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Finlândia será o primeiro país do Mundo a abolir a divisão do conteúdo escolar em matérias


Lusquerinhas do Amaral

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FINLÂNDIA SERÁ O PRIMEIRO PAÍS DO MUNDO A ABOLIR A DIVISÃO DO CONTEÚDO ESCOLAR EM MATÉRIAS

A campainha toca, mas, em vez da aula de História, começa a aula de “Primeira Guerra Mundial”, planejada em conjunto pelos professores especialistas em História, Geografia, Línguas Estrangeiras e (por que não?) pelo professor de Física que achou que seria uma boa oportunidade para trabalhar os conceitos de Balística.

À tarde, outro sinal, mas os alunos não vão ter aula de Biologia. Hoje a aula é sobre “Ecossistema Polar Ártico”, ministrada pelos professores especializados em Biologia, Química, Geografia e o de Matemática, que percebeu que os dados sobre o derretimento das geleiras seriam úteis para o estudo de Estatística.

Em pouco tempo, cenários como esse, que já são comuns nas principais escolas da capital Helsinki, poderão ser encontrados em toda a rede de ensino do município e nas cidades do interior. O objetivo é claro: "a Finlândia quer ser o primeiro país do mundo a abolir completamente a tradicional divisão do conteúdo escolar em “Matérias” e adotar em todas as suas escolas o ensino por “Tópicos” multidisciplinares (ou “Fenômenos”, conforme a terminologia adotada pelos educadores finlandeses)".

Há anos, a educação finlandesa vem sendo considerada a melhor do mundo. Com “segredos” como valorização dos professores, atenção especial aos alunos com mais dificuldades, valorização das artes e de diferentes formas de aprendizagem e uma radical redução no número de provas e testes, o país tem consistentemente dividido as mais altas posições nos rankings do PISA (Programme for International Student Assessment, ou Programa para Avaliação Internacional de Estudantes) com Cingapura, mas com as vantagens de oferecer uma educação universalmente gratuita e livre dos tremendos níveis de estresse aos quais os estudantes asiáticos são submetidos.

Apesar dos excelentes resultados (ou talvez por causa deles), a Finlândia pretende continuar repensando e aprimorando seu sistema educacional. “Não é apenas Helsinki, mas toda a Finlândia que irá abraçar a mudança”, afirma Marjo Kyllonen, gerente educacional de Helsinki. “Nós realmente precisamos repensar a educação e reprojetar nosso sistema, para que ele prepare nossas crianças para o futuro com as competências que são necessárias para o hoje e o amanhã. Nós ainda temos escolas ensinando à moda antiga, que foi proveitosa no início dos anos 1900 – mas as necessidades não são mais as mesmas e nós precisamos de algo adequado ao Século 21.”

Naturalmente, a ideia de substituir “Matérias” por “Fenômenos” como forma de dividir o conteúdo escolar e apresentá-lo aos alunos sofreu resistência inicial, principalmente dos professores e diretores que passaram suas vidas se especializando e se preparando para ensinar matérias. Mas com suporte do governo – inclusive incentivos financeiros através de bonificações para os professores que aderissem ao método – os professores foram gradualmente se envolvendo e hoje aproximadamente 70% dos professores das escolas de ensino médio da capital já estão treinados e adotando essa nova abordagem.

Atualmente, as escolas finlandesas já são obrigadas a oferecer ao menos um período de ensino multidisciplinar baseado em Fenômenos por ano. Na capital Helsinki, a reforma está sendo conduzida de forma mais acelerada, com as escolas sendo encorajadas a oferecer dois períodos. A previsão de Marjo Kyllonen é de que em 2020 a transição estará completa em todas as escolas do país.

http://rescola.com.br/finlandia-sera-o-primeiro-pais-do-mundo-a-abolir-a-divisao-do-conteudo-escolar-em-materias/

E aí? O que vocês acham?

Será esse o futuro daqui a alguns anos?

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Na minha primeira semana de aula da graduação há uns 10 anos tinha um professor que falava disso. Lembro da fala dele: "o conhecimento é um só, mas dividiram em caixinhas para facilitar o ensino, só que isso é artificial, a tendência é com o tempo caminhar para a interdisciplinaridade e essas caixinhas sumirem". Ele deve estar feliz com essa notícia hahaha.

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É necessário uma modernização no ensino, afinal é preciso haver um desenvolvimento humano, não "robótico" dos seres humanos.

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  • Diretor Geral

Gosto bastante do modelo, mas acho que uma mescla seria ainda mais vantajosa, do tipo manter algumas matérias principais (Matemática, Português e Biologia, por exemplo) ainda em separado, preparando o terreno, e incluir esses tópicos multidisciplinares para que o aluno coloque em prática o que aprendeu lá nas aulas específicas, além claro de ser estimulado dentro de outros assuntos.

Acho que tudo o que for planejado e CONECTADO de forma inteligente (matérias, assuntos e disciplinas) é melhor do que o que temos hoje, onde alunos são realmente "robotizados" no aprendizado, pra usar o termo que meu xará utilizou acima.

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Com certeza esse é o futuro, há muito já se fala nisso.

Resta saber quantas décadas vai demorar para ser implementado com sucesso no Brasil.

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Com certeza esse é o futuro, há muito já se fala nisso.

Resta saber quantas décadas vai demorar para ser implementado com sucesso no Brasil.

Kkkkkkkkkkkkkkkk

Décadas? Tá loko, mano? Fale em séculos.

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  • Vice-Presidente

Que mané multidisciplinaridade? O negócio é ensinar a passar no ENEM, não ensinar conteúdo.

O professor esses dias tava contando o caso de um aluno no 8º período de engenharia de uma universidade pública que não sabia quanto era 0,1x10.

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Pois é, se quiser que os seus filhos tenham educação finlandesa, aprenda o idioma de lá, vá morar lá e criar eles lá. É o jeito.

Nosso problema é que o individual sufoca o coletivo de forma tão soberana que trava o país. Em vez de ser uma sociedade coesa que cresce junto, é um bando (não tem palavra melhor pra definir) de egoístas alienados que não mudam seu ambiente e nessa de buscar só o seu fica todo mundo batendo cabeça.

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Que mané multidisciplinaridade? O negócio é ensinar a passar no ENEM, não ensinar conteúdo.

O professor esses dias tava contando o caso de um aluno no 8º período de engenharia de uma universidade pública que não sabia quanto era 0,1x10.

Minha turma (10º período) tem nego que pega HP 50g pra fazer adição e subtração.

Nego tem preguiça de parar pra pensar e fazer essas coisas de cabeça. É até bom pro raciocínio...

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Minha turma (10º período) tem nego que pega HP 50g pra fazer adição e subtração.

Nego tem preguiça de parar pra pensar e fazer essas coisas de cabeça. É até bom pro raciocínio...

Que mané multidisciplinaridade? O negócio é ensinar a passar no ENEM, não ensinar conteúdo.

O professor esses dias tava contando o caso de um aluno no 8º período de engenharia de uma universidade pública que não sabia quanto era 0,1x10.

Pra exemplificar pra vocês como o povo não sabe o básico (interpretar uma pergunta).

Tô fazendo uma matéria online (Ciências Ambientais) e a pergunta da primeira atividade avaliativa é:

Se, a princípio, a questão ambiental atravessa todas as profissões, é válido que um processo seletivo de emprego na área ambiental permita apenas a participação de certos profissionais, como, por exemplo, engenheiros, biólogos, oceanógrafos e agrônomos?

Olha o nível das respostas:

Essa disciplina é de suma importância por transmitir aos seres humana o quanto a natureza de forma geral deve ser respeitada ,valorizada e cuidada ,a preservação da natureza é essencial ou seja sem ela não viveremos.portanto cabe a nós cuidar do meio ambiente e passar e passar para outras pessoas que não tem o conhecimento a ter consciência de que jogar lixos em lugares impróprios é errado de que fazer queimadas e desmatamento prejudica a natureza ,e esse problema tem que ser abraçados por todos.

É importante ficar claro, antes de se entender a ciência ambiental, o que é propriamente 'a ciência'.

Sobretudo que, a ciência existe e é desenvolvida para melhorar a vida humana, das pessoas, de todos nós.

Um exemplo são as vacinas, que aumentam a longevidade de nossa vida, dando proteção ao organismo.

Muitos outros exemplos existem, em diversas áreas do saber, como tecnologias em saúde, segurança, mecânica, engenharias, biologia, geografia, humanidades, outras.

Na realidade todos somos parte do meio ambiente em um dever de todos preserva, o meio em que vivemos , cobrar das nossas autoridades politicas de preservação do meio ambiente investimento em profissionais voltados para área de preservação do meio ambiente

O HOMEM faz parte do meio ambiente,mas está se visualizando fora dele.Os governantes deveriam investir mais em propagandas relacionadas em poupar água,energia,não poluir os rios, mares,etc.nas escolas deveria ter disciplina de EDUCAÇÃO AMBIENTAL.

Precisamos EDUCAR para PRESERVAR!
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Pois é, se quiser que os seus filhos tenham educação finlandesa, aprenda o idioma de lá, vá morar lá e criar eles lá. É o jeito.

Nosso problema é que o individual sufoca o coletivo de forma tão soberana que trava o país. Em vez de ser uma sociedade coesa que cresce junto, é um bando (não tem palavra melhor pra definir) de egoístas alienados que não mudam seu ambiente e nessa de buscar só o seu fica todo mundo batendo cabeça.

No Brasil o individual sufoca o coletivo?

Eu acho que não vivo no mesmo país que algumas pessoas...

Pra exemplificar pra vocês como o povo não sabe o básico (interpretar uma pergunta).

Tô fazendo uma matéria online (Ciências ambientais) e a pergunta da primeira atividade avaliativa é

Olha o nível das respostas:

Mother of god!

O.o

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Educação 100% estatal. ABRAÇOS AOS ANTIS =P

Sinceridade, eu não parei pra pensar sobre essa divisão de conteúdos e a reunião deles, mas vindo de um país que é referência em educação, talvez seja uma boa.

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No Brasil o individual sufoca o coletivo?

Eu acho que não vivo no mesmo país que algumas pessoas...

Mother of god!

O.o

Acho que ele quis dizer (também) no sentido de que não se luta junto por melhorias, não no sentido - literal - de ser cada um por si. Deixa eu tentar me explicar melhor, já que é um ponto com chance de ser controverso:

Uma vez a minha mãe postou no Face uma foto de uma greve dos médicos por melhores condições de trabalho. E tinha uma legenda dizendo que os médicos apoiavam os professores para uma paralisação por melhores condições também.

Eu respondi algo assim: "Apoiam porra nenhuma. Cada um só quer saber do seu. O salário dos médicos e dos policiais é mais do que o dobro do salários dos professores. Tem estado e município que diz que não tem dinheiro pra pagar um piso de menos de 2000 reais pra professor, mas se você for olhar, paga 10 mil pra médico. Existe algum médico que na hora da greve aceita não receber aumento salarial em troca de simplesmente trabalhar num hospital com equipamentos e remédios? Algum profissional (qualquer que seja) aceita não receber aumento pra que este dinheiro seja repassado a outra categoria que não a sua, e que, se valorizada, vai te dar melhores condições de trabalho? Não! Isso é hipocrisia. Ninguém luta por melhores condições de trabalho. Lutam por dinheiro. E só."

Foi mais ou menos isso.

Agora, uma explicação: eu, como professor, realmente vejo a educação como a salvação do país onde meu filho vive. Com educação, as pessoas podem ter melhores noções de higiene e cuidados com a própria saúde. O que desafogaria os hospitais públicos. Exemplo? Já vi crianças brincando no esgoto. Hábito saudável? Não fode. Óbvio que uma deles (no mínimo) ficou doente. E pra onde foi? Hospital particular? Haha. Com educação, o povo pode aprender a lutar por um país melhor, com mais distribuição de renda (não essas palhaçadas do governo), o que melhoraria a qualidade de vida. Com mais pessoas com renda satisfatória, a criminalidade diminui (não é extirpada, pois sempre tem os malas FDP), a consciência coletiva melhora, e isso reduz o impacto na segurança também. E por aí vai. O povo aqui em geral é inteligente, e acho que não preciso desenhar, né?

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Acho que ele quis dizer (também) no sentido de que não se luta junto por melhorias, não no sentido - literal - de ser cada um por si. Deixa eu tentar me explicar melhor, já que é um ponto com chance de ser controverso:

Uma vez a minha mãe postou no Face uma foto de uma greve dos médicos por melhores condições de trabalho. E tinha uma legenda dizendo que os médicos apoiavam os professores para uma paralisação por melhores condições também.

Eu respondi algo assim: "Apoiam porra nenhuma. Cada um só quer saber do seu. O salário dos médicos e dos policiais é mais do que o dobro do salários dos professores. Tem estado e município que diz que não tem dinheiro pra pagar um piso de menos de 2000 reais pra professor, mas se você for olhar, paga 10 mil pra médico. Existe algum médico que na hora da greve aceita não receber aumento salarial em troca de simplesmente trabalhar num hospital com equipamentos e remédios? Algum profissional (qualquer que seja) aceita não receber aumento pra que este dinheiro seja repassado a outra categoria que não a sua, e que, se valorizada, vai te dar melhores condições de trabalho? Não! Isso é hipocrisia. Ninguém luta por melhores condições de trabalho. Lutam por dinheiro. E só."

Foi mais ou menos isso.

Agora, uma explicação: eu, como professor, realmente vejo a educação como a salvação do país onde meu filho vive. Com educação, as pessoas podem ter melhores noções de higiene e cuidados com a própria saúde. O que desafogaria os hospitais públicos. Exemplo? Já vi crianças brincando no esgoto. Hábito saudável? Não fode. Óbvio que uma deles (no mínimo) ficou doente. E pra onde foi? Hospital particular? Haha. Com educação, o povo pode aprender a lutar por um país melhor, com mais distribuição de renda (não essas palhaçadas do governo), o que melhoraria a qualidade de vida. Com mais pessoas com renda satisfatória, a criminalidade diminui (não é extirpada, pois sempre tem os malas FDP), a consciência coletiva melhora, e isso reduz o impacto na segurança também. E por aí vai. O povo aqui em geral é inteligente, e acho que não preciso desenhar, né?

Tô pelo celular, e por aqui é difícil me alongar...

Mas, veja só, você precisa ensinar uma criança a não brincar no esgoto.

Esgoto que tá lá por falha da administração pública...

Nem vou entrar na discussão do saneamento básico no Brasil, porque ia fugir do tema.

Mas olha o círculo: o governo não cumpre o básico, aí a criança brinca no esgoto e vai dar despesas lá no hospital.

No fim, eu já disse minha receita pra educação aqui melhorar. Tá logo aí pra cima...

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  • Diretor Geral

Ao que parece eles não vão abolir nada. Só vão criar módulos com aulas interdisciplinares que o aluno também assistirá.

Mas parece que a intenção é, a longo prazo, fazer essa substituição sim:

“Atualmente, as escolas finlandesas já são obrigadas a oferecer ao menos um período de ensino multidisciplinar baseado em Fenômenos por ano. Na capital Helsinki, a reforma está sendo conduzida de forma mais acelerada, com as escolas sendo encorajadas a oferecer dois períodos. A previsão de Marjo Kyllonen é de que em 2020 a transição estará completa em todas as escolas do país.”
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  • Diretor Geral

Na Finlândia, competência toma lugar do conteúdo

Redesenho do sistema educacional coloca projetos transversais à frente de disciplinas. Leia entrevista com secretária de Helsinque

26/03/15 - POR VINÍCIUS DE OLIVEIRA

Experimentar e não ter medo de falhar é um lema repetido com certa frequência por empreendedores. Na educação, até pelo número de envolvidos diretamente no processo, a estratégia costuma ser deixada de lado. Não na Finlândia. Apesar de figurar entre os 10 melhores em ciências e leitura no PISA (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Alunos, exame realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o país começa a pôr em prática uma nova maneira de ensinar, na qual disciplinas e o conteúdo perdem espaço para competências e alunos ganham papel ativo na avaliação.

Na última semana, uma reportagem do jornal britânico The Independent trouxe pistas sobre o novo plano finlandês: tópicos, como “mudança climática” e “centenário da independência da Finlândia” começam a receber mais ênfase do que a transmissão de conteúdo por meio da rigidez das disciplinas. Em um passo além do que hoje acontece por no mínimo dois períodos ao ano nas chamadas “aulas de fenômenos”, a grade horária se torna mais flexível para que o estudante entre em contato com conceitos de economia, história, geografia e línguas estrangeiras de modo transversal com a ajuda de temas do cotidiano. A partir de 2016, novas diretrizes curriculares vão induzir a implantação de aulas e práticas colaborativas com diversos professores trabalhando simultaneamente com um mesmo grupo de alunos. Na capital do país, Helsinque, 10 escolas já aplicam essa metodologia, enquanto outras dão os primeiros passos.

Para saber mais sobre as mudanças em curso, Porvir conversou com Marjo Kyllönen, secretária de educação da cidade, a maior rede do país, com 198 escolas, 36.000 alunos e 3.000 professores. Kyllönen explica que o plano é mudar o foco, sair do ensino tradicional que forma indivíduos prontos para obedecer e partir para uma solução inovadora que ajude no progresso da sociedade finlandesa. A representante de Helsinque detalha ainda mudanças no modo de avaliar professores, que passariam a ter feedback da própria classe. Medo de dar errado? “Eu não tenho medo. Esse novo jeito de ensinar permite resultados muito melhores em diferentes áreas, porque você passa a aprender sobre determinado tema para a vida e não somente para a escola”. Leia a entrevista abaixo:

Porvir – Por que vocês estão fazendo essas mudanças agora?

Marjo Kyllönen - Precisamos mudar a maneira de ensinar e o trabalho que é feito dentro da sala de aula. Claro, ainda é necessário conhecimento em matemática e ciências, mas agora o foco é garantir às crianças as habilidades necessárias para a sociedade do futuro. O modo tradicional de ensino foi feito para a era industrial, com todos os trabalhadores fazendo a mesma coisa e se mostrando obedientes, mas para o amanhã e para o futuro é necessário fazer diferente e desenvolver habilidades individuais e, ao mesmo tempo, demonstrar colaboração, capacidade de inovar, ter coragem para fracassar e encontrar novos modos de fazer as coisas. É por isso que acredito que a Finlândia ocupa a parte de cima de rankings como o PISA (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Alunos) . Não podemos sentar e ficar só esperando e, sim, trabalhar no redesenho do sistema educativo.

Porvir – Como as mudanças têm sido implementadas?

Kyllönen – Quando falamos de Helsinki, nos referimos a dez escolas que adotaram esse tipo mais abrangente da metodologia, com aulas de fenômenos substituindo de modo abrangente as disciplinas no currículo. A grande maioria, no entanto, já tem realizado um trabalho experimental: o critério mínimo é que cada estudante participe em dois processos a cada ano letivo, da primeira à nona série [período que compreende a educação obrigatória]. Esse trabalho deve durar pelo menos duas semanas e envolver diferentes disciplinas. Quando levamos esse assunto às escolas, falamos sobre o que muda no dia a dia, do papel mais ativo dos alunos, de como o conteúdo não é tão importante quanto se pensa e, principalmente, para que os líderes [das escolas] não tenham medo de falhar, porque quando se começa algo novo, não se sabe quais serão os resultados.

Porvir – Como vocês preveem o impacto dessas mudanças em exames internacionais como o PISA?

Kyllönen – Uma parte da resposta é que depende do que o PISA vai avaliar. Se continuar a verificar o aprendizado de habilidades do dia a dia, penso que continuaremos em boa posição no ranking. Se quiserem acompanhar conhecimento em matemática, tudo bem, não vamos deixar de lado essas habilidades básicas. Só que faremos isso de um jeito diferente e nosso objetivo é que os resultados em escala global nos permitam ficar entre as dez primeiras posições e, por que não, na liderança [risos]. Eu não tenho medo. Esse novo jeito de ensinar permite resultados muito melhores em diferentes áreas, porque você passa a aprender sobre determinado tema para a vida e não somente para a escola.

Porvir – Existe alguma data para que todas as escolas sigam a nova metodologia em seu nível mais amplo?

Kyllönen – Não temos um prazo. Estamos discutindo e reimaginando a educação há anos e agora a proposta ficou suficiente madura. Minha experiência mostra que quando o professor aprende a desenhar essas aulas de fenômenos, ele não quer voltar para o modo tradicional de ensino. Mesmo quando está sozinho, ensinar matemática de um jeito diferente é o mais importante, porque alunos ficam mais motivados e têm melhor desempenho. Estamos dando pequenos passos e, em agosto de 2016, um novo currículo será implementado e começaremos a ensinar a partir dele. Sei que temos mais escolas que planejam adotar um currículo baseado em “fenômenos” para todas suas atividades. No momento temos dez, mas a maioria começa a fazer alguma coisa.

Porvir – Como é o trabalho para convencer professores a mudar sua filosofia de trabalho?

Kyllönen – Essa é uma questão que também tem sido trabalhada há algum tempo. Além de responsável pela educação em Helsinque, também sou pesquisadora e fiz minha tese de PhD sobre liderança escolar. A meu ver, os principais agentes de mudança são os líderes escolares. Em 2005, adotamos um nova organização em todas as escolas: temos um grupo formado por diretor, vice-diretor e, abaixo deles, líderes de equipe. Ao mesmo tempo, existe um grupo de 50 professores-tutores, supervisionado por especialistas do meu departamento, que trabalham em sala de aula e ainda fazem um trabalho de desenvolvimento profissional promovido pelo município. Eles vão até as escolas para dar exemplo de como implementar as aulas de fenômenos. Nós fazemos assim porque eles podem dizer “Eu já fiz isso na aula e funciona dessa maneira, estas são as dificuldades e desafios” e não fica parecendo que é o nível mais alto da hierarquia dando ordens. Quando a informação vem do chão da escola, os professores se convencem de que é possível e ficam mais motivados.

Porvir – E qual a opinião dos pais dos alunos?

Kyllönen – Na Finlândia, temos o privilégio de ter uma sociedade que valoriza a educação e os professores. Existem algumas escolas que estão dando apenas os primeiros passos e outras muito avançadas nessa reforma de suas rotinas. A resposta dos pais, no entanto, é muito satisfatória porque seus filhos estão verdadeiramente motivados.

Porvir – Que tipos de tópicos os alunos vão trabalhar?

Kyllönen – A base curricular comum da Finlândia permite à autoridade local decidir os rumos da educação e a autoridade nacional dá apenas as diretrizes. Antes das aulas de fenômenos, professores e tutores se envolvem no planejamento para escolher as disciplinas, objetivos e conteúdos que serão trabalhados. A palavra final fica por conta das escolas. Não obrigamos a fazer isso ou aquilo. Até mesmo os alunos podem definir quais serão os tópicos do currículo, pois podem aprender um mesmo conteúdo com a ajuda de diferentes tópicos. Então, não há necessidade que a autoridade municipal defina o que será visto na sala de aula.

Porvir – Falando um pouco mais sobre novas maneiras de ver o aprendizado, a França discute abolir notas de avaliação. Vocês pensam em fazer algo parecido?

Kyllönen – Na Finlândia não fazemos ranking de escolas. Em vez resultados individuais, pensamos no processo de aprendizagem. Uma das principais maneiras de se fazer isso é torná-lo mais perceptível, orientar estudantes e dizer a eles em quais áreas estão bem, quais são suas dificuldades e como podem resolvê-las. Enfatizamos o processo, não o resultado em si. Esse é nosso principal conceito de avaliação. Claro, no final de cada ano escolar, eles recebem suas notas para saber em que nível estão, mas não para se comparar com os colegas, e sim para entender se os objetivos traçados no início das aulas foram cumpridos. Como eles podem criar um plano individual de estudos, os objetivos são diferentes daqueles dos colegas. Nosso ethos para avaliação é bem singular e vemos esse processo como oportunidade de guiar a aprendizagem. Deve-se dar aos alunos meios para autoavaliação e o professor não deve ser o único responsável por ela, que também deve acontecer entre pares, por meio de feedback entre colegas. Além disso, vemos que é importante que o professor seja avaliado pelos pupilos — e não só por seus chefes — e é o que buscamos enfatizar para o futuro.

@Porvir

Só queria destacar dois trechinhos:

“Esse novo jeito de ensinar permite resultados muito melhores em diferentes áreas, porque você passa a aprender sobre determinado tema para a vida e não somente para a escola.”

[...]

“Enfatizamos o processo, não o resultado em si.”

A julgar pelo modo como pensam a educação, dá pra dizer que são das civilizações mais bem direcionadas para o futuro atualmente. Que aula!

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Mazáá, saiu até uma carteirada de "ethos" ali hahahahaha! Porra, tu lê uma entrevista dessas com a bicha dizendo que tá pouco se fodendo com ranking de PISA e notas, só querem ensinar o aluno a pensar. É sensacional, principalmente quando ela diz que a gente vem de uma base de ensino onde todo mundo era igual. Hoje se fala muito em diversidade. Imagina quanta coisa boa pode sair disso.

Aliás, é bacana o nego comparar como era na Grécia os métodos de ensino, com o Trivium, Quadrivium e por ai vai. Ai tu vê essa porcaria que a gente aprende hoje e entende porque tudo foi por água abaixo hahaha!

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Acho muito bom que em algum lugar do mundo pelo menos estão vendo o quão defasado é o sistema educacional atual.

Por aqui as crianças decoram, decoram, decoram e não aprendem nada.

Muito do que nos é passado mal entendemos porque não vemos aplicação prática do que acabamos de aprender.

E complementando o que disse o Henrique, tinha uma colega no segundo período de engenharia que não sabia onde ficava o ponto zero no plano cartesiano. Aí fica difícil...

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    • AndreP
      Por AndreP
      ====x===
       
      Ai pessoal, vou fazer ENEM e prestar vestibular pra UFRGS, gostaria de algumas dicas de quem já fez os 2 ou fez o ENEM e uma grande federal pra maximizar o desempenho nas provas (tirando a dica de estudar, é claro)

      Creio que seja do interesse de mais gente, fica aberta a discussão.
    • _Matheus_
      Por _Matheus_
      Tópico com finalidade simples, compartilhar sites interessantes para aprendermos coisas novas ou da nossa área mesmo. Preferencialmente gratuitos, é claro. Aguardando o Marcus postar as descrições dos sites de programação que ele recomendou num tópico do Aldo.

      Temas Gerais

      - https://www.edx.org/ - Cursos gratuitos dos mais variados temas, ofertados por universidades renomadas de todo o mundo, incluindo Harvard, MIT, entre outras. Vídeo-aulas em inglês com legenda também em inglês. Para obtenção de certificados, paga-se $50 como forma de ajudar a manter o site.

      - http://ocw.mit.edu/index.htm - O MIT OpenCourseWare oferece cursos de vários departamentos da instituição.

      - https://www.udemy.com/ - PAGO (mensalmente)

      - https://www.coursera.org/ - De graça. Os certificados verificados são 49 dólares, eu acho bem barato. E dá pra começar e pagar depois e/ou pedir refund. Além de monetizar a empresa que presta um serviço extraordinário. Tem os certificados comuns, grátis, que não usam mecanismos pra garantir que foi você mesmo que fez o curso.

      - https://www.udacity.com/ é tipo Coursera e edX, mas com foco pra tecnologia. Tem cursos oferecidos pela nVidia, Autodesk, Google, Facebook e universidades.

      - https://www.ed.ted.com é a parte educacional do TED, com conteúdo interessante e curto.

      - CrashCourse - é o canal de cursos completos em vídeos curtos dos irmãos Hank e John Green (autor de A culpa é das estrelas). Tem história (mundial e EUA), biologia, ecologia, química. Literatura e psicologia estão em andamento.

      - VlogBrotehrs - outro canal dos irmãos Green, tem vídeos sobre assuntos atuais como neutralidade da rede, prisões norteamericanas, curiosidades, etc.

      - SciShow - terceiro canal dos irmãos Green, com foco em ciência.

      - Vsauce - canal de de curiosidades.

      - Minute Earth - ciência e histórias sobre a Terra.

      - Kurzgesagt - animações explicando coisas como o mercado de ações, o tempo, o Big Bang, a lua.

      - https://www.khanacademy.org - tem cursos de física, química, biologia, história, economia, artes e o carro-chefe é a matemática, do mais básico pra frente.

      - http://oyc.yale.edu/ - Open Yale, tipo o Open MIT

      - Fundação Getúlio Vargas - cursos gratuitos do ramo da economia.

      - https://ureddit.com

      --------------------

      Temas Específicos
      CAD

      - http://cad.cursosguru.com.br/

      Culinária

      - https://cookingforengineers.com

      - https://cooklet.com

      - https://reluctantgourmet.com/technic.htm

      - https://how2heroes.com

      Faça você mesmo (Do it yourself)

      - https://instructables.com

      - https://thedailymiscellany.com

      - https://wikihow.com

      - https://wonderhowto.com

      - https://howstuffworks.com

      - https://howcast.com

      Física

      - Minute Physics - simplificando a física

      Idiomas (Línguas)

      - https://www.duolingo.com/ - Inglês e Espanhol. Aplicativo de celular muito bom. A interface é simples, bem feita e remete a um jogo. Não existe um conteúdo para se ler, você vai aprendendo mediante as atividades. Seus erros lhe custam "vida" que regenera com pontos adquiridos (lingots) nos acertos ou com o passar dos dias (creio). Os erros acompanham de informações que os corrigem, e ainda há a possibilidade de ver comentários e trocar ideia com outros usuários. É um método bem simples, mas que a todo momento trabalha a repetição de termos e estruturas gramaticais, traduções bilaterais, áudios e imagens, fixando o conteúdo.

      - http://www.dw.de/aprender-alemão/s-2199 - Curso de Alemão básico oferecido pelo governo Alemão.

      - http://livemocha.com/ - Site pra aprender idiomas. Você pode aprender uma nova lingua e ajudar outra pessoa a aprender português. Se não me engano você tem uqe corrigir os exercicios de outra pessoa que esteja aprendendo o português e alguém faz o mesmo por você.

      - http://www.memrise.com/ - Idiomas, vocabulário, história, ciência, etc. Na base da memória.

      - https://bbc.co.uk/languages

      - https://bussu.com

      - https://verbling.com

      Microsoft Office

      - http://office.cursosguru.com.br/ - Cursos de Excel e Word são essenciais para qualquer pessoa. Eu descobri o VBA no excel há pouco tempo e estou fascinado, apesar de ainda não ter aprendido. Todo mundo acha que sabe mexer no Word, mas a maioria não sabe nada. Formatar um texto é muito importante e pra quem faz isso frequentemente, sabe que alguns parágrafos teimam em não se alinhar pelos métodos normais, entre outros probleminhas.

      Música

      - https://justinguitar.com

      - https://musictheory.net

      - https://utimateguitar.com

      - https://playbassnow.com

      - https://howtoplaypiano.ca

      - https://teoria.com

      Programação

      - http://www.codecademy.com/

      - http://www.learncpp.com/ - Programação em C/C++

      - http://www-h.eng.cam.ac.uk/help/tpl/languages/C%2B%2B.html - Programação em C/C++

      - http://jcatki.no-ip.org/fncpp/Resources - Material para aprendizado em C/C++

      - http://code.org/learn

      - https://www.khanacademy.org/#computer-science

      - http://skillcrush.com/category/blog/resources/tech-term/

      - http://www.bentobox.io/

      - http://www.codeyear.com/

      - http://www.codeschool.com/ - PAGO (mensalmente)

      - http://teamtreehouse.com/ - PAGO (mensalmente)

      - http://net.tutsplus.com/ - PAGO (mensalmente)

      - http://www.lynda.com/ - PAGO (mensalmente)

      - http://www.udemy.com/courses/Technology - PAGO (mensalmente)

      - http://www.pluralsight.com/training - PAGO

      - https://learncodethehardway.com

      - https://htmldog.com

      - https://trypython.org

      - https://rubymonk.com

      - https://codingbag
    • Kradeu
      Por Kradeu
      Faaala, galerinha. Tudo bem?

      Estou há anos sem entrar no fórum, mas resolvi recorrer para pedir uma ajuda de vocês.
      Estou concluindo meu MBA em Marketing pela UFRJ e tenho que entregar a versão final do meu TCC neste domingo!

      Queria só pedir uns minutinhos de vocês para responderem um formulário à respeito de comportamento nas redes sociais.
       
      O link para acessar é: https://forms.gle/TMddyHgeKa9NAiLA7
       
      Vale lembrar que todas as respostas são anônimas e serão usadas somente para fins acadêmicos.
       
      Muito obrigado a todos!

      PS: Se postei em lugar errado, peço que só movam o tópico pra área certa.
      PS²: Se não puder postar algo desse tipo, peço que me dêem uma colher de chá e esperem até sábado para excluírem pelo menos hahaha.
      PS³: Demorei horas para lembrar meu e-mail e senha. Tem como alterar? Meu e-mail nem existe mais e a senha era um atacante de um time da série C que treinei no cm0304 hahahahah
      Efuzivo abraço,
       
    • Ariel'
    • grollinho
      Por grollinho
      não sei qualé a idade da gurizada do fórum, mas ctz que teve alguém que fez o enem 2017. E aí, como é que foi? qual foi sua reação com o tema da redação? seus acertos? chegou atrasado? Cumpartilha aqui
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