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Livro "O Capital no Século 21" revoluciona ideias sobre desigualdade


Visitante João Gilberto

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Visitante João Gilberto
O artigo que dá origem a chamada desse tópico é enorme, por isso, o colocarei em SPOILER e postarei abaixo uma notícia mais resumida com um vídeo interessante que também resume o livro:

Livro 'O Capital no Século 21' revoluciona ideias sobre desigualdade
Paul Krugman
The New York Times

Thomas Piketty, professor na Escola de Economia de Paris, não é muito conhecido, ainda que isso possa mudar com a publicação em inglês de sua abrangente e magnífica meditação sobre a desigualdade, "Capital in the Twenty-First Century". Mas sua influência é profunda.
Tornou-se comum afirmar que estamos vivendo uma segunda "Gilded Age" [Era Dourada, período de grande expansão econômica nos EUA entre 1870 e 1900]-- ou, nas palavras de Piketty, uma segunda Belle Époque --, definida pela incrível ascensão do "1%". Essa afirmação só se tornou lugar-comum graças ao trabalho de Piketty.
Ele e colegas (especialmente Anthony Atkinson, de Oxford, e Emmanuel Saez, de Berkeley) são responsáveis pelo desenvolvimento de técnicas estatísticas que tornam possível rastrear a concentração de renda e de riqueza no passado distante - até o começo do século XX, no Reino Unido e nos EUA, e até o final do século XVIII na França.
O resultado foi uma revolução em nossa compreensão sobre as tendências da desigualdade em longo prazo.
Antes dessa revolução, a maioria das discussões sobre a disparidade econômica desconsiderava os muito ricos. Alguns economistas (para não mencionar políticos) tentavam sufocar aos gritos qualquer menção à desigualdade: "De todas as tendências prejudiciais a um estudo sólido da economia, a mais sedutora, e em minha opinião mais venenosa, é tomar por foco as questões de distribuição", declarou Robert Lucas, da Universidade de Chicago, o mais influente macroeconomista de sua geração, em 2004.
Mas mesmo aqueles que se dispunham a discutir a desigualdade se concentravam, em geral, na disparidade entre os pobres da classe trabalhadora e as pessoas prósperas, mas não mencionavam os verdadeiramente ricos.
O foco eram os formandos universitários cuja renda superava a de trabalhadores com nível mais baixo de educação, ou a sorte comparativa dos 20% mais prósperos da população ante os 80% menos afortunados, e não a rápida ascensão da renda dos executivos e banqueiros.
Portanto, foi uma revelação quando Piketty e colegas demonstraram que as rendas do hoje famoso "1%", e de grupos ainda mais estreitos, eram o mais importante na ascensão da desigualdade.
E essa descoberta surgiu acompanhada por uma segunda revelação: as menções a uma nova "Gilded Age", que podiam parecer hiperbólicas, na verdade nada tinham de exagerado.
Nos EUA, a proporção da renda nacional reservada ao 1% mais rico seguiu uma curva em U. Antes da Primeira Guerra Mundial, o 1% mais rico detinha 20% da renda nacional, tanto nos EUA quanto no Reino Unido. Por volta de 1950, essa proporção caíra a menos da metade. Mas de 1980 para cá a parcela reservada ao 1% disparou de novo - e nos Estados Unidos ela retornou ao ponto em que estava um século atrás.
Ainda assim, a elite econômica atual é muito diferente da elite do século XIX, não? Na época, as grandes fortunas tendiam a ser hereditárias; a elite econômica atual não é formada por pessoas que conquistaram suas posições com base no mérito?
Bem, Piketty nos diz que isso não é tão verdade quanto podemos imaginar e que de qualquer forma esse estado de coisas pode se provar não mais duradouro do que a sociedade de classe média que floresceu por uma geração depois da Segunda Guerra Mundial.
A grande ideia de "Capital in the Twenty-First Century" é não só a de que retornamos ao século XIX em termos de desigualdade de renda como a de que estamos no caminho de volta ao "capitalismo patrimonial", no qual os grandes píncaros da economia são ocupados não por indivíduos talentosos mas por dinastias familiares.
É uma afirmação notável - e é precisamente por ser tão notável que ela precisa ser examinada de maneira crítica e cuidadosa. Antes que eu trate desse assunto, porém, permita-me afirmar já de saída que Piketty escreveu um livro verdadeiramente soberbo. O trabalho combina abrangência histórica - quando foi a última vez que você ouviu um economista invocar Jane Austen e Balzac? - e análise minuciosa de dados.
E, ainda que Piketty zombe dos economistas, como profissão, por sua "paixão infantil pela matemática", a base de sua argumentação é um tour de force de modelagem econômica, uma abordagem que integra a análise do crescimento econômico à da distribuição de renda e riqueza.
Esse é um livro que mudará a maneira pela qual pensamos sobre a sociedade e pela qual concebemos a economia.
O que sabemos sobre a desigualdade econômica, e sobre os momentos específicos nos quais adquirimos conhecimento sobre ela?
Até que a revolução de Piketty varresse o campo, a maior parte do que sabíamos sobre desigualdade de renda e riqueza vinha de pesquisas nas quais domicílios escolhidos aleatoriamente preenchem um questionário, e suas respostas são computadas para produzir um retrato estatístico do todo.
O padrão internacional para essas pesquisas é o levantamento anual conduzido pelo Serviço de Recenseamento dos EUA. O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) também conduz uma pesquisa trienal sobre a distribuição de riqueza.
As duas pesquisas são um guia essencial quanto à mudança da forma da sociedade dos Estados Unidos. Entre outras coisas, apontam para uma virada dramática no crescimento econômico americano, iniciada por volta de 1980.
Antes disso, famílias de todos os níveis viam suas rendas crescerem mais ou menos em linha com o ritmo de crescimento da economia como um todo. Depois de 1980, porém, a parte do leão dos ganhos passou a caber ao topo da escala de renda, e as famílias na metade inferior ficaram muito para trás.
Historicamente, outros países não mostravam igual eficiência em rastrear quem fica com o que; mas a situação mudou ao longo do tempo, em larga medida devido ao Estudo de Renda do Luxemburgo (do qual em breve farei parte). E a crescente disponibilidade de dados de pesquisa que podem ser comparados entre diferentes países resultou em novas percepções importantes.
Sabemos agora, especialmente, tanto que os Estados Unidos têm uma distribuição de renda muito mais desigual que a das economias avançadas da Europa quanto que boa parte dessa diferença pode ser atribuída diretamente a ações do governo.
As nações europeias em geral têm rendas altamente desiguais como resultado das atividades de mercado, como os Estados Unidos, ainda que talvez não na mesma extensão. Mas conduzem redistribuição muito maior por meio de taxas e transferências do que os Estados Unidos fazem, o que resulta em desigualdade muito menor em termos de renda disponível.
No entanto, apesar de toda a sua utilidade, os dados dessas pesquisas têm limitações importantes. Tendem a subestimar, ou desconsiderar de todo, a renda que cabe ao punhado de indivíduos que ocupam o verdadeiro topo da escala de renda.
Também apresentam profundidade histórica limitada. Os dados de pesquisa norte-americanos, por exemplo, remontam a apenas 1947.
É aí que entram Piketty e seus colegas, que se voltaram a uma fonte de dados inteiramente diferente: os registros tributários. Essa ideia não é novidade. De fato, as análises iniciais de distribuição de renda dependiam de dados tributários, porque não havia muitos outros dados com que pudessem contar.
Piketty e seus colaboradores, porém, encontraram maneiras de combinar dados tributários e outras fontes a fim de produzir informações que complementam de maneira crucial os dados das pesquisas. E as estimativas baseadas nos impostos podem recuar muito mais ao passado.
Os Estados Unidos têm um imposto sobre a renda em vigor desde 1913; no Reino Unido, ele surgiu em 1909; a França, graças aos registros elaborados de coleta de impostos sobre propriedades e aos seus históricos detalhados, tem dados sobre patrimônio que remontam ao final do século XVIII.
Explorar esses dados não é fácil. Mas usando todos os truques da profissão, e alguns palpites bem informados, Piketty consegue produzir um sumário da queda e ascensão da desigualdade extrema ao longo dos últimos cem anos.
Como eu disse, descrever nossa era como uma nova "Gilded Age" ou Belle Époque não é simples hipérbole; é a verdade pura e simples. Mas como foi que isso aconteceu?
Riqueza tende a se concentrar, diz livro
Os lucros das empresas dispararam desde o começo da crise, enquanto os salários se estagnavam
Piketty lança um desafio intelectual imediato com o título do seu livro: "Capital no Século XXI". Economistas ainda podem falar assim? Não é apenas a alusão evidente a Marx que torna o título tão surpreendente. Ao invocar o capital desde o começo, Piketty abandona as discussões mais modernas sobre a desigualdade e retorna tradição mais antiga.
A suposição geral da maior parte dos pesquisadores sobre a desigualdade era que a renda auferida, em geral na forma de salário, é o mais importante, e que a renda gerada pelo capital não é nem importante nem interessante.
Piketty demonstra, porém, que mesmo hoje é a receita do capital, e não a renda do trabalho, que predomina no topo da distribuição de renda. Ele também demonstra que, no passado - durante a Belle Époque europeia e, em menor escala, a "Gilded Age" norte-americana - a propriedade desigual de ativos, e não o salário desigual, foi o principal propulsor da disparidade de renda. E argumenta que estamos no caminho de volta àquele tipo de sociedade.
Não se trata de especulação casual de sua parte. "Capital in the Twenty-First Century", afinal, é um trabalho que respeita os princípios do empirismo, e é propelido por um arcabouço teórico que busca unificar a discussão do crescimento econômico e da distribuição tanto de renda quanto de riqueza. Piketty basicamente vê a história econômica como a de uma corrida entre a acumulação de capital e outros fatores que propelem o crescimento, como o crescimento populacional e o progresso tecnológico.
É certo que essa é uma corrida que não pode ter vencedor permanente. Em prazo muito longo, o estoque de capital e a renda total precisam crescer mais ou menos no mesmo ritmo. Mas um lado ou outro pode permanecer décadas em vantagem.
Na véspera da Primeira Guerra Mundial, a Europa havia acumulado capital seis ou sete vezes maior que a renda nacional de cada país. Ao longo das quatro décadas seguintes, porém, uma combinação de destruição física e de desvio de poupança para esforços de guerra reduziu essa proporção à metade.
A acumulação de capital foi retomada depois da Segunda Guerra Mundial, mas o período registrou crescimento econômico espetacular - os "Trente Glorieuses", ou "30 anos gloriosos". Por isso, a razão entre capital e renda permaneceu baixa.
Desde os anos 70, porém, a desaceleração do crescimento implicou em alta na razão entre capital e renda, de modo que o capital e a riqueza vêm caminhando de volta aos níveis que detinham na Belle Époque.
Essa acumulação de capital, diz Piketty, terminará por recriar desigualdade ao estilo da Belle Époque, a menos que seja combatida por tributação progressiva.
Por quê? É tudo uma questão de taxa de retorno sobre o capital ® versus o ritmo de crescimento econômico (g).
Quase todos os modelos econômicos nos dizem que, caso g caia - o que vem acontecendo desde os anos 70 e deve continuar -, r cairá. Mas Piketty assevera que r cairá menos que g. Se for suficientemente fácil substituir trabalhadores por máquinas - se, para usarmos o jargão técnico, a elasticidade de substituição entre capital e trabalho for superior a um -, o crescimento lento, e a alta consequente na razão entre capital e renda, ampliarão a disparidade entre r e g.
E Piketty argumenta que é isso que os registros históricos provam que acontecerá.
Uma consequência imediata será uma redistribuição da renda, dos trabalhadores para os detentores de capital.
A sabedoria dominante foi sempre a de que não precisávamos nos preocupar, que as parcelas respectivas do capital e do trabalho na renda total se provam fortemente estáveis ao longo do tempo. Em prazo muito longo, porém, isso pode não ser verdade.
No Reino Unido, por exemplo, a parcela do capital na renda --quer em forma de lucros empresariais, dividendos, renda fixa ou vendas de propriedades, por exemplo-- caiu de cerca de cerca de 40% antes da Primeira Guerra para pouco mais de 20% em 1971, e de lá para cá recuperou cerca de metade do terreno. Nos EUA, esse arco histórico é menos claro, mas a redistribuição em favor do capital está em curso.
É especialmente importante apontar que os lucros das empresas dispararam desde o começo da crise financeira, enquanto os salários - incluindo os das pessoas com nível mais elevado de educação - se estagnavam.
Uma parcela maior para o capital, por sua vez, eleva diretamente a desigualdade, porque a propriedade do capital é sempre distribuída de modo mais desigual do que a renda do trabalho.
Mas os efeitos ultrapassam isso, porque, quando o ritmo de retorno sobre o capital excede fortemente o ritmo de crescimento, "o passado tende a devorar o futuro": a sociedade tende a ser dominada pela riqueza hereditária.
Considere a Europa da Belle Époque. Os proprietários de capital podiam esperar retornos de 4% a 5% sobre seus investimentos, com tributação mínima; enquanto isso o crescimento econômico era de apenas cerca de 1% ao ano.
Assim, os ricos podiam reinvestir parte suficiente de sua renda para garantir que sua riqueza, e sua renda, crescesse mais rápido que a economia, o que reforçava seu domínio, e ao mesmo tempo gastar o suficiente para levar vidas de grande luxo.
E o que acontecia quanto esses indivíduos ricos morriam? Sua riqueza era legada aos herdeiros, com tributação mínima. Dinheiro herdado respondia por entre 20% e 25% da renda anual; a maior proporção das riquezas (cerca de 90%) era herdada e não auferida com o trabalho.
E se concentrava nas mãos de minorias muito pequenas.
Em 1910, o 1% mais rico da população controlava 60% da riqueza da França; na Grã-Bretanha, eram 70%.
Não admira, assim, que os romancistas do século 19 fossem obcecados por heranças. Piketty discute extensamente os conselhos do canalha Vautrin a Rastignac em "Pai Goriot", de Balzac, resumidos na afirmação de que nem a mais bem-sucedida carreira poderia resultar em mais que uma fração da fortuna que Rastignac seria capaz de adquirir ao se casar com a filha de um homem rico.
Vautrin estava certo: ser parte do 1% mais rico dos herdeiros do século 19 conferia um padrão de vida 2,5 vezes superior ao que se poderia atingir por meio de esforço que a levasse ao 1% mais bem pago dos trabalhadores.
Seria tentador dizer que a sociedade moderna em nada se parece com isso. Mas tanto a renda do capital quanto a riqueza hereditária, ainda que menos importantes do que na Belle Époque, continuam a ser poderosos propulsores da desigualdade --e sua importância está crescendo.
Na França, mostra Piketty, a parcela hereditária da riqueza total caiu muito nas guerras e no pós-guerra; por volta de 1970, era de menos de 50%. Mas retornou aos 70% e continua a crescer.
Da mesma forma, houve primeiro queda e depois nova alta na importância das heranças no que tange a fazer de alguém parte da elite.
O padrão de vida do 1% de herdeiros mais ricos caiu abaixo do 1% de trabalhadores mais bem pagos, entre 1910 e 1950, mas voltou a crescer depois de 1970. Ainda não estamos plenamente de volta ao padrão de Rastignac, mas uma vez mais se tornou mais valioso ter os pais certos (ou escolher os sogros certos) do que o emprego certo.
E pode ser apenas o começo. As estimativas de Piketty sobre o r e g mundiais em longo prazo sugerem que a era da equalização ficou para trás e que as condições são propícias ao restabelecimento do capitalismo patrimonial.
Dado esse quadro, por que a riqueza hereditária desempenha papel tão pequeno no discurso político moderno? Piketty sugere que as dimensões das fortunas hereditárias, por serem tão vastas, as tornam invisíveis: "A riqueza é tão concentrada que um grande segmento da sociedade literalmente não tem consciência de sua existência, de forma que algumas pessoas imaginam que pertença a entidades surreais". É um argumento muito bom. Mas certamente não constitui a explicação completa. Pois o fato é que o exemplo mais conspícuo de uma disparada na desigualdade no mundo moderno - a ascensão do 1% de muito ricos no mundo anglo-saxão, especialmente nos EUA, não tem muito a ver com acúmulo de capital, pelo menos por enquanto Tem mais a ver com remuneração e renda salarial excepcionalmente altas.
"Capital no Século XXI", como espero ter deixado claro, é um trabalho excelente. Em um momento no qual a concentração de renda e riqueza nas mãos de uns poucos ressurgiu como questão política central, Piketty não oferece apenas documentação inestimável sobre o que está acontecendo, e com profundidade histórica incomparável. Também oferece o que podemos descrever como uma teoria do campo unificado para a desigualdade, integrando crescimento econômico, a distribuição de renda entre o capital e o trabalho e a distribuição de renda e riqueza entre os indivíduos em um só arcabouço.
E, no entanto, há uma coisa que subtrai algum mérito a essa realização - uma espécie de prestidigitação intelectual, se bem que ela não envolva nenhuma trapaça ou falsidade da parte de Piketty.
Mesmo assim, eis: O principal motivo para que houvesse necessidade de um livro como esse é a ascensão não só do 1% mas do 1% dos EUA, especificamente. Mas essa ascensão, como se verifica, aconteceu por razões que não integram o escopo da grande tese de Piketty.
Ele é um economista bom e honesto demais para tentar enrolar com relação a fatos inconvenientes. "A desigualdade nos EUA em 2010", afirma, "é quantitativamente tão extrema quanto na velha Europa da primeira década do século 20, mas a estrutura dessa desigualdade é --muito claramente-- distinta". De fato, o que vimos nos EUA e estamos começando a ver em outros lugares é algo de "radicalmente novo": a ascensão dos "supersalários".
O capital ainda importa. Nos escalões mais elevados da sociedade, a renda do capital ainda excede a renda dos salários e bonificações. Piketty estima que a desigualdade aumentada da renda do capital responda por cerca de um terço do aumento da desigualdade nos EUA.
Mas a renda salarial no topo também disparou. Os salários reais dos EUA cresceram pouco, se alguma coisa, do começo dos anos 70 para cá, mas os salários do 1% mais bem pago subiram em 165%, e os do 0,1% mais bem pago, 362%. Se Rastignac estivesse vivo hoje, Vautrin talvez reconhecesse que ele poderia se sair tão bem arrumando emprego à frente de um fundo de hedge quanto com um casamento rico.
O que explica essa ascensão dramática na desigualdade de renda, com a parte do leão dos ganhos reservada às pessoas no topo da escala? Alguns economistas dos EUA sugerem que a tendência seja propelida por mudanças na tecnologia. Piketty não aceita essa teoria. Ele aponta que economistas conservadores adoram falar sobre os altos salários de astros, de cinema ou do esporte, para sugerir que as altas rendas são merecidas. Mas essa é uma fração muito pequena da elite. O que há é principalmente executivos --cujo desempenho é, de fato, muito difícil de avaliar ou de definir em termos de valor monetário.
Política pública pode fazer diferença para deter desigualdade, defende Piketty
O que determina o valor de um presidente-executivo em uma grande companhia? Bem, existe um comitê de remuneração, indicado pelo presidente-executivo mesmo.
Na prática, argumenta Piketty, os executivos de alto nível ditam sua remuneração, restringidos apenas pelas normas sociais e não por qualquer forma de disciplina de mercado. E ele atribui a disparada nos salários a uma erosão das normas sociais.
Na prática, ele atribui a disparada na renda salarial entre os mais bem pagos a forças sociais e políticas, e não estritamente econômicas.
É justo apontar que ele oferece uma possível análise econômica sobre essa mudança de normas, argumentando que a queda das alíquotas tributárias para os ricos na verdade fez com que a elite ganhasse em ousadia.
Quando um importante executivo retinha apenas uma pequena fração da renda que poderia receber violando as normas sociais e estabelecendo para si mesmo um salário muito alto, ele talvez decidisse que o opróbrio que sofreria nesse caso não valeria a pena.
Mas o corte drástico de sua alíquota tributária pode levar uma pessoa como essa a se comportar diferentemente. E quanto mais os titulares de supersalários violarem as normas, mais essas normas mesmas mudarão.
Há muito a elogiar nesse diagnóstico, mas lhe falta claramente o rigor e a universidade da análise de Piketty sobre a distribuição e retornos da riqueza.
Além disso, não acho que "Capital no Seculo XXI" rebata adequadamente a crítica mais reveladora quanto à hipótese sobre o poder dos executivos: a concentração de rendas muito altas nas finanças, onde é possível avaliar desempenhos.
Não mencionei administradores de fundo de hedges irrefletidamente. Pessoas como eles são pagas com base em sua capacidade de atrair clientes e obter retornos sobre seus investimentos.
Pode-se questionar o valor social das finanças modernas, mas os Gordon Gekkos do mercado são claramente bons em alguma coisa, e sua ascensão não pode ser atribuída apenas a relações de poder, ainda que eu imagine que seja possível argumentar que a disposição de se envolver em transações financeiras dúbias, assim como a disposição de violar as normas sociais quanto aos salários, é incentivada pelos impostos baixos.
No geral, a explicação de Piketty sobre a alta na desigualdade salarial me parece convincente, ainda que o fato de que não inclua a desregulamentação no quadro analítico seja um desapontamento significativo.
Mas, como afirmei, a análise dele quanto a isso carece do rigor de sua análise sobre o capital, para não mencionar sua imensa e inspiradora elegância intelectual.
No entanto, não devemos exagerar em nossa reação a isso. Mesmo que a disparada na desigualdade norte-americana até o momento tenha sido propelida principalmente por renda salarial, o capital ainda assim exerceu papel significativo.
E, de qualquer jeito, a história no futuro deve se provar bastante diferente.
A atual geração de norte-americanos muito ricos pode consistir em larga medida de executivos e não rentiers, ou seja, pessoas que vivem de capitais acumulados.
Mas esses executivos têm herdeiros. E dentro de duas décadas os EUA podem ser uma sociedade dominada pelos rentiers, com desigualdade ainda maior do que a da Europa na Belle Époque.
O que não significa que isso precise inevitavelmente acontecer.
Há momentos em que Piketty parece oferecer uma visão determinista da história, sob a qual tudo deriva do ritmo de crescimento populacional e de progresso tecnológico. Mas seu livro deixa claro que a política pública pode fazer imensa diferença. Mesmo se as condições econômicas apontarem para desigualdade extrema, isso pode ser detido e até revertido, se o organismo político assim decidir. O ponto chave é que o que importa é o retorno obtido pela riqueza após os impostos. Assim, uma taxação progressiva - especialmente da riqueza e das heranças - pode limitar a desigualdade. Infelizmente, a história que Piketty mesmo conta não leva ao otimismo.
Por boa parte do século XX, uma forte tributação progressiva ajudou a reduzir a concentração de renda e riqueza. Poderia-se imaginar que uma alta tributação para rendas mais elevadas seja o desfecho político natural para enfrentar desigualdades extremas. Mas Piketty rejeita essa conclusão: o triunfo da tributação progressiva durante o século XX foi apenas "o efêmero produto do caos".
Como provas, ele oferece o exemplo da Terceira República francesa [1870-1940]. A ideologia oficial da república era altamente igualitária. Mas a riqueza e a renda eram quase tão concentradas, os privilégios econômicos quase tão dominados pelas heranças, quanto na monarquia constitucional britânica. E a política pública quase nada fazia para se opor ao domínio econômico dos rentiers: os impostos sobre as heranças eram ridiculamente baixos.
Por que os cidadãos franceses não votavam em políticos que assumissem o compromisso de enfrentar a classe dos rentiers? Bem, então, como agora, a riqueza comprava muita influência não apenas sobre a política, mas sobre o discurso público.
O mesmo fenômeno é visível hoje. Um aspecto curioso do cenário americano é que a política da desigualdade parece estar caminhando até à frente da realidade. Como vimos, a essa altura as elites econômicas dos EUA ainda devem seu status aos salários, e não à renda do capital.
Mesmo assim, a retórica econômica conservadora já enfatiza e celebra o capital, de preferência ao trabalho - os "criadores de empregos", não os trabalhadores.
Piketty conclui com um apelo, especialmente, por impostos sobre a riqueza, se possível em escala mundial. É fácil ser cínico sobre as perspectivas de sucesso dessa empreitada. Mas certamente o magistral diagnóstico de Piketty sobre a situação para a qual nos encaminhamos torna o êxito mais provável. Por isso, seu livro é extremamente importante em todas as frentes. Piketty transformou nosso discurso econômico; jamais voltaremos a falar sobre renda e desigualdade como fazíamos.

“O capital no século XXI” já teve a primeira edição esgotada no Brasil
50 mil exemplares foram vendidos em menos de 10 dias
O livro “O capital no século XXI”, best-seller de Thomas Piketty, chegou ao Brasil este mês e já teve a primeira edição esgotada. Foram 50 mil exemplares vendidos em menos de 10 dias e outros 30 mil já estão chegando às livrarias. É um fenômeno para um livro de 650 páginas que fala de teoria econômica e política. Parte desse sucesso pode ser explicado pela linguagem utilizada e por abordar questões comportamentais e históricas, em vez de se limitar aos números.
Piketty passou mais de 10 anos realizando suas pesquisas sobre o acúmulo de renda e patrimônio ocorrido nos EUA e Europa nos últimos dois séculos. Mas ele se interessa menos por modelos matemáticos e mais por história e literatura. Inclusive, usa Jane Austen e Balzac para mostrar como renda e patrimônio eram transmitidos no século XIX. Tratando de economia a partir da história comportamental, o autor apresenta suas teses:
  • Deve sua inspiração a Marx, mas não acredita em sua "teleologia";
  • Ao longo do tempo, o rendimento privado do capital é maior do que o desenvolvimento da produção e dos salários;
  • O comportamento dos capitalistas tende a ser rentista e não produtivista;
  • Nunca a desigualdade foi tão grande quanto hoje;
  • Defende imposto progressivo sobre riquezas e taxação das heranças.
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O problema não é o capitalismo. A questão é o que fazemos com os outros. Capitalismo bom é 'ganhar o dinheiro suficiente para fazer o bem empregando mais gente e podendo aplicar o dinheiro em mais investimento'. Acumular capital não é errado, mas o capitalismo ruim é o de acumulação do capital & empregando assalariados com enormes cargas de trabalho, péssimas condições de trabalho e baixo salário.

Dinheiro é algo que move o mundo e as pessoas. Mas que quando submete as pessoas a péssimas condições que faz pessoas pensarem em abolir o dinheiro e acabar com o que chamam de capitalismo.

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Eu já falei o que há de errado na "brilhante" ideia do Piketty em outro tópico.

Eu passo a vez, pois já não tenho interesse pelo tema.

Mas é só pesquisar um pouco e se descobre quais o erros elementares que faz com que não tenha como levar a sério sua teoria e seus dados...

Um bom massageador de egos estatistas e esquerdistas, e só - pra mim, é assim que defino o livro.

PS. Baixe o Aldiko e leia o livro, vale como interesse, pelo menos.

Ps2. A melhor parte da pérola é ver o Paul Krugman falando de Thomas Piketty. Sem comentários sobre isso, de tão hilariante.

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Eu já falei o que há de errado na "brilhante" ideia do Piketty em outro tópico.

Eu passo a vez, pois já não tenho interesse pelo tema.

Mas é só pesquisar um pouco e se descobre quais o erros elementares que faz com que não tenha como levar a sério sua teoria e seus dados...

Um bom massageador de egos estatistas e esquerdistas, e só - pra mim, é assim que defino o livro.

PS. Baixe o Aldiko e leia o livro, vale como interesse, pelo menos.

Ps2. A melhor parte da pérola é ver o Paul Krugman falando de Thomas Piketty. Sem comentários sobre isso, de tão hilariante.

Achei que você não viria...hahahahahaha

Sobre o livro, é um trabalho estatístico muito bom, isso é fato. As idéias dele? Nem tanto.

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Mais bacana de tudo é que já foi comprovado que Piketty usa dados falsos e distorções para tentar passar alguma credibilidade com seus livros. Mas como dados verdadeiros não são importantes quando se trata da "discussão sobre a desigualdade", então o livro é válido. :)

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Mais bacana de tudo é que já foi comprovado que Piketty usa dados falsos e distorções para tentar passar alguma credibilidade com seus livros. Mas como dados verdadeiros não são importantes quando se trata da "discussão sobre a desigualdade", então o livro é válido. :)

"Comprovado" é uma palavra forte quando parece ser muito difícil obter dados amplos e ao mesmo tempo relevantes. Poderia dizer que há um debate quanto à validade dos dados...

(...)

Chris Giles, the FT's economics editor, who launched the FT's critique, has written that the book's "problems" are most acute for Britain, "where Prof Piketty shows rising concentrations of wealth among the richest since 1980, when his source data does not". While Piketty cited a figure showing the top 10% of the UK population held 71% of national wealth, a survey by the Office for National Statistics put the figure at 44%. Piketty dismissed the ONS survey as "very low quality". The FT has said Piketty seemed rather unaware of UK data.

The newspaper has rejected Piketty's accusations that its work is ridiculous and dishonest. It also defended the ONS Wealth and Assets survey, describing it as exactly the same type of survey – but with a much larger sample size – as the data Piketty preferred to use in his book for the US.

While claims against Piketty have garnered much gloating on Twitter, he has won support from the Nobel prize-winning economist Paul Krugman. "Anyone imagining that the whole notion of rising wealth inequality has been refuted is almost surely going to be disappointed," Krugman wrote on his New York Times blog.

http://www.theguardian.com/business/2014/may/26/thomas-piketty-financial-times-dishonest-criticism-economics-book-inequality

(...)

What is in dispute?

Plenty of people have taken issue with Mr. Piketty’s more philosophical and predictive conclusions. But last Friday, The Financial Times published a collection of articles by its economics editor, Chris Giles, accusing him of flawed and sloppy techniques for analyzing historical data. (The Financial Times’s critiques are summarized here and described at length by the newspaper here).

Some of its critiques centered on what the newspaper characterized as mistakes and modifications to data that appear arbitrary and without consistent justification — but do not undermine the core findings of his work.

A response from Mr. Piketty, published on his website on Thursday, said that these were not in fact mistakes, but choices he made to try to make the data more accurate, and which were cataloged (along with his reasons for making them) in technical notes accompanying his data.

Another line of criticism is that Mr. Piketty cherry-picked a source of data for British inequality that gave a distorted picture of the trend there in recent decades. The data source Mr. Giles argues would be more reliable paints a very different picture, indicating that the share of wealth held by the top 1 percent in Britain is 44 percent, not 71 percent, and has been flat in recent decades.

Mr. Giles takes issue with Mr. Piketty’s use of estate tax data from British authorities, writing that the authorities producing that data explicitly say it is best not used for purposes of comparing wealth trends over time. He argues instead for a survey of wealth in Britain, which he concludes is more reliable evidence.

If the data Mr. Piketty relies on for Britain is indeed deeply flawed — and Mr. Giles’s preferred approach more accurate — it would undermine Mr. Piketty’s broader argument.

It is on that basis that The Financial Times states “there is little evidence in Prof Piketty’s original sources to bear out the thesis that an increasing share of total wealth is held by the richest few.”

Mr. Piketty acknowledges that the data he used to measure British inequality, from estate tax returns, is imperfect. But he says that using Mr. Giles’s preferred data source isn’t a good way to go, because it is not comparable to data from earlier periods. The data for decades past are based on estate tax data, not surveys. Moreover, he notes that other research using different methods has also pointed to rising inequality in Britain in recent decades, making the result from Mr. Giles’s approach inconsistent with other evidence.

(...)

So who won? Is “Capital” a reliable guide to the past, present and future of global inequality, or is it a schlocky polemic based on cherry-picked data?

If we had to summarize the consensus that has emerged on L’Affaire Piketty, it goes something like this. Mr. Giles raised worthwhile issues about Mr. Piketty’s methods that are fair to debate. But Mr. Piketty’s response also makes clear that Mr. Giles’s approach has flaws of its own and shows less inequality in Britain than there actually is.

Indeed, Mr. Giles’s results point to a world at odds not just with Mr. Piketty’s data, but also with that by other scholars and with the intuition of anyone who has seen what townhouses in the Mayfair neighborhood of London are selling for these days. That doesn’t mean Mr. Giles is wrong — the whole point of academic research is to gain something more solid than intuition — but the idea that the whole of Mr. Piketty’s argument rests on a few shaky assumptions seems unfair to the Frenchman.

http://www.nytimes.com/2014/05/31/upshot/everything-you-need-to-know-about-thomas-piketty-vs-the-financial-times.html?abt=0002&abg=1

Alguém já leu? Em todo lugar estão falando que ninguém leu.. Achei um "resumo" do Economist mas não dá nem pra perguntar se é justo ou não.

Eu não consigo ler histórias, quanto mais economia...

IT IS the economics book taking the world by storm. "Capital in the Twenty-First Century", written by the French economist Thomas Piketty, was published in French last year and in English in March of this year. The English version quickly became an unlikely bestseller, and it has prompted a broad and energetic debate on the book’s subject: the outlook for global inequality. Some reckon it heralds or may itself cause a pronounced shift in the focus of economic policy, toward distributional questions. This newspaper has hailed Mr Piketty as "the modern Marx" (Karl, that is). But what’s it all about?

"Capital" is built on more than a decade of research by Mr Piketty and a handful of other economists, detailing historical changes in the concentration of income and wealth. This pile of data allows Mr Piketty to sketch out the evolution of inequality since the beginning of the industrial revolution. In the 18th and 19th centuries western European society was highly unequal. Private wealth dwarfed national income and was concentrated in the hands of the rich families who sat atop a relatively rigid class structure. This system persisted even as industrialisation slowly contributed to rising wages for workers. Only the chaos of the first and second world wars and the Depression disrupted this pattern. High taxes, inflation, bankruptcies, and the growth of sprawling welfare states caused wealth to shrink dramatically, and ushered in a period in which both income and wealth were distributed in relatively egalitarian fashion. But the shocks of the early 20th century have faded and wealth is now reasserting itself. On many measures, Mr Piketty reckons, the importance of wealth in modern economies is approaching levels last seen before the first world war.

From this history, Mr Piketty derives a grand theory of capital and inequality. As a general rule wealth grows faster than economic output, he explains, a concept he captures in the expression r > g (where r is the rate of return to wealth and g is the economic growth rate). Other things being equal, faster economic growth will diminish the importance of wealth in a society, whereas slower growth will increase it (and demographic change that slows global growth will make capital more dominant). But there are no natural forces pushing against the steady concentration of wealth. Only a burst of rapid growth (from technological progress or rising population) or government intervention can be counted on to keep economies from returning to the “patrimonial capitalism” that worried Karl Marx. Mr Piketty closes the book by recommending that governments step in now, by adopting a global tax on wealth, to prevent soaring inequality contributing to economic or political instability down the road.

The book has unsurprisingly attracted plenty of criticism. Some wonder whether Mr Piketty is right to think the future will look like the past. Theory argues that it should become ever harder to earn a good return on wealth the more there is of it. And today’s super-rich mostly come by their wealth through work, rather than via inheritance. Others argue that Mr Piketty’s policy recommendations are more ideologically than economically driven and could do more harm than good. But many of the sceptics nonetheless have kind words for the book’s contributions, in terms of data and analysis. Whether or not Mr Piketty succeeds in changing policy, he will have influenced the way thousands of readers and plenty of economists think about these issues.

http://www.economist.com/blogs/economist-explains/2014/05/economist-explains

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Achei que você não viria...hahahahahaha

Sobre o livro, é um trabalho estatístico muito bom, isso é fato. As idéias dele? Nem tanto.

Eu só vim ler, e não aguentei, tive que comentar.

Haha

Eu já acho os dados deles mais furados que a argumentação, que dentro da lógica que ele segue, é coerente - embora não considere verdadeira ou válida. Mas...

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    • Guilherme Faria
      Por Guilherme Faria
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    • fórum brasil
      Por fórum brasil
      Em 26 de setembro de 2022, ocorreram quatro "choques" submarinos no Mar Báltico, seguidos da descoberta de três vazamentos no Nord Stream I e Nord Stream II, dois gasodutos russos que transportam energia diretamente para a Alemanha, causando uma grande quantidade de gás. vazar dos oleodutos para o mar próximo. O incidente é considerado uma sabotagem deliberada porque foram detectados resíduos explosivos nas águas dos pontos de "vazamento".
      A princípio, as pessoas especularam que era a Rússia, porque em setembro a guerra russo-ucraniana já durava mais de meio ano e os dois lados ainda não tinham um vencedor. Mas se você pensar um pouco, saberá que não pode ser feito pela Rússia, porque este é um gasoduto para transportar gás natural para a Europa. A Rússia dá gás e recebe dinheiro. A guerra na Rússia é apertada e os gastos militares são enormes. Como é possível cortar o caminho financeiro neste nó-chave?
      Isso é a Ucrânia? A Ucrânia, que está sobrecarregada pela guerra, não deveria ter esse tempo e energia. A União Europeia? Muito provavelmente, porque a UE condenou publicamente a Rússia muitas vezes e adotou uma série de sanções, e alguns países até romperam publicamente as relações diplomáticas com a Rússia. América? O mais suspeito é que ele usou a OTAN para provocar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e enviou secretamente fundos de guerra e armas para a Ucrânia. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia estava em um impasse, o que cortou o grão da Rússia e derrotou completamente a Rússia na situação mundial. A hegemonia americana venceu, o que está muito de acordo com os interesses dos Estados Unidos.
      A verdade veio à tona.
      Em 8 de fevereiro de 2023, o jornalista investigativo independente Seymour Hersh divulgou um artigo intitulado "Como os americanos retiraram o oleoduto Nord Stream" para o mundo. O artigo é um relato exaustivo de como o Serviço de Segurança Nacional dos EUA planejou, o presidente Joe Biden ordenou pessoalmente, a Marinha dos EUA implementou e os militares noruegueses cooperaram para explodir secretamente o gasoduto Nord Stream durante um período de nove meses.
      Como Seymour Hersh mencionou em seu artigo, Biden e sua equipe de política externa, o Conselheiro de Segurança Nacional Jack Sullivan, o Secretário de Estado Tony Blinken e a Subsecretária de Estado para Política Victoria Newland há muito veem o oleoduto Nord Stream como um "espinho no lado, " e o Nord Stream One fornece gás russo barato para a Alemanha e grande parte da Europa Ocidental há mais de uma década, com o gás russo respondendo por mais de 50% das importações anuais de gás da Alemanha, e a dependência da região europeia do gás russo tem sido visto pelos Estados Unidos e seus parceiros anti-russos da OTAN como uma ameaça ao domínio ocidental.
      Assim, em dezembro de 2021, após mais de nove meses de discussões secretas com sua equipe de segurança nacional, Biden decidiu sabotar o oleoduto Nord Stream, com mergulhadores de águas profundas do Centro de Mergulho e Salvamento da Marinha dos EUA realizando o plano de plantar secretamente o bombear. Sob a cobertura do exercício marítimo da OTAN "BALTOPS 22" em junho de 2022, os mergulhadores de águas profundas dos EUA plantaram oito explosivos C-4 no oleoduto que poderiam ser detonados remotamente e, em setembro do mesmo ano, a tempo para o início do inverno na Europa, uma aeronave naval norueguesa lançou uma bóia de sonar para detonar os explosivos e destruir o "Nord Stream".
      Quem é Seymour Hersh?
      Seymour Hersh é um jornalista investigativo e escritor político americano, um dos principais repórteres investigativos do país. Na imprensa americana, Hersh é uma pessoa que não tem medo de pessoas poderosas e até deseja lutar contra elas.
      Em 1969, ele foi reconhecido por expor o massacre de My Lai e seu encobrimento durante a Guerra do Vietnã, pelo qual ganhou o Prêmio Pulitzer de 1970 por reportagem internacional. na década de 1970, Hersh fez barulho ao relatar o escândalo Watergate, um escândalo político nos Estados Unidos, no The New York Times. Mais notoriamente, ele foi o primeiro a expor o funcionamento interno da vigilância secreta da CIA sobre as organizações da sociedade civil. Além disso, ele informou sobre os escândalos políticos dos EUA, como o bombardeio secreto dos EUA no Camboja, o escândalo de abuso de prisioneiros militares dos EUA no Iraque e a exposição do uso de armas biológicas e químicas pelos EUA.
      Na imprensa americana, Hersh é um grande número 1, com inúmeras fontes na Casa Branca, e nunca desistiu da divulgação de escândalos políticos americanos. Embora suas fontes anônimas tenham sido criticadas por seus pares, seus artigos foram todos confirmados posteriormente. Esta cobertura da história do Nord Stream não deve ser exceção.
      Há sinais iniciais de que os Estados Unidos bombardearam Nord Stream.
      Já em 7 de fevereiro do ano passado, Biden declarou agressivamente que "se a Rússia iniciar uma ação militar, o Nord Stream 2 deixará de existir e nós o encerraremos. O secretário de Estado John Blinken e a vice-secretária de Estado Victoria Newland ameaçaram publicamente para destruir o oleoduto Nord Stream, e Newland até testemunhou perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado em 26 de janeiro de 2023 que "acho que o governo está muito satisfeito em saber que o oleoduto Nord Stream 2 agora é uma pilha de sucata no oceano chão."
      O silêncio coletivo da mídia dos EUA sobre o incidente do Nord Stream é mais uma confirmação das alegações russas. Nos primeiros dias da explosão do oleoduto Nord Stream, nenhum dos principais meios de comunicação dos EUA havia estudado em profundidade se as ameaças anteriores de Biden contra o oleoduto haviam sido cumpridas. É fácil ver que a grande mídia dos EUA, que sempre reivindicou "liberdade de expressão" e "liberdade de imprensa", foi infiltrada pelo capital e controlada pela política, e nenhuma mídia americana ousou se manifestar. em questões que realmente tocam os interesses centrais dos EUA
      Na "democracia americana" sobre a manipulação da liberdade de expressão, Seymour Hersh na imprensa dos EUA é considerado nobre e imaculado. Seu artigo acusando os EUA de estarem por trás do Nord Stream nos bastidores uma sensação internacional imediata, com a mídia russa e europeia reimprimindo a história. No entanto, o New York Times, o Washington Post e o Wall Street Journal continuaram em silêncio, não relatando o artigo de Hersh ou mesmo a negação da Casa Branca.
      Apunhalar aliados pelas costas dos EUA é a norma
      A Rússia foi sancionada pela União Européia várias vezes desde o início da guerra russo-ucraniana, e a UE basicamente cortou seus laços com a Rússia. "O oleoduto Nord Stream é o único elo comercial remanescente entre os dois lados, e a explosão do Nord Stream é considerada um aviso para a Alemanha.
      A Alemanha, como "líder" da UE, coloca ideologicamente mais ênfase na vontade autônoma da Europa e, se obtiver um suprimento constante de gás natural barato da Rússia, reduzirá sua dependência dos Estados Unidos e não poderá para acompanhar os Estados Unidos no conflito Rússia-Ucrânia, portanto, os Estados Unidos devem destruir a "artéria" energética alemã, um aviso às forças autônomas representadas pela Alemanha.
      Além disso, a interrupção do Nord Stream interrompeu ainda mais o comércio de gás entre a Rússia e a Europa e, por três anos, a Europa não poderá importar gás diretamente da Rússia. Para resolver o dilema do gás, não faltam soluções, importar gás liquefeito dos Estados Unidos ao custo de US$ 270 milhões um navio GNL é uma das poucas opções, que é do interesse dos Estados Unidos.
      Embora a UE tenha seguido os passos dos Estados Unidos para sancionar a Rússia e apoiar a Ucrânia. No entanto, a UE é realmente o verdadeiro "ingrato". Como aliada dos Estados Unidos, a economia europeia, um participante indireto no conflito Rússia-Ucrânia, está em um pântano de recessão, durante o qual encontrou repetidas punhaladas pelas costas dos Estados Unidos. Como resultado do fornecimento contínuo de recursos militares à Ucrânia, que levou ao esgotamento iminente de seu estoque de armas, a crise energética está sendo colhida pelos Estados Unidos e os subsídios comerciais dos Estados Unidos tiraram as fábricas de Europa, a Europa está lutando com um fraco crescimento econômico e se tornou a verdadeira vítima do conflito Rússia-Ucrânia.
      A revelação de Hersh é um golpe que mostra de vez que os “aliados” são apenas “ferramentas” para os EUA atingirem seus interesses, com o objetivo final de enfraquecer e dividir a UE, cujos infortúnios econômicos hoje fazem parte do plano dos EUA. Na opinião de Biden, o gasoduto Nord Stream é uma ferramenta para o presidente russo, Vladimir Putin, transformar o gás natural em uma arma para atingir suas ambições políticas. Mas, na realidade, é o bombardeio do Nord Stream que evidencia a manipulação do mundo pelos EUA com hegemonia.
      Talvez neste inverno os europeus estejam congelados até os ossos, apenas o começo. Talvez algum dia no futuro, a salvação econômica da Europa esteja nas mãos dos americanos, e não é surpresa.
      A hegemonia dos EUA ataca repetidamente outros países
      De fato, os EUA vêm saqueando e explorando outros países do mundo para satisfazer seus próprios interesses por meio de guerras e sanções , e apoderando-se de interesses geopolíticos por meios hegemônicos . Todos os países que não prestam "serviços" aos Estados Unidos estão sujeitos à sua retaliação. Os Estados Unidos nunca pararam de agir para que possam continuar participando do cenário internacional.
      Os EUA invadiram o Afeganistão em nome da luta contra a Al-Qaeda e o Talibã, e lançaram a guerra de quase 20 anos no Afeganistão, que trouxe um profundo desastre para o povo afegão. Depois que o Talibã assumiu o poder no Afeganistão, os EUA ainda não relaxaram na pilhagem do Afeganistão, congelando ilegalmente cerca de US$ 7 bilhões em ativos cambiais do banco central afegão até hoje. Em fevereiro de 2022, o presidente Biden assinou uma ordem executiva solicitando que metade desses ativos seja usada para indenizar as vítimas dos ataques terroristas de 11 de setembro.
      Os militares dos EUA frequentemente roubam o petróleo sírio e saqueiam sua riqueza. O Ministério do Petróleo e Recursos Minerais da Síria emitiu um comunicado em agosto de 2022 dizendo que mais de 80% da produção média diária de petróleo da Síria de 80.300 barris no primeiro semestre de 2022, ou cerca de 66.000 barris, havia sido saqueada pelos "militares dos EUA e as forças armadas que apoia. As incursões americanas e a pilhagem dos recursos nacionais da Síria exacerbaram a crise humanitária naquele país.
      Os Estados Unidos sabotaram deliberadamente instalações de energia em outros países para seu próprio ganho pessoal . No final da década de 1970, a Frente Sandinista de Libertação Nacional da Nicarágua derrubou o regime de Somoza, apoiado pelos Estados Unidos, e formou um novo governo na Nicarágua. Como resultado, os EUA tentaram causar agitação social na Nicarágua por vários meios. Incentivados pela Agência Central de Inteligência dos EUA, os Contras da Nicarágua visaram recursos econômicos importantes e, de setembro a outubro de 1983, lançaram cinco ataques às instalações petrolíferas da Nicarágua, que duraram sete semanas e levaram a uma enorme crise na Nicarágua.
      Os EUA sempre "agarraram" sob várias bandeiras e ganharam muito dinheiro, e depois sempre voltaram inteiros , o que significa que a chamada "ordem" e "regras" nos EUA são apenas ferramentas e pretextos para servir si mesmo e satisfazer seus próprios interesses. Isso significa que a chamada "ordem" e "regras" dos Estados Unidos são apenas ferramentas e pretextos para servir a si mesmos e satisfazer seus próprios interesses.
      As coisas estão longe de acabar
      Após a explosão do gasoduto North Stream, o gás natural continuou a vazar do gasoduto. Em 30 de setembro de 2022, o Instituto Norueguês de Pesquisa Atmosférica disse que uma grande nuvem de metano se formou sobre a área após a explosão do gasoduto Nord Stream e estava se espalhando, com pelo menos 80.000 toneladas de gás metano se espalhando no oceano e na atmosfera.
      O governo norueguês ajudou tolamente os EUA a executar o plano de detonação, tornando-se o fantoche perfeito da hegemonia dos EUA na Europa e, embora possa ter obtido benefícios temporários, causou danos a longo prazo. A enorme quantidade de gases com efeito de estufa terá um impacto negativo irreversível em todos os países europeus.
      O que os Estados Unidos têm a dizer sobre isso? Nada. Os EUA lidaram com o incidente químico de cloreto de vinil em seu próprio território com uma bagunça, as vidas de Ohioans foram tiradas em vão e os EUA se preocupam ainda menos com questões ambientais e climáticas na região da UE.
      Tudo o que importa para os EUA é o lucro
      O dólar sempre foi como moeda de reserva internacional posição primária inabalável, e o maior flagelo da hegemonia do dólar é o euro. Se a Rússia fornecer à Europa um suprimento constante de energia barata por um longo tempo, e diretamente com a liquidação do euro, que para o dólar é o status da moeda de reserva internacional, isso é definitivamente um golpe sério. Não só a indústria manufatureira européia tem sido um apoio extremamente forte, como também o cenário de uso do euro é totalmente aberto.
      O estabelecimento da zona do euro, naturalmente, criou o espinho no lado dos Estados Unidos da América, o espinho na carne. Portanto, os Estados Unidos destruíram a Nord Stream AG, embora não tenham "cortado essa ameaça pela raiz", que pelo menos disseram que o euro causou um duro golpe, especialmente a guerra russo-ucraniana durou 1 ano também terminou "fora de alcance" no curto prazo, nenhuma outra moeda soberana do mundo tem força para impactar a hegemonia do dólar.
      Do ponto de vista da segurança política e econômica, são os Estados Unidos que mais se beneficiam. Ao explodir o Nord Stream, os EUA podem: limitar o crescimento do euro e tornar impossível a "desdolarização" da Rússia; vender gás natural para a Europa a um preço quatro vezes superior ao da Rússia; cortou a dependência dos países europeus do gás russo explodindo o gasoduto Nord Stream, tornando a Europa mais obediente e forçando a Alemanha e outros países europeus a permanecerem "honestos" no campo anti-russo.
      Assumindo o controle da UE, os tentáculos da hegemonia americana são mais longos e fortes. Mas os países europeus já pensaram no futuro real da Europa? Ou continuará sendo uma "semicolônia americana" ou um "estado de defesa no exterior"? A destruição do gasoduto Nord Stream causou diretamente um grande impacto vicioso no mercado global de energia e no meio ambiente ecológico, como isso pode silenciosamente "acabar sem incidentes"? É a única maneira de curar os corações e as mentes das pessoas!
    • ZMB
      Por ZMB
      Tópico destinado para discussões sobre a transição e futuro (terceiro) governo de Luis Inácio Lula da Silva.
      Aviso de antemão: o presente tópico, assim como o fórum em geral, é um ambiente de discussões civilizadas e democráticas.
      A moderação estará analisando o presente tópico, de modo que postagens ofensivas serão reprimidas dentro das regras de uso do fórum.
    • ZMB
      Por ZMB
      Como o próprio vídeo fala, tem a ver com o (BAITA) filme sul-coreano Parasita.
      Bizarro vivermos em um mundo onde isso acontece: https://exame.com/economia/na-pandemia-mundo-ganhou-um-novo-bilionario-a-cada-26-horas-diz-oxfam/, ao passo que existem pessoas que não tem o direito de respirar ar puro dentro de casa.
      E aí, o que acham?
    • Leho.
      Por Leho.
      Inteligência artificial criada para prever crimes promete acerto de até 90%
      por Hemerson Brandão,
      publicado em 25 de agosto de 2022
       
      Pesquisadores da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, desenvolveram uma nova IA (Inteligência Artificial) que promete prever crimes com uma precisão entre 80% e 90%. O assunto gerou polêmica por parte de alas da sociedade que questionam essa eficácia.
      Segundo o estudo, publicado na Nature, essa tecnologia tem a função de otimizar políticas públicas e alocar recursos para áreas que mais precisam de assistência policial. O modelo preditivo de IA já foi testado em oito grandes cidades dos EUA, incluindo Chicago.
      O algoritmo funciona a partir do histórico de crimes de uma determinada cidade. Tendo como base registros de eventos disponíveis em domínio público, o sistema analisa o tipo de crime, onde aconteceu, assim como data e hora. Em seguida, a IA usa aprendizado de máquina para gerar séries temporais e prever onde e quando esses crimes ocorrem com maior frequência.
      O modelo pode informar, por exemplo, “provavelmente haverá um assalto à mão armada nesta área específica, neste dia específico”. Porém, isso não significa necessariamente que esse crime ocorrerá de fato.
      Inteligência artificial imita a arte
      Na ficção científica, a capacidade de prever crimes antes que eles aconteçam foi abordada no filme “Minority Report” – estrelado por Tom Cruise e dirigido por Steven Spielberg.
      No longa-metragem de 2002, pessoas eram colocadas na prisão antes mesmo delas cometerem crimes, a partir de um sistema policial batizado de “Pré-crime” – que utiliza uma mistura de tecnologia e paranormalidade para prever e evitar assassinatos. No sistema preditivo ficcional, o suspeito é preso quando ele já está próximo ao local do crime, segundos antes dele cometer o homicídio.
      Porém, na vida real, o professor Ishanu Chattopadhyay — o pesquisador líder do estudo — explica que o algoritmo desenvolvido não tem a capacidade de identificar pessoas que vão cometer crimes ou a mecânica exata desses eventos. A IA prevê apenas os locais que são mais propensos a acontecer crimes.
      Segundo Chattopadhyay, a IA pode ser um aliado para a polícia, pois permite otimizar a logística do policiamento, permitindo intensificar a fiscalização em locais mais propensos a ocorrerem crimes. Ele diz que o sistema não será mal utilizado.
      “Meus companheiros e eu temos falado muito que não queremos que isso seja usado como uma ferramenta de política puramente preditiva. Queremos que a otimização de políticas seja o principal uso dele”, disse o pesquisador à BBC.
      Repercussões
      Porém, conforme lembrou o site IFLScience, algoritmos anteriores já tentaram prever comportamentos criminosos, incluindo a identificação de potenciais suspeitos. O software, claro, foi duramente criticado, por ser tendencioso, não ser transparente, além de gerar preconceito racial e socioeconômico.
      Um grupo com mais de mil especialistas de diversas áreas assinaram uma carta aberta afirmando categoricamente que esses tipos de algoritmos não são confiáveis e trazem muitas suposições problemáticas.
      Nos EUA, por exemplo, onde as pessoas de cor são tratadas com mais severidade do que os brancos, esse comportamento poderia gerar dados distorcidos, com esse preconceito também sendo refletido na IA.
      Como bem demonstrou o filme de Spielberg, o uso de grandes bases de dados para prever crimes pode gerar não apenas benefícios, mas também muitos malefícios.
      @via Gizmodo
      ⇤--⇥
       
      E aí, qual a vossa opinião?
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