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Zizek: "Politicamente Correto" é uma forma mais perigosa de Totalitarismo


John the Baptist.

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Que acham?

Sou fã do Zizek, embora tenha minhas ressalvas com ele. Nesse vídeo, acho que ele acertou em algumas coisas, principalmente na parte sobre essa "onda New Age" de ode às civilizações indígenas, "primitivas" (na falta de termo melhor).
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Refleti mais no início do que ele falou sobre a ditadura do politicamente correto como coerção. Apesar de eu concordar com os argumentos dele, não acho que um chefe que use o politicamente correto seja intocável, pois o empregado já é um adulto. Se quiser protestar, saberá usar do mesmo artifício e até conquistar e manter adesão de uma forma mais fácil. Crianças podem até ser mais dóceis a princípio, mas em um mundo com mais informação a gente acaba crescendo com mais malícia, e aí isso acaba depois.

O problema do racismo é a concepção de raça em si. E isso é culpa dos brancos e dos negros. Os brancos que criaram na época da escravidão, e os negros que após conquistaram os direitos civis insistem em se colocar como diferentes. Como alcançar a igualdade social se a gente olha tanto pra diferença? Os anti-racismo dizem que "existe uma raça só, a raça humana". Beleza, então porque fragmentam ela em guetos de acordo com a cor da sua pele? Se o branco tratar um negro como inferior é racismo, e eu concordo com isso, mas o negro tem que batalhar pra ser visto como igual e não ele mesmo exaltar a própria diferença étnica.

Entre os 100% negros e os 100% brancos, sou mais os 100% humanos.

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Refleti mais no início do que ele falou sobre a ditadura do politicamente correto como coerção. Apesar de eu concordar com os argumentos dele, não acho que um chefe que use o politicamente correto seja intocável, pois o empregado já é um adulto. Se quiser protestar, saberá usar do mesmo artifício e até conquistar e manter adesão de uma forma mais fácil. Crianças podem até ser mais dóceis a princípio, mas em um mundo com mais informação a gente acaba crescendo com mais malícia, e aí isso acaba depois.

O problema do racismo é a concepção de raça em si. E isso é culpa dos brancos e dos negros. Os brancos que criaram na época da escravidão, e os negros que após conquistaram os direitos civis insistem em se colocar como diferentes. Como alcançar a igualdade social se a gente olha tanto pra diferença? Os anti-racismo dizem que "existe uma raça só, a raça humana". Beleza, então porque fragmentam ela em guetos de acordo com a cor da sua pele? Se o branco tratar um negro como inferior é racismo, e eu concordo com isso, mas o negro tem que batalhar pra ser visto como igual e não ele mesmo exaltar a própria diferença étnica.

Entre os 100% negros e os 100% brancos, sou mais os 100% humanos.

 

Me permita interromper:

 

É importante salientar a perspectiva Hegeliano-Marxista do Zizek. Ele não tá questionando "de quem é a culpa", ou etc. Ele tá dizendo que o "politicamente correto" é uma forma velada (e perversa) de esconder os conflitos e contradições das relações sociais. Nisso a experiência própria dele na Iuguslávia é interessante.

 

Quando os conflitos sociais entre Sérvios e Montenegrinos em menos intensos, por exemplo, uma dose de racismo amigável (o que ele chama de pequenas obscenidades) era exatamente o que reforçava a amizade entre um sérvio e um montenegrino. O politicamente correto entrou, justamente pelo aprofundamento destas contradições. Ou seja, o politicamente correto emerge da própria incapacidade das pessoas de reconhecerem estas contradições e lidarem com elas de uma forma mais honesta.

 

Pra falar a verdade, esta coisa de "prefiro 100% humanos a 100% negro e 100% branco", é exatamente o discurso politicamente correto que o Zizek critica, pois, na perspectiva dele, transforma apenas o discurso que abrange os locais aonde há a interação entre negros e brancos, mas não transforma as bases sociais que tornam os negros e brancos distintos (50% da população do Brasil é negra mas menos de 9% das cadeiras de ensino superior são ocupadas por negros, por exemplo. Racismo não existe nessa conta?).

 

O que ele está dizendo é: quero que o discurso politicamente correto se foda e meu pau cresça, se não existe isonomia entre brancos e negros, homens e mulheres, heteros e gays, ricos e pobres, então vamos lidar com essas diferenças de forma adulta, e não através do mero polimento do discurso.

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Me permita interromper:

 

É importante salientar a perspectiva Hegeliano-Marxista do Zizek. Ele não tá questionando "de quem é a culpa", ou etc. Ele tá dizendo que o "politicamente correto" é uma forma velada (e perversa) de esconder os conflitos e contradições das relações sociais. Nisso a experiência própria dele na Iuguslávia é interessante.

 

Quando os conflitos sociais entre Sérvios e Montenegrinos em menos intensos, por exemplo, uma dose de racismo amigável (o que ele chama de pequenas obscenidades) era exatamente o que reforçava a amizade entre um sérvio e um montenegrino. O politicamente correto entrou, justamente pelo aprofundamento destas contradições. Ou seja, o politicamente correto emerge da própria incapacidade das pessoas de reconhecerem estas contradições e lidarem com elas de uma forma mais honesta.

 

Pra falar a verdade, esta coisa de "prefiro 100% humanos a 100% negro e 100% branco", é exatamente o discurso politicamente correto que o Zizek critica, pois, na perspectiva dele, transforma apenas o discurso que abrange os locais aonde há a interação entre negros e brancos, mas não transforma as bases sociais que tornam os negros e brancos distintos (50% da população do Brasil é negra mas menos de 9% das cadeiras de ensino superior são ocupadas por negros, por exemplo. Racismo não existe nessa conta?).

 

O que ele está dizendo é: quero que o discurso politicamente correto se foda e meu pau cresça, se não existe isonomia entre brancos e negros, homens e mulheres, heteros e gays, ricos e pobres, então vamos lidar com essas diferenças de forma adulta, e não através do mero polimento do discurso.

 

Quanto a perspectiva hegeliano-marxista, você falou grego pra mim. Li nada do primeiro e pouco do segundo em uma versão resumida, faz muito tempo. Então essa leitura que tu fez não vou saber interpretar, admito.

E é nessa coisa de lidar de forma honesta com o racismo é que entra meu "prefiro 100% humanos a 100% negro e 100% branco", que não tem nada a ver com politicamente correto. Muito do politicamente correto vem justamente dos discursos das minorias, que condenam piadas racistas de qualquer um, de Zizek a Danilo Gentili. O negócio é que eu tou de saco cheio dessa dicotomia besta, tanto dos que são de fato racistas quanto dos que condenam os racistas (sendo que alguns só são racistas nas cabeças maliciosas e paranoicas das cabeças mais perversas das elites combatidas).

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O julinhomocha se referiu à dialética. A tese e a antítese, o conflito, culminando numa síntese, nesse caso, uma proposta estabilidade do conflito através do politicamente correto. Este, como síntese da contradições, nega a própria contradição, suprimindo os conflitos latentes entre sérvios e montenegrinos, talvez como não-existente, não-falado (exemplo: não existe racismo no Brasil, somos todos iguais).

 

Nesse sentido, o politicamente correto age justamente como repressor dessa realidade (a desigualdade entre negros e brancos) no plano ideológico. A realidade, como foi dito acima, se refere às "bases sociais que tornam os negros e brancos distintos", enquanto a ideologia "transforma apenas o discurso que abrange os locais aonde há a interação entre negros e brancos."

 

Você está confundindo os conceitos de raça, misturando-os. De um lado, existe o ideal de que a raça é uma só, humana, e não deveria haver diferenciação a priori baseado na cor (se é negro, é burro, por exemplo). Outra coisa é fazer uma constatação da realidade: na prática, negros e brancos são diferentes, porque suas condições sociais são diferentes. É justamente olhando para a diferença que se tenta a igualdade social, não fazendo vistas grossas a essas diferenças com o discurso do "somos todos iguais", porque não somos. A diferença não é étnica, é prática, é sócio-econômica.

 

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Como complemento à este vídeo, recomendo os vídeos que ele analisa criticamente um conceito que ele criou chamado: tolerância liberal.

 

O julinhomocha se referiu à dialética. A tese e a antítese, o conflito, culminando numa síntese, nesse caso, uma proposta estabilidade do conflito através do politicamente correto. Este, como síntese da contradições, nega a própria contradição, suprimindo os conflitos latentes entre sérvios e montenegrinos, talvez como não-existente, não-falado (exemplo: não existe racismo no Brasil, somos todos iguais).

 

Nesse sentido, o politicamente correto age justamente como repressor dessa realidade (a desigualdade entre negros e brancos) no plano ideológico. A realidade, como foi dito acima, se refere às "bases sociais que tornam os negros e brancos distintos", enquanto a ideologia "transforma apenas o discurso que abrange os locais aonde há a interação entre negros e brancos."

 

Você está confundindo os conceitos de raça, misturando-os. De um lado, existe o ideal de que a raça é uma só, humana, e não deveria haver diferenciação a priori baseado na cor (se é negro, é burro, por exemplo). Outra coisa é fazer uma constatação da realidade: na prática, negros e brancos são diferentes, porque suas condições sociais são diferentes. É justamente olhando para a diferença que se tenta a igualdade social, não fazendo vistas grossas a essas diferenças com o discurso do "somos todos iguais", porque não somos. A diferença não é étnica, é prática, é sócio-econômica.

 

 

:yeah2:

 

Perfeito. Tem experiência com este tipo de análise? 

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Bem bacana a discussão, serei bem aberto aqui. Ainda não sei qual minha opinião sobre isso.

De um lado temos essa "hipocrisia do bom mocismo", esse politicamente correto irritante que tanto me enche o saco. De outro lado temos a capacidade imensa do ser humano em ser babaca.

 

De um lado fico irritado por não poder fazer piadinhas direito, ter de pensar mil vezes antes de postar algo publicamente ou até falar em voz alta (ou mesmo com amigos, dependendo do grupo), é bem óbvio que grande parte dos principais estandartes que conheço da cultura do politicamente correto são hipócritas de mão cheia, que pregam a tolerância através da censura.

Mas por outro lado eu me sinto feliz de certos amigos que realmente são racistas, homofóbicos ou simplesmente babacas estarem revendo conceitos de piadas, sendo execrados quando fazem algo escroto. Dá gosto de ver gente dando nos dedos de um filhodaputa sendo machista de maneira gratuita e séria, só que ele continuará sendo machista. Acho que essa escrotisse é algo que vem da própria pessoa HAHA Os justos acabam pagando pelos canalhas, pra variar.

 

É algo muito subjetivo, tu pega a mesma piada sobre negros e bota duas pessoas pra fazer, um cara bacana que sabe respeitar as raças e tem total noção que aquilo é "só de zoa" e um retardado realmente racista que odeia negros e tem medo até de dar abraço nos caras. Se tocar o vídeo dessas duas pessoas falando acho que veríamos pouca ou nenhuma diferença do jeito que é contada a piada, não saberíamos indicar qual é qual. E mil pessoas poderiam cair de pau no cara do bem, assim como o fdp poderia ser aplaudido, mesmo sendo realmente um fdp.

 

 

Fico em cima do muro nessa HAHA Politicamente Correto é uma bosta, mas se algo foi ensinado nesses últimos tempos, desde as eleições e etc foi "Não subestime a babaquice humana".

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Eu passo quase que diariamente pelo bagulho que ele falou da avó no começo do vídeo, HAHAHAHAHAHAHA. Minha vó mora comigo e minha mãe vive tentando jogar esses psicológicos (faz isso, sua vó vai gostar e tal, ela vai se sentir bem - e eu nunca faço porque não gosto da minha vó - rs)

 

O restante vejo depois pra comentar melhor, vou almoçar. <3

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  • 2 semanas depois...

Eu passo quase que diariamente pelo bagulho que ele falou da avó no começo do vídeo, HAHAHAHAHAHAHA. Minha vó mora comigo e minha mãe vive tentando jogar esses psicológicos (faz isso, sua vó vai gostar e tal, ela vai se sentir bem - e eu nunca faço porque não gosto da minha vó - rs)

 

O restante vejo depois pra comentar melhor, vou almoçar. <3

 

Cara, eu acho o discurso "pacifico" realmente mais agressivo. Fui criado na base desse discursinho furreca e demorei pra caralho pra cair na real que a vida não é assim contigo, que muitas vezes tu se obriga fazer o que não gosta por um bem maior e não é passando mão na cabeça que isso vai entrar na mente da criança saca? É mais sincero tu falar "faça isso, ponto" que seduzir a pessoa até que ela fique sem opção senão fazer. Sentimento inicial óbvio que é raiva e revolta, mas toda essa energia gasta com putisse vai ser bem canalizada depois HAHA

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