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O Limar das arestas deste Cubo


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Sempre me considerei alguém movido por uma curiosidade insaciável pelo futebol. Não pela bola nos pés — porque cedo percebi que o talento para jogar não me acompanhava — mas pelo que o jogo significava para as pessoas. Talvez por isso o meu pai, ao ver-me tropeçar mais do que brilhar nos treinos de iniciados e juvenis do pequeno clube local, me tenha empurrado para o jornalismo desportivo. Ele sabia, melhor do que eu, que a minha força não estava em fintar defesas, mas em observar, ouvir e escrever.

 

 

No início, este trabalho não era mais do que um artigo modesto, quase de rodapé, sobre um clube esquecido na margem do mapa competitivo. Eu próprio acreditava que seria apenas isso: um exercício de escrita, uma reportagem pequena para ganhar experiência. Mas o que encontrei ultrapassou em muito essa ideia.

 

O que começou como um simples relato transformou-se numa narrativa de fôlego bíblico, carregada de personagens reais que se reinventaram diante dos meus olhos. Cada uma delas, de maneiras diferentes, foi empurrada para caminhos que talvez nunca ousassem percorrer, não fosse pela intervenção de uma única pessoa.

 

Porque, às vezes, basta apenas um acreditar. Foi esse acreditar — de uma só pessoa no potencial de uma cidade inteira — que reescreveu destinos. E foi também por isso que o meu pequeno artigo deixou de ser apenas um exercício jornalístico, para se tornar na história que agora vos conto. Eu sou Lourenço Falcão, e esta é minha história sobre vários destinos.

Nos últimos três Verões, comecei a habituar-me a vê-lo por aqui. Em Olhão, entre turistas e locais, ele nunca passava despercebido. Era curioso observar como bastava entrar num espaço para que os olhares se prendessem nele — primeiro discretos, depois cada vez mais descarados. Não era preciso nomear. Toda a gente parecia saber quem era.

 

 

E este verão que, por acaso ou destino, Daniel resolveu falar comigo. Estava no “O Bigodes”, o bar à beira-mar onde os copos tilintam ao ritmo lento das conversas, a rabiscar no meu caderno como faço sempre que quero organizar pensamentos. De repente, senti a sombra dele ao meu lado. Tinha na mão uma Sagres, como se fosse apenas mais um cliente, mas o efeito era outro: percebia-se pelo burburinho em redor que a sua simples presença alterava o ar da sala.

 

Com um português surpreendentemente correto, embora marcado pelo seu sotaque britânico, lançou-me em tom de brincadeira:

 

— Estás a escrever um livro?

 

Engasguei-me por dentro, incapaz de esconder a surpresa. Respondi-lhe que não, que eram apenas rabiscos. Ele sorriu como quem já está habituado a respostas tímidas, habituado ao efeito que causa sem precisar de o procurar. Depois, apontou com naturalidade para a cadeira ao meu lado.

 

Fiz um gesto afirmativo. E, sem cerimónia, ele sentou-se.

 

Enquanto isso, percebia o movimento à nossa volta. Havia quem fingisse não reparar, mergulhado no copo, mas espreitava por entre os dedos. Havia quem disfarçasse mal a vontade de pedir uma fotografia. Era evidente: toda a gente o conhecia. Só eu, sentado diante dele, tentava convencer-me de que era apenas um encontro banal, quando sabia que não era.

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Boa sorte 🙂

Postado
23 horas atrás, Cadete213 disse:

Boa sorte 🙂

Obrigado 

 

Íamos já na quarta Sagres daquela tarde, embalados por uma conversa que deslizava entre música, filmes e séries de televisão. A naturalidade era tal que parecia que nos conhecíamos há anos. Daniel, sempre com um cigarro entre os dedos, intercalava baforadas de fumo com opiniões rápidas, certeiras ou provocatórias, que invariavelmente nos arrancavam gargalhadas.

 

 

Numa dessas, a propósito de uma canção dos ABBA que ele acabara de ridicularizar, não conseguiu conter o riso e tombou da cadeira. O bar inteiro rebentou a rir, e ele riu-se connosco, sem a mínima preocupação em salvar a pose. Chris Spaanenburg, o holandês dono da casa, com o seu bigode farto a dar-lhe ainda mais seriedade do que pretendia, saiu de trás do balcão para o ajudar a levantar-se.

 

— Estás bem, rapaz? — perguntou, já com o sorriso nos lábios.

 

Daniel acenou, ainda a rir. Murmurou qualquer coisa sobre as cervejas portuguesas serem demasiado fortes, embora engolisse metade das palavras. E, logo a seguir, com um humor que parecia ter ensaiado noutro palco, deixou escapar:

 

— Se eu fosse como sou nos filmes, fazia já aqui um Wingardium Leviosa e punha uma cerveja a voar para cada um.

 

A sala explodiu em palmas e gargalhadas. Ele levantou-se com esforço teatral, ergueu o copo e, no português que conseguiu articular, proclamou:

 

— Uma rodada para o pessoal todo. Sagres ou Super Bock, escolham e sejam felizes!

 

Chris encolheu os ombros, divertido, e lá foi servir a clientela. Daniel voltou a sentar-se ao meu lado, piscou-me o olho com um sorriso maroto e disse em voz baixa:

 

Expecto Patronum on their asses.

 

E eu não pude deixar de sorrir também. Porque era impossível esquecer, nem por um segundo, com quem estava a beber cervejas naquela tarde de verão.

  • Nei of mudou o título para O Limar das arestas deste Cubo
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Boa Sorte! Será com qual clube?? 

No Mais, seja bem-vindo. Seria legal adicionar prints e imagens relacionadas a história nas atualizações, e quem sabe, prints do game.

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4 horas atrás, MitoMitológico disse:

Boa Sorte! Será com qual clube?? 

No Mais, seja bem-vindo. Seria legal adicionar prints e imagens relacionadas a história nas atualizações, e quem sabe, prints do game.

Em breve colocarei imagens e prints e isso tudo. Só estou a contar a história dos personagens que estarão no save. Obrigado

 

***

 

Tinham passado talvez quatro ou cinco dias desde aquela tarde no bar do Bigodes. Eu estava na praia, pouco passava das sete da manhã, sentado na minha toalha a rabiscar qualquer coisa no caderno. O som de passos aproximando-se chamou-me a atenção, e uma voz britânica cortou o silêncio da manhã. Daniel Radcliffe uma vez mais.

 

 

— Sempre a escrever, meu rapaz? Que tanto escreves tu?

 

Levantei-me para o cumprimentar.

 

— Então, Daniel, está tudo bem? — perguntei. — Olha, escrevo sobre a nossa bela cidade e sobre pessoas no geral. Quando escrevo para mim. Mas quando escrevo para o trabalho, escrevo sobre futebol.

 

Ele olhou-me com interesse, olhos atentos, e falou com uma seriedade que quase me fez engolir em seco:

 

— Sabes, nestes últimos três anos tenho vindo a Portugal pelas vossas belas praias, por estas manhãs e tardes de calor. Mas também tenho andado a estudar um novo projeto para mim. E, desde que o Reynolds investiu no futebol lá em Inglaterra, pensei em fazer algo parecido.

 

Fiquei admirado com a firmeza das suas palavras. Não parecia de todo uma brincadeira.

 

— Ai sim? — respondi, ainda incrédulo. — Aposto que há boas oportunidades para um bom projeto nas divisões inglesas.

 

Daniel olhou para mim como se eu tivesse acabado de dizer a maior baboseira do mundo e sorriu:

 

— Não sejas tolo. Só o maluco do canadiano é que decidiu investir na chuva e no mau tempo. Eu pretendo investir aqui, onde se vê o sol, onde há calor e praia. Onde as pessoas vivem com calma e serenidade. E quero investir onde haja raça e vontade de vencer. Onde o futebol é jogado no seu estado puro, sem jogadores a rebolar pelo chão em fingimento.

 

Fiquei embasbacado, atento a cada palavra. Seria possível que ele quisesse mesmo investir numa equipa portuguesa? A riqueza que ele trazia consigo — e a confiança, a presença — era quase inacreditável. Se ele quisesse fazer algo semelhante ao que Ryan Reynolds fez pelo Wrexham, qualquer equipa poderia tornar-se numa equipa sonhadora.

 

Ele olhou para mim, sério, e disse:

 

— Olha, vou sentar-me um pouco contigo. Fala-me dessas equipas de que tu escreves.

 

E eu percebi, naquele instante, que não estava apenas a partilhar uma manhã de verão com um novo amigo; estava a assistir a alguém a começar a moldar um futuro que poderia mudar o rumo do futebol local.

Postado

Nos dias seguintes, o nosso ritual tornou-se quase sagrado. Encontrávamo-nos sempre no Bar do Bigodes por volta das oito da manhã. Chris já conhecia a rotina: tinha preparado o meu café e a minha sandes de presunto e queijo, e, para Daniel, o galão e a tosta mista estavam sempre à espera. Enquanto observava aquele cuidado simples, percebi algo que ia para além da hospitalidade: atenção aos detalhes, pequenas gentilezas que fazem toda a diferença.

 
Após o pequeno-almoço, pegávamos nas nossas novas Vespas — um presente de Daniel para mim, que ainda não conseguia acreditar — e partíamos em direção a um novo estádio. Cada dia era uma mistura de passeio e aula intensiva: eu contava-lhe tudo o que sabia sobre cada clube da cidade, os pequenos detalhes que só quem está de perto consegue perceber. E, enquanto falava, comecei a reparar em como Daniel absorvia não apenas as informações, mas a atmosfera, os gestos das pessoas, o que deixava transparecer a alma de cada clube. Percebi que havia muito a aprender simplesmente observando alguém como ele ouvir.
 
Começámos pelo Estádio Municipal de Portimão, casa do Portimonense, e depois o Estádio de São Luís, onde jogava o Farense. Contei-lhe a história de cada clube, as vitórias, os deslizes, os momentos marcantes. Confesso que, no início, imaginei que um investimento numa equipa já nos escalões principais poderia ser mais rápido, mais imediato. Mas Daniel fez-me ver que não queria começar pelo topo. Ele procurava algo mais obscuro, um projeto onde pudesse ser ele próprio a força que levasse uma equipa a subir patamares.
 
No dia seguinte, levei-o ao Estádio José Arcanjo, a casa do Olhanense. Falei-lhe da grande queda do clube, da dificuldade que enfrentava e do lugar modesto em que se encontrava agora. Ele parecia intrigado, absorvendo cada palavra, mas sem tomar decisões precipitadas.
 
— Quero sentir um click qualquer — disse.
 
E eu prometi-lhe, silenciosamente, que estaria ao lado dele até que esse momento chegasse.
 
Enquanto o observava, percebi que não estava apenas a acompanhar alguém curioso ou interessado em investir no futebol e ganhar algo com isso. Estava a observar alguém que aprendeu a importância de olhar além das estatísticas, de perceber o que faz uma cidade ou um clube pulsar. Estava a acompanhar alguém que queria tocar na essência do futebol local. E eu ali estava, um privilegiado, a testemunhar os primeiros passos dessa busca. Cada encontro com ele tornava-se uma lição não escrita, um treino invisível para o meu próprio olhar jornalístico.
 

Daniel não tinha pressas. Vivia ao seu ritmo, como quem saboreia cada segundo, e trazia sempre consigo aquela vontade de explorar um pouco mais. Quando passávamos por pequenas aldeias, bastava alguém reconhecê-lo para que ele parasse sem hesitar: uma palavra amiga, um aperto de mão firme, um abraço sentido ou até um beijinho. Do mais novo ao mais velho, do mais humilde ao mais abastado, Daniel recebia todos com o mesmo entusiasmo genuíno.

 
Nos dias seguintes, o caminho levou-nos até ao Estádio Dr. António João Eusébio, casa do Lusitano Ginásio Clube Moncarapachense. Daniel sorriu logo ao ouvir o nome. Gostou da sonoridade, gostou das vistas. “Fica como referência”, disse-me com a serenidade de quem sabia guardar momentos. E eu percebi que havia ali algo especial. Os últimos anos do clube mostravam sinais de promessa, e na minha cabeça começava já a nascer a história que queria contar sobre aquela equipa.
 
Mas Daniel não queria parar ali. Olhou-me, com aquele brilho nos olhos, e disse:
— “Exploremos um pouco mais. Estes dias têm sido bons demais para acabarem já. Demos mais umas voltas às Vespas. Elas merecem… e nós também.”
 
E assim fizemos. Mais estrada, mais paisagens, mais Algarve. Nas nossas conversas fui descobrindo uma coisa: havia um amor escondido em Daniel, um carinho especial por Olhão. Comecei a pensar que talvez fosse ali, naquela cidade, que ele queria realmente investir.
 
Por isso, fomos até ao Estádio Municipal de Olhão. Estranho como não tínhamos começado por ali. Talvez eu tivesse essa ideia pré-concebida de que o investimento deveria ser feito numa equipa com mais nome, mais tradição, mais peso na história. Enganei-me. Foi naquele dia, naquele estádio, que tudo mudou.
 
Era dia de jogo de Juniores. Cerca de cem pessoas estavam espalhadas pela bancada, acompanhando os jovens que corriam em campo com a paixão crua de quem sonha. Sentámo-nos também. Com um copo de água fresca na mão e um punhado de amendoins salgados, ficámos a ver o duelo entre duas equipas que partilham este estádio: o Marítimo Olhanense e o 4 ao Cubo.
 
E naquele momento simples, entre o calor algarvio, e o entusiasmo juvenil em campo, percebi: ali estava algo autêntico. Algo que Daniel procurava.
 
O Marítimo Olhanense é um clube antigo (fundado em 1923), e é também o lugar onde, em miúdo, eu treinei e onde nasceu o meu amor pelo futebol. Nunca fui grande jogador, mas havia algo naquele desporto que me fascinava e que acabou por me moldar. Esse amor tornou-se, de muitas formas, a base do que sou hoje.
 
Do outro lado estava o 4 ao Cubo, um clube ainda jovem, fundado em 2010, mas com um propósito claro: fomentar a prática desportiva, especialmente no futebol de formação. Um projeto de base, mas com alma própria.
 
Percebi que Daniel estava contente de ali estar. Observava os jovens correrem, rirem, jogarem com a paixão crua da idade, e parecia absorver cada momento. Aposto que estava ainda mais feliz por ainda não ter sido reconhecido por ninguém. Podia simplesmente existir ali, sem pressões, sem olhares a pesar.
 
Não sabíamos o resultado quando nos sentámos, mas não passaram dez minutos até que o 4 ao Cubo, de laranja, marcasse. Um rapaz alto, ágil, fintou praticamente metade da equipa adversária antes de isolar o colega de ataque. Daniel virou-se para mim com aquele olhar que eu jamais esquecerei: a expressão de quem acaba de testemunhar algo extraordinário. Dez ou quinze minutos depois, de novo o 4 ao Cubo marcava.
 
Então, sem nos apercebermos, uma menina aproximou-se. Talvez uns onze anos.
— “Senhor, senhor… tu és o Harry Potter?”
 
Daniel sorriu, tranquilo:
— “Sim, sou eu.”
 
A mãe da menina apareceu, meio envergonhada, pedindo desculpa pelo incómodo. Daniel disse que não havia problema algum e sugeriu que a filha tirasse uma fotografia. A senhora parecia incrédula, mas aceitou. A menina, Íris, ficou radiante.
 
Antes de se afastarem, Daniel virou-se para ela:
— “Que equipa estás a apoiar aqui?”
 
— “O 4 ao Cubo, claro. O meu irmão é aquele que marcou agora… e eu também joguei esta manhã.”
 
Quando mãe e filha se foram, Daniel olhou para mim com um brilho nos olhos e disse, com aquela certeza calma que o caracterizava:
— “É isto. O meu click. Quero ajudar este clube. Se eu conseguir… vou comprar o 4 ao Cubo.”
 
Senti o peso daquilo que me dizia. Olhei para ele e respondi, ainda a tentar processar:
— “Missão cumprida, então.”
 
Ele sorriu e acrescentou:
— “Sim. É este o nosso começo.”
 
— “Nosso?”
 
— “Sim. Quero que venhas trabalhar comigo. E, se aceitares, o teu primeiro trabalho é trazeres aquele rapaz que vimos fintar metade da equipa adversária. No final do jogo, traz ele até mim.”
 
Naquele momento, percebi que tudo estava prestes a mudar. O verão, a cidade, o futebol — e a minha própria vida — estavam a abrir-se para algo que eu ainda mal conseguia imaginar.
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Vem aí uma aventura nas Distritais? Boa Sorte com o clube.

Postado

Fazes bem em escrever, sim senhor. Mas queremos bola a rolar também. Bora...😁4 ao Cuboooooooo

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21 horas atrás, MitoMitológico disse:

Vem aí uma aventura nas Distritais? Boa Sorte com o clube.

Sexta divisao portuguesa. Obrigado

5 horas atrás, Cadete213 disse:

Fazes bem em escrever, sim senhor. Mas queremos bola a rolar também. Bora...😁4 ao Cuboooooooo

Siga 4 ao Cubo. A bola rodará em breve

5 minutos atrás, Nismo disse:

Boa sorte

Obrigado

 

*****

Nos dias em que Daniel esteve ausente, aproveitei para ver uns quantos jogos e mostrar trabalho à redação. Sei que sou pago pelo que escrevo, não pelo tempo passado no escritório, mas é sempre bom apresentar trabalho. Junho é aquela altura em que notícias e rumores do mercado voam de todos os lados, mas para mim, o que importava eram os amigáveis.

 
Em Olhão vi o Olhanense derrotar a Académica de Coimbra. Fui a Faro assistir ao Farense perder com o Sporting Clube de Cuba. Acompanhei o 4 ao Cubo até ao Alentejo para vê-los perder com o Elvas. E, já que estava na zona, aproveitei para ir a Sines ver o Portimonense golear o Vasco da Gama.
 
Amava o que fazia, mas havia um vazio dentro de mim, uma espera silenciosa por algo maior. Ansioso pelo próximo projeto, imaginava o que estaria por vir.
 
Quase duas semanas depois da sua partida, Daniel ligou-me:
— “Cheguei. Aterrei em Faro. Se ainda o quiseres, é hora de trabalhar.”
 
Eu estava a assistir a um amigável entre Olhanense e Sporting. Respondi:
— “Bem-vindo de volta. Assim que chegares, voltamos a apitar. Bebemos uma fresca no bar.”
 
Continuei a assistir ao jogo, sentindo uma pontada de nostalgia. Que trabalho Daniel teria para mim? Será que este Olhanense contra Sporting seria a última partida sobre a qual escreveria para a minha redação?
 
Duas horas depois cheguei ao Bigodes. Daniel estava sentado ao balcão, com uma água na mão, a falar com Chris e Andreas. Ao ver-me, levantou-se e abraçou-me. Um sorriso enorme iluminava o seu rosto, a felicidade era contagiante.
 
— “Está tudo tratado. Comprei todas as ações do clube. O 4 ao Cubo é a minha casa, o meu projeto de presente e futuro. Já falei com o nosso jovem amigo Andreas também. Ele está feliz e ansioso. Claro que terei de me ausentar para os filmes, mas sei jogar com isso, tal como o Reynolds faz.”
 
Quase não podia acreditar. Isto era sério. Já não era um talvez. Daniel Radcliffe era, de facto, o dono de um clube de futebol amador no Algarve.
 
— “Parabéns, amigo. Que toda a sorte do mundo esteja contigo neste projeto.” Disse-lhe, provavelmente com um sorriso de orelha a orelha, embora estivesse um pouco “numb” para ter certeza.
 
— “Obrigado, amigo Falcão. E agora, para ti, tenho o trabalho de assessor de imprensa do clube, se assim o quiseres. Podes continuar o teu trabalho atual, se achares que consegues consolidar os dois. Anyway, quero dar-te um contrato full-time, decidas ficar com o outro trabalho ou não.”
 
Que maluqueira. Um novo trabalho como assessor de imprensa de um clube que estava prestes a dar um salto enorme na sua história.
 
— “Claro que aceito, amigo. Se conseguir consolidar os dois trabalhos, assim o farei. Mas o meu foco principal será o contrato que me estás a oferecer.”
 
— “Então assim será.” Sorriu. Virou-se para Chris:
— “Christopher, uma rodada para quem está aqui. Para todas estas 5, 6, 7 pessoas… Caramba, quando o sol rebenta lá fora ninguém sai da praia. Acho bem. Beautiful.”
 
Voltou-se para mim:
— “Falcão. Amanhã pela manhã quero apresentar-me como o novo dono do clube. Desnecessário será dizer que muitos jornalistas aparecerão. Quero que cries novas contas, páginas e grupos nas redes sociais. Vamos começar esta aventura.”
 

Passei a noite em claro. Criei um novo grupo no Facebook para o 4 ao Cubo, uma página de Instagram, atualizei o meu LinkedIn. Contactei a redação, contei-lhes o que iria acontecer na manhã seguinte. Liguei a quem pude, jornais, televisões, colegas de profissão. Fiz tudo o que estava ao meu alcance para que a apresentação fosse um sucesso.

Na manhã seguinte, ao chegar à porta do estádio, quase não acreditei no que vi: uma multidão. Só alguém como Daniel Radcliffe podia arrastar tanta gente para um clube das divisões distritais. Via logos da TVI, SIC, RTP, jornalistas da Record, A Bola, O Jogo. Até a CMTV estava ali. Era real — um clube amador do Algarve estava prestes a ter mais cobertura que muitos da Primeira Liga. Por um instante pensei: será que não seria demais?

No centro do relvado, o palco já estava montado. Cadeiras alinhadas para a imprensa, dezenas de câmaras apontadas, microfones preparados. Centenas de pessoas nas bancadas.O ambiente cheirava a acontecimento histórico. 

Subi ao escritório e encontrei Daniel sentado, tranquilo, quase indiferente à correria lá fora. Relaxado como quem sabe que nada começa sem ele.

— “Ah, amigo Falcão. Já viste isto? Crazy, ini’t? Então, you ready?” — disse, com aquele ar meio maroto.
— “Claro. Let’s go.” — respondi, tentando esconder a ansiedade que me queimava por dentro.

Descemos juntos, eu à frente. Subi ao palco, agarrei o microfone e deixei a voz soltar-se:

— “Ora muito bom dia. Todos sabemos ao que vimos. A apresentação do novo dono do 4 ao Cubo nunca poderia passar despercebida. Todos o conhecem, todos o viram nos grandes ecrãs. Eu tive a sorte de conviver com ele nas últimas semanas e posso dizer-vos uma coisa: ele tem amor verdadeiro por esta cidade e por este clube. Está na altura de mostrarmos também o nosso amor por ele. Sem mais demoras, chamo ao palco Daniel Radcliffe.”

 

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O estádio explodiu em aplausos.

Daniel subiu ao palco, ainda surpreso com a multidão que se estendia à sua frente. Fez uma pausa, olhou em volta, respirou fundo e falou:

— “Bom dia a todos.
Primeiro… wow. Não estava à espera de ver tanta gente aqui hoje. Muito menos tantas câmaras. Normalmente vejo isto quando lanço um filme, não quando venho falar de futebol num clube modesto do Algarve. E isso só prova uma coisa: este lugar tem algo especial.

Venho muitas vezes a Portugal, vocês sabem disso, mas foi aqui que senti algo diferente. Senti paixão. Senti comunidade. Senti aquela energia única que o futebol tem, quando um miúdo ou uma miúda entra em campo e joga com o coração. Foi num jogo dos jovens do 4 ao Cubo que tive esse click. E percebi: este é o meu lugar. Este é o meu projeto.

Não venho prometer milhões nem Champions League (apesar de que seria engraçado [ri-se]). Venho investir em pessoas. Em jovens que acreditam no sonho de jogar futebol e que querem dar tudo pelo clube e pela sua terra. Quero trabalhar com esta cidade, com esta comunidade, para construir algo que dure.

Quero que todos olhem para o 4 ao Cubo não apenas como um clube das distritais, mas como uma referência de paixão, dedicação e identidade. Vamos crescer juntos, passo a passo, jogo a jogo.

Obrigado por me receberem como um dos vossos. Este é só o começo. O 4 ao Cubo é agora a minha casa — e juntos vamos torná-la maior, mais forte e cheia de orgulho.”

As palavras caíram como fogo. Aplausos rebentaram, alguns de pé, outros acenavam bandeiras improvisadas. As câmaras registavam tudo. Era impossível não sentir: estávamos a viver história.

Ajeitei o blazer, voltei ao microfone.
— “Ora bem, vamos agora abrir espaço para algumas perguntas. Sei que a curiosidade é muita neste momento e Daniel está pronto para responder. O palco é vosso.”

Fiz o meu melhor para organizar quem pedia a palavra. Vou aqui deixar o que mais destaco nos meus registos:

Uma mão ergueu-se logo da primeira fila.

 João Pereira, A Bola. Daniel, parabéns pela aquisição do 4 ao Cubo. O que o levou a investir num clube modesto do futebol português, em vez de escolher uma equipa já estabelecida nas ligas profissionais?”

Daniel ajeitou o microfone e respondeu com naturalidade:
— “Obrigado pela pergunta, João. Para mim, o futebol é paixão e projeto. Comprar um clube grande seria entrar numa história já escrita. Eu quero escrever uma história do zero, ver um clube crescer com a minha energia e a minha visão. O 4 ao Cubo dá-me exatamente isso: a oportunidade de construir algo único.”

Logo a seguir, uma jornalista avançou.

 Marta Silva, Record. Qual é o objetivo imediato? Manter estabilidade ou já pensa numa subida rápida de divisão?”

Daniel sorriu antes de responder:
— “A ambição é sempre ganhar, mas também sei que tudo leva tempo. Quero que os adeptos vejam trabalho sério, que os jogadores sintam que têm estrutura para evoluir. Não queremos a pressão da subida imediata. A prioridade neste momento é dar bases sólidas para que o clube possa evoluir passo a passo.”

Do lado direito, outro jornalista pediu a palavra.

 Rui Fernandes, SIC. Muitos investidores estrangeiros entram em clubes portugueses e acabam por sair tão depressa quanto entram. Como garante que não será mais um caso?”

— “Rui, entendo bem essa preocupação. Mas a minha visão é de longo prazo. Não estou aqui para uma aventura passageira. Estou aqui porque acredito que o 4 ao Cubo pode ser um projeto que mexa não só com o futebol, mas também com a comunidade local. Vou estar presente, dentro e fora do estádio.”

Uma jovem repórter levantou-se timidamente.

 Sofia Marques, Jornal do Algarve. Daniel, como é que planeia conquistar os adeptos de Olhão? Eles já viveram glórias, mas também quedas duras…”

— “Sofia, a melhor forma de conquistar adeptos é respeitá-los. Quero ouvi-los, quero que eles sintam que este clube também é deles. Promessas todos podem fazer. Nós vamos mostrar no campo e nas bancadas que o 4 ao Cubo pode ser o orgulho da cidade.”

Voltei ao microfone.
— “Muito bem, senhoras e senhores, fechamos assim o bloco de perguntas. Temos ainda mais umas declarações do nosso novo presidente e ficamos por aí. Certamente há muita tinta para gastar nas vossas redações.”

Daniel voltou a assumir o microfone.
— “Obrigado a todos pela presença. Tenho a dizer que dou total confiança ao nosso treinador de seniores, Tiago Mendes. Ele fará parte deste projeto e terá todo o nosso apoio para conduzir uma época de sucesso.

Abriremos também treinos de captação para avaliar novos jogadores que possam integrar o plantel. O Tiago terá como adjunto Tomé Ribeiro, um profundo conhecedor deste nível competitivo, com grande determinação e visão tática.

Na equipa técnica juntam-se ainda André Macedo e Miguel Dionísio, que irão preparar o grupo e ajudar na escolha de reforços.

De Inglaterra trouxe o nosso novo departamento médico: Ana Marta será a fisioterapeuta chefe, com o apoio de Paula Cristina e Paula Ramos.

No departamento de scouting, João Severino será o diretor de futebol, e José Olival assume como chefe de scouting e estará preparado para alargar a rede de observadores assim que possível.

Quanto a parcerias, fechámos já um patrocínio com a Worten e, de Inglaterra conseguimos um patrocínio com a Greggs. Eles abrirão também a sua primeira loja em Portugal, aqui mesmo em Olhão, como experiência. Os nossos equipamentos serão da Umbro.”

 

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Regressei ao microfone para encerrar:
— “Bem, temos aqui muitas novidades e muita matéria para escrever. Agradecemos a vossa presença e voltaremos a encontrar-nos em breve. Obrigado a todos.”

 

O ambiente era elétrico. Entre sorrisos, câmaras e cadernos de notas a encherem-se de pressa, senti claramente que o 4 ao Cubo nunca mais seria o mesmo.

Postado

Vamos ter magia nos relvados das Distritais de portugal. 

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Em 20/09/2025 em 16:50, Cadete213 disse:

Vamos ter magia nos relvados das Distritais de portugal. 

Bora lá.

*****

Depois do anúncio, voltámos ao escritório de Daniel — o meu novo patrão. Ainda era difícil acreditar que aquilo estava mesmo a acontecer. Mas estava.

Daniel olhou para mim com aquele ar descontraído dele:
— “Well, Falcão my friend… assim começamos. O Tiago e o resto do staff devem estar a caminho do Bigodes neste momento e nós vamos a seguir. A não ser que aches que tens de estar noutro lado. A partir daqui, tu saberás como fazer o teu trabalho. Mas pelo menos tens de vir beber uma ou duas comigo. Afinal, sem ti este projeto ainda não se tinha iniciado.”

Sorri. Fiquei genuinamente feliz com aquelas palavras.
— “Claro, Daniel. Agradeço-te isso. Estou muito feliz por isto estar a acontecer. E estou contigo para o que der e vier. Vamos juntos para o bar. Também quero conhecer o staff, porque eles fazem grande parte desta história.”

E assim foi. No bar, naquela tarde, todos sentados na esplanada, quem passasse pensaria que éramos apenas um grupo de amigos a festejar. Riam-se, falavam alto, brindavam. Cada um tinha a sua personalidade marcada, mas já se notava espírito de equipa, uma energia de gente pronta para lutar pelo mesmo.

Entre risos e copos, discutiu-se logo a organização dos treinos de captação. Todos sabíamos que iam aparecer muitos jogadores só para tentar entrar na “equipa do Harry Potter”. Pediam desculpa a Daniel, mas era impossível não lhe chamar assim. Ele ria, abanava as mãos e respondia:
— “À vontade, pessoal. Mas quero que se lembrem: não é por mim que este clube tem de ser conhecido. Quero ficar na história como o presidente que o fez crescer, não apenas como o ator que comprou um clube.”

Nessa altura passou Andreas Spaanenburg, o jovem das camadas jovens, filho de Chris. Daniel levantou-se e cumprimentou-o.
— “Este é um daqueles que tens de ter debaixo de olho, Tiago. Talvez possas chamá-lo à equipa principal umas vezes, ou só incluí-lo nos trials de vez em quando. Este rapaz tem futuro.”

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Tomé Ribeiro acenou:
— “Bem verdade. Vejo poucos assim pelo Algarve fora. Tens talento, rapaz, acredita que vais longe.”

O rapaz ficou embaraçado, mas feliz. Ia dizer algo quando Chris apareceu com mais uma rodada de cervejas e uns shots de tequila:
— “Então, a embaraçar o rapaz? Deixem-no ir jogar playstation.”

Todos nos despedimos de Andreas e ele foi-se embora. Daniel virou-se para Chris:
— “Chris, tens de arranjar agente para ele. Ele tem muito jeito com a bola nos pés. Vai precisar de alguém para guiá-lo. Tem um bom futuro à frente se continuar no futebol.”

Chris respondeu com firmeza:
— “Se ele realmente vier a ser jogador e precisar de agente, eu serei o agente dele. Não se preocupem.”

Voltámos à conversa anterior. Decidiu-se que os treinos de captação iriam ser de junho a dezembro. Sendo equipa amadora, poderíamos inscrever jogadores até fevereiro. Iríamos aceitar entre 30 a 40 jogadores antes do início da competição, junto com os poucos que ficaram da época passada. Desses, tentaríamos formar uma equipa de 16 a 28 jogadores à imagem do que Tiago Mendes desejava. Durante a competição, até dezembro, permitiríamos que 10 a 15 jogadores treinassem em regime de trial. Rodávamos jogadores semanalmente e, se algum agradasse ao Tiago, poderia voltar na semana seguinte. 

Assim foi acontecendo nos primeiros seis meses sob a liderança de Daniel. Jogadores vinham e iam. Muitos treinavam uma semana e não voltavam. Alguns ainda assinavam o contrato amador após várias semanas em trial; uns ficavam, outros, sem espaço no onze, rescindiam para assinar por outras equipas.

Mas a roda girava e, no meio de tudo, o campeonato foi avançando. Daniel nunca pôs pressão em Tiago para ganhar já. O que ele queria naquele primeiro ano era simples: montar uma base sólida, mostrar a mentalidade que se esperava dos jogadores do 4 ao Cubo e construir alicerces para o futuro.

Os jogadores, muitos vindos do trabalho ou das aulas, chegavam felizes aos treinos de dois ou três dias por semana. Quando havia jogo, era uma festa. Quando não havia, treinavam na mesma, com sorrisos e entusiasmo. Essa energia começou a dar frutos dentro de campo.

No fim de Dezembro os trials terminavam, a equipa estava feita até ao final da temporada. A primeira fase terminaria em Fevereiro, altura em que ficavam decididas as equipas para a próxima fase. Dos dois grupos nesta divisão, 6 iriam disputar a fase de promoção onde 4 delas subiriam.

 

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O nosso 4 ao Cubo estava qualificado para a próxima fase. Os rapazes tinham dado tudo. Em 16 jogos, perdemos apenas 2 e empatámos 4. Dois desses empates foram justamente contra o Messinense, que acabou esta fase em primeiro lugar, apenas com um ponto de avanço sobre nós.

Não foi pouco. Mostrámos consistência, garra e, acima de tudo, identidade. O balneário respirava confiança. Já não éramos só “a equipa do Harry Potter”, éramos uma equipa de verdade, capaz de lutar taco a taco com os melhores desta divisão.

O Messinense levava o título simbólico de líder da fase, mas nós sabíamos: cada jogo a partir daqui era uma nova oportunidade de mostrar que o futuro estava em Olhão, no 4 ao Cubo.

No fim da primeira fase, Andreas quebrou o recorde de jogador mais jovem a participar num jogo oficial na divisão, e também o de jogador mais jovem a marcar.  A equipa bateu muitos dos seus próprios records, batemos o recorde de pontos na competição, o de golos marcados e sofridos, e a melhor posição na tabela até então. Nunca a equipa tinha ficado acima do 9o lugar e acabámos esta fase em Segundo. Estávamos prontos para a fase de promoção, com o objetivo de subir de divisão.

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A tabela para a próxima fase mostrava-se equilibrada. Só havia dois extremos claros: o Gigante Olhanense já muito à frente, quase com o passaporte carimbado para a subida, e a equipa B do Lagoa já muito atrás do pelotão, sem grande hipótese de acompanhar a corrida — mesmo que, matematicamente, ainda houvesse uma réstia de esperança.

Tudo o resto era pura adrenalina. A luta pelos lugares de acesso à AF Algarve 1.ª Divisão estava em aberto. Havia quatro lugares em disputa, e com o Olhanense praticamente apurado, sobravam três. Quem ficaria a sorrir no fim?

O 4 ao Cubo, o Moncarapachense B e o Quarteira partiam para esta fase com os mesmos pontos, numa espécie de linha de partida nivelada. Já o Messinense entrava com apenas um ponto de vantagem — nada que assustasse, mas o suficiente para colocar pressão em todos os outros.

Estava tudo pronto. As cartas estavam na mesa. A nova fase prometia ser uma batalha ponto a ponto, jogo a jogo, em que cada golo podia valer um pedaço de história.

 

Devem ter reparado que na tabela da fase de promoção há equipas com mais jogos que outras. Isso é claramente um erro da base de dados, já que um grupo tinha 10 equipas e o outro apenas 9. E não foi o único erro que encontrei — no próximo post vou mostrar mais um exemplo. Podia simplesmente abandonar o save, mas prefiro continuar e ver até onde conseguimos chegar. Quero mesmo levar esta equipa ao topo

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4 ao Cubo em grande e até com estrangeiros. O futuro parece ser risonho.

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14 horas atrás, Cadete213 disse:

4 ao Cubo em grande e até com estrangeiros. O futuro parece ser risonho.

Parece mesmo que irá ser risonho. Obrigado

 

****

Bem, vou deixar o relato um pouco de lado para destacar alguns erros na base de dados. O primeiro tem a ver com a forma como foi definida a fase de promoção. Como viram no post anterior, no meu grupo quem terminou em 3º lugar foi o Ferreira B, com 26 pontos, enquanto o Lagoa B somou apenas 22. No entanto, nos playoffs de promoção, quem aparece é precisamente o Lagoa B, e não o Ferreira B.

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Depois, como as equipas iniciam esta fase com 100% dos pontos conquistados na primeira fase, as do Grupo A acabam por partir em vantagem. Isto acontece porque disputaram mais 2 jogos do que as do Grupo B, já que o Grupo A tinha 10 equipas e o Grupo B apenas 9.


De seguida, temos o absolutamente ridículo espaçamento entre jogos desta fase. A competição estava programada para começar a 9 de março, mas o sorteio só foi realizado a 4 de maio.

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O que levou a este ridículo calendário:

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10 jogos em 25 dias

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Isso é pior que a Liga brasileira, minha nossa. Espero que continues e que no Campeonato de Portugal volte ao normal.

Postado

Bem aleatória a proposta, mas interessante. Que o cubo vire esfera de tanto limar ao subir divisões. Tenta colocar uma imagem ou outra, do elenco talvez.

Se na divisão atual é essa bagunça por problema na base de dados, tenta o acesso logo! Boa sorte.

Postado

A questão é: o 4 ao cubo tem elenco pra suportar essa maratona louca de jogos?

É chato lidar com problemas na base de dados, mas nada como um fato novo para passar por cima disso da melhor maneira e conseguir esse acesso.

Boa Sorte.

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Em 22/09/2025 em 09:18, Cadete213 disse:

Isso é pior que a Liga brasileira, minha nossa. Espero que continues e que no Campeonato de Portugal volte ao normal.

 Há de ser melhor na proxima divisao.

Em 23/09/2025 em 01:35, Fernandinhobol disse:

Bem aleatória a proposta, mas interessante. Que o cubo vire esfera de tanto limar ao subir divisões. Tenta colocar uma imagem ou outra, do elenco talvez.

Se na divisão atual é essa bagunça por problema na base de dados, tenta o acesso logo! Boa sorte.

Infelizmente em termos de imagens já nao posso gerar novas, pois já vou umas boas temporadas á frente. 

Em 23/09/2025 em 12:06, MitoMitológico disse:

A questão é: o 4 ao cubo tem elenco pra suportar essa maratona louca de jogos?

É chato lidar com problemas na base de dados, mas nada como um fato novo para passar por cima disso da melhor maneira e conseguir esse acesso.

Boa Sorte.

Tambem questiono se as outras equipas tem esse elenco. Nao posso mudar a base de dados agora infelizmente. Mas tudo melhorará

 

Obrigado a todos

Conseguimos. O 4 ao Cubo carimbou a promoção. Não foi fácil, mas foi épico. Os rapazes deram o litro em cada jogo desta segunda fase, e no fim a recompensa chegou: estávamos na AF Algarve 1.ª Divisão.

Daniel não perdeu tempo. Poucos dias depois do apito final, reuniu-nos no escritório com aquele sorriso meio incrédulo, meio determinado.

 “Parabéns, rapazes. Fizemos história. Mas isto é só o começo. A partir de agora, o 4 ao Cubo deixa de ser apenas amador. Vamos dar o salto: seremos uma equipa semi-profissional.”

O anúncio caiu como uma bomba boa. Para muitos dos jogadores, aquilo significava mais do que futebol ao fim do dia — era a oportunidade de crescer dentro de um projeto sério, estruturado, com futuro. Para a cidade, era a confirmação de que Daniel Radcliffe não estava cá para brincar.

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A cidade reagia com orgulho. Não era só o 4 ao Cubo que subia — o histórico Olhanense também tinha garantido a subida de divisão. Duas equipas da mesma terra, a crescerem lado a lado. Para os olhanenses, aquilo era quase um renascimento do futebol local. Falava-se de Olhão nas bancadas, nos jornais e até nas televisões nacionais.

E como se não bastasse, a primeira loja Greggs de Portugal abriu mesmo aqui, em Olhão. O burburinho foi imediato: alguns comentavam os pastéis de salsicha como se fossem uma atração turística, outros diziam que era o símbolo perfeito desta nova era — moderna, ousada e com ambição. A cidade via no clube e no crescimento à sua volta um reflexo de mudança.

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As boas notícias não paravam. A equipa sub-19 terminou em terceiro no seu grupo e conseguiu também a sua promoção. Era mais uma prova de que o futuro estava a ser construído com alicerces sólidos. E para reforçar ainda mais a estrutura, chegaram dois nomes importantes: o preparador Luís Pedrosa e o scout Rui Costa, peças fundamentais para a próxima etapa.

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As ruas enchiam-se de miúdos com camisolas — uns do Olhanense, outros do 4 ao Cubo — e em muitos casos, dividiam-se entre as duas paixões. Mas no fim, todos concordavam: Olhão estava de volta ao mapa do futebol algarvio, e a cidade respirava esse orgulho em cada esquina.

Na parte financeira, Daniel optou por não renovar com a Worten, preparando terreno para um novo patrocínio que daria mais força ao projeto. Greggs, no entanto, mantinha-se connosco, como parceiro fiel nesta caminhada.

Tudo parecia encaixar-se: a cidade em festa, o clube a crescer, o staff a evoluir e as nossas equipas a subir. O 4 ao Cubo não era mais apenas um nome — era um símbolo do que Olhão podia alcançar.

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Apesar da loucura de jogos, estiveste muito bem mesmo.

Postado
Spoiler
Em 29/09/2025 em 18:33, Cadete213 disse:

Apesar da loucura de jogos, estiveste muito bem mesmo.

Foi preciso estofo

 

Obrigado

Depois da confirmação da subida de divisão e da mudança para o estatuto semi-profissional, Daniel tomou decisões firmes também fora das quatro linhas. A Worten saiu de cena, e Greggs passou a assumir-se como o principal patrocinador da equipa. Para equilibrar as contas, envolveu-se também a NOS, que se juntava agora ao projeto como novo parceiro.

Os equipamentos sofreram igualmente uma revolução. A Umbro ficou para trás e, em seu lugar, chegaram os japoneses da JogarBola, que trouxeram um estilo diferente, ousado e marcante. Para dar ainda mais força ao lançamento desta nova imagem, ninguém menos do que Kazuyoshi Miura, a lenda viva do futebol, juntou-se à equipa com os seus 57 anos, para uma última temporada antes de se reformar. A sua presença não era apenas simbólica: mostrava a seriedade da nossa ambição e trazia uma aura de respeito e experiência ao balneário.

E, como já era tradição, antes da pré-temporada todos nos reunimos n’O Bigodes. Entre risos, planos e promessas, sentia-se no ar que esta nova fase seria diferente. O 4 ao Cubo estava pronto para escrever mais um capítulo inesquecível da sua história.

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Tal como na época passada, planeámos logo os treinos de captação. Acreditávamos que, com a visibilidade da subida e com o clube agora semi-profissional, surgiria ainda mais qualidade este ano. Todo o staff estava em sintonia: se houvesse oportunidade de melhorar em qualquer posição, não podíamos hesitar. O 4 ao Cubo precisava de crescer em todos os aspetos para competir ao mais alto nível.

A temporada passada tínhamos terminado em 2.º lugar no nosso grupo e em 3.º no grupo de promoção. Um feito enorme para a realidade do clube, mas que nesta nova etapa não nos servia de consolo. A exigência era maior. O formato da prova abria espaço para 6 equipas seguirem para o grupo de promoção, mas no fim apenas uma subia ao Campeonato de Portugal. E todos sabíamos: dessa vez, não havia espaço para segundas hipóteses.

O desafio era enorme, mas no ar sentia-se a mesma energia que tinha empurrado o 4 ao Cubo até aqui. Com novas caras, novos parceiros e a cidade cada vez mais agarrada ao clube, começava a segunda temporada com a certeza de que estávamos a caminhar para algo histórico.

 

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Daniel tentou acalmar toda a gente, levantando o copo no ar como quem queria travar as ondas de ansiedade.
— Amigos, amigos… quem tem pressão para subir é o Olhanense por ser histórico, o Imortal por ter descido e o Portimonense B por ter falhado a subida o ano passado por um triz. Nós já estamos num lugar muito acima do que pensávamos estar nesta altura. Melhorar a equipa, claro, mas não demos um passo maior do que a perna. Tiago, constrói esta equipa à tua maneira, com a mesma disciplina e mentalidade que mostraste até agora. O único objetivo que te peço é simples: não descer de divisão.

Tomé Ribeiro concordou de imediato:
— Obrigado, presidente. Nem podemos pensar que os nossos fãs exigem subida. Antes desta nova direção, acabávamos sempre entre os três últimos lugares. Pode ter a certeza de que toda a gente está mais do que contente só por termos chegado aqui.

Tiago Mendes, sentado entre eles, respirou fundo antes de responder:
— Vamos lutar contra a descida, sim. Mas todos sabemos que essa luta também não será nada fácil. No fim de contas, destas 12 equipas… 4 vão descer.

O silêncio caiu por um instante, cada um a pesar as palavras. Mas depois, como sempre acontecia naquele grupo, a seriedade transformou-se em determinação. A pressão não era para nós — mas a vontade de surpreender, essa continuava a crescer dentro de cada um.

Como se estivesse a ler os nossos pensamentos, Chris apareceu com mais uma rodada de cervejas e uns shots de tequila.
— Mais uma vez, parabéns, rapazes. A subida de divisão foi fantástica. Um marco enorme para a história de um clube que ainda é apenas um adolescente. E tenho também de vos agradecer por terem dado a oportunidade ao meu rapaz de jogar na equipa principal.

Abel Camará, treinador dos juniores que tinha entrado a meio da temporada passada, não deixou passar:
— O Andreas merece. É jogador para isso e muito mais. Faz-me falta nos meus jogos quando sobe à principal, claro, mas o importante é o empenho que ele mostra em ambas as equipas.

Tiago Mendes sorriu:
— Chris, o teu puto ainda fez 18 dos 28 jogos da temporada passada. Dois golos, quatro assistências… e só tem 15 anos? É de louvar.

Tomé Ribeiro rematou:
— Juro que vi o Hugo Pina e o Sérgio Brito nas bancadas naquele 4-1 contra o Armacenenses, quando o miúdo marcou aqueles dois golos.

Chris arregalou os olhos:
— Quem são esses?

Tomé respondeu:
— Olheiros. Um do Estoril e outro do Portimonense. Quase de certeza que estavam lá por causa dele.

Daniel entrou logo na conversa, pragmático como sempre:
— Bem, se eram eles ou não, nenhuma informação chegou ao escritório.

Chris abanou a cabeça, rindo:
— Deixem-no estar por agora. Ele está feliz na equipa. Mas… (virou-se para Daniel) se for para jogar assim tanto na principal este ano, também vai querer o seu contrato semi-profissional.

Daniel ergueu o copo e respondeu, no tom divertido que já lhe era típico:
— E assim será, senhor agente. (todos se riram) Se ele continuar a crescer desta forma, com a mentalidade que tem e o desempenho que já mostrou, o contrato estará à espera dele. Nesse dia, chamo-te ao escritório para o acompanhares e ajudares na decisão.

Abel Camará comentou:
— Com as melhorias que as infraestruturas vão ter neste verão, de certeza que vão aparecer mais miúdos com qualidade.

E Daniel acrescentou:
— Esse é exatamente o objetivo. Melhorar os campos de treino para atrair talento e mostrar aos pais que o 4 ao Cubo se preocupa com os filhos e filhas deles, que aqui também podem aprender e evoluir. No fundo, é tentar roubar algum talento ao Olhanense, ao Quarteira… quem sabe até ao Portimonense e ao Farense.

 

Aquele verão foi verdadeiramente especial para o clube. Pela primeira vez na sua curta história, o 4 ao Cubo subia de divisão. As emoções eram intensas, e entre junho, com o arranque dos treinos de captação, e meados de agosto, quando a nova temporada começava, a adesão de jogadores foi extraordinária. Tanta gente se apresentou que Daniel percebeu: era hora de criar uma equipa B. Surgia assim o 4 ao Cubo B — ainda sem inscrição oficial, mas disponível para jogos amigáveis e, quem sabe, para competir futuramente.

Houve também movimentações no staff. Abel Camará saiu e deixou lugar a Pedro Abranja (ex-Loures), agora acompanhado por Orlando Mendes (ex-Salvadense), na liderança formação. Para reforçar a estrutura da equipa principal, chegaram: o treinador de guarda-redes Ricardo Cruz, o preparador físico Zé Luís (ex-Estoril) e o fisioterapeuta Rui Bastos (ex-Arronches Benfica). Para comandar a recém-criada equipa B foi contratado Nuno Gomes (ex São Pedrense).

Em agosto, Tiago Mendes e a sua equipa técnica tinham já formado o plantel. O objetivo estava claro desde o início: lutar contra a despromoção… e havia confiança de sobra de que o grupo tinha qualidade para assegurar esse status.

A temporada arrancou com intensidade. Nas primeiras 17 jornadas – das 22 previstas – disputaram-se 17 batalhas ferozes.

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O jogo com o Ferreiras, a 14 de dezembro, foi especial antes mesmo de começar. Sentia-se logo no ar — a bancada estava mais composta do que nunca, famílias inteiras, curiosos, até jornalistas. Mas o detalhe que mudava tudo estava num canto do estádio: vinte ou trinta jovens que pareciam trazer fogo no peito. Vinham preparados com faixas, lenços laranja e azul, um megafone improvisado… e, para surpresa geral, varinhas mágicas de plástico, iguais às dos filmes do Harry Potter.

De repente, um deles puxou do fundo da alma:
 “CUBO! CUBO! CUBO!”
O coro respondeu em uníssono, com as varinhas erguidas como se lançassem um feitiço coletivo. Logo estenderam uma faixa enorme, pintada à pressa em laranja: “OS CUBISTAS.”

Foi nesse instante que todos percebemos: a claque tinha acabado de nascer.

O estádio mudou de energia. Uns mais velhos franziram o sobrolho, outros sorriram com nostalgia, lembrando os primeiros tempos das claques grandes em Portugal. Mas ninguém ficou indiferente. Um cântico ecoou com força, simples e contagiante, acompanhado pelo balançar das varinhas:
 “Magia ao Cubo, paixão sem igual, 4 ao Cubo é o nosso ideal!”

Na bancada central, Daniel sorria, incrédulo. Chris, ao lado, resumiu em voz baixa aquilo que todos sentíamos:
 “Está feito. O clube agora tem alma nova.”

Quando os jogadores entraram em campo, os Cubistas já estavam a cantar sem parar, como se aquele clube fosse gigante. E nesse instante, mesmo num campeonato distrital, o 4 ao Cubo parecia um colosso.

Aos 60 minutos, Tiago chamou Andreas. O miúdo levantou-se do banco com o coração a disparar, ajeitou as meias, bateu nas chuteiras e esperou a vez. E antes mesmo de entrar, os Cubistas foram os primeiros a puxar:
 “Andreas! Andreas!”
 “O miúdo é magia, vai brilhar no Cubo!”

As varinhas ergueram-se todas ao mesmo tempo, apontadas ao relvado como se lhe passassem força invisível. Quando o árbitro autorizou a substituição, o aplauso foi tão forte que, por um segundo, parecia que estávamos a assistir à estreia de uma estrela.

Cumprimentou o colega que saía, recebeu as últimas instruções de Tiago e posicionou-se na ala esquerda. Nos primeiros instantes, parecia apenas mais um jovem a tentar ganhar ritmo. Mas a claque não o deixava esquecer-se do que representava:
 “Magia! Magia! Magia!”

A bola chegou-lhe aos pés. Um defesa aproximou-se decidido a roubar-lha. O coração batia tão alto que até parecia ecoar no estádio. Mas quando Andreas tocou na bola, tudo mudou.

Um domínio perfeito, colado ao pé. Uma finta curta, natural, limpa. O adversário ficou pregado ao chão, perdido. O estádio levantou-se em uníssono:
 “Ooooohhh!”

E logo depois, a explosão:
 “Andreas! Andreas! Andreas!”

As varinhas agitavam-se como se aquele drible fosse mesmo obra de feitiçaria. Até Daniel, sempre contido, levantou-se para aplaudir, orgulhoso. Chris virou-se para ele e disse, convicto:
 “O miúdo não é só promessa. Temos aqui ouro.”

Andreas ergueu a cabeça, respirou fundo e acelerou pela linha fora. Era só o primeiro toque, mas todos sabíamos: estávamos a assistir ao início de algo maior.

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Com apenas 15 pontos em disputa após essas 17 jornadas, o 4 ao Cubo precisava de 3 para garantir um lugar na fase de promoção.. Surpreendendo expectativas, a equipa igualou o Olhanense em 35 pontos e estava a apenas um ponto do Portimonense B

O Andreas emergiu como farol para os mais jovens: uma mistura de mentalidade, esforço contínuo e silêncio de quem trabalha sem alaridos. E Miura, com toda a sua história, era um mentor extra em campo — uma presença que lembrava que o corpo só cede quando se abandona o espírito de luta.

 

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É melhorar as infraestruturas, mas o melhor é trazer mais guito e atenção dos media com o Miura...o Tsubasa da vida real.

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