamente, dentro de São Paulo.
      A média de São Paulo sofreria um pouco mais, em comparação com o Brasil. Ainda que o orgulho paulista seja considerado, essa é uma competição espelho do campeonato estadual. É claro que tem mais peso e dá vaga na Libertadores, mas seria muito difícil para o quatro grandes se sentirem motivados ao jogar contra os times menores.
                          

       
      O futebol na Amazônia
       

       
      Na República da Amazônia, a situação é mais complexa, difícil de analisar. Por um lado, comparativamente, Remo e Paysandu são os que menos têm a ganhar, já que são os únicos dois times do país absolutamente consolidados. Por outro, à parte de Manaus, é difícil fazer um julgamento. Os manauaras possuem um grande potencial, dado que a adoção dos clubes locais, ainda que por uma pequena parte da população, já os tornaria competitivos no cenário nacional. Se houver concentração em torno de um clube, este pode vir a se tornar o melhor time do país.
      Fora dos dois principais polos, se destacam o Cuiabá, que vem fazendo um trabalho interessante, e a cidade de Campo Grande, que pode ver sucesso se passar por um processo como o sugerido para Manaus.
                          
       
       
      Seleções nacionais
      Existiria um grande equilíbrio entre as seleções brasileira e paulista. Acho realmente difícil dizer quem teria um primeiro time melhor. São Paulo tem vantagem no gol e na zaga, mas perde na lateral direita. Na esquerda, há empate. No meio, clara vantagem do Brasil. No ataque, São Paulo superior.
      A seleção da Amazônia se revelou mais forte do que eu tinha imaginado. Muito obrigado ao Football Manager, inclusive. Do meio pra trás é claramente melhor que do meio pra frente, entretanto. Seria uma seleção bem defensiva? 
                                               

    • Lowko é Powko
      Por Lowko é Powko
      Prefácio
      A partir de hoje (06/05/20) darei início a um projeto que idealizei há muito tempo e que veio se materializando nos últimos dias. Eu gosto muito de história e geografia, e o futebol me interessa, na maior parte, nos que se liga a essas matérias. A economia, as questões sociais, geopolíticas e históricas que envolvem o esporte são muito mais interessantes pra mim do que o jogo em si, “dentro das 4 linhas”.
      Há anos, editei um update no Football Manager com o título “O Sul é o meu País!”, no qual eu criei uma breve história sobre a separação da Região Sul do Brasil, tornando-se um país independente, com as devidas implicações disso no futebol. Vale ressaltar aqui que não sou nem nunca fui separatista, e fiz o update apenas para exercício intelectual e diversão. Da mesma forma, também separei a Padânia, região centro-norte da Itália, do resto do país, e cheguei a projetar um update parecido com a criação de República do Nordeste.
      Essas simulações ficam bem mais interessantes quando há de fato uma proposta, alguma movimentação sobre o tema. Por isso, uma criação da Euskadi (País Basco, Pátria Basca) é mais interessante do que, sei lá, uma eventual junção entre França e Itália (?). Se colocarmos a questão “como seria a seleção do Império Romano?”, as coisas já começam a mudar, e isso depende muito do público que está consumindo essa informação e esse entretenimento.
      Tentarei, na medida dos meus conhecimentos e habilidades, divagar com uma razoável demonstração do contexto histórico, situação política, apresentação de mapas e imagens, entre outras coisas, tentando tornar o exercício o mais profundo possível sem se tornar enfadonho.
      É claro, é sempre um exercício de imaginação, e não um estudo sério. É, no final, uma brincadeira. Por isso, vou utilizar este tópico para escrever algumas besteiras, e conto com a colaboração de vocês, apontando os erros e os acertos, as opiniões divergentes e as ideias para próximas análises.
       
      E se... a Itália se separasse?
      _
       
      Um pouco de contexto
      A Padânia é uma região geográfica localizada no norte da Itália, cujo nome deriva do rio e do vale dominante na região, o Pó (Padus, em latim). Originalmente, a região era conhecida pelos romanos como Gália Cisalpina, e o termo Padânia, moderno, foi incorporado pelo movimento político regional Lega Nord (Liga Norte), federalista e, às vezes, separatista, como um possível nome para um país independente.
      O movimento Lega Nord, transformado num partido político, arrefeceu a luta pela independência e hoje tem se concentrado mais na proposta federalista, com um enfoque no “nacionalismo” e na maior independência da região. Em termos mais ou menos grosseiros, dá pra comparar a situação com a diferença entre a Região Nordeste brasileira em oposição às Regiões Sul e Sudeste, sendo a primeira a Itália e as outras a Padânia.

      Originalmente, o regionalismo se referia, como dito, ao vale do rio Pó. Entretanto, na década de 90, a nascente Lega Nord incorporou no conceito outras regiões, de acordo com uma proposta inicial de 1975, feita pelo antigo presidente do Partido Comunista de Emiglia-Romagna – onde ficam Bologna, Parma e Modena. A “Grande Padânia” incluiria, além de, inicialmente, Emiglia-Romagna, Veneto, Lombardia, Piemonte e Liguria, regiões circundantes, como Friuli, Trentino, Valle d’Aosta, Toscana, Marche e Umbria. A soma de todas essas regiões representa mais da metade da população e da área da atual República Italiana, e, quase com certeza, por volta de dois terços do PIB (embora eu não tenha feito as contas).

      De onde surge esse desejo? Podemos dizer que a separação econômica entre o norte e o sul da Itália é um fator determinante. O norte, historicamente mais industrializado, também se vê como mais “civilizado” - as instituições funcionam melhor, o povo é mais educado, entre outros. Do ponto de vista cultural, as regiões sofreram, via de regra, pressões de potência diferentes. O norte é muito marcado pelo Reino Lombardo, pelas repúblicas mercantes, pelo Sacro Império Romano-Germânico, pelas invasões napoleônicas. O sul, por sua vez, pelos Estados Papais, pelo controle bizantino e pelas invasões árabes. Vale ressaltar, também, que a geografia acidentada da península nunca foi uma facilitadora da unificação, com os Apeninos cruzando de norte a sul. Todos esses fatores em conjunto geraram condições para que os defensores da Padânia incluam regiões que originalmente não eram assim consideradas, por conta de similaridades nos padrões da sociedade civil, cidadania e governo.


       
      E se...
      Dito isso, passaremos a analisar como todos esses fatores influenciariam no futebol, sem criar uma história coesa para dar base a uma realidade alternativa onde a Itália se fragmenta. O interesse aqui é algo mais superficial, lúdico, e não acadêmico ou muito sério. Como seria o futebol nesses dois países? Primeiro, vamos elencar os times pertencentes a cada um dos países, Itália e Padânia, com base na separação já apresentada entre as regiões; segundo, vamos definir como seriam divididos os times nesses países – quantos times por divisão, a estrutura das divisões, etc.; terceiro, vamos especular como seria a distribuição das vagas nas competições europeias; quarto, vamos analisar a composição das seleções nacionais e suas potencialidades.
      Mas antes disso, e de forma conjunta, vamos abordar a quantidade de torcedores de cada time, segundo algumas pesquisas recentes.
      Segundo pesquisa do Instituto Demos & Pi, de 2010, a Juventus é o clube mais popular, com 29,0% dos torcedores, seguida por Internazionale, com 17,4%, e Milan, com 14,1%. Os três clubes seguintes são do sul do país, com Napoli (9,2%), Roma (7,4%) e Cagliari (2,1%). Fecham a pesquisa a Fiorentina (2,1%) e o Bologna (1,7%).

      Pesquisa dos Instituto Doxa, de 2003, indicava a seguinte distribuição: Juventus com 31,0%, Internazionale com 22,2%, Milan com 16,4%, Roma com 6,0%, Napoli com 4,2%, Lazio com 3,5%, Fiorentina com 2,7% e Torino com 1,9%.
      Outra pesquisa, apresentada em parte no site Statista.com, sem indicação de fonte e maiores detalhes (serviço pago) apresenta os seguintes números: 35% para a Juventus, 17% para a Inter, 14% para o Milan, 10% para o Napoli, 7% para a Roma, 3% para a Lazio e 2% para a Fiorentina.
      Por último, uma pesquisa de 2018 indicou o nível de apoio popular dos clubes que disputaram a Série A na temporada 17/18:


       
      Médias de público
      Dada a concentração das equipes no norte do país, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, é de se esperar que a média de público das três maiores equipes não sofra um baque tão grande. A situação é diferente no sul, onde rivais como Juventus, Inter e Milan serão substituídos por equipes do nível de Trapani, Cosenza e Monopoli, e mesmo se considerarmos um campeonato composto por menos clubes. As maiores equipes dos centros menos fortes (ou mais pobres) são quase sempre as mais beneficiadas por um futebol unificado, já que podem doutrinar sua base com um componente cultural e/ou regional e participar da divisão de um dinheiro ao qual de outra forma não teria acesso. É o caso do Athletic Bilbao, dos times da Itália e até mesmo da dupla de Porto Alegre.
       
      Vagas europeias
      Como ficaria a distribuição de vagas nas competições europeias? Pra definir isso de forma não muito aprofundada, mas com algum pé na realidade, decidi somar os pontos de todos os times de cada país e dividir por 7 (quantidade de vagas da Itália atualmente) em ambos. Essa conta resultou num resultado aproximado do que eu acho razoável, sem que nenhum país comece do zero, dado que nenhum deles é fraco, e com a possibilidade de crescer ao longo das temporadas.
      A Padânia, com 32,1 pontos, seria a 12ª colocada no ranking de países, enquanto a Itália, com 28,1 pontos, seria a 14ª. Essa diferença não teria efeitos práticos, já que para ambas as colocações as alocações da temporada 21/22 serão de 2 vagas na UCL, 1 vaga na UEL e 2 vagas na nova competição continental que a UEFA está criando para dar mais chances aos países menores.
      O meu palpite é que, com a passagem do tempo, a Padânia fosse ocupar o 5ª lugar, talvez brigando com a França pra ficar em 4º, e a Itália disputaria um degrau abaixo, com Portugal e Rússia.

       
      O futebol na Padânia
      Assim como na capacidade econômica, o futebol na Padânia é muito mais forte que na Itália. Dos 113 títulos nacionais do antigo país, 105 pertencem à região norte. Juventus, Internazionale e Milan dominaram o futebol nacional, com 71 títulos combinados. Além disso, conquistaram todos os 12 títulos que a Itália possuía no mais alto nível europeu, atual Champions League. Tudo isso é, agora, história.
      Credita-se à forte imigração sulista parte da força que os times nortenhos, em especial a Juventus, têm sobre o imaginário nacional. Os bianconeri têm, com folgas, a maior torcida do país, seguidos por, em ordem, Inter e Milan. A tese é que os trabalhadores que se empregavam no norte industrializado passavam a torcida pelo time que adotavam para seus familiares no sul. Uma das maiores empresas contratantes era a Fiat, da família Agnelli, cujos laços com a Juventus remontam à década de 20 e se mantêm até hoje.
      E aqui entra uma tese minha (no sentido de que eu não lembro de ter copiado diretamente de ninguém, embora, com certeza, já deva ter sido abordada e estudada por várias pessoas): o período em que a dominação da Juve se reforça coincide com a maioria dos fortalecimentos de vários clubes europeus, como o Liverpool, na Inglaterra, o Bayern, na Alemanha, e o Real Madrid, na Espanha. Esse período se dá entre as décadas de 60 e 70, com o surgimento e o fortalecimento das transmissões televisivas em países desenvolvidos. Os motivos são diversos, desde apoio político, cultura local mais associada ao futebol, crescimento econômico, combinados com investimentos e “gerações de ouro” em boa parte desses times.
      O quanto o sucesso influenciou o apoio popular e o quanto o segundo influenciou o primeiro dependeria de uma análise mais profunda, mais tempo e mais linhas, o que não farei aqui. O fato é que não há comparação entre o tamanho das torcidas dos times do norte da península com os times do sul. O que podemos dizer com certa segurança é que o tamanho relativo da torcida bianconera ao novo país seria bem menor do que é hoje, dado que a Juventus tem apoio em todo o território italiano, sendo a única torcida verdadeiramente nacional.
      Sem mais delongas, vamos ao formato da nova competição. O Padanão seria composto por 20 times, dado que a tradição e a capacidade econômica da região comportam bem essa quantidade. Os 15 times da primeira divisão seriam acompanhados por 5 vindos da atual Série B. Esses times foram definidos por colocação na atual competição paralisada, e são Pordenone, Spezia, Cittadella, Chievo e Empoli. Decidi não considerar a possibilidade de uma primeira divisão com apenas 16 times, embora fosse viável e bem possível que assim fosse, dada a tendência de concentração do futebol atual. Além disso, estamos ignorando a criação de uma Liga Europeia, da qual pelo menos a Juventus com certeza faria parte.
      A segunda divisão segue com todos os times nortenhos atuais, que são 7 (desconsiderando os 5 anteriores, guinchados à primeira), mais 13 vindos dos grupos A e B da Série C, também em ordem de classificação. A terceira divisão, não idealizada, seria composta pelo resto dos times 25 times regionais na Série C mais o necessário para fechar uma divisão que seria formada, provavelmente por dois grupos regionais.
      __
      Obs: me perdoem por algumas imagens que estão com aviso de corretor, não quis editar todas novamente.
      Além do fato já apontado sobre o possível enfraquecimento da Juventus, ao menos no curto prazo, podemos dizer que os grandes prejudicados por essa remodelação das fronteiras são Inter e Milan. Se olharmos apenas para a última década, pode não parece, mas duas das quatro vagas que a Itália tinha na UCL iam inevitavelmente para a dupla de Milão. Com apenas duas vagas e, eventualmente, três, fica mais difícil ambos irem ao mesmo tempo para a principal competição de clubes do mundo. Ainda assim, o baque não é tão grande.
      Sempre é de se considerar um ressurgimento de blues de grande torcida e/ou de grandes cidades. Esse fenômeno seria mais forte no sul, entretanto, pela quantidade de clubes representantes regionais que andam mal das pernas. No norte, os clubes estão mais ou menos se espera que esteja, com a maior exceção história sendo o Venezia. O Bologna também é um bom candidato pra um renascimento.
      A divisão também traria mais possibilidades para a península como um todo. Se a Padânia realmente ficasse em 5º lugar no ranking da UEFA e a Itália em 7º, por exemplo, teríamos um combinado de 5 vagas na UCL, 3 na UEL e 3 na UEL. A Itália, em 2022, terá apenas 4, 2 e 1, respectivamente. Ainda que se leve em consideração em que fase os times entrariam, me parece que é uma melhora, no geral.
      Pordenone, Spezia e Cittadella disputariam a primeira divisão nacional pela primeira vez.
      ¹ O Chievo Verona tem uma média de público horrível nessa temporada, o que me saltou aos olhos. Entretanto, o clube costumava manter uma média bem maior na Série A, por volta dos 11 mil torcedores por jogo.
       
      O futebol na Itália
      O primo pobre do futebol da Padânia, ao menos no quesito clubes, conta com algumas forças sólidas e internacionalmente bem reconhecidas, como a Roma, a Lazio e o Napoli. Entretanto, enquanto o norte coleciona 105 títulos, o sul possui apenas 8, sendo 3 dos giallorossi, 2 dos biancocelesti, 2 dos partenopei e 1 dos rossoblu (Cagliari).
      Embora Roma seja a capital, a quarta maior torcida da atual Itália e a maior dessa Itália dividida é a do Napoli. O clube do Maradona tem inclusive mais torcedores que os dois times de Roma combinados, o que é impressionante, de um lado, e lamentável, de outro. Roma, ainda que seja uma das cidades mais conhecidas do mundo, ficou sempre no meio desse embate étnico entre o norte e o sul da península, o que, na minha opinião, enfraqueceu a noção de que a capital deve ser o centro cultural de um país, que nem Mussolini e sua centralização conseguiram impor. A nacionalidade italiana não se concentra em Roma, da mesma forma que a nacionalidade alemã não se concentra em Berlim. No fim, o futebol ou está ligado a um forte senso de pertencimento, ou a uma forte economia, ou os dois. No caso de Roma, nenhum deles está presente.
      O futebol da nova Itália começa enfraquecido, com apenas cinco times na primeira divisão presentes na atual Série A, sendo os quatro campeões já citados mais o Lecce. A esses, se juntariam mais oito da atual Série B e três da atual Série C, fechando um campeonato de 16 times. Na segundona, o campeonato é formado por mais 16 times, todos da atual Série C, com exceção de dois. Cabe notar que há times muito tradicionais fora das duas primeiras divisões, como o Palermo, o Foggia e o Messina (considerando qualquer um dos dois atualmente existentes).
      __
      Aqui as mudanças são mais consideráveis. Com as fortes equipes do norte fora do caminho, abre-se um espaço para os clubes mais mediterrâneos. Primeiro, há a possibilidade de maior apoio ao futebol local no médio e longo prazos, principalmente se estamos tratando das equipes insulares mais o Lecce. A possibilidade de frequentar as competições europeias é bastante atrativa, tanto financeiramente quanto pela questão competitiva.
      O ressurgimento, aqui, seria bem mais notável, também. A separação daria um incentivo moral à reorganização de Palermo, Catania, Messina, Bari e Reggina, que são os centros de regiões metropolitanas de razoável tamanho. Dessa forma, a primeira divisão tende a se fortalecer após alguns anos, com os times citados que estão de fora, mas até lá, serão alguns anos nos quais a UEL terá como representantes italianos prováveis o Cagliari e o Lecce. Essas vagas podem beliscadas com alguma sorte por times de um degrau mais baixo, como Benevento e Frosinone.
      ² O Ternana, da segunda divisão, está com uma média de público anormalmente alta, ao contrário do Chievo. De um ano pro outro, um aumento aproximadamente 350% não é normal. A média de público mais comum do clube é de 3 mil pessoas.
      ³ Não foram achados dados sobre a as médias de Palermo, Messina e Foggia. Há que se destacar, entretanto, que o Palermo levava com frequência 20 mil pessoas por jogo na Série A, o Messina variou muito (de 30 pra 21 pra 10, nos três anos de Série A, temporadas 05, 06 e 07) e o Foggia levou 10 mil por jogo na Série B de 18/19. O Catania também leva bem mais gente em boas fases, a.k.a Série A.
       
      Seleções nacionais
      Levando consideração que os jogadores seriam selecionados pelos países nos quais nasceram, e não por prováveis outras regras adicionais:

      Como podem notar, faltam três jogadores. Eu preferi deixar esses espaços em branco mesmo, já que não faz tanta diferença. Vale ressaltar também que, no caso de jogadores que nasceram em outros países, meu critério foi a região do clube onde mais tempo jogou.
      Não achei nenhuma das duas especialmente fortes, embora a seleção sulista seja, pra mim, claramente melhor que a nortenha, ao menos no papel. Mas futebol é dentro das quatro linhas.
×
×
  • Criar Novo...