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Analisando o desempenho do Sarribol na Juventus


Henrique M.

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  • Vice-Presidente

Analisando o desempenho do Sarribol na Juventus

Com a nova temporada do futebol europeia se aproximando, vai chegando a hora de anunciarmos os clubes que serão analisados por aqui. A primeira equipe a ganhar os holofotes no nosso projeto será a Juventus, de Maurizio Sarri. O Sarribol saiu de Napoli, foi para Londres e um ano depois, retornou à Velha Bota. Surpreendentemente, Sarribol e Juventus andarão juntos na temporada 2019/2020

Como disse no anúncio, cada analista traria sua escolha, explicaria as razões e porque ela seria interessante ao amigo leitor. Entretanto, acho condizente que iniciemos antes com uma apresentação pessoal e a nossa motivação para trazer esse conteúdo para vocês. E nada mais justo do que eu iniciar o processo, abrindo alas para os outros companheiros.

Apresentação do analista

O anúncio inicial é um bom resumo sobre quem eu sou e tem as informações mais relevantes para aqueles que não se interessarem por essa parte. Entretanto, um aprofundamento faz bem, para que não haja enganos. Curiosamente, aquela informação de um mês atrás já se encontra desatualizada. A partir de setembro, iniciarei um estágio no Farense, clube da segunda divisão portuguesa, trabalhando nas categorias de base do clube.

Mas quero ir além, já que meu processo de construção de uma identidade dentro do mundo do futebol começou em 2017, quando escrevi quatro projetos para clubes de futebol do Brasil. Em um afã em busca de redirecionar minha vida, bem antes do atual caminho ser sequer uma hipótese, recorri à construção de um projeto para cavar uma vaga em clubes de futebol em que eu poderia ter algum acesso. Dois deles eram da cidade onde residi boa parte da minha, Uberaba Sport Club e Nacional. Os outros dois eram do futebol capixaba, Desportiva e Rio Branco.

A busca pelo sonho

Durante minha jornada universitária reafirmei que minha paixão era o futebol e que não haveria um local adequado e agradável em minha vida para ser Engenheiro. E eu não queria sacrificar um sonho pela segurança e conforto que o caminho tradicional poderia me trazer. Naquele momento, havia falta de experiência no ramo, hoje já começo a dar passos para resolver esse problema.

Sou movido pela possibilidade de forjar uma carreira no futebol, mesmo que você não tenha jogado em nível profissional. Apesar de todas as barreiras que possam existir, pois limites existem para serem superados! Sou profundo defensor de que devemos buscar pavimentar a estrada do nosso destino com aquilo que nos envolve e nos encanta. E é esse o significado que o futebol tem para mim. Futebol é paixão, indubitavelmente, mas na atualidade essa paixão precisa cada vez mais da racionalidade para que o sucesso em uma sociedade esportiva ocorra, porque com o passar dos tempos os clubes andam buscando se fechar em torno de um seleto e pequeno grupo, respondendo ao interesse de poucos.

E um dos grandes propulsores dessa racionalidade, além da busca pelo profissionalismo, foi uma virada do futebol para o mundo frio e calculista dos números e estatísticas. A análise de desempenho acaba sendo enquadrada nessa parte mais racional e analítica. Entretanto, desempenho muitas vezes vai além daquilo que os números possam vir a mostrar. Existem jogadores que fazem toda a diferença dentro de um time de futebol e sequer são observados pela frieza das estatísticas. A ideia aqui é tentar fazer a diferença dessa forma. Queremos ser como o carregador de piano que ninguém dá crédito na hora que a bola está rolando.

Por quê a Juventus?

Depois dessa não tão breve apresentação pessoal, é hora de dizer por quê a Juventus? É simples, a resposta tem nome e sobrenome. Maurizio Sarri. O treinador italiano é algo totalmente diferente daquilo que a escola italiana de técnicos produziu e produz. Ele é uma quebra de paradigma muito grande daquilo com o que associamos com o trabalho dos treinadores italianos.

Com um futebol de toques curtos, construção ágil e aproximação rápida ao campo de defesa adversário. Além da ocupação do campo de ataque e a pressão intensa para retomada rápida da posse de bola. Sarri não tem muito a ver com o pragmatismo tradicional com o qual a Itália sempre foi associada. Não que o treinador não utilizasse conceitos fundamentais da escola italiano. Sua defesa era organizada para não deixar o adversário construir e ameaçar o gol, como a maioria dos seus pares. A sua diferença sempre esteve na forma como acredita que deve chegar ao gol. Também em como suas equipes devem se portar na hora que obtém a bola.

O casamento improvável

Juventus e Sarri formaram um dos casamentos mais improváveis dos últimos tempos na Velha Bota. Sarri conduziu um dos melhores Napolis de toda a história. Apenas ficando para trás do lendário time de Maradona que no final da década de 80 e começo da década de 90 levantou os dois scudettos napolitanos. Só que do outro lado existia uma Juventus dura e cruel, uma máquina de vencer. Sob a tutela de Massimiliano Allegri a Juventus conquistou cinco títulos italianos. Em três dessas temporadas, contra Sarri. Os napolitanos ficaram em segundo por duas vezes e em terceiro em outra ocasião. Na última temporada de Sarri no Napoli, o time do sul da Itália fez uma pontuação que lhe daria o título em qualquer outra temporada Serie A. Mas não diante de uma Juventus implacável e que antes de ter a besta enjaulada já vencia, vencia e vencia.

A idolatria napolitana e o futebol divergente

Os três anos do treinador napolitano fizeram com que ele se tornasse uma figura icônica para o Napoli. Sendo um homem nascido no sul da Itália, ele compreendia o sentimento dos seus torcedores, a importância do clube para a identidade regional e o sentimento que existe com relação ao norte da Itália. E o treinador abraçou essa missão, de fortalecer essa identidade, de valorizar o Sul em detrimento do Norte. Além disso, não hesitava diante dos microfones ao falar da Juventus e não fugia da responsabilidade que era ser uma bandeira para a cidade de Napoli e seus torcedores ensandecidos pelo clube local. E quando ele foi para o Chelsea, o sentimento não mudou. Contudo, tudo isso foi quebrado quando ele decidiu assumir o comando do maior vencedor da Serie A.

Ademais, o Sarribol não combina com aquilo que a Juventus sempre demonstrou ao escolher seus treinadores. A filosofia da Juventus é uma só: vencer. Não importa como, se você vencer, está fazendo bem seu trabalho. E com isso, era normal que a escolha de treinadores se fiasse na escola italiana de futebol. E isso é demonstrado ao longo da história por nomes como Trapattoni, Lippi, Capello, Conte, Deschamps, Allegri, Ancelotti e tantos outros. Por isso, quando as especulações surgiram de que a Juventus estava entre Guardiola e Sarri, muita gente reagiu com incredulidade.

Entre Pep e Maurizio

Nenhum dos dois nomes condizia com aquilo que a Juventus sempre fez com relação a seus comandantes. Por exemplo, contra Guardiola, pesava o fato de que o último estrangeiro a comandar a Juventus foi Didier Deschamps. Isso foi em 2006/2007, ano que a Juventus esteve na Serie B. E antes dele, só em 1971, quando o tcheco, Čestmír Vycpálek foi escolhido. E contra Sarri ainda pesava o fato de que até a conquista da Europa League da temporada passada, o treinador nunca havia vencido nada. E na Juventus, vencer é tudo. E isso tudo sem considerar a falta de correlação entre o estilo futebolístico com os últimos treinadores da própria Juventus.

E gostaria também de frisar que a trajetória de Sarri é uma parte importante dos motivos pela escolha da Juventus. O treinador era bancário até boa parte dos seus 40 anos e não teve experiência como jogador de futebol profissional. O caminho que Sarri trilhou é um pouco daquilo que busco alcançar ao longo da minha própria jornada no futebol. E lições podem ser obtidas ao observar mais de perto um treinador que fez aquilo que todo jogador de FM, mesmo que não admita, sonharia em fazer: assumir seu clube do coração e ter uma carreira de sucesso no mundo do futebol.

Por quê acompanhar?

Simples: o casamento entre o clube da vitória pragmática com o treinador "sem-títulos" do futebol ofensivo. Maurizio Sarri, em termos de futebol, é o anti-Juventus. Assim como em termos de conquistas, a Juventus é o anti-Sarri. Logo, a busca pela química entre um dos nomes mais interessantes no mercado atual de treinadores e um clube que busca incessantemente pela conquista de sua terceira Champions League é um motivo e tanto para acompanhar a nossa análise do Sarribol na Juventus.

Além disso, é interessante ver como um clube que pelos últimos dez anos, no mínimo, confia em uma defesa sólida, em um futebol pragmático e uma sede de vitórias irá reagir sob a tutela de um treinador que é o oposto disso tudo. Sarri e Juventus são um dos grandes mistérios da nova temporada e não faz sentido deixar de explorar isso. Principalmente sob a ótica que estamos querendo desenvolver nosso projeto. Afinal de contas, não existe momento melhor para analisar algo do que aquele onde existe uma ruptura entre o que era feito e um novo plano totalmente diferente.

Ambos tem o potencial para ser uma das grandes histórias da temporada. Sarri quer se provar vencedor o suficiente para estar no comando de um clube que ostenta oito campeonatos consecutivos, mas vem falhando no palco que o clube mais almeja. E também não podemos nos esquecer que a Juventus acredita que o estilo de Sarri tem mais potencial para resolver essa demanda por uma Champions League do que o que estava sendo feito, já que o pragmatismo excessivo dos últimos anos foi considerado uma das razões por detrás dos problemas do clube em transformar a dominância em casa em poderio continental.

Sugestões de leitura

Para encerrar, deixo aqui a indicação de alguns textos (em inglês) sobre a evolução do Sarribol no Empoli e a jornada de Sarri do amadorismo ao topo do futebol italiano e internacional.

Fonte: https://www.engenhariadofutebol.com.br/2019/08/03/analisando-o-desempenho-do-sarribol-na-juventus/

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  • Diretor Geral

Maravilha hein, DiGoiaba? Aí sim. 👏🏽

Os motivos pra se acompanhar a Juve do Sarri, pra quem conhece um pouquinho de futebol, são pra lá de óbvios. Vai ser interessantíssimo ver esse time jogar sob a batuta dele, principalmente em jogos grandes no Calcio e na Champions.

 

Agora, fiquei com uma pulga atrás da orelha aqui com o seu texto:

8 hours ago, Henrique M. said:

[...] A filosofia da Juventus é uma só: vencer. Não importa como, se você vencer, está fazendo bem seu trabalho. [...]

Óbvio que todo clube almeja vencer, ganhar títulos, mas lendo assim dá a entender que a cultura juventina sempre foi pautada no "resultadismo", tão abominado aqui em nosso país. Isso procede? Ou tô falando groselha?

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  • Vice-Presidente
2 hours ago, Leho. said:

Óbvio que todo clube almeja vencer, ganhar títulos, mas lendo assim dá a entender que a cultura juventina sempre foi pautada no "resultadismo", tão abominado aqui em nosso país. Isso procede? Ou tô falando groselha?

Exatamente, um dos lemas do clube é : "Vencer não é importante, é a única coisa que conta" 

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  • Diretor Geral
5 hours ago, Henrique M. said:

Exatamente, um dos lemas do clube é : "Vencer não é importante, é a única coisa que conta" 

Legal, acho foda os caras assumirem isso. Mais um ingrediente pra botar tempero nesse "casamento" com o Sarri, hahahaha.

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Parabéns pela análise e início do projeto Henrique.
Vou acompanhar suas análises e a dos outros, é interessante ver o passo que tomou.
Desejo-lhe boa sorte e sucesso na sua jornada.
O casamento Sarri e Juventus é de uma antítese gritante, vamos ver como correrá durante a temporada.
Creio que iremos nos surpreender, só não sei ao certo se para o lado positivo ou negativo.

 

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  • Vice-Presidente
On 8/18/2019 at 1:15 AM, skp said:

Parabéns pela análise e início do projeto Henrique.
Vou acompanhar suas análises e a dos outros, é interessante ver o passo que tomou.
Desejo-lhe boa sorte e sucesso na sua jornada.
O casamento Sarri e Juventus é de uma antítese gritante, vamos ver como correrá durante a temporada.
Creio que iremos nos surpreender, só não sei ao certo se para o lado positivo ou negativo.

 

Valeu, skp.

Eu acho que não vai ter meio termo, ou dá muito certo ou dá muito errado.

Isso se o Sarri chegar até lá, foi internado hoje com pneumonia.

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Tá seguindo o sonho, Henrique? Conte mais aí, se ainda não tiver contado em algum lugar.

Uma coisa que não entendi é se esse é apenas o post de apresentação. Você vai acompanhar com análises ao longo da temporada, correto?

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  • Vice-Presidente
38 minutes ago, Lowko é Powko said:

Tá seguindo o sonho, Henrique? Conte mais aí, se ainda não tiver contado em algum lugar.

Uma coisa que não entendi é se esse é apenas o post de apresentação. Você vai acompanhar com análises ao longo da temporada, correto?

Sim, já tem um ano. Comecei Desporto no ano passado aqui em Faro, como o @Bigode.. Essa temporada vou começar um estágio na categoria de base do Farense, clube da cidade que está na Segunda Divisão Portuguesa.

Sim, irei postar análises ao longo da temporada. Esse aqui foi para incentivar o @bstrelow e o Bigode que já postaram as análises no site, mas ficaram acanhados de postar aqui.

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Top cara. Coragem da porra. Boa sorte na caminhada.

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