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[FM13] "Who the Fuck is Alexander Helders?"


cellusv

Posts Recomendados

Cellus, finalmente consegui alcançar a última atualização, então segue essa enorme postagem!

Essa história do Helders pode dar um bom livro, um enredo com um apelo sexual e explosivo do personagem e suas aventuras kkkkkkkkkkkkkkkkk

1ª Temporada

Já comecei gostando da introdução da saga, por causa do Matt Helders da banda Arctic Monkeys, banda que tem um estilo que eu curto bastante. O cara frustrado como roadie e decidi ser treinador.

Cara que criatividade, sempre com boas histórias, não sei se você lembra mas acompanhava algumas sagas suas no orkut.

A saga com a Violeta e "suas amigas" no Crystal Palace foi sensacional.

Foi campeão com uma certa folga e ainda mecheu na moral do time com essa troca de braçadeira. Parabéns

2ª Temporada

Interessante, não sabia que na Segundona da Escócia, apenas um time subia, que baita virada de mesa pros times da Primeira.

Que merda que aconteceu depois da vitória contra o Hearts, a “Tragédia de Barn" vai ficar marcada na história do time e da cidade..

Teve uma reação monstruosa no meio do campeonato, apesar de ter ganho o confronto direto contra o Falkirk teve alguns resultados embaraçosos contra o Raith e o Partick.

Inglaterra x 7 de setembro é foda.

3ª temporada

Parabéns pela promoção foi difícil mas conseguiu, fato interessante é que foi muito bem nos confrontos diretos contra o Rangers.

Danadão do Helders papou a Lana e depois se fudeu com a vigança de mulher "mal amada".

Tem certeza que esse Helders não é o Stefleerman ?! Olha as idéias do cara com a Lana primeiro faz maior charme com a gata e depois que traçou dá um belo pé na bunda da vadia!

Depois ferido me canta a enfermeira, esse cara é o gênio do flerte.

Das contratações feitas me chamou a atenção o Gavin Rae ( muito forte psicológicamente).

Num momento em que ia ser recuperando na Liga, sofre um atentado desses.

Analisando psicológicamente o "NINJA" tem os mesmos traços Hooligans de Helders, que ironia do destino,

4ª Temporada

Esse Helders, heim ?! Começou o ano dando porrada no outros.

Que idéia tosca essa do Bedoya, cara louco.

Trocou a pacata cidade de Brechin por Gillingham que é quase 13x maior e ainda possui um elenco melhor que o anterior numa liga mais disputada e de melhor qualidade, boa escolha.

Esse Magee é o novo Gerrard, só pode! Que newgen excelente para a League One.

Cara , que situação. gêmeas andando de calcinha pela casa, o Helders vai fazer merda.

Uma pena a eliminação na FA CUP ainda mais pra um time da League 2 , mas acontece.

Cara tu conseguiu trazer o Cadwell e o Long, excelentes contratações para o nível da League 1.

Feruz filho da mãe, além de pipoqueiro ainda me come a loirinha gostosa, que FDP!

Parabéns pelo acesso, agora que o "bicho pega" vai ter de montar um elenco forte para aguentar o nível da Championship.

5ª Temporada

Esse Helders é muito mito, usou praticamente o FIFA 17 para convencer e contratar o Marveux.

Belos uniformes feitos pelo Renato, o terceiro ficou muito lindo cara.

Marveux, MacDonald e Woods são excelentes reforços. O Jose Baxter que era sempre bem cotado nos outros FM's neste teve uma queda monstruosa, mas pode ser um reforço útil as pretenções do Gillingham.

Esse Piéd vem pra ser o "cara" desse time, olhando pelos atributos parece ser um bom jogador.

Cara, tu começou a temporada super bem, sinceramente não pensei que já estaria tão perto assim da liderança, pelo jeito vai dar trabalho.

"Steve Ge" lenda, rei, monstro, lorde... agora auxiliar do Helders, show de bola, agora teremos um porra louca e uma consciência nessa equipe, vamos ver como os dois se sairão juntos

Boa sorte.

Esse Helders é um "porra louca", ri muito de algumas histórias aqui, kkkkkkkkkkk

“Seu filho da puta, quer morrer?” – gritei, botando o dedo na cara de Sheerin e o empurrando firme no peito.

“Seu filho da puta, tu tem noção do que tu acabou de fazer seu merda” – gritei, esgoelando o imbecil.

Puta merda, dizer que o Andy Carrol é foda, foi doido. Ouvir isso me fez dar gargalhadas, sendo um fã do Liverpool kkkkkkkkk.

ANDY – Tu tá louco? Tá bêbado, atrasado, com uma reputação fodida e ainda quer tomar uma cerveja?

ALEX – Filho, cala a boca e me alcança a porra da cerveja. A fórmula mais importante para não ter uma ressaca é continuar sempre bebendo.

Na mesma hora, mandei um e-mail para a Federação repleto de reclamações (formais, é claro). Até hoje não me deram respostas. Isso só podia ser coisa de quem usa saia e assopra uma gaita de fole que é presano cu.

“Nossa senhora, que rabo” disse Trouten.

Ela sorriu me olhando com o canto do olho enquanto mexia no cabelo. Meu pau deu um sinal de vida dentro das minhas calças e talvez ela tenha percebido. Se não percebeu naquele momento, teve a oportunidade de presenciá-lo pessoalmente mais tarde naquela noite, afinal eu não estava em Glasgow para brincadeira.

Porra o cara deu uma mijada no campo adversário, muito loco só pode.

Porém, não era uma volta olímpica qualquer: enquanto corria dentro de campo, ia desabotoando minha camisa aos poucos até que relevei por completo o que eu vestia por baixo, uma camiseta do Celtic. Enfurecidos,

alguns torcedores tentavam invadir o gramado e eram contidos por alguns seguranças que davam risada – provavelmente eram torcedores do Celtic também.

SCALLY – Tô compartilhando com o meu futuro braço direito, futuro treinador do meu time.

HELDERS – Não me venha com papinho furado, não pensa que vou poupá-lo da bifa apenas por ser velho. A diferença é que sofrer de osteoporose, o senhor vai direto pro hospital com alguns ossos quebrados.

“tu é um excelente treinador mesmo, fez esse bando de ameba chegar à Premier League escocesa.”

O que volta a me alegrar é saber que estamos na final da Johnstone’s e se eu for campeão... ah, se eu for campeão... terei um menàge com duas loirinhas gêmeas e filhas do meu patrão. Quero ver aguentarem tudo o que venho guardando pra elas!

Agora seria preciso vencer mais uma final – desta vez verdadeira – para comer o bendito fruto daquelas irmãs.

O Gillingham estava de volta à Championship e eu estava de volta à putaria.Com a filha do presidente.

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Não comento muito por aqui, mas tá de parabéns, cara!

Escreve muito bem e combina a ficção com o jogo na medida certa. Muito melhor do que alguns caras que tem um puta hype aqui na área.

Muito obrigado! Fico extremamente honrado com esses elogios - ainda mais quando sinceros assim. Hahaha.

Seja bem-vindo e fique à vontade para aparecer mais vezes!

Que grande "contratação", aposto que agora a carreira de Helders vai subir de vez, Gerrard como braço direito não é pra qualquer um...

Boa sorte.

Assim espero. Acredito que com Gerrard ao meu lado, poderei aprender muito do que ainda não sei e com isso, me tornar um treinador ainda mais completo - e quem sabe, vencedor.

Obrigado!

O complô contra o Helders no Gillingham era maior do que o esperado, hein? Agora eu acho que eliminou todos que estavam atrapalhando a ascensão do clube e, ao lado de uma lenda como o Gerrard, tem tudo para continuar crescendo nesse ritmo estrondoso.

A propósito, a campanha na nPower é excelente, tem boas chances de conseguir a subida sem sequer precisar dos playoffs.

Verdade. Não é fácil ter sucesso quando começa do zero e ainda mais difícil tirar os sanguessugas, que tentam subir junto, da cola. Catherine deu muito mais trabalho do que todos os obstáculos juntos até agora. Espero que daqui pra frente, as coisas se acalmem e eu consiga focar a equipe na disputa da Championship: como tu comentou, temos boas chances de subir sem playoffs e estou indo atrás disso!

Opá, as coisas estão a correr muito bem e a equipa está a responder dentro de campo, prova disso é o 2º lugar. Gerrard vem dar muita experiência, o que pode ser fundamental quando chegarem as alturas críticas da temporada onde tudo se decide. Vamos!

Sem dúvidas. Isso que espero do Gerrard e do seu mental 19: botar as coisas no chão quando tudo estiver nos ares e acalmar a equipe inteiro quando tudo estiver sendo perdido. Confio nele como braço direito!

Cellus, finalmente consegui alcançar a última atualização, então segue essa enorme postagem!

Essa história do Helders pode dar um bom livro, um enredo com um apelo sexual e explosivo do personagem e suas aventuras kkkkkkkkkkkkkkkkk

1ª Temporada

Já comecei gostando da introdução da saga, por causa do Matt Helders da banda Arctic Monkeys, banda que tem um estilo que eu curto bastante. O cara frustrado como roadie e decidi ser treinador.

Cara que criatividade, sempre com boas histórias, não sei se você lembra mas acompanhava algumas sagas suas no orkut.

A saga com a Violeta e "suas amigas" no Crystal Palace foi sensacional.

Foi campeão com uma certa folga e ainda mecheu na moral do time com essa troca de braçadeira. Parabéns

2ª Temporada

Interessante, não sabia que na Segundona da Escócia, apenas um time subia, que baita virada de mesa pros times da Primeira.

Que merda que aconteceu depois da vitória contra o Hearts, a “Tragédia de Barn" vai ficar marcada na história do time e da cidade..

Teve uma reação monstruosa no meio do campeonato, apesar de ter ganho o confronto direto contra o Falkirk teve alguns resultados embaraçosos contra o Raith e o Partick.

Inglaterra x 7 de setembro é foda.

3ª temporada

Parabéns pela promoção foi difícil mas conseguiu, fato interessante é que foi muito bem nos confrontos diretos contra o Rangers.

Danadão do Helders papou a Lana e depois se fudeu com a vigança de mulher "mal amada".

Tem certeza que esse Helders não é o Stefleerman ?! Olha as idéias do cara com a Lana primeiro faz maior charme com a gata e depois que traçou dá um belo pé na bunda da vadia!

Depois ferido me canta a enfermeira, esse cara é o gênio do flerte.

Das contratações feitas me chamou a atenção o Gavin Rae ( muito forte psicológicamente).

Num momento em que ia ser recuperando na Liga, sofre um atentado desses.

Analisando psicológicamente o "NINJA" tem os mesmos traços Hooligans de Helders, que ironia do destino,

4ª Temporada

Esse Helders, heim ?! Começou o ano dando porrada no outros.

Que idéia tosca essa do Bedoya, cara louco.

Trocou a pacata cidade de Brechin por Gillingham que é quase 13x maior e ainda possui um elenco melhor que o anterior numa liga mais disputada e de melhor qualidade, boa escolha.

Esse Magee é o novo Gerrard, só pode! Que newgen excelente para a League One.

Cara , que situação. gêmeas andando de calcinha pela casa, o Helders vai fazer merda.

Uma pena a eliminação na FA CUP ainda mais pra um time da League 2 , mas acontece.

Cara tu conseguiu trazer o Cadwell e o Long, excelentes contratações para o nível da League 1.

Feruz filho da mãe, além de pipoqueiro ainda me come a loirinha gostosa, que FDP!

Parabéns pelo acesso, agora que o "bicho pega" vai ter de montar um elenco forte para aguentar o nível da Championship.

5ª Temporada

Esse Helders é muito mito, usou praticamente o FIFA 17 para convencer e contratar o Marveux.

Belos uniformes feitos pelo Renato, o terceiro ficou muito lindo cara.

Marveux, MacDonald e Woods são excelentes reforços. O Jose Baxter que era sempre bem cotado nos outros FM's neste teve uma queda monstruosa, mas pode ser um reforço útil as pretenções do Gillingham.

Esse Piéd vem pra ser o "cara" desse time, olhando pelos atributos parece ser um bom jogador.

Cara, tu começou a temporada super bem, sinceramente não pensei que já estaria tão perto assim da liderança, pelo jeito vai dar trabalho.

"Steve Ge" lenda, rei, monstro, lorde... agora auxiliar do Helders, show de bola, agora teremos um porra louca e uma consciência nessa equipe, vamos ver como os dois se sairão juntos

Boa sorte.

Esse Helders é um "porra louca", ri muito de algumas histórias aqui, kkkkkkkkkkk

Porra, skp! Confesso que por muito tempo estranhei tua ausência já que eras um assíduo leitor das minhas estórias no Orkut, mas agora vejo que fui recompensado com esse tremendo comentário. Espero que não tenha dado tanto trabalho né? Hahahaha.

Confesso que minha namorada fala o mesmo sobre a estória e todas as outras que já escrevi: deveriam virar livros. Quem sabe um dia me dedico a fazer isso né? É de se pensar futuramente.

Fico feliz de ver que também gosta de Monkeys, não é o primeiro que vi comentar sobre a banda e gosto de ver que existem outros usuários com o mesmo gosto que o meu - visto que é a minha banda preferida.

Destacou bem a vida pessoal do Helders, o "Stifleerman". Hahahaha. E o mais curioso foi que tu cravaste Magee sendo o novo Gerrard e olha quem veio ser meu adjunto né? Muito legal isso. O Baxter caiu monstruosamente mesmo, não passa de um cone - creio que já entrou em umas vinte partidas e não marcou um gol sequer.

Confesso que nem eu imaginava uma vida tão boa na Championship. Sonhava em brigar pela metade da tabela e voltar com força total na próxima temporada para aí sim tentar subir. Porém, com tamanha campanha até agora, o acesso para a Premier League parece ser uma realidade. Vamos esperar pra ver. Talvez Gerrard seja fundamental para botar a cabeça de Helders no lugar e garantir essa vaga para a tão sonhada divisão de topo!

Gostei do destaque das frases em toda a saga, confesso que o humor ficou um pouco de lado conforme a estória foi se desenrolando. Percebi isso antes mesmo de ler teu comentário e vou trabalhar pra voltar a mesclar a seriedade com a diversão nos próximos capítulos.

Fico feliz com a tua participação e espero que volte a acompanhar por aí. Obrigado!

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Helders1.png

Dezembro e Janeiro de 2017

Gillingham, England.

O frio que congela a Inglaterra durante o fim de janeiro sorri pra mim assim como um apostador sorri ao vencer uma rodada de all-in em uma mesa de poker. Minhas remotas lembranças de vida remetem ao inverno: primeiro beijo, primeira vez no estádio, primeira cerveja, primeiro cigarro, primeira transa. Todos os importantes acontecimentos surgiram enquanto flocos de neve caiam do céu e deve ser por isso que tenho tanto carinho por uma estação do ano.

A temperatura começara a subir quando resolvi bater pernas feito um nômade pelo centro da cidade atrás de um velho whisky – uma das poucas coisas que aprendi na Escócia, além das cervejas e das mulheres. Tinha de estar preparado para a reta final do campeonato e nada melhor do que álcool no sangue para botar as ideias no lugar. Escolhi três garrafas de um doze anos qualquer. “Comprou um belo estoque para o ano inteiro, Mr. Helders.”, comentou o vendedor. Fixei meu olhar no rótulo das bebidas que já estavam em minhas mãos, fiz alguns cálculos de cabeça e respondi “mês que vem volto para comprar mais três” antes de sair porta afora.

Gillingham era imensamente maior que a cidade de Brechin, mas ainda assim preferia fazer meus trajetos à pé. Gostava de caminhar na multidão como se fosse um cidadão qualquer indo-e-voltando de um emprego mediano enquanto ouvia as pessoas murmurando problemas para os ouvintes do outro lado da linha do telefone, que pareciam ter vidas ainda mais medíocres.

O movimento de pedestres diminuía conforme eu me afastava do centro e rumava em direção ao Priestfield. Embora o ruído das garrafas dentro da sacola que eu carregava chamasse a atenção, ainda era possível ouvir o caminhar do salto alto da mulher que caminhava atrás de mim. Durante o trajeto, espiei algumas vezes sob o ombro e pude constatar que estava sendo seguido desde a loja de bebidas. Uma loira num vestido vermelho embalado à vácuo e um salto tão alto que a deixava praticamente do meu tamanho. De mãos dadas a ela, um piá com cerca de nove ou dez anos julgando pelo tamanho e devidamente agasalhado devido ao frio que fazia - ao contrário da mulher.

Andei umas quadras a mais para ver se realmente estava sendo seguido e para meu alívio, a mulher havia desaparecido. Cheguei ao clube e logo pude notar cinco homens que eu nunca havia visto em toda a minha vida anteriormente sentados diante a portaria, foi aí que surgiu Hassenthaler com uns contratos em mãos me puxando para conversar separadamente.

HASSENTHALER – Queria pedir desculpas por não ter conversado contigo antes. Scally achou que tu estava muito estressado com os recentes acontecimentos e decidiu não te sobrecarregar, com isso ficou a meu critério a contratação de novos reforços para o clube nessa janela. Acho que tu já teve o primeiro contato visual com eles.

HELDERS – Que merda é essa, Andy? Não passou pela tua cabeça me consultar antes? De qualquer forma, os contratos estão nas tuas mãos agora, com isso ainda tenho tempo para avaliá-los antes de que sejam jogadores do clube de forma concreta.

HASSENTHALER – Na verdade, eu acabei de voltar da sala da diretoria onde eles assinaram os papeis. Olha aqui, todos preenchidos. Estão esperando pela conferência com a imprensa para falar pela primeira vez como jogadores do Gillingham.

Se não tivesse pagado caro pelos whiskies, teria atirado a sacola na cabeça de Andy. Esbravejei por alguns segundos até que Gerrard adentrou a sala. Joguei as garrafas na direção dele, que precisou usar do porte atlético para se virar e agarrar a sacola no ar.

HELDERS – Segura isso direito, acabei de comprar lá no centro. Aliás, pode ficar com uma, caso queira. Acredita que o Hassenthaler contratou CINCO jogadores sem a minha autorização? Acho que estou perdendo poder dentro desse clube. Como que alguém toma decisões aqui dentro e eu não fico sabendo? Velho gagá filho de uma rampeira, vou comprar uma passagem só de ida para o asilo se ele tiver gastado dinheiro com ameba.

GERRARD – Estou sabendo sim, estão sendo apresentados lá no hall de entrada. Ajudei Andy na escolha de alguns deles, então pode ter certeza que vão ser muito úteis para o clube. Doze anos?! Obrigado pelo presente, chefe.

HELDERS – ATÉ TU, BRUTUS?! Pode devolver esse whisky pra sacola, tu não vai ganhar porra nenhuma mais. Meu próprio adjunto me traindo pelas costas...

GERRARD – Eu falaria pra ti relaxar a cabeça, porém tem uma mulher a tua procura aqui no clube.

Deixei a sala suando frio ao lembrar da perseguição que ocorrera mais cedo. Atravessei o hall de entrada do clube tomado de câmeras e as luzes quentes utilizadas pelas emissoras de televisão me fizeram suar de verdade enquanto acenei para uma repórter que não iria falar. Hassenthaler falava como representante do clube ao lado dos novos contratados e a mesma loira de vestido com uma criança assistia tudo de longe. Gelei. Rapidamente, atravessei a sala tomando cuidado para não tropeçar na montanha de fios espalhada pelo ambiente e cheguei até a mulher. Ainda pude ouvi-lá mandar a criança passear pelo estádio antes de me olhar e abrir um grande sorriso.

LOIRA – Olá, Alexander. Lembra de mim?

HELDERS – Confesso que não. Apesar da aparência de prostituta, tenho certeza que jamais gastaria alguma grana para te comer.

LOIRA – Deixa eu te relembrar então: algum bar em Sheffield no ano de 2008. Tu comandava a torcidinha do teu patético Wednesday e eu encantada com isso, abri as pernas pra ti no banheiro do tal bar. O resultado disso está visitando o teu atual emprego. Ele se parece contigo, não acha?

HELDERS – Vai se foder. O que tu quer? Depois de quase uma década, tu vem atrás de mim com um filho que eu nem sei se é meu e ainda quer me ameaçar? Vai embora, sua puta.

LOIRA – Apareci porquê tu é o único pai dos meus filhos que conseguiu uma relativo sucesso na vida e eu estou precisando de dinheiro. Mil libras serão o bastante para manter minha boca fechada por um tempo. Do contrário, creio que a imprensa me pagará muito mais para estampar nossa história nos jornais.

Abri a carteira encontrando alguns cigarros quebrados, uns cartões antigos, fichas de sinuca, uns pedaços de folhas e algumas fotografias 3x4. Enfiei a mão nos bolsos das calças até encontrar o troco do whisky comprado horas atrás.

HELDERS – Toma, duzentas libras devem ser o suficiente até a minha paternidade ser comprovada. Espero que não apareça por aqui outra vez.

Ela chamou a criança e eu pude notar que os traços dos olhos e da boca eram realmente parecidos com os meus. Naquele momento, temi que o guri realmente fosse filho meu. Anotei meu telefone em um papel e comentei que ela deveria ligar primeiro para combinar um encontro. Dei um abraço forte na criança e antes que eles partissem no táxi parado em frente ao clube, gritei querendo saber do nome.

“Matthew.”, ela respondeu antes de embarcar e sumir. As coincidências eram tão grandes que os pensamentos sobre ter um filho me assombravam toda noite como se fossem monstros saindo debaixo da minha cama para puxar meu pé. Tais problemas me fizeram pensar se eu não era mais uma daquelas pessoas com vidas medíocres nas quais eu me camuflava em meio a multidão e minha crise pessoal passou a refletir dentro de campo – somando assim, duas derrotas seguidas.

Os dias passavam e o telefone sequer tocava. De hora em hora, eu pegava o aparelho e teclava qualquer coisa para conferir se não haviam ligações perdidas com medo de que o silêncio fosse quebrado. Era difícil aceitar um filho caindo de paraquedas na minha vida, seria o fim de muita bebedeira e muita aventura. Entretanto, decidi ser homem: espanei a poeira pro lado, me ergui e passei a caçar o título da nPower Championship. Se for para assumir um filho, quero que ele tenha orgulho de ter um pai campeão.

chjaneiro.png

nPower Championship: Classificação Janeiro/2017

FA CUP: eliminados vs. Barnet (3ª Elim.)

GFC – TRANSFERÊNCIAS: Nova Expectativa de Época/Orçamento

GFC – TRANSFERÊNCIAS: Entradas Janeiro/2017

GFC: Paul Connolly

GFC: Maxence David

GFC: George Green

GFC: Mads Stokkelien

GFC: Mickey Thacker

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Rapaz, será que Matthew realmente é filho de Helders???

Que notícia pro nosso protagonista hein.

A diretoria se mexeu bem no mercado hein, conseguiu bons nomes.

E o time tá muito bem. Mesmo com as duas derrotas consecutivas, não se abalou e pegou a liderança. Muito bom.

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Teve ai uma boa série de jogos, apesar das duas derrotas. Com os reforços acredito que o time tenha o que é necessário para subir, apenas temo que a escalada da L1 para a Premier League esteja sendo muito rápida para que o time possa se desenvolver adequadamente.

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Apesar das duas derrotas, o time continua muito bem na temporada, não é mesmo? O problema é que ainda faltam muitas rodadas e não dá para vacilar. E por falar em vacilo, será que o menino é o herdeiro de Helders? Será que um filho provocaria alguma mudança real na vida do ex-hooligan?

Algum dos cinco contratados chega para ser titular, ou vão apenas compor o elenco?

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Será que novos rumos deverão ser tomados por Helders, ainda mais com esse possível filho... Complicado, mas acho que o treinador irá superar como sempre...

A eliminação da FA Cup pareceu ajudar o time na nPower Championship que parece estar perto de conseguir um grande feito, o título. Boa sorte na continuação.

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Rapaz, será que Matthew realmente é filho de Helders???

Que notícia pro nosso protagonista hein.

A diretoria se mexeu bem no mercado hein, conseguiu bons nomes.

E o time tá muito bem. Mesmo com as duas derrotas consecutivas, não se abalou e pegou a liderança. Muito bom.

Fica a dúvida a ser revelada no desenrolar da estória. Acho muito estranho aparecer um filho do nada, mas Helders vai precisar ter jogo de cintura para reverter tal situação.

Verdade, pela primeira vez usei o DF para realizar contratações e com isso, o jogo ficou mais real. É uma boa expectativa esperar por jogadores.

Concordo! O curioso é que a liderança veio no fim do período e após as duas derrotas... significando que o Sunderland conseguiu tropeçar mais ainda. Agora é manter o foco para segurar esse primeiro lugar.

Teve ai uma boa série de jogos, apesar das duas derrotas. Com os reforços acredito que o time tenha o que é necessário para subir, apenas temo que a escalada da L1 para a Premier League esteja sendo muito rápida para que o time possa se desenvolver adequadamente.

Não temo pois assim como foi com o Brechin, a situação se repete: se conseguirmos o acesso para a Premier League, será por méritos. Se for necessário subir e ser rebaixado para aprender, beleza; entretanto, jamais aconselharei aos meus jogadores tirarem o pé e perder a classificação por ser "cedo demais para subir". Acho que isso não faz sentido. O time e o clube deverão se adequar conforme for o nível vivenciado.

Caramba, depois de tanta confusão achei que o Helders ia se aquietar e me aparece um filho.

A diretoria se movimentou bem no mercado. Esse Stokkelien foi monstro no meu Brann do FM 11.

Essa é a vida do nosso amigo. E olha que ultimamente ele está quieto e mais maduro, porém as confusões o procuram. É difícil ter uma vida pacata, hahaha.

Fico feliz em saber que contratamos um jogador com um passado bom (ainda que em outro save). O Hassenthaler trouxe bons nomes e deu profundidade ao elenco, acho que agora tenho uma equipe completa em mãos para manter a boa campanha.

Apesar das duas derrotas, o time continua muito bem na temporada, não é mesmo? O problema é que ainda faltam muitas rodadas e não dá para vacilar. E por falar em vacilo, será que o menino é o herdeiro de Helders? Será que um filho provocaria alguma mudança real na vida do ex-hooligan?

Algum dos cinco contratados chega para ser titular, ou vão apenas compor o elenco?

Sem dúvidas: a campanha é uma surpresa e tanto. Posso afirmar que estou tendo um relativo sucesso na saga e isso se deve pela estratégia com a atual ME, que me permitiu bolar uma tática consistente. Ainda há uma porção de rodadas, de fato, mas espero manter a moral alta - algo que será muito importante para manter a boa sequência.

Pelo visto, o vacilo foi fora de campo e no passado, né? Bom, é difícil acreditar e aceitar um filho assim do nada. Creio que se for mesmo de Helders, ele assumirá com o maior orgulho e isso será uma experiência e tanto na vida dele - ainda assim, não sei se a vida mudaria radicalmente. Antes disso, ainda é preciso comprovar se essa história toda é verdadeira.

A princípio, dois devem ser titulares: o jovem francês David deve alternar entre o meio-campo central e a ponta direita, já Stokkelien disputa com Green a vaga de titular no ataque - visto que ultimamente só tenho utilizado um atacante e Afobe tem me tirado do sério com inúmeros gols perdidos. Mickey foi uma contratação imposta pelo DF, tanto que nem tive a opção de aceitar ou não, mas ele chega pra evoluir no clube e inclusive já foi emprestado para adquirir experiência.

Aliás, gostaria de salientar que retirei da tua saga, essa ideia de deixar o jogo mais real me submetendo a esperar pelo DF realizar as contratações. Posso indicar alguns nomes, mas ele que cuida de todo o processo. Fico encarregado de dar a palavra final, porém já vi que ele mesmo pode tomar tal atitude sem me consultar. Gostei da experiência!

Será que novos rumos deverão ser tomados por Helders, ainda mais com esse possível filho... Complicado, mas acho que o treinador irá superar como sempre...

A eliminação da FA Cup pareceu ajudar o time na nPower Championship que parece estar perto de conseguir um grande feito, o título. Boa sorte na continuação.

Mais uma incógnita na trama! Acho que sendo filho ou não, Helders vai precisar aprender a lidar com a situação. Improvável seria abandonar a carreira por causa de um filho bastardo... mas vamos esperar pra ver.

Não tinha pensado nisso: confesso que subestimei o confronto da FA Cup e deixei nas mãos de Gerrard - que mostrou não estar preparado para tal função. Eliminados, acabamos por ter um tempo extra na preparação da Championship (como tu comentou) e isso foi extremamente útil. Realmente, há males que vem para o bem, não é mesmo?

Obrigado!

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A equipe tá super bem na temporada e o titulo parece cada vez mais perto.

Agora o Helders só em faz burrada, do nada um filho! HAUEHAEUHEHAEUHUE

Gostei da compra do Whisky e da interação com o Gerrard HAHAHAH tomara que não contratem mais por ele senão ele vai acabar tomando uma garrafada na próxima compra do Helders mês que vem!

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Porra, skp! Confesso que por muito tempo estranhei tua ausência já que eras um assíduo leitor das minhas estórias no Orkut, mas agora vejo que fui recompensado com esse tremendo comentário. Espero que não tenha dado tanto trabalho né? Hahahaha.

Confesso que minha namorada fala o mesmo sobre a estória e todas as outras que já escrevi: deveriam virar livros. Quem sabe um dia me dedico a fazer isso né? É de se pensar futuramente.

Fico feliz de ver que também gosta de Monkeys, não é o primeiro que vi comentar sobre a banda e gosto de ver que existem outros usuários com o mesmo gosto que o meu - visto que é a minha banda preferida.

Destacou bem a vida pessoal do Helders, o "Stifleerman". Hahahaha. E o mais curioso foi que tu cravaste Magee sendo o novo Gerrard e olha quem veio ser meu adjunto né? Muito legal isso. O Baxter caiu monstruosamente mesmo, não passa de um cone - creio que já entrou em umas vinte partidas e não marcou um gol sequer.

Confesso que nem eu imaginava uma vida tão boa na Championship. Sonhava em brigar pela metade da tabela e voltar com força total na próxima temporada para aí sim tentar subir. Porém, com tamanha campanha até agora, o acesso para a Premier League parece ser uma realidade. Vamos esperar pra ver. Talvez Gerrard seja fundamental para botar a cabeça de Helders no lugar e garantir essa vaga para a tão sonhada divisão de topo!

Gostei do destaque das frases em toda a saga, confesso que o humor ficou um pouco de lado conforme a estória foi se desenrolando. Percebi isso antes mesmo de ler teu comentário e vou trabalhar pra voltar a mesclar a seriedade com a diversão nos próximos capítulos.

Fico feliz com a tua participação e espero que volte a acompanhar por aí. Obrigado!

Acompanharei sim, as vezes fico com preguiça de comentar e demoro a postar, é bom se acostumar.

Gosto de fazer comentários mais longos e ler a história como um todo para fazer uma análise e postar.

Cara! Mais um "revés" na vida do Helders, ter um filho já com 10 anos é foda. A mulher também, heim ? Só procurou o cara porque está tendo algum sucesso na vida, que rapariga!

Olha como o Helders fala com o mito Gerrard, tá de sacanagem néh? Quem é Helders kkkkkkkkkkkk

Agora o Gillingham segue muito bem na Npower e para surpresa de todos está no topo, feito incrível para quem veio da League One, diga-se de passagem.

Com uma campanha excelente e um saldo de 24gols o time agora assume a condição de favorito, não o vejo como cavalo paraguaio não, vair ser campeão pelo visto.

Trouxe bons reforços, Conolly me parece bastante seguro.

Boa sorte, Cellus.

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A equipe tá super bem na temporada e o titulo parece cada vez mais perto.

Agora o Helders só em faz burrada, do nada um filho! HAUEHAEUHEHAEUHUE

Gostei da compra do Whisky e da interação com o Gerrard HAHAHAH tomara que não contratem mais por ele senão ele vai acabar tomando uma garrafada na próxima compra do Helders mês que vem!

O título tá em jogo, mas ainda não é uma realidade - pode ir pra qualquer lado. Estou contente de conseguir abrir vantagem e estar cada vez mais próximo do acesso, quero garantir primeiro isso antes de brigar pelo troféu.

Helders é isento de culpa nesse caso. Com tanta cerveja na cabeça, duvido que ele lembrasse dessa transa e muito menos de ter encapado o pau antes dela - existia camisinha 10 anos atrás? Hahaha.

Brincadeiras à parte, as contratações acabaram por ser boas e estão ajudando o grupo. Pelo visto, a fúria de Helders motivou os recém-chegados a darem o máximo de si nos jogos.

É só drama na vida do Helders ahah. Bons resultados, estás muito perto de subir! Os reforços até que são bons.

Chega a dar pena dessa vida, hahaha. Os reforços não são craques, mas tem potencial para ajudar assim como todos no grupo. Estamos perto de subir e isso é um sonho!

Acompanharei sim, as vezes fico com preguiça de comentar e demoro a postar, é bom se acostumar.

Gosto de fazer comentários mais longos e ler a história como um todo para fazer uma análise e postar.

Cara! Mais um "revés" na vida do Helders, ter um filho já com 10 anos é foda. A mulher também, heim ? Só procurou o cara porque está tendo algum sucesso na vida, que rapariga!

Olha como o Helders fala com o mito Gerrard, tá de sacanagem néh? Quem é Helders kkkkkkkkkkkk

Agora o Gillingham segue muito bem na Npower e para surpresa de todos está no topo, feito incrível para quem veio da League One, diga-se de passagem.

Com uma campanha excelente e um saldo de 24gols o time agora assume a condição de favorito, não o vejo como cavalo paraguaio não, vair ser campeão pelo visto.

Trouxe bons reforços, Conolly me parece bastante seguro.

Boa sorte, Cellus.

Sem problemas, hahaha. O importante é manter a participação por aqui, gosto muito dos teus feedbacks.

A mulher já deu provas que não é flor que se cheire desde o início. Esperar alguém fazer sucesso pra ir cobrar paternidade depois é sacanagem! Agora o Helders vai ter que se virar pra aceitar isso ou ao menos ter forças para reverter a situação - quem sabe o filho nem seja dele né?

Estou muito contente com a campanha, já falei isso antes mas posso reafirmar que não esperava por tamanho sucesso logo na primeira temporada de Championship. A zaga está cada vez mais sólida - sofrendo menos gols do que números de jogos. Isso é fundamental para assegurar vantagem e deixar o sonho do acesso cada vez mais próximo!

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Fevereiro e Março/2017

Gillingham, England

A possibilidade de ter um filho mudou minha rotina e mexeu com um desacordado lado sentimental que existe dentro de mim. Quando chegamos a uma certa etapa da vida, é natural escolhermos uma pessoa para passar o resto dos dias ao lado, e consequentemente, construir uma família com o desenrolar da relação. Embora com uma vida conturbada, o comum sonho de cada cidadão também refletia em mim, de forma que passei a me dedicar na vida pessoal fora dos gramados.

Usufrui de meu prestígio com todos no clube para tirar alguns dias de folga dos treinamentos – Gerrard ficara com o comando e isso contribuíra como experiência à carreira dele. Em busca de algum apartamento disponível para um novo morador, caminhei pelas vielas no entorno do estádio pela preferência de localização: a proximidade do trabalho seria um fator fundamental para conseguir atribuir as tarefas de trabalho com as necessidades da criança. Os prédios eram pequenos e velhos dando a entender que a planta dos apartamentos eram grandes, afinal casas antigas são maiores já que eram fabricadas para dar conforto aos moradores – totalmente o contrário dos novos empreendedores, que constroem apartamentos cada vez menores e em maior quantidade, visando o lucro pessoal.

Sem sucesso, desisti da tal zona após caminhar umas cinco ou seis quadras. Nenhum apartamento na região estava à venda ou disponível para locação. A temperatura na casa dos 8ºC fez com que eu levantasse as golas da jaqueta, para evitar com que o vento corresse pelo meu pescoço enquanto esperava por um táxi que me levasse até o centro da cidade. Na rápida viagem, grudei a testa no vidro do carro e focava a visão nos prédios que rapidamente eram substituídos diante dos meus olhos. A pressa do motorista combinada com o cachorro-pescoçudo fixado no painel impediram minha concentração. Irritado, decidi descer antes do destino previsto e atirei uma nota de £20 libras, gritando para que ficasse com o troco antes de bater a porta.

Atravessei a rua ao avistar uma banca de revistas e murmurei alguns xingamentos internos por não ter pensado em olhar os classificados dos jornais antes de sair batendo perna pela cidade. Um senhor de cabelos lisos e grisalhos vestindo uma flanela xadrez verde com vermelha me atendeu. As grossas lentes fundo-de-garrafa que empinava na ponta do nariz fizeram devido reconhecimento ao cliente que estava diante dele – com um certo atraso. Comentei que gostaria apenas de olhar os classificados e ele não só permitiu, como gentilmente ainda me ofereceu um banquinho para sentar. Perguntei seu nome enquanto encostava as nádegas na dura madeira. “Antônio Bayard” – respondeu, “mas pode me chamar de Toni”. Era descendente de italianos, mas morara a vida inteira na Inglaterra após uma mudança de emprego por parte do pai há cinquenta anos atrás.

TONI – Qual será a nova aquisição do senhor, Helders? Está procurando um carro novo?

HELDERS – Seria até hipocrisia, tenho preferido caminhar e sonho com uma bicicleta desde os tempos em que vivi na Escócia. Na verdade, procuro um apartamento. Vivo de favor desde que cheguei na cidade e acredito que já passou da hora de ter algo próprio.

TONI – Falando assim, até parece que a família Helders está aumentando.

O velho deu uma risada mostrando todos os dentes brancos e arrumou o óculos que estava por cair da cabeça. Cocei o queixo e engoli seco, pois até agora não havia pensado sobre como as pessoas reagiriam a notícia do surgimento de um filho. Decidi deixar de lado, não era hora de expôr e nem de pensar nisso. Sequer estava comprovada a paternidade da criança, mas ao mesmo tempo eu já estava me preparando pelo pior. Ou melhor.

HELDERS – Só se for a população de garrafas de whisky e os barris de cerveja. Tô precisando de mais espaço para guardar toda a minha coleção.

TONI – Pois bem, senhor Helders. Eu tenho um imóvel neste prédio defronte a minha banca, um apartamento de dois dormitórios. Morei muitos anos com a minha esposa, porém tivemos que procurar algo maior com o nascimento dos nossos três rapazes. Não é uma mansão, mas acredito que comportaria muito bem o senhor e a tua coleção de bebidas alcoólicas.

Antônio fechou a revistaria e pegou a chave do apartamento, que ficava no último dos cinco andares do pequeno prédio situado na Chester com a Stuart Rd. A porta estava um pouco emperrada devido ao desuso, mas eram poucos problemas a serem consertados. Os quartos eram espaçosos, portanto Matthew teria bastante espaço para brincar e correr pelos corredores. Para completar, ainda tinha uma sacada com uma vista para a praça central da cidade, onde eu poderia fumar meu cigarro degustando um doze anos e lembrando dos tempos de Brechin.

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Localização do apartamento: vista para o Gillingham Park.

Assim que fizemos um acordo verbal, meu telefone tocou e o som tomou conta de todos os cômodos do apartamento abandonado mostrando um número desconhecido no visor do aparelho. Esperei pela voz do outro lado da linha e a pessoa se apresentou como Sophie. Não conhecia nenhuma. “Sophie, quem?” – perguntei. “Lukeford” fora a resposta. A ficha demorou a cair que aquela voz era conhecida: a mãe do meu suposto filho. Muito tempo havia se passado desde nossa rápida e única relação e o fato de ela não ter se apresentado quando apareceu no clube pouco me ajudou a recordar do seu nome. Sophie gostaria de me ver e com isso marcamos um encontro num bar qualquer das redondezas, o Ship Inn na Pier Rd com a Court Lodge próximo a marina de Gillingham.

Sem muito tempo para arrumar, pedi a Toni para tomar um banho gelado antes de sair, já que não havia luz no local. Com o frio que fazia, risquei um fósforo e atirei num pote repleto de álcool para ao menos aquecer o ambiente já que os cubos de gelo que saiam do chuveiro castigavam minhas costas. Cheguei no bar com a mesma roupa por falta de opção e merecimento da vagabunda que apareceu com um filho nas mãos, enquanto ela estava vestida como se fosse a um casamento de luxo. Os cristais nas suas orelhas me faziam pensar por quê tentava me tirar dinheiro, mas facilmente entendi quando uma luz refletiu nas suas costas e o brilho ofuscado deu a entender que a joia não passava de uma bijuteria. Ela apenas sorria pra tudo o que acontecia na volta e bebia descontroladamente aparentando estar com medo. Eu só não entendia do quê.

HELDERS – Foi muito difícil me achar? Faz um bom tempo desde o tal acontecimento e eu rodei por tantos lugares, creio que isso deve ter dificultado pra uma mãe com um filho pequeno ir atrás do verdadeiro pai.

SOPHIE – Nunca procurei muito, minha mãe criou o bebê desde cedo e eu não tinha certeza sobre quem poderia ser o pai. Quando te vi na mídia, notei que Matthew tinha alguns traços parecidos e lembrando da nossa transa, resolvi vir atrás.

HELDERS – Então existe alguma possibilidade de que ele não seja meu filho?

SOPHIE – Claro. Naquela época, eu dei pra tanto cara que Matthew escorregou da minha buceta na hora do parto. Digamos que eu era bem “rodada”.

A bebida parecia fazer grandes estragos na máquina da verdade interna de Sophie. As palavras saltavam da sua boca com a mesma voracidade que a vodca se juntava ao sangue dela. Não tardou para que Sophie precisasse correr até o banheiro e voltar limpando a boca com resquícios de vômito. Era hora de ir embora, porém ela não conseguia se equilibrar e muito menos balbuciar o endereço de casa. Decidi levá-la ao apartamento novo mesmo sem móvel algum dentro. Um bêbado inconsciente compararia o chão duro com um colchão de molas king size. Encontrei algumas latas velhas e usei do mesmo método do banho para esquentar o apartamento inteiro.

O estrago fora tão grande que o celular dela tocou diversas vezes enquanto eu degustava um Marlboro na janela e apreciava o movimento dos carros passando na avenida. Estava evitando invadir a privacidade da suposta mãe do meu filho, que sonhava desacordada com o calor das chamas feitas pelo álcool. Aguentei firme mais algumas vezes, mas ao atirar o toco do cigarro pela sacada, decidi averiguar quem tanto ligava. Revirei a bolsa procurando o tal celular sem Sophie mexer um músculo sequer, puxei o aparelho debaixo de uma caixa de chicletes – precisando desgrudar alguns da carcaça do aparelho – e tomei a devida liberdade de fuçar nas oito ligações perdidas e uma mensagem não lida. Todas as notificações recebidas vinha de um número não-identificado e o conteúdo da mensagem dizia “Conseguiu realizar o nosso combinado? Me liga assim que tiver alguma novidade sobre Alex.”.

Meu coração deu um pulo ao ver aquelas palavras na tela do celular que iluminava o ambiente. Minhas mãos tremiam por não conseguir pensar em outra coisa que não fosse estar sendo enganado esse tempo todo. Enfurecido, comecei a sacudir sem parar a loira bêbada deitada ao meu lado, gritando para que acordasse. Ainda alterada pela bebida, ela acordou resmungando e me empurrou para o lado, esbarrando na lata de álcool. Cego de raiva, comecei a questioná-la sobre o que era o combinado e com quem ela estava tramando algo. Tudo o que ela conseguira gaguejar fora “fogo” apontando em direção contrária de onde eu estava e eu demorei a perceber que o conteúdo da lata havia sido espalhado por toda a sala, fazendo com que as chamas tomassem conta do único corredor que ligava a porta de saída.

Rapidamente, uma cortina de fumaça tomou conta do lugar me fazendo tossir pela irritação na garganta. Sophie ainda cambaleava e não conseguia parar em pé, respirando cada vez mais o ar poluído do incêndio: a mistura da bebida com a fumaça fez com que ela desmaiasse novamente. Arrastei-a pelos braços até conseguir encobrir os dois corpos com a jaqueta que eu usava, antes de saltar as labaredas que trancavam o único acesso que poderia salvar nossas vidas.

Acordei olhando para um teto branco mais uma vez na vida. Esfreguei bem os olhos e a sensação de estar sonhando permanecia viva, ou pior, eu poderia estar morto. Com dificuldade, ergui a mão diante do meu nariz e assim consegui perceber onde eu estava. Havia visitado uma porção de hospitais ao longo da minha vida, fazia o reconhecimento dos gramados do hospital de Gillingham. Era minha estreia. Ao olhar para o lado, vi Sophie com os olhos fechados e percebendo minha movimentação, um médico tratou de me noticiar do ocorrido: minha namorada estava em coma. Rangi os dentes, deixando claro que não tinha vínculo algum com ela enquanto tentava arrancar todas aqueles cabos ligados ao meu corpo. “Eu não aconselharia um paciente, que ficou um certo tempo em coma, a arrancar seus aparelhos” disse ele, antes de completar com um “ela não foi a única” e apontar na direção da loira adormecida.

Passei mais alguns dias comendo papinha de hospital até ser liberado pelos enfermeiros. Estava fraco e debilitado por não conseguir lembrar de tudo o que havia acontecido e principalmente, por achar que minha parceira de quarto era uma inimiga. Sai cambaleando do hospital e para a minha surpresa, Gerrard estava me esperando.

HELDERS – Além de adjunto, virou minha babá?

GERRARD – Tu não deixa de ser rabugento nem ao ficar em coma? Entra logo, existe um plantel inteiro sedento pela volta do comandante. Infelizmente, as notícias não são das melhores: uma forte crise de depressão abateu o time, todos temiam que tu pudesse morrer e isso impedia nossas vitórias... perdemos a liderança para o Sunderland após diversos tropeços.

“Inútil”, falei dando a primeira risada após o ocorrido. Steven comentou que o hospital manteria o clube informado da paciente que ainda estava em coma, por ela ter vivenciado o incêndio junto comigo enquanto dirigia em direção ao Priestfield. Decidi não perguntar quanto tempo havia ficado em coma e só consegui perceber que acordei num domingo ao entrar no estádio completamente lotado. O anúncio do meu retorno motivou a população da cidade a apoiar o Gillingham, apoiar Helders. Ainda não havia forças necessárias para gritar energicamente na beira do campo, apenas me mantive sentado na casamata acompanhando o jogo com os olhos. Porém, posso afirmar que a minha presença contagiara o grupo: alegres, os jogadores golearam o Swansea e comemoraram todos os quatro gols me dando um forte abraço.

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Confesso que a vida pessoal não saia da minha cabeça mesmo durante o jogo, tentava lembrar de cada detalhe acontecido naquela noite com Sophie e se Matthew era realmente meu filho. A homenagem feita pelos jogadores conseguira fazer o antigo hooligan chorar mais uma vez, como uma criança sem pai e deu a certeza de que, acima de tudo, ali era o meu lugar. O mesmo tempo que resolverá as coisas do lado de fora dos gramados me dava confiança de que aquele grupo de jogadores era a motivação necessária para dar a volta por cima e esquecer dos problemas. Isso ficara ainda mais claro ao vencermos a batalha de Light e retomarmos a liderança: juntos, conquistaremos o primeiro título da minha história dentro do Gillingham. Juntos, chegaremos a Premier League.

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nPower Championship: Classificação – Março/2017

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Está bem legal acompanhar as peripécias de Helders pela vida e pelo futebol. Já devo ter dito para você, mas não sou muito fã de saves com ficção, geralmente a ficção não é bem feita e o principal, o save, fica de lado, isso quando não aparece alguém com um tópico com uma história sem save. Muitos tópicos iriam mais adiante se fossem apenas o relato do save. O Jirimias, o Feitosa, o JoeBM (não joga mais) e você estão no seleto grupo dos que sabem levar a história e o save juntos.

Fiquei com pena do velhinho da banca. Afinal, o ap deve ter ficado bem queimado, mas Helders vai consertar tudo.

O tempo no hospital deu uma baqueada no desempenho da equipe, mas por sorte, a tabela pouco se alterou e com o retorno de Helders ao banco de reservas, a equipe parece ter reencontrado o caminho das vitórias. Estamos na reta final do campeonato e a promoção está cada dia mais próxima. Falta saber se virá com o título. Boa sorte.

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  • Vice-Presidente

A vida de Helders é bastante agitada fora de campo, mas dentro de campo, a eficiência é muito grande, vamos ver se mantém o ritmo.

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Parabéns pela campanha, continue assim que vai levar o titulo com folga.

Que fase é esta na vida social de Helders, vai precisar se benzer, pois a coisa é séria. Enfim, a história está muito legal, continue com o grande save, farei questão de sempre ler.

Boa sorte na continuação.

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Gilson lembrou bem, JoeBM era rei nas histórias de ficção, a sua história até aqui vem com muita qualidade que faria o JoeBM assinar. hahahaha

Coitado do Helders, enquanto a vida nos campos está indo muito bem, a vida pessoal tá cada vez pior, tomara que uma maré de sorte chegue pra ele. haha

A vaga nos Playoffs já tá garantida, mas acredito que consiga a vaga direta e até mesmo o título. Boa sorte cara

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Está bem legal acompanhar as peripécias de Helders pela vida e pelo futebol. Já devo ter dito para você, mas não sou muito fã de saves com ficção, geralmente a ficção não é bem feita e o principal, o save, fica de lado, isso quando não aparece alguém com um tópico com uma história sem save. Muitos tópicos iriam mais adiante se fossem apenas o relato do save. O Jirimias, o Feitosa, o JoeBM (não joga mais) e você estão no seleto grupo dos que sabem levar a história e o save juntos.

Fiquei com pena do velhinho da banca. Afinal, o ap deve ter ficado bem queimado, mas Helders vai consertar tudo.

O tempo no hospital deu uma baqueada no desempenho da equipe, mas por sorte, a tabela pouco se alterou e com o retorno de Helders ao banco de reservas, a equipe parece ter reencontrado o caminho das vitórias. Estamos na reta final do campeonato e a promoção está cada dia mais próxima. Falta saber se virá com o título. Boa sorte.

Acho que tu já tinhas comentado algo sobre tal fato de não preferir ficções, mas fico muito grato por entrar neste seleto "time". Muito obrigado pelo elogio!

Helders tem consciência do que ocorreu, deve batalhar para ajustar todas as coisas no seu devido lugar - assim como a volta ao comando da equipe. A disputa está acirrada e um título seria ótimo para coroar o grande desempenho da equipe, porém confesso que ficarei além do satisfeito se conseguir o acesso direto. Já seria um feito e tanto!

A vida de Helders é bastante agitada fora de campo, mas dentro de campo, a eficiência é muito grande, vamos ver se mantém o ritmo.

Eu assim espero, a eficiência é a chave de ouro para conquistar objetivos, não é mesmo? Acredito que estamos quase lá!

Parabéns pela campanha, continue assim que vai levar o titulo com folga.

Que fase é esta na vida social de Helders, vai precisar se benzer, pois a coisa é séria. Enfim, a história está muito legal, continue com o grande save, farei questão de sempre ler.

Boa sorte na continuação.

Com folga, eu já não garanto... mas é possível sim, conquistar o título. A disputa está acirrada, mas tudo pode acontecer.

Mais um elogio, fico lisonjeado e sem graça. Hahaha. Obrigado, Baltazar. Eu que fico agradecido por terem leitores participativos assim como vocês e fico ainda mais grato por apreciarem a estória!

Gilson lembrou bem, JoeBM era rei nas histórias de ficção, a sua história até aqui vem com muita qualidade que faria o JoeBM assinar. hahahaha

Coitado do Helders, enquanto a vida nos campos está indo muito bem, a vida pessoal tá cada vez pior, tomara que uma maré de sorte chegue pra ele. haha

A vaga nos Playoffs já tá garantida, mas acredito que consiga a vaga direta e até mesmo o título. Boa sorte cara

Infelizmente, não tive o prazer de acompanhar essas estórias. Até fiquei curioso para ler alguma, mas não encontrei por aqui.

Talvez esteja faltando um teor alcoolico na vida de Helders devidas tamanhas desgraças. Ele é bom em superar as coisas bebendo. No entanto, acho que atrapalharia o atual momento e acredito que ele deve estar esperando o campeonato acabar. O título está em aberto, mas como falei acima, ficarei satisfeito com a vaga direta. O foco é esse!

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Abril e Maio/2017

Gillingham; London/England

Despertei assustado em uma cama com colchão velho e duro de um hotel qualquer – daqueles que só paramos em última opção após uma longa e cansativa viagem. O pesadelo com lembranças do incêndio deixara uma vasta e redonda poça de suor nas costas da minha camiseta, de forma que precisei botá-la a secar na janela para conseguir vestir no dia seguinte. A agenda de compromissos com a reta final do campeonato estava lotada, mas os constantes flashbacks em meus sonhos não me permitiam esquecer daquela noite com Sophie ainda em coma e a dívida com Toni.

Catorze dias haviam se passado desde então e o quadro clínico de Sophie permanecia igual. O hospital entrava em contato toda semana e a única novidade fora que uma mulher esteve por lá para visitar a sobrevivente do incêndio em coma. Disse ser uma amiga próxima e diante da recusa da equipe médica em deixá-la adentrar no quarto, apenas virou as costas e foi embora. Não deixou recado algum e muito menos seu nome, tudo o que as enfermeiras souberam relatar é que se tratava de uma mulher caucasiana, entre vinte e trinta anos, com cabelos morenos e lisos. E isso me permitiu excluir Catherine do caso, a menos que tenha pintado os cabelos ou mandado uma laranja fazer o serviço sujo. Seria praticamente impossível arranjar alguma informação relevante enquanto Sophie permanecesse inconsciente.

Com o início da primavera, as flores que desabrochavam faziam um colorido especial para cada passo dado em direção à Chester Rd. De longe, avistei a banca de Toni junto do prédio dotado com um pesado ar melancólico após todos os acontecimentos. Não havia pensado em nenhuma desculpa boa o suficiente que não fosse oferecer dinheiro por todos os gastos causados pelo fogo, mas o italo-inglês insistia que a fatalidade poderia ter acontecido com qualquer um – inclusive ele.

TONI – Escuta, Helders: aconteceu. Dê algum jeito de botar na tua cabeça que foi uma fatalidade, poderia ter acontecido com outro inquilino, com meu filho ou até mesmo com o Papa, se o mesmo estivesse dentro do apartamento naquela noite.

HELDERS – Eu sei. De certa forma, foi de minha responsabilidade da mesma forma que é de minha responsabilidade a mulher internada em coma na UTI. Só quero me acertar contigo, a vida foi cruel demais ao destruir um apartamento no qual eu havia acabado de alugar. Quer dizer, sequer havia um móvel meu dentro dele, mas o acordo verbal fora feito no mesmo dia.

TONI – O que tu quer me oferecer? Dinheiro? Se eu realmente precisasse de dinheiro, não seria dono de uma banca de revistas e muito menos alugaria um apartamento na esperança que o inquilino o destruísse, para que assim eu conseguisse certo lucro em cima da tristeza dos outros.

HELDERS – Quem sabe pagar o aluguel no tempo determinado pelo contrato? Ou então comprar o apartamento e arcar com as consequências dentro dele.

TONI – Não insista, rapaz. Quer saber o motivo para que eu não queira teu dinheiro? O incêndio não foi premeditado, a polícia já provou que foi acidental. Com isso, o seguro cobre todas as despesas necessárias para a reconstrução. Não terei prejuízo algum e então, seria extremamente injusto e antiético da minha parte te prejudicar.

HELDERS – Não há nada que eu possa fazer para ajudar o senhor?

TONI – Há. Não ajudaria somente a mim, ajudaria essa cidade inteira. Reúna o plantel e motive o necessário para chegar à Premier League: sei que o título está um pouco longe, mas uma vaga para a divisão de topo seria uma alegria na qual essa cidade nunca testemunhou. A festa seria tão imensa que sequer ouviríamos as pessoas comentarem sobre o incêndio mais, elas teriam com o que comemorar.

Vi surgir a oportunidade de me retratar com uma pessoa que jamais me acusara, porém minha consciência necessitava retribuir o singelo ato daquele senhor de forma tão pura quanto. O título chegou perto. Por algumas vezes, consegui imaginar como um sonho acordado a silhueta de Kevin Long, nosso capitão, erguendo o troféu da nPower Championship enquanto papeis picados e coloridos caiam do céu e os jogadores pulavam ao seu redor com gritos de campeão. Entretanto, nem todos na cidade queriam esse título. Nem todos os jogadores queriam esse título.

Thomas Nyirenda chegara ao clube no início da temporada pela bagatela de £40m libras. Já beirando os trinta anos e com quase três dezenas de passagens pela seleção do seu país, o zambiano nunca se firmou na equipe titular. A contratação dele parecia ter sido feita através da boa lábia do seu empresário e de um DVD tendencioso com os possíveis únicos lances decentes da carreira do jogador. Era um jogador fraco para uma equipe da segunda divisão inglesa – sofrível, se considerar o baixo nível de conhecimento da língua inglesa, o que impedia o entrosamento com o resto do plantel.

Foi por necessidade que precisei utilizá-lo já no fim da partida contra o West Brom, na qual vencíamos por dois a um, placar que nos daria a liderança isolada. Thomas fizera algumas partidas terríveis no passado e devido a elas, sequer sentava no banco de reservas. “Faltam apenas dez minutos, ele não vai fazer nenhuma besteira” – pensei. Respirei aliviado quando vi a placa de três minutos de acréscimos sendo levantada e vibrei quando vi o juiz botando o apito na boca para encerrar a partida. Entretanto, o balão dado pela zaga fez com que ele esperasse o desenrolar da jogada: a bola viajava na direção de Nyirenda, que bastava dominá-la para sairmos com a vitória. Incrédulo, assisti o zagueiro pegando na bola de primeira, como um brilhante centroavante, e estufando as redes do próprio clube. Era o empate e a perda da liderança, afinal não houvera tempo para mais nada depois daquela lambança.

Vi a equipe inteira cercar o africano enquanto eu continuava estirado no chão com as mãos na cabeça. O estádio inteiro estava calado e a própria torcida adversária parecia não acreditar no ocorrido. O silêncio permitia que todos ouvissem os xingamentos proferidos ao zagueiro estrangeiro, que parecia não entender nada. Ao conseguir se desvenciliar dos companheiros e correr para o vestiário, uma porção de objetos foram atirados na direção do jogador – mas somente uma pilha atingira o topo da cabeça negra que reluzia a luz dos refletores. Sequer me dirigi ao vestiário: encontrei Scally no corredor e arrastei-o até a sala da presidência. Queria o jogador fora do clube imediatamente, queria que o contrato fosse rasgado diante dos meus olhos e naquele momento. Hassenthaler e Gerrard invadiram a sala minutos depois e tentavam me acalmar. A alta multa rescisória me impedira de mandar o jogador de volta para a África, lugar de onde ele nunca deveria ter saído. No entendo, tomei a liberdade de anunciar para todos ouvirem que ele jamais voltaria a ser escalado enquanto eu fosse o treinador do clube.

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Fato que não perdemos o título somente por uma partida, mas tenho consciência de que a história poderia ter sido muito diferente. O troféu poderia estar em Gillingham agora, sendo visualizado por milhares de torcedores no museu do clube. Infelizmente, não consegui materializar a vaga conquistada para que pudesse pendurar no lugar da taça perdida, mas como Toni profetizara o povo logo esqueceu do incidente com Thomas.

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Revi o gol e pela televisão se tornava ainda mais bizarro. Minha reação não fora das melhores, porém consegui dar umas gargalhadas ao me ver sujando o terno enquanto rolava na terra entre o gramado e a casamata. A imprensa reprisou comparando a tristeza com a perda do título com a emoção na vitória que deu o acesso direto para a Premier League. Tudo isso no intervalo da partida que definira o último clube a subir, que mais tarde viria a ser confirmado como Blackburn. Assisti a final do playoff no hotel em Londres, bebericando um whisky e apreciando o vai-e-vem dos barcos no Rio Tâmisa. O Huddersfield até que jogou melhor, mas pagou pela ineficiência ou então, pela super-eficiência da equipe adversária. Como eu não tinha nada com isso, a partida serviu apenas para me entreter e me deixar embriagado o suficiente para o compromisso que teria na calada da noite.

Levei um tempo além do necessário para fazer o nó na gravata, de forma que cai sentado no sofá algumas vezes tentando me concentrar o suficiente para terminar a missão. Magee seria o único representante do clube na premiação do torneio além de mim, já que a maioria dos jogadores preferiu curtir suas férias longe do futebol. Na verdade, eu estava indo apenas para comer e beber aos montes ou então quem sabe descolar alguma assistente de palco interessada em um treinador vencedor e recém promovido à primeira divisão inglesa. Estávamos a caminho do Coliseum Theatre na St. Martin’s Ln, onde o evento seria realizado, quando meu celular tocou e a voz suave de uma enfermeira avisava que Sophie saíra do coma e começara a realizar algumas terapias para voltar à rotina normal. Tal notícia servia para alimentar meu estômago com a certeza que alguns mistérios seriam revelados na minha volta à Gillingham.

No entanto, a linda recepcionista do teatro logo me fez esquecer da vida pessoal ao indicar com cordialidade extra e uma piscadela a mesa na qual deveríamos sentar. A expectativa criada em cima do anúncio de melhor jogador do campeonato me fazia virar um copo de cerveja atrás do outro. Magee preferiu apenas tomar água e degustar do pernil de porco bem servido pelo buffet contratado para o evento. Dei uma leve engasgada ao ver meu nome entre os relacionados para o prêmio de melhor treinador da competição e perdi o ar por alguns segundos quando anunciaram meu nome como vencedor, fazendo com que a azeitona que eu petiscava ficasse trancada no meio da minha traqueia. Ryan levantou e me deu um grande tapa nas costas como parabenização, fazendo a azeitona voltar direto no prato dele. Ainda consegui perceber o olhar de desconfiança do mesmo ao notar algo a mais em seu prato enquanto eu liquidava com um copo cheio de cerveja que havia acabado de roubar do garçom que passava, antes de me respirar fundo e criar coragem o suficiente para receber o prêmio.

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Tropecei no longo caminho até o palco e ainda precisei me apoiar no corrimão para subir as escadas, recebi o prêmio e virei para a platéia com a visão borrada. Apenas acenei para a multidão sem entender o que estava fazendo assim como Steve Wonder fazia nos seus shows, embora que eu não tinha as longas madeixas de tranças para balançar junto com os braços. O apresentador falara diversas baboseiras nas quais não prestei muita atenção, cantava mentalmente um funk que havia visto na internet semanas atrás e tratei de responder com uma versão própria.

APRESENTADOR – O senhor teve a brilhante capacidade de guiar à Premier League uma equipe recém promovida da League One e que era cotada ao iminente rebaixamento. O título escapaste das mãos, mas a conquista adquirida fora muito maior que isso. Qual o teu sentimento agora e qual o recado pros futuros adversários na divisão de topo?

HELDERS – “HELDERS VAI TE PEGAR... HELDERS VAI TE PEGAR...”.

Não lembro de muita coisa após tal cena. Acordei quando já voltávamos ao hotel, deitado no banco de trás de um táxi. Magee comentara que perdeu o prêmio de melhor jogador para Long, o artilheiro do campeonato. Eu não estava em grandes condições para consolar o garoto e preferi continuar quieto. Ele continuou assim por alguns segundos, até que virou para mostrar uma foto no aparelho celular: eu, com o prêmio de melhor treinador em mãos, montado nas costas do apresentador e agarrando o par de peitos da assistente de palco. Segundo Magee, eu continuava a gritar o tal “Helders vai te pegar” incessantemente. Creio que minha despedida da nPower Championship fora inesquecível.

nPower Championship – Classificação Final 16/17

nPower Championship – Playoffs – Final: Huddersfield 2x5 Blackburn

GFC: DIRETORIA – Expansão do Priestfield

GFC: FINANÇAS 16/17

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Muito bons os dois últimos capítulos. O Helders novamente fazendo loucuras como colocar fogo no apartamento, tudo bem que foi acidente mas ele acendeu diversas latinhas, estava pedindo ehehhehe

Infelizmente por causa do Africano que fez aquela pixotada incrivel e por causa de outros tropeços, o titulo não veio.(apenas 5 pontos..). Mas a equipe foi promovida e isso que importa, agora na Premier que se mantenha o ritmo... HELDERS VAI TE PEGAR!

PS: Steve Wonder foi sacanagem...AHUEHaUEhuehueahuehuaehaueHUAEUUAHE

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Helders se recuperou bem dos problemas decorrentes do incêndio e a vida dele parece retornar aos trilhos, exceto pelo "Incidente Nyirenda". Sorte é que Helders, apesar da raiva, não faz parte de nenhuma "associação racista" e a raiva dele foi apenas por conta da horrível participação de Nyirenda. Mas tudo acabou bem com o vice-campeonato e a promoção automática. Que venha a Premier League.

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  • Vice-Presidente

Apesar do título escapar, vejo que o mais importante foi obtido, imagina depois dessa sequência horrorosa ainda estar indo disputar playoffs?

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Que zagueiro ****, uma pena a diretoria não aceitar a rescisão, se eu fosse o técnico, tiraria do próprio bolso e daria ate dinheiro para o clube que o levasse...

Apesar da perda do titulo conseguiu a promoção, algo inacreditável, ainda mais par um clube recém promovido...

Vamos ver o que fará na Premier, a carreira de Helders agora irá bombar. Boa sorte.

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