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Quatro em cada cinco jogadores brasileiros ganham até R$ 1.000,00


joledeca

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Achei o artigo interessantíssimo. Extremamente surpreendente saber que apenas Pato ganhava mais de 500K.

Agora, acho que tem furo aí. Fred, Guerrero, D'Ale ao menos devem ganhar mais que isso, mas suponho que seja pela questão de imagem.

Link pro artigo: http://epoca.globo.com/vida/esporte/noticia/2016/02/que-riqueza-quatro-em-cada-cinco-jogadores-de-futebol-no-brasil-ganham-ate-r-1000.html

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Futebol: fábrica de ilusões (Foto: Arte ÉPOCA)

Barcelona no ataque, três contra dois. O espanhol Pedro domina na meia lua da grande área da Juventus e toca para Neymar. Toque de esquerda para ajeitar a bola, chute com a mesma perna no contrapé do veterano Buffon. O placar em 3 a 1, com o gol nos acréscimos, dá ao Barça o quinto título da Liga dos Campeões. É a consagração do brasileiro, artilheiro da competição ao lado deMessi e Cristiano Ronaldo, com quem formaria mais para frente, em terceiro na Bola de Ouro, o trio de melhores jogadores do mundo em 2015. A rápida ascensão foi para lá de lucrativa. Aos 24 anos, Neymar ganha do clube só em salários, por mês, algo em torno de € 900 mil. São R$ 4 milhões no câmbio atual. Fora outros milhões em acordos publicitários que mais do que dobram a remuneração. Mas esta não é uma reportagem sobre Neymar. Esta é a história da fábrica de ilusões do futebol brasileiro que se inspira em figuras como ele.

Jogador de futebol “de verdade” ganha menos do que servente de obras. Não é metáfora, nem exagero. A diretoria de registro e transferência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) modernizou sistemas e pôde, pela primeira vez, diagnosticar com mais precisão o estado de saúde do futebol brasileiro. E ele está doente. Ao todo, há registrados 28.203 atletas profissionais no Brasil. Deles, 23.238 ganhavam até R$ 1.000,00 mensais em 2015. O servente, segundo o Ministério do Trabalho, teve salário médio inicial de R$ 1.000,17. Não só ele. Ganham mais do que 82,4% dos jogadores de futebol brasileiros também o ascensorista, o catador de material reciclável, o chapeleiro de senhoras, o garçom e o tratador de porcos.

Os salários dos jogadores de futebol e demais profissões (Foto: Arte ÉPOCA)

Há, claro, quem ganhe mais do que o diretor de produtos bancários, profissional com salário médio inicial mais alto do país segundo o ministério, que chega à empresa com R$ 30.394,85 mensais. Existem 226 jogadores de futebol em solo brasileiro com contracheques acima R$ 50.000,01. Ora, ora, então esses atletas faturam pelo menos o dobro do que o banqueiro, provavelmente pós-graduado e com currículo de três páginas, às vezes sem nem terem terminado o ensino médio. É verdade. Só que eles representam 0,8% de todos os profissionais desta modalidade. São a exceção. Só um em cada centena ganha efetivamente mais do que um banqueiro. Na verdade, você acha que futebol paga salários obscenos porque só esses jogadores chegam à mídia – só jogos deles em grandes clubes são televisionados, só eles aparecem em programas, só fofocas sobre carrões, mulheres e “parças” deles ganham repercussão.

A desigualdade entre a elite e a larga base da pirâmide também existe em outros países. Na Inglaterra, números da Associação de Futebolistas Profissionais (PFA, em inglês) obtidos pela Sporting Intelligence mostram que, em 2009/2010, um jogador da Premier League, a primeira divisão, ganhava média de £ 96.863 por mês. Um da quarta divisão, £ 3.237 mensais, ou 3,3% do que fatura o colega mais rico. A razão é a mesma: no Brasil e na Inglaterra os clubes do topo dispararam em arrecadação depois que valorizaram contratos de televisão e patrocínio, reformaram estádios e criaram programas de associação. Os times de baixo continuam sem ter acesso a essas fontes de receita. Os mercados se comportam da mesma maneira. O que nos difere é que os pobres do Brasil são mais pobres do que os da Inglaterra. E, também, que os britânicos, divididos em um sistema de ligas que passa da décima divisão, jogam o ano todo.

Os salários dos jogadores de futebol no Brasil (Foto: Arte ÉPOCA)

A realidade do jogador invisível piora consideravelmente quando se acrescenta outro dado da CBF sobre um termo que assusta qualquer brasileiro: desemprego. Dos 28.203 atletas profissionais que tinham contrato assinado em 2015, somente 11.571 chegaram a janeiro de 2016 com contrato ativo. Quer dizer que 59% dos jogadores, seis em cada dez, ficaram desempregados no decorrer da temporada. A taxa de desemprego para todo o país, que bota medo no governo de Dilma Rousseff, está na casa dos 9%. Como tanta gente pôde ficar sem clube em tão pouco tempo? Houve 7.973 rescisões de contratos, equivalentes a 48% de todos os jogadores que perderam o emprego na temporada. Outros 52% são de pessoas cujos contratos foram feitos para acabar antes do fim do ano mesmo. Aí entra uma das justificativas para salário baixo e desemprego alto: falta calendário.

A maioria dos clubes contrata em dezembro, funciona de janeiro a abril, durante campeonatos estaduais, e fecha as portas durante todo o restante da temporada. Se não tem jogo, não entra dinheiro, e aí não tem jeito. Todo mundo vai para a rua se aventurar em outras profissões para botar comida na mesa. A maioria daqueles 16.632 jogadores de futebol que perderam o emprego no decorrer de 2015 tentou encontrar trabalho compatível com seu nível de instrução. Talvez alguns tenham virado serventes de obras, catadores de materiais recicláveis e garçons, profissões que pagam tanto quanto o futebol, mas não têm o mesmo apelo emocional na cabeça do atleta. Por que alguém sonha em ser jogador de futebol no Brasil? Desinformação. Reprodução de clichês. A ideia de virar um Neymar e enriquecer da noite para o dia, estatisticamente restrita a 0,8% dos jogadores brasileiros, faz com insistam na ilusão do futebol.

 

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O problema é que para a maioria dos jogadores, o calendário tem 4 meses no ano (1 mês de pré temporada e 3 meses de campeonato estadual). 

O futebol brasileiro tem várias cânceres, mas maior deles chama-se Federações Estaduais. Elas tem um poder decisório no futebol brasileiro muito maior que os clubes. A Federação do RJ, por exemplo, arrecada mais que qualquer clube. Isso porque os clubes aceitam que ela abocanhe parte da bilheteria, taxas de registros e taxas administrativas altíssimas. Se um clube carioca jogar um amistoso em qualquer lugar do mundo fora do RJ, tem que pagar uma taxa para a FERJ. 

Não acho que o futebol dos estaduais deva acabar, mas poderia ser remodelado com menos datas para funcionar como uma espécie de Copa da Liga, e  inseridos ao longo da temporada. Assim, os clubes menores disputariam como campeonato principal do ano as divisões inferiores do Campeonato Brasileiro (formando as Séries D, E, F, e quantas forem necessárias para alocar todos os clubes, de modo regionalizado). Cada clube jogaria, no mínimo, 30 partidas no campeonato + os estaduais (com 8 datas, no máximo) + Copa do Brasil. Daria um mínimo de 40 partidas no ano. E, certamente, o poder das federações diminuiria muito com isso.

Dessa maneira, facilitaria para os clubes um realizar um planejamento para o ano todo afim de se conseguir mais receitas e, consequentemente, pagar mais para os jogadores. 

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